Tão doce e tão fatal: Mel com limão e sal ✖ GSR escrita por Fénix Fanfics


Capítulo 67
Capítulo 39 - Parte Única (067)


Notas iniciais do capítulo

Desfrutem ♥



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Sara se bem quisesse, poderia nomear esse capítulo da sua vida como problemas. Algumas coisas haviam passado ou se resolvido. Agora era oficialmente separada de Axel e seu sobrenome voltava a ser somente Sidle, embora se considerasse assim já fazia alguns anos. Também haviam passado os enjoos da gravidez, e estava feliz por Camila que estava tendo uma gestação tranquila e já sabia o sexo dos gêmeos biviterinos. Um casal.

Ainda sim haviam alguns problemas na vida de Sara. Primeiramente Gilbert já não estava mais com ela, teve que admitir que por um momento pensou em abrir mão de tudo e ir para os Estados Unidos com ele, mas pesando os prós e contras preferiu ficar no Brasil. Lhe causava ainda muito medo em se mudar grávida para um país completamente desconhecido. No entanto, a falta de Gilbert lhe ocasionava saudade, tristeza e ansiedade.

Conversavam quase que diariamente por telefone ou via vídeo pela internet. Ele gostava de acompanhar o dia a dia de Sara e principalmente o crescimento da barriga que começava a ficar levemente avolumada. Mal se podia perceber quem via de fora, porém ela notou quando as roupas começaram a ficar inutilizáveis. Já utilizava muito mais vestidos e batas, à calças. Também começou a utilizar sapatos baixos, mesmo geralmente a gravidez somente causando inchaços nos pés a partir do quinto mês de gravidez, Sara sempre teve pouco peso e seus pés começaram a sentir os poucos quilos que ganhara.

Sentia-se de alguma forma feia e indesejável. 

Suas curvas estavam começando a desaparecer e sabia que logo estaria gorda e inchada, desajeitada e aproveitava enquanto ainda conseguia olhar para baixo e enxergar seus pés. Havia lido em muitos sites que a primeira coisa que as mulheres notavam após dar a luz é que conseguiam ver os pés novamente. Nunca havia achado seus pés uma parte atraente de seu corpo, talvez não sentisse falta pela falta de visão deles.

O problema nomeado como “saudades de Gris”, vinham acompanhado de um problema muito frequente chamado “desejos”. Nesse ponto Axel fora extremamente importante em sua vida. Camila apesar de grávida de gêmeos não tinha enjoos, pés inchados ou sequer desejos, e isto irritava e causava uma ponta de inveja em Sara. No entanto, se ele não tinha que correr atrás dos desejos causados pelos seus próprios filhos, tinha que fazer isso pelo seu afilhado – ou afilhada, como Gilbert sugeria – e por várias vezes durante a madrugada, ou qualquer outro horário, ele saíra de casa para levar o que Sara desejava. Não deixaria que seu afilhado nascesse com a cara das coisas mais estranhas que Sara poderia desejar, como abacaxi com feijão ou sopa de cebola com jiló.

Porém um de seus maiores problemas havia ocorrido no dia anterior, e de alguma forma estranha aquilo havia abalado as suas estruturas como ninguém. Seu chefe, senhor Aguirre havia lhe chamado na sua sala, ele disse que precisava conversa com ela sobre um assunto delicado. 

Sara não tinha nem a mais remota ideia de que ouviria aquilo da boca dele. Postergou a conversa o quanto pode, não por medo, mas na realidade queria colocar suas coisas em ordem antes da sessão fotográfica que teria. Assim que conseguiu agilizar tudo fora a sala do chefe para conversarem. O homem pareceu enrolar uma missa inteira para dizer o que queria, e ela mal acreditou quando finalmente as coisas saíram claras de sua boca:

— Os investidores desistiram da filial nos Estados Unidos, Sara. Não teremos mais uma empresa lá. Eu sinto muito.

Fora como se seu chão tivesse rachado sob seus pés e caísse em um buraco sem fundo. A filial nos Estados Unidos era muito mais que um sonho do senhor Aguirre, muito mais do que seu crescimento profissional. A filial era sua independência financeira sem nunca, jamais, ter de depender de um marido, mesmo que ele fosse único e especial como Gilbert. Respirou profundamente.

Sempre dependera de si mesma para tudo e agora sabia que iria para os Estados Unidos dependente de uma pessoa terceira e ainda com um filho para criar. Aquilo quebrou seu coração. Sentiu-se amarga.

— Por quê? – Fora a única coisa que conseguiu gesticular.

— Eles acharam que a concorrência tem um projeto mais lucrativo. E nenhum acionista conseguiria manter o projeto sozinho sem o apoio dos investidores. É uma lastima. – Disse ele com pesar.

— Eu que o diga. – Falou frustrada.

— Ainda posso lhe conseguir um cargo de maior escala aqui na empresa ou em outra filial Sara. Você tem potencial, basta você querer. – Ele disse tentando animar a fotografa, ele sabia muito bem o valor que ela tinha. E sentia-se péssimo também por perder seus sonhos e não poder cumprir as propostas feitas a pessoal pela qual tinha tanto apreço.

— Senhor Aguirre. – Tentou explicar com calma, porém seus nervos estavam a flor da pele – Eu realmente já decidi que irei me mudar para a América, e realmente me sinto perdida. Toda a estrutura que teria lá, parece que se desmanchou neste momento. 

