— Desculpa ter feito o que quase fiz hoje a tarde Sar. – Ele disse entregando a ela um copo de chocolate quente.

Estava calor, mas eles haviam ligado o ar condicionado no mais gelado possível, enrolaram-se em um edredom e tinham Hank nos pés. Não sabiam se poderiam fazer isto em um inverno, então deram um jeito de fazer isto no verão mesmo.

— Está falando daquele pequeno escorregão? – Sara riu. – Não tem problema Griss, não aconteceu nada. - Sorriu cordialmente.

— Eu sei, mas confesso que tive de me conter. – Gilbert corou ao confessar isto.

— Já havia feito isto?

— Não, nunca tinha tido a curiosidade...

— Nem eu...

— E agora tem? – Perguntou malicioso, do tipo que joga verde para colher maduro.

— Talvez. – Disse ambígua. – E você?

— No momento tive curiosidade, aliás muita. Tive medo de machuca-la, e foi a única coisa que acabou com a coragem que acabara de reunir para fazê-lo. Não queria te desrespeitar de modo algum.

— Isso nunca seria um desrespeito, se não quisesse teria negado. Posso me levar pelo momento Gris, mas sei exatamente o que quero e o que não quero.  – Disse séria depois tomou mais um gole de seu chocolate quente.

— E o que você quer, e o que não quer?

— Eu quero experimentar nessa e na próxima semana tudo que venha de você, incluindo isto que nós dois censuramos tanto em palavras. E não quero, quer dizer, não estou preparada para ter um filho agora. – Respirou profundamente. – Desde que te conheci não estou me cuidando direito. 

— Tem tanto medo assim de ter um filho meu?

— Para ser sincera acho uma boa ideia até que me lembro de que em três semanas estarei de volta no Brasil e não sei quando voltarei a te ver. – Aconchegou-se nos braços de Gilbert.

— Tens mesmo que voltar não é?

— Tenho. – Suspirou. 

— Morrerei de saudades.

— Sinto saudades de você sempre que penso que estarei um dia longe. Promete-me uma coisa? Diga-me que ira visitar-me no Brasil algum dia.

— Prometo, é claro que irei lhe ver. E não surpreenda se um dia sequestrar-te e te trazer para morar comigo aqui nos Estados Unidos. 

Ambos riram.

— Como eu queria poder Gris, mas não posso.

— Por quê?

— Você tem uma vida atribulada, uma vida que não conseguirei acompanhar. Minha vida é fotografia e é no Brasil. Não é fácil viver vinte e quatro horas falando outra língua, não é fácil estar longe da sua casa, do seu travesseiro. Eu amo estar com você, mas sinto falta de mim e do meu canto.

— E você não confia em mim também não é?

— Como? – Fitou-o séria.

— Já traí tantas mulheres, já estive com tantas. Tens medo que eu faça o mesmo com você.

— Não temos compromisso Gris, não é obrigado a ser fiel a mim, por mais que eu espere isso de ti por estas três semanas.

— Não só por estas três semanas. Poderia ser assim pela vida inteira. Porém eu entendo você, também não conseguiria me mudar. Quem sabe um dia nosso amor fale mais alto e consigamos conciliar isto.

Ele havia falado “nosso amor”? Sara havia ficado sem ar neste momento. Ele declarou amor por ela? Ele tinha dito que a amava? Ele não tinha percebido que essa palavra havia saído de sua boca.

— Nosso amor? – Disse gaguejando.

— Oh, Sar... Desculpe-me, não quero cobrar de você um sentimento tão forte como esse. – Gilbert tentou se recompuser depois de perceber o que havia falado, mas como reverter isso sem dizer que não a ama, seria mentir. Ele a amava, só não queria ter jogado isto dessa maneira.

— Então, você me ama?

Gilbert não respondeu, virou o rosto por alguns segundos. Teria de falar a verdade se ela insistisse, nunca mentiria para ela.

— Gris...

— Você quer a verdade Sara.

— É claro. – Ele ajeitou-se no sofá para poder olhá-lo nos olhos enquanto ele falava.

— Eu te amo Sara, essa é a verdade.  Poderia dizer que foi amor a primeira vista, mas isso não se da para afirmar. Quando te vi naquela boate senti uma incrível atração, e quando te vi em perigo não pude deixar de defender-te. Poderia ter te largado em um hospital, e usei a desculpa da imprensa, mas na realidade eu não conseguiria te largar em um local sem saber como ficaria. Tinha medo de não encontrar-te novamente. – Respirou profundamente. – E quando fizemos amor no outro dia, pensei que tudo ocorria rápido demais, e ocorreu, tão rápido que meu sentimento por ti apenas cresceu e hoje eu acho que sim, eu te amo. Cada vez que você me lembra que tem que voltar para o Brasil me dói profundamente no coração, mas juro que lhe entendo, e juro que respeitarei se tiver de voltar. Também te juro que pode confiar em mim, nunca te trairei, te visitarei no Brasil sempre que tiver a oportunidade, e gostaria que carregasse sim um filho meu, que casássemos e que vivêssemos juntos a vida inteira. No entanto me conformo em viver três semanas de pura intensidade com você. – Ele colocou o dedo sob o queixo de Sara e aproximou seus lábios do dela. – Sara, eu te amo. – Ele a beijou.