A viagem para Cancun que estava a vinte minutos de distância se prolongou por quase uma hora, já que nenhum dos dois tinha condições de dirigir. Este trajeto final, então foi feito com Sara no volante.

Finalmente Cancun. 

— Para onde vamos agora?

— Luau na praia ou festa fechada. – Fitou-a.

— Você quem sabe, eu nunca vim a Cancun. 

— Podíamos fazer uma festa a dois. – Murmurou em seu ouvido do modo tão sexy que sem querer puxou um pouco a direção para o lado.

— Não faça isso. – Resmungou.

— Desculpe. – Gilbert levantou as mãos em modo de rendição.

— E então?

— Não temos mesmo onde passar a noite. – Gilbert lembrou. – Vamos para a praia, você vai gostar das estrelas, do mar, e vai ter bastante gente aposto. Sempre tem.

— Você vem com frequência, não é mesmo?

— A Cancun? Sim. As festas? Nem tanto. Mais do que vou a Tulum, com certeza. – Ele por fim riu.

Sara deu lugar para Gilbert que dirigiu até a praia, lá depois de muito procurar encontrou uma vaga, e calçando chinelos de tiras, ambos foram para a beira do mar, e a primeira coisa que fizeram foi molhar os pés.

— Está frio. – Disse Sara ao sentir uma onda fria cobrir seus pés. 

Ao longe podiam ver a festa, tochas com fogo, som alto, pessoas com garrafas de bebida na mão. Estavam somente a alguns metros de distância e eles começaram caminhar em direção a eles.

— Acha a água fria. – Disse Gilbert dando um chute na água e fazendo gotas frias respingarem em Sara.

— Gris. – Sara o repreendeu. – Está gelado. – Fez bico.

— Está é? – Ele sorriu malicioso, pegando um punhado de água na mão e jogando na direção de Sara que saiu correndo.  – Volta aqui. – Saiu correndo atrás.

Sara então correu em direção dele, e sem ele nem ao menos esperar, jogou-o contra uma onda, fazendo-o cair e se molhar todo. Ele saiu, tossindo pela água que entrou em seu nariz, e a fulminou com o olhar.

— Isso terá volta. – Ele então pegou-a no colo e começou a entrar mar a dentro.

— Não Gris, não. – Começou a se debater.  – Está gelada, muito gelada. – Gritou em vão, então Gris jogou-se junto com ela em uma onda.

— Eu vou te matar. – Fingiu estar irritada, mas na realidade estava rindo.

Logo eles se acostumaram com a água e começaram a brincar ali, cortando ondas mergulhando e até saltando sobre elas. Até que a vida lhe pregou um momento tão clichê que jamais poderia ter imaginado, uma onda a empurrou para cima de Gilbert, a fazendo ficar tão perto dele, seus olhos se encontraram, e aquele era sem dúvidas o melhor momento para um beijo.

Gilbert levou sua mão ao rosto de Sara o acariciando, e seus lábios estavam cada vez mais próximos. Jamais em sua vida imaginara um momento como aquele, ter o homem perfeito, em uma das cenas que já havia lido uma centena de vezes em livros. A onda empurra a mocinha ao herói, seus corpos se grudam ao ponto de sentir o calor um do outro – mesmo na água gelada -, e isso os impulsiona a beijar. Sara sorriu ao pensar que isso estava prestes a acontecer com ela.

— O que foi? – Gilbert sorriu, a milímetros de beijá-la.

— Nada. – Sara não deixou um segundo sequer de fixar aqueles lábios.

Antes que pudessem se beijar, por culpa de tamanha concentração um do outro, e interrompendo o maravilhoso momento que Sara havia vislumbrado segundos antes, uma onda veio e derrubou ambos na água os arrastando para a beira da praia.

Sara deitou na areia de barriga para cima, e recordando o que acabara de acontecer, só tinha duas opções: rir ou chorar. Então caiu na gargalhada. E Gilbert sem entender, fitou-a com cenho franzido.

— O que há de tão engraçado? 

— Nosso momento clichê foi para o lixo.

Ainda sem entender exatamente o que Sara queria dizer com isso, ele deitou-se de lado na areia e se inclinou sobre ela:  - Sempre preferi algo que fosse inovador e surpreendente. – Então a beijou ali na areia.

Sara levou suas mãos com areia ao rosto de Gilbert e o acariciou, e ele levou sua mão livre na cintura de Sara, aprofundando ainda mais o beijo. Quando por fim terminaram, sem fôlego, se entreolharam e sorriram.

— Tem motel ali na esquina. 

Eles ouviram um grito de longe, olharam para multidão olhando de longe para eles, quase todos que estavam no luau e uma grande parte com câmeras. Gilbert pensou em quantas fotos deles se beijando molhados na beira da praia iriam aparecer no outro dia nas redes sociais. Sara ruborizada tratou de levantar dali e ir em direção contrária ao luau.

— Ei Sar. – Gilbert a segurou pelo braço. – Aonde vai?

— Gris, eu estou com vergonha. – Disse finalmente. – Você sabe quantas pessoas verão aquelas fotos? E a culpa é toda sua. – Ela apontou, depositando o indicador sobre o peitoral dele.

— Foi a primeira coisa que eu pensei sabia? Mas sabe o que eu pensei em seguida Sara? Foda-se. Eu não me importo mais com o que eles dizem ou com o que eles pensam, eu só me importo com você, e com aquele beijo maravilhoso que eu te dei. – Então a puxou novamente, e a beijou com ainda mais voracidade. Ela se entregou ao beijo.