Tão doce e tão fatal: Mel com limão e sal ✖ GSR escrita por Fénix Fanfics


Capítulo 77
Capítulo 48 - Parte Única (077)


Notas iniciais do capítulo

Desfrutem ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/799969/chapter/77

Gilbert e Sara haviam voltado para casa no final da primeira semana. Com o braço engessado, pouco podia fazer, mas Gilbert fazia tudo o que podia para ajuda-la desde as pequenas tarefas. Ainda sim, mesmo visitando Julia três vezes por dia, mesmo estando à volta dela o tempo todo, Sara parecia cada vez mais distante, como se houvesse um tremendo vazio.

Tentou buscar Sara em seus pensamentos mais de uma vez, na primeira semana, mas sabia que voltar para casa sem Julia havia sido um choque e tanto para ela. Tudo parecia tão injusto, mãe e filha separadas tão cedo, ainda que por pouco tempo, era visível que Sara se sentia mal. 

Durante o período que esteve internada com Camila, a amiga tentou fazê-la interagir com os gêmeos e em alguns momentos ela se perdia e se divertia com as tarefas que logo praticaria com Julia, porém em outros estava calada, quieta. Já estavam na metade da segunda semana, quando Gilbert convidou Sara para visitar Axel e Camila.

Fora quase impossível tirar Sara de casa, ela estava irredutível, e não queria sair de casa. Preferia ficar enclausurada em seu vazio. Ainda sim ele conseguiu, a janta na casa da amiga não fora agradável e o humor de Sara ainda parecia pior ao ver o modo que ela estava radiante perto das crianças. Parecia que nada afetava Camila e que mesmo com a tarefa de cuidar de gêmeos, nada tirava sua vivacidade. Obviamente estava cansada, mas estava muito bem.

Nem haviam terminado de jantar quando Sara pediu para retornarem para casa. Definitivamente as coisas não estavam nada bem. 

— Acho que é hora de falarem com o médico. – Sugeriu Camila para Gilbert quando Sara não estava por perto.

— Vamos buscar Julia em três dias, se as coisas não melhorarem, vou ver isto. Mas ainda sim, vou procurar alguém que possa nos auxiliar.  – Gilbert respondeu.

Todos estavam preocupados com Sara, e tudo ficou pior com a vinda de Julia para casa. Extremamente possessiva. Sara que já tinha tirado a tala do braço. Tinha leite, e tinha Julia consigo e parecia que queria tê-la só para si. Não deixava ninguém pegá-la no colo, trocar suas fraldas, e se tivesse de levantar dez vezes a noite, ela o fazia, mas não deixava que Gilbert o fizesse.

Mal deixava Gilbert olhar para a pequena.

— Sara, deixe que eu fico com ela para poder tomar um banho, descansar um pouco. Não descansa direito desde que ela chegou. – Gilbert fitou-a.

— Não. – Saiu quase como um grito. – Não precisa. – Ela relaxou o tom de voz. – Eu... Eu cuido dela.

— Ela também é minha filha e eu posso...

— Eu sei. – Ela interrompeu. – Mas não precisa. 

Esta era a resposta de Sara quase todo o tempo. As olheiras já estavam se formando em dois dias de Julia em casa, e a morena agia como se qualquer coisa pudesse machucar sua filha. Excesso de sol, excesso de sombra, roupa de mais, roupa de menos. Ela estava tão neurótica que Gilbert se obrigou a falar com um médico.

— Você já ouviu falar de depressão pós-parto? – Questionou o médico após ouvir as explicações dos sintomas dados por Gilbert ao telefone.

— Na realidade eu já ouvi falar, mas nunca me aprofundei no assunto. Você acha que Sara pode estar com isto? – Ele perguntou visivelmente preocupado.

— A depressão pós-parto pode vir de várias maneiras Gilbert e de intensidades diferentes também. Toda a gestação de Sara fora muito delicado, e muito estressante para ela. Sintomas de gravidez bem acentuados e muitos problemas que começam desde a sua estada longe do país, até o nascimento prematuro. A última coisa que Sara fez foi aproveitar a gravidez. A mulher sempre espera que apesar de difícil isso seja algo lindo, e para ela não foi. Foi muito mais difícil que para as outras mulheres. 

— Eu compreendo, mas eu nunca pensei que essa superproteção tão intensa fosse depressão. Ela não parece... Deprimida. – Suspirou.

— Pelos sintomas que me passou, em que ela está super protetora com o bebê. Parece que a depressão dela está focada as necessidades dele, como se a Julia não for totalmente dependente a ela, ela não será de importante, como se fosse uma pessoa dispensável na vida desse bebê. Você tem que entender é que a mudança de hormônios, uma grande queda de estrogênio e progesterona já são o suficiente para provocar a depressão pós-parto. Outros hormônios também podem cair bruscamente, também há a questão de mudanças de volume de sangue, pressão arterial, sistema imunológicos e uma série de coisas que contribuem a um cansaço emocional e por sua vez alterações de humor inesperado.  – O médico explicou pacientemente. – Os sintomas podem ser vários, desde ansiedade que levam a comer muito ou pouco, à inquietações, cansaço, dificuldade de manter a atenção em algo e no caso de Sara, excesso de preocupação. 