Sara sentiu-se zonza. O estresse mais a gravidez tinham a mania de deixar tudo rodando e ela agradeceu por estar sentada. Deslizou as mãos nas têmporas, massageando-as de leve, já enxergava tudo dobrado, a vertigem começava a tomar conta. 

— Sara se sente bem? – Aguirre perguntou mais que preocupado.

Não se sentia, mas ainda sim aguardou um pouco para responder. Piscou algumas vezes, e tomou ar. Inconsciente do que acontecia ao seu redor, só tentava manter-se acordada, não queria desmaiar. Queria que aquele enjoo passasse, e que parece de enxergar tudo girando. Quando voltou a si, percebeu que o seu chefe tremia com um copo de água a frente do rosto de Sara.

— Tome Sara, vai te fazer bem.

A morena pegou o copo e começou a sorver vagarosamente. Logo tudo voltava ao normal. Depositou a mão sobre a barriga, já sentia ele se mexendo ali dentro, ainda que quem colocasse a mão por fora não sentisse nada, ela sabia que ele fazia acrobacias ali dentro. O bebê estava agitado por que ela estava agitada, então tratou de se acalmar. Aquilo não tinha de ser o fim do mundo, ainda que parecesse. 

— Sente-se melhor? – Aguirre perguntou apreensivo. – Acho que este não era o melhor momento para falar sobre isso, com você grávida e tudo... Porém eu tinha que te contar, desculpe-me, por favor. – O homem nunca se perdoaria se acontecesse algo com o bebê ou a mãe dele por sua causa.

— Eu estou bem. E eu não estou doente, só estou grávida. – Disse divertida, tentando quebrar o clima pesado que se instalou no local.

— Sara, eu tenho meus contatos, muitas influencias. Você é uma ótima fotografa, é só escolher a empresa que quer trabalhar lá e terá uma vaga. Eu te prometo isso. – Aguirre disse com firmeza.

— Oh senhor Aguirre, é muita gentileza sua, mas...

— Nada de “mas” senhorita Sidle. Deixe seu orgulho para lá. Irá trabalhar comigo até sua licença maternidade, ou até quando quiser trabalhar e quando for pra América terá lá um emprego. E poderá contar sempre comigo. Quem sabe mais para frente teremos uma nova filial. Sim? A vaga de diretora será sua, pode ter certeza. 

— Obrigada. – Finalmente abriu um sorriso na face de Sara. Ainda sim, sentia-se assustada por trocar o certo pelo incerto.

Demorou, mas conseguiu esquecer um pouco deste problema, que havia tomado a decisão de não sofrer mais com isso, ainda que tivesse insegura, sabia que Aguirre cumpriria sua promessa, e mesmo que não se tornasse diretora de uma empresa, continuaria como fotografa e teria sua independência financeira. Não era o que ela queria exatamente, mas era o suficiente. Iria se contentar com o que tinha.

Agora que havia passado um problema, tinha outra na cabeça. Discutia com Gilbert Grissom por telefone, Sara sentia-se completamente irritada. E parecia que quando discutia em inglês, que estava ainda mais irritada.

— Você perdeu e é isso que me irrita Gris. Qual é o seu problema? – Gritou. – Você me prometeu que viria para todas as consultas. 

— Sar eu sei meu amor, mas tivemos que fazer umas regravações e eu não consegui passagens para depois. Eu só vou conseguir ir à próxima semana. E como está a nossa filha? – Perguntou calmo, culpado, sabia que havia errado.

— Você saberia se tivesse vindo à consulta e vindo à ultra sonografia.  – Respondeu irritada. 

Gilbert não respondeu. A linha ficou silenciosa por alguns segundos. Ele havia ouvido um ruído estranho, e esperava que não fosse o que ele pensava.

— Você não está cumprindo suas promessas comigo Gris. – A voz de Sara parecia embargada agora. – Nem comigo e nem com seu filho.

— Meu amor, não chore. – Era o que ele mais temia, não queria fazê-la infeliz.

— Você está sempre indisponível, conversar contigo tem sido quase impossível. E agora, quando pensei que ficaríamos juntos, você me deixar ir a consulta sozinha? Todos estavam acompanhados Gris, Camila e Axel estavam juntos, e eu me senti uma intrusa ali no meio, por que estava longe de você. – Ela tentava conter as lágrimas. – Qual é a dificuldade de estar comigo por um ano? Um ano. Depois eu ficarei o resto da minha vida aí ao seu lado.

— Seria mais fácil se você já estivesse aqui Sar. – Respondeu baixo.

— Por que somente eu tenho que fazer? Por que você não pode mudar um pouco Gris? Somente eu tenho que ceder, somente eu tenho que mudar. Desculpe-me Gris, mas isso não vai acontecer. E se quiser acompanhar o crescimento de sua filha é bom estar aqui nas consultas, por que eu não vou falar mais nada. Espero que esta tenha sido a primeira e a última vez que isso aconteceu Gris, de verdade.

— Eu prometo que vou estar aí na próxima consulta Sar. Prometo de verdade.

— Não preciso que me prometa nada. – Respondeu por fim, ainda com voz embargada. – Apenas venha.


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