Alice POV

Cheguei em sua casa. Já faziam três dias que eu tinha chegado a casa dele e levado Bella... Uma culpa perpassou por meu peito e eu senti como se meu coração morto se apertasse dentro de mim.

Bati a porta e logo um Charlie com densas olheiras em seus rosto, sinal de noites não dormidas, me atendeu.

“Oh Alice!!! Graças a Deus!!! Graças a Deus vc veio!!...”

Ele parecia tão feliz. O aperto se tornou ainda maior, e eu senti um nó se formar em minha garganta.

“O...oi Charlie...”

“O que foi Alice? Onde está Bella? Onde está minha Bella? Quando ela vier pra cá eu vou ter um a séria conver...”

“Ela não virá, Charlie...”

Eu queria começar a soluçar alto, chorar, nem que fosse ao meu modo. Mas eu tinha que ser forte, tinha que contar tudo de uma vez.

Ele estava com uma cara assustada pela minha resposta. Parecia que fazia força pra me fazer a próxima pergunta.

“Como assim? Ela fugiu com aquele inconseqüente do seu irmão? Ah não! Eu não vou permitir que...”

“Não... não é isso...”

Quem dera fosse somente aquilo... Como eu queria que fosse...

Meu olhar já era uma careta de profunda dor. Charlie percebendo isso mudou de expressão. Passou de bravo a agoniado.

“O.. o que aconteceu Alice?? Bella sofreu algum acidente? Ela está ferida?? Me diga Alice.. O que houve??”

Ele sacudia meus ombros e eu não pude mais conter o que estava dentro de mim. Comecei a soluçar, caí no chão de joelhos, eu não conseguia, eu era fraca...

“On.. onde e.. ela.. es.. est..tá??? Em que.. que.. hospi.. tal???”

“Oh Charlie..! Foi tudo minha culpa! Eu não devia ter.. “

 E eu nem conseguia mais falar, tamanha a intensidade dos meus soluços.

“Alice.. vc não está querendo me dizer...”

Olhei com um olhar inexpressivo para ele, balancei a cabeça positivamente, a baixando em seguida.

“NÃO! Meu Deus.. NÃO! Você não pode estar falando sério... Diga que é uma brincadeira... Diga pelo amor de Deus!!!”

Eu não conseguia emitir qualquer som que fosse. Eu somente via aquele pai totalmente perdido, e não podia.. nem conseguia.. fazer nada... nada...

Charlie gritava audivelmente. Começou a chorar caindo no chão. O peguei pelo braço e o arrastei para dentro da casa. De tão alterado que estava, nem percebeu que alguém tão pequena como eu poderia carregar um homem do seu porte...

[...]

John POV

Cheguei hoje ao covil dos vampiros mais poderosos existentes, a realeza vampírica. A partir de hoje serei considerado um Volturi. John Volturi... Argh... Até me embrulhava o estômago pensar que serei um deles, mas tudo na vida tem um propósito.

Eu tenho um poder, um poder muito especial e único. Mas não somente um, tenho um outro que sei que outras pessoas possuem, mas não tão forte quanto o meu...

Voltando a parte de que tudo na vida tem um propósito; sim.. é verdade, e o meu propósito era [b]ela[/b], aquela dos olhos violeta que não saiam de minha mente, desde que apareceu pela primeira vez na mesma, em uma de minhas visões...

Cheguei e fui informado que deveria esperar pois Aro foi resolver assuntos importantes em Washington. Eu sabia que ele não estava, por isso vim mais cedo. Tinha que preparar meu psicológico para aquela corja de vampiros sádicos. Minha vista perdeu foco e eu tive a visão.

Ele estava se despedindo de um vampiro loiro, com uma cara amargurada e dizendo que voltaria, por minha causa, claro.

Meus olhos voltaram ao foco. É claro que ele viria imediatamente quando soubesse que eu estava aqui. Aro prezava mais que tudo o poder, e eu tinha o poder que ele queria e não conseguiu anteriormente, só que ainda mais forte. Vi uma vampira, acho que Alice era seu nome, ela recusou o convite de Aro. Corajosa, devo admitir... Eu podia recusar facilmente que ele, mas não queria... não no momento... O meu poder era semelhante ao dela, mas não tão limitado. Eu vejo mais longe o futuro, e também tenho alguns flashs do passado, mas esses flashs só aparecem quando eu encosto na pessoa, já o futuro, eu posso ver livremente, mas só quando minha existência não está comprometida...

Fiquei esperando em um quarto previamente arrumado para mim. Esperaria algumas horas. Eu sabia quanto iria esperar. 3 horas e 47 minutos para ser mais exato.

Mas algo me dizia que eu não deveria ficar parado naquele quarto, e como eu sempre ouço minha intuição, resolvi dar uma ‘volta’ pelo castelo Volturi; minha... humpf... nova casa...

Comecei a andar e passar pelos vários corredores daquele enorme castelo. De repente sinto algo estranho, como se algo me puxasse para um só lugar daquele palácio.