— E o que eu posso fazer? A situação parece estar cada vez pior. Estamos recém há uma semana com Julia em casa e ainda nem consegui pegá-la no colo.

— Creio que o melhor é que ela fosse avaliada por um psicólogo, e feito o tratamento de acordo com a avaliação. Se Sara tem piorado ao invés de melhorar, creio que isso seja urgente.

— E se ela não quiser ir?

— O primeiro atendimento pode ser com um psicólogo, psiquiatra, endocrinologista, ginecologista ou obstetra. Se conseguir ao menos um diagnostico, poderão te encaminhar para o profissional certo. Eu aconselharia a fazer isto o mais rápido possível, uma vez que os sintomas estão evoluindo, e a depressão pode evoluir para uma psicose pós-parto, e é aí que temos os grandes problemas. Onde ela pode colocar em risco a si mesma e ao bebê.

— Obrigado. – Fora a única coisa que ele disse antes de desligar o telefone.

Desligou o telefone por apenas alguns minutos. Ligou em seguida para a doutora Beatriz, Sara confiava nela e sabia que seria muito mais fácil de convencê-la a ir até lá. Teve a noticia que a doutora viajava e que voltaria somente no outro dia pela manhã.

Marcou o primeiro horário. Comunicaria Sara que a médica a havia chamado para uma consulta para verificar alguma coisa em seus últimos exames. Talvez a preocupação a convencesse a ir até lá.

Ficou acordado esperando que Sara dormisse para poder pegar sua filha no colo ao menos um pouco. Sara, no entanto, ficara acordada virada para o berço que se encontrava no quarto do casal – haviam decidido previamente que só montariam o quarto do bebê nos Estados Unidos  – analisando Julia em claro quase a noite toda. Inclusive acordando algumas vezes a pequena para ter certeza que ainda estava respirando.

No outro dia pela manhã.

— Sara. – Gilbert batia insistentemente na porta do quarto, que se encontrava trancada. Não era possível que havia saído cinco minutos e Sara havia se trancado dentro do quarto.

— Sim. – Respondeu.

— Está tudo bem? – Ele colocava o ouvido contra a porta para poder ouvir melhor a movimentação dentro do quarto.

— Está sim. – Disse tranquilamente, ou tentando parecer tranquila.

— Abre a porta pra mim. 

— Eu... Eu não posso...

— Eu quero ver Julia, Sara. Deixa-me vê-la. – Ordenou.

— Não precisa. Ela... Ela está bem. – Sara começou a gaguejar.

— Sara, pela última vez. Abra a porta. Você não confia em mim? – Ele falava em tom alto, forçando-se para parecer calmo.

— Eu confio...

— E então, por que não me deixa chegar perto de você e de Julia? Abra a porta... – Barganhou.

— Não! – Gritou, a voz de Sara já era desesperadora.

Gilbert agachou-se para enxergar pela fechadura e em seguida por baixo da porta onde estava Sara. Ele iria arrombá-la naquele instante, mas não queria machucar Sara e ainda menos sua filha. Ao conseguir ver que ela não estava atrás da porta, ele tomou força e tocou o pé contra porta em um chute forte fazendo-a abrir.

Em um ato desesperado, Sara correu até o berço e pegou a menina que dormia tranquila. Julia assustou-se e começou a chorar, enquanto Sara a segurava contra seu corpo com tanta força, como se Gilbert fosse um monstro que fosse machucá-la. A passos lentos Gilbert ia se aproximando, e Sara ia se afastando, até encostar suas costas a parede, e não ter para onde fugir, ela o olhava como um animal acuado. Ao perceber que Gilbert não retrocederia e que se aproximava ainda mais, então já com os olhos marejados fitou para os lados sem ter para onde escapar, sentou-se ao chão rendida, segurando o bebê que não parava de chorar.  Mãe e filha choravam juntas.

Gilbert tentou desarmar seu corpo tenso, e se ajoelhou a frente dela. Seus olhos chorosos e sua expressão temerosa o comoveram. Ao mesmo tempo em que não entendia como ela não podia confiar nele, ele também sabia que ela não tinha controle sobre isso. No entanto, ele se manteve firme, levou sua mão vagarosamente até a dela, e acariciou delicadamente.

— Sara, você me conhece. Você sabe que eu te amo. Você sabe que eu nunca machucaria você, e nunca machucaria Julia. Vem comigo, vamos acabar com todas essas inseguranças. Eu vou te ajudar. – Murmurou baixinho para ela.

Sara hesitou em aceitar, mas Gilbert sabia que aquela havia sido a gota d’água. Ao olhar para os lados pode ver as janelas trancadas, o berço cheio de travesseiros dentro e a volta, como se tudo pudesse machucar Julia, inclusive ele. Mas nada, absolutamente nada se comparava ao olhar de medo que Sara lançou quando o viu.

Ele sabia que ela havia chego ao limite, e era hora de fazer alguma coisa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Me sigam no instagram e twitter: @unafenixfanfics ♥
(tem tiktok também, mas uso raramente)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Tão doce e tão fatal: Mel com limão e sal ✖ GSR" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.