Gilbert se acordou somente no outro dia. Julie deveria estar preocupada, na verdade não estava, não depois de ver os jornais, coisa que Gilbert ainda não havia feito. Abriu a porta do apartamento, a faxineira sempre deixava o jornal sob o tapete que ficava em frente a porta. Hoje não havia nada.

Viu então Lisandra passando.

— Hey. – Gilbert fitou-a. – Cadê meu jornal?

— Bom dia ao senhor também. – Lisandra tentou mudar de assunto.

— Bom dia. Desculpe minha má educação. – Sorriu. – Porém estranhei não ver meu jornal aqui, você é sempre tão pontual.

— Achei que preferiria não ver o jornal hoje. – Carregava o jornal de Gilbert em baixo do braço.

Gilbert apenas esticou a mão.

— O senhor é quem sabe. – Ela lhe entregou o jornal. Gilbert estava na capa, e Sara também. Céus!

— Que grande merda! – Gilbert gritou.

— Disse-lhe que não era para ver, que ficaria de mau humor.

— Obrigado Lisandra, mas saberia disto uma hora ou outra. – Lhe ofereceu um grande sorriso tentando desculpar-se assim de como havia a tratado.

— Mas não é bom estressar-se antes do café da manhã. – Lisandra piscou. Logo se despediram e Gilbert fechou a porta. 

Café da manhã? Que grande ideia Lisandra havia lhe dado. Prepararia um belo café da manhã e levaria na cama para Sara, e somente após mostraria jornal. Quando estava tudo pronto, colocou sobre uma bandeja e foi até o quarto esperando encontrar Sara dormindo.

Ao contrário, Sara estava acordada. Tinha dado falta de alguém na cama, era muito espaço para dormir e depois de tatear algumas vezes seus olhos se abriram. Gilbert não estava, sobrou apenas respirar fundo e sentir o doce aroma dele, após então se lembrar da maravilhosa noite de amor que tiveram. Como Gilbert ainda demorava, pegou o celular e acessou a internet.

Sua cara estava pálida quando Gilbert chegou com a bandeja.

— Bom dia. – Gilbert disse ao vê-la mexendo no celular. – Como está? – Ele parecia animado, Sara tinha certeza que ainda não havia visto os jornais, se não sua expressão estaria  um pouco pior.

— Bom dia. – Respondeu animada, ajeitando-se na cama enquanto Gilbert lhe depositava a bandeja obre o colo. – Viu algum jornal hoje? – Perguntou meio desconfiada.

— Vi, estamos lindos estampando a capa. – Gilbert mantinha-se com rosto alegre. – Porém depois falamos disto.

— Está certo. – Sara então começou a comer.

O café da manhã transcorreu bem e eles como o prometido não tocaram do assunto nos jornais, mas nenhum dos dois podia negar que pensaram nisso o tempo todo. Gilbert tinha medo de como isso recairia sobre ele e sobre Sara. Ela aparecia como sua possível nova namorada, já sabiam até que ela era brasileira e uma fã. E as outras fãs? Elas iriam querer a cabeça de Sara, por inveja, por despeito, ou simplesmente por fazerem isso com todas as namoradas que ele já havia tido. Nunca havia se importado com isso, mas agora se importava. Sara não tinha pensamentos muito diferentes dos dele, os medos eram os mesmos.

— Então Gris? O que faremos? - Olhou-o séria assim que terminou de tomar o café da manhã.

— Eu não sei Sara. Todos sabem que você é minha fã, assim como assim que você sair dessa porta vão saber que passou a noite comigo. – Gilbert respirou fundo. – Devem ter paparazzi até de helicóptero aqui na janela para saber se você está aqui.

Sara riu. Gilbert agora exagerara.

— Deixe de ter mania de perseguição. Não deve haver ninguém nas janelas. – Sara gargalhava. Logo se recompondo. – Agora realmente temos que pensar em uma boa desculpa. 

— O que você quer fazer Sara? – Fitou sério.

— Eu não sei. O senhor quem está acostumado com isso. Deveria ser o dono das ideias.

— Por mim mandaria todos a merda, e sairia com você em meus braços. Até por que no que depender de mim eles vãos nos fotografar muito esse mês. – Gilbert sorriu.

Sara sorriu de volta. Era uma loucura tudo isto, mas uma loucura que ela estava adorando viver.

— Tem certeza disso?

— Estou esperando só a sua confirmação.

— Certo. Você tem minha confirmação.

Gilbert sorriu. Estava cada vez mais encantado por aquela mulher. Será que seria a primeira mulher em sua vida em que amaria depois de Virgínia. Não poderia comparar os sentimentos, mas Sara era por quem havia sentido algo mais próximo do que sentira por sua namorada tão amada, por quem se sentia viúvo sem mesmo haver casado. Porém Sara era inalcançável, logo estaria de volta a sua vida no Brasil e ele a milhares de distância dela.

— E quando enfrentaremos os leões? – Sara voltou a sorrir livrando-o de tais pensamentos e fazendo-o aproveitar o agora.

— Com certeza não será nesse momento.

Disse Gilbert malicioso, jogando-se na cama e movendo-se para cima dela. Fariam amor uma ou várias vezes antes de enfrentar os tais leões. Queria aproveitar todo aquele delicioso corpo, e foi assim que o fez, algumas vezes antes de cansar completamente e pedir clemência. Teria de dormir várias horas antes de pensar em entrar naquele maravilhoso corpo novamente. Dormiram tão profundamente, tomados pelo cansaço que todo aquele exercício e calor lhe proporcionaram, que até esqueceram-se de almoçar. Quando acordaram, já passavam das três horas da tarde em Vegas.