Cheguei perto de uma das muitas portas do castelo. Senti um cheiro diferente, um cheiro um tanto.... humano... Eu sabia que os Volturi eram impiedosos, mas eles haviam extrapolado... haviam... queimado um humano... ainda vivo...

Mas pra que eles queimariam um humano?? Eles morrem tão fácil... Minhas visões iam mais longe do que a de quaisquer outros ‘videntes’, mas eu não havia tido uma visão de nada do tipo, elas ainda eram... somente.. vultos.. eram visões incompletas e sem nexo... Eu não conseguia ver o que tinha acontecido ali... Algo me bloqueava...

Passei por aquela sala, entrei em uma saleta dentro daquela mesma sala... E foi aí que eu vi...

[...]

Alice POV

Charlie estava arrasado. Mais que arrasado. Olhando para seu rosto, vi um homem que jamais voltaria a sorrir. Quando ele viu que conseguiria falar, começou:

“Foi ele, não foi Alice.... Tudo... culpa... dele..”

Ele mal pronunciava as palavras. Estava acabado... Os soluços que passavam por sua garganta me deixavam ainda mais angustiada... ainda mais... culpada...

“Não diga isso Charlie... Se tem alguém culpado aqui, essa pessoa sou eu..”

Abaixei a cabeça, já soluçava.

Enquanto entrávamos eu tinha lhe contado os detalhes sobre o acidente... mas sem muitos detalhes. Mesmo a minha vida sendo uma completa mentira.. um completo.. disfarce.. eu detestava mentir...

“Jake me disse que... foi vc quem a levou... e... porque Alice? O que vc foi fazer com ela em Los Angeles??”

Oh Charlie... Se vc soubesse que fomos muito mais adiante do que vc pensa...

“Ela iria de qualquer maneira Charlie... mesmo se eu não a levasse... ela... queria... queria... vê-lo. E iria sozinha se eu não a levasse...”

“Mas... como... como ela sofreu o acidente se ela estava com vc?”

Carlisle e eu já havíamos combinado o que iríamos dizer caso fizessem essa pergunta.. e é claro que fariam...

“Nós paramos em um hotel... Iríamos ficar lá e depois ir até onde estava eu irmão. Mas Bella queria o encontrar rápido, tinha medo que ele fizesse uma besteira...”

Charlie me interrompeu.

“Porque aquele.. por que... ele faria uma besteira?”

Nossa... é mesmo.. eu não sabia se Bella havia falado a seu pai sobre seu recente gosto por ‘esportes radicais’ e adrenalina... Provavelmente não...

“É que em La Push, onde Bella estava indo muito freqüentemente, ela viu os ‘meninos quileute’ pulando do penhasco...”

Nessa hora Charlie arregalou os olhos, que estavam vermelhos pelo choro, que ainda não havia cessado.

“...Com esse súbito interesse dela, ela viu nesses saltos uma boa oportunidade pára ter mais adrenalina ainda.. viver intensamente... E num dia... ela.. pulou...”

“BELLA PULOU DE UM PENHASCO???”

“Calma Charlie.. Ela pulou.. mas nada aconteceu a ela... mas nas minhas vi.... o que houve foi um mal entendido e Edward pensou que ela havia morrido...”

Ainda bem que Charlie não estava tão atento aos meus tropeços... Certo que nem eu estava... Eu ainda estava com os meus pensamentos longe... naquela hora... em Volterra...

“Mas se ele a largou aqui, daquele jeito, por que ele ligaria dela ter feito isso.”

Ele ainda estava chocado por esta revelação, mas agora tinha certo ódio na voz e no olhar, e isso se apresentava toda vez que falava de Edward...

“Isso é complicado Charlie... Bem, continuando... aí iríamos dormir em um hotel e procurá-lo no outro dia, pois já era tarde... Ela insistiu, mas eu achei melhor descansarmos... nós duas estávamos mortas de sono, pois já havíamos procurado por ele o dia todo e não encontramos... aí ela esperou que eu dormisse e saiu do quarto do hotel, pegou as chaves do carro que eu ro.. que eu comprei lá e saiu a procura dele...”

Charlie começava novamente a chorar. Me doía mentir-lhe assim, mas a verdade seria muito pior...

Continuei a explicação.

“Ela estava em uma estrada muito escura, quase sem iluminação... A estrada era estreita, e era de mão única. Me informaram que um caminhão com um motorista drogado dirigia na contra mão e em alta velocidade. Bella tentou desviar mas... era.. tarde demais...”

Um soluço meu irrompeu a sala da casa de Charlie. Eu contava aquela mentira, mas ao mesmo tempo, eu tinha flashs da minha memória de dias atrás...

Acompanhei Charlie até seu quarto. Eu havia trazido alguns calmantes, sabia que ele precisaria... Lhe dei junto com um copo d’água e ele tomou, sem objeções. Esperei ele dormir e saí... Voltei para o carro.

Mas agora eu me via a pé de uma nova questão: Os Quileute. Eles não acreditariam de maneira nenhuma que ela morreu daquela forma sendo que, ela mantinha tão firmemente seu contato com vampiros. Estava aí um problema... E a solução? bem.. eu não podia ver.. droga de lobos!