Ela andava de um lado ao outro, ansiosa. Axel e Camila não puderam estar com ela. Respirou profundamente, e acariciou sua barriga já mais avolumada, agora com quatro meses ela já havia trocado todas as peças do guarda roupa. Sua extrema magreza mostrava agora seus contras, mesmo que ainda apontasse pouco, o pequeno volume da barriga já fazia com que nada coubesse, e seus pés inchavam com uma facilidade incrível. Ela ficava se imaginando como ficaria aos nove meses de gestação. Não conseguiria nem ficar em pé. 

Fitou o portão de desembarque. O avião já havia pousado. Onde estava Gilbert? Será que havia perdido o voo?  

Fora então que viu o homem dos olhos azuis, distraído, conversando e rindo rodeado de três meninas. Dava autógrafos, tirava foto e tinha um sorriso lindo no rosto. Sara procurava seu olhar, e quando ele levantou o rosto e fixou seu olhar no dela, parou tudo que estava fazendo e apaixonado sorriu.

Sara sustentou este olhar por mais alguns segundos. Parada. Estática.

As três meninas que estavam a volta perceberam a movimentação, aliás, perceberam o quanto ficaram estáticos fitando um ao outro, como se conversassem com o olhar. 

Finalmente se movimentaram um de encontro ao outro e esquecendo o mundo a volta se abraçaram e beijaram intensamente. Beijo exigente, cheio de saudades, tão íntimo quanto o ato sexual poderia ser, e só pararam quando perderam totalmente o fôlego. Era o efeito de semanas sem se ver.

— Que saudade. – Fora a única coisa que conseguiu gesticular.

Nenhum dos dois que percebeu que uma das meninas do trio gravava aquele momento de amor e intimidade. Logo após, ambos deram um pouco mais de atenção às fãs, e inclusive Sara fora convidada para tirar uma foto junto.

— É menina ou menino? – Uma das fãs de Gilbert  não se conteve em perguntar. 

— É menina.

— Não sabemos.

Gilbert e Sara falaram praticamente ao mesmo tempo deixando as três meninas confusas.

— Gilbert acha que é uma menina, mas ainda não temos a confirmação. Na próxima consulta já saberemos se será a tão esperada menina, ou um menino. – Ela respondeu gentilmente.

Assim que conseguiram despistar as meninas, foram até o estacionamento e pegaram o carro. Sara quem dirigiria, já que Gilbert não tinha carteira de motorista nacional, e iriam do aeroporto direto para o consultório.

— Ainda bem que o voo não atrasou, não queria perder minha consulta. – Sara disse já dentro do carro.

— E nem eu. Será que já vamos receber a confirmação do sexo?

— Isso depende somente do bebê. Se ele estiver bem agitado vamos saber sim. – Ela respondeu com um sorriso na face. Encontrava-se incrivelmente feliz por estar novamente perto de Gilbert.

Chegaram ao consultório sem maiores problemas. Como eram extremamente sigilosas as idas e vindas de Gilbert, as fãs só sabiam da chegada dele no Brasil depois que realmente chegava, e da partida depois que já estava no avião. Isso era seguro para ele e para Sara. Quando a doutora Beatriz recebeu os dois, logo fora examinar Sara. Eles estavam ansiosos, e a doutora sabia o motivo. 

Assim que os pais fechavam quatro meses de gestação, eles já estavam mais que ansiosos para saber o sexo do bebê, pois poderiam fazer planos. A escolha de nomes, das roupas, dos objetos e cores que comporiam o quarto do bebê e todas as outras tradições só eram realmente possíveis de serem feitas após saber o sexo. Poucos eram os pais que decidiam manter isto em segredo até o nascimento, e pelo visto não era o caso de Gilbert e Sara. Ainda sim, havia o caso do bebê querer se esconder, e os pais mesmo querendo saber o sexo terem de esperar até o nascimento ou até algo bem próximo disto para terem uma resposta.

Primeiramente a doutora pesou Sara e mediu a circunferência da barriga, também fez algumas perguntas de como estava indo a gravidez e em seguida foram para a sala de ultrassonografia.

— Deite-se Sara. – A doutora pediu gentilmente.

Sara se acomodou na cadeira reclinável, levantando a bata que vestia enquanto Gilbert se sentava na cadeira ao lado. A doutora ligou o aparelho, e passou o gel na barriga de Sara. 

— Vamos ver como está essa criança? – Perguntou contente.

— Já vai dar para saber o sexo? – Gilbert perguntou já impaciente, precisava da confirmação.

— Provavelmente, se o bebê não for envergonhado. – A doutora falou descontraindo, enquanto passava o aparelho na barriga de Sara. 

Ela ligou o som para que pudessem ouvir seu coraçãozinho. Já o haviam ouvido antes, mas era igualmente emocionante ouvir os batimentos daquele pequeno ser que gestava. Tanto Gilbert quanto Sara já tinham os olhos mareados e se olhavam apaixonados, felizes.

— Vocês já têm ideias de nome para o bebê? – A doutora perguntava enquanto procurava a genitália do feto.

— Julia se for menina. – Gilbert se adiantou.

— E Rafael se for menino. – Sara completou. – Gilbert está em uma fase feminina de sexto sentido. – Sara explicou divertida. – Acredita que é uma menina a todo custo.

— Pais geralmente querem garotões. Dão menos trabalho na adolescência. – A doutora riu. – Vocês já conseguem sentir os chutinhos? Por que se mexe bastante.

— Na realidade eu sinto mexer, mas não consigo sentir ainda colocando a mão. Ele faz acrobacias dentro de mim. – Sara sorriu sem tirar os olhos da tela.

— Hm... Aqui. – A doutora falou depois de finalmente conseguir identificar o sexo. – E parece que quer se mostrar bastante. Conseguem ver aqui? Está com as perninhas bem separadas. – Ela apontou na tela mostrando.

— E então? – Gilbert perguntou já impaciente.

— Apresento a vocês Julia. – Ela falou sorridente. – Está certo papai, é uma menina.