E foi tudo como Gilbert previu, não tinha tantos jornalistas como em sua casa, porém os que tinham eram da pior espécime. Ele não poderia responder a altura, o trabalho não deixava, mas tinha de proteger Sara.

Sem guarda-costas, Gilbert agiu como um, abraçou Sara para que a proximidade não a machucasse, e foi levando os jornalistas consigo até a porta dos restaurantes.

— Sara diga como é estar tão perto do seu ídolo?

— Vocês já estão namorando?

— É só um caso passageiro?

— Gilbert você havia afirmado que nunca ficaria com uma fã. Mudou de ideia?

— Foi com ela que você traiu Teri?

— Quanto tempo demorará a trair Sara também?

De todas as perguntas a última foi a que mais doeu em Sara, ela tentou não pensar nisso, porém o trajeto do carro ao restaurante parecia uma maratona de mil quilômetros a qual nunca iria chegar. Gilbert manteve-se firme, com Sara em seus braços, protegendo-a e sem dar uma resposta se quer. Sara sentiu algo na cabeça, porém no momento nem prestou atenção pela agitação que ocorria.

Não conseguiam chegar ao restaurante, porém apareceram dois homens enormes que conseguiram afastar a imprensa e liberar o caminho para que Gilbert e Sara pudessem finalmente chegar ao restaurante.

— Nunca foi tão difícil almoçar. – Foi a única coisa que Sara disse até sentar-se.

O gerente do restaurante logo se aproximou.

— Desculpe-me Senhor Grissom, se soubesse que a imprensa estaria deste modo teria providenciado alguns seguranças antes para vocês. Sentem-se bem?

— Hora Pablo! Não tens culpa. Nem eu sabia que estariam deste modo. O que uma Brasileira não causa né? – Piscou para Sara.

Porém Sara mantinha-se séria, tinha um leve incomodo.

— Está bem Sar? – Gilbert que havia se sentado a mesa, logo levantou.

— É só um incômodo. – Sara então levou a mão a cabeça, e pode sentir seu dedo umedecer, quando tirou a mão, pode ver sangue nos dedos, não muito, mas o suficiente para preocupar Gilbert.

— O que fizeram com você? – Ele foi ao lado dela, enquanto Pablo ainda os observava. Ele mexeu nos cabelos dela e consegui afastá-los deixando exposto o machucado. – Parece ser superficial, mas seria bom limpar isto.

— Eu tenho um kit de primeiros socorros. – Interferiu Pablo. – Nunca pode faltar isto em uma cozinha. – Piscou. – Vou busca-lo.

Assim que Pablo afastou-se para buscar o kit, Gilbert voltou a olhar os machucados, viu pela janela fumê os jornalistas ali fora, e por um segundo pensou em ir lá e matar um por um. Já não bastava o que havia acontecido com Virgínia? Nunca deixaria machucarem Sara, isto não aconteceria de novo.

Gilbert havia pegado seu celular, e tirado uma foto do machucado de Sara antes de fazer o curativo, em seguida, postou em seu twitter pessoal:

“Será que não aprenderam da primeira vez?”

— Gris, por que ficaste tão irritado?  - Sara levou o talher a boca, a este momento já haviam feito o pedido e já estavam comendo.

— Você sabe. Só não quero que ocorra o mesmo contigo.

— Fala de Virgínia?

Gilbert calou-se. E Sara sabia o motivo, e sentiu-se importante por ser comparada a Virgínia. De todas as mulheres as quais Gilbert tinha ficado, se havia uma que ela tinha certeza que ele havia amado era Virgínia.

— Não precisa falar disso Gris. – Levou sua mão até a dele segurando firme.

— Você sabe o que aconteceu, todo mundo sabe. – Suspirou pesado. – Embora a mídia tenha tentado esconder isso. Que a culpa foi deles.

Sara realmente sabia, os fãs dele sabiam. A mídia tentou reverter o quadro. Gilbert havia pedido Virgínia em casamento, ele a amava, amava como jamais havia amado alguém, não precisaram mais que um ano de relacionamento para ele ter certeza que queria ela para vida toda. Logo, ela que passou de anônima para noiva de celebridade começou a ser perseguida. Em um destes dias, ela tentou fugir de um carro que a perseguia, passou por um farol, diante de um cruzamento e um carro de porte maior acertou o lado do motorista em cheio.

Tiraram fotos de Virgínia morta, mesmo antes de chamarem uma ambulância. Gilbert ficou sabendo da morte pelo noticiário. As fotos foram espalhadas em todos os locais possíveis, televisão, internet, jornais. Ele estava arrasado, e sempre que tentava fugir se deparava com a foto de sua mulher tão amada morta.

Os jornalistas não tiveram pena dele, enquanto o assunto sobre a morte dela era o auge, não pararam de prossegui-lo para saber como ele se sentia, como estava tudo. Ele não queria falar com ninguém, não queria nem falar com a própria família.

Quando ele faltou ao enterro então, foi notícia em todos os meios de comunicação. Ele não faltou por que não a amasse, porém a amava tanto que não poderia ver ela ali, em um caixão, sem vida, sabendo que não poderia compartilhar nunca mais de uma vida com ela. Seu sorriso, seu carinho, suas noites de amor. E tudo piorou quando soube que ela estava grávida, talvez nem ela soubesse... Se tivesse sabido, talvez não tivesse se arriscado tanto. Porém disso Sara não sabia, Gilbert conseguiu esconder a gravidez da imprensa.

Gilbert sacudiu a cabeça e respirou pesadamente, querendo livrar-se destas lembranças. Sara percebeu os olhos de Gilbert mareados, e nem ele havia percebido isso, percebeu somente quando uma lágrima caiu.

— Está tudo bem Gris?

— Está sim.

“Nunca deixaria fazerem com você o que fizeram com Virgínia, nunca”, jurou a si mesmo em pensamento.