Gilbert Grissom não conseguiu trabalhar muito neste dia, parecia distraído, e na verdade estava. O diretor havia lhe chamado algumas vezes a atenção.

— Está com algum problema Grissom?

— De verdade? – Gilbert sorriu cínico.

— Parece que sim. Isto só pode ser mulher. – Ele disse sorrindo.

A única coisa que lhe animava é que depois desta semana teria uma semana inteira de folga, longe de câmeras, filmagens, setes e tudo mais. Poderia compartilhar seus momentos com Hank e quem sabe com Sara.

No fim do dia, ele já não aguentava mais. Tinha a desculpa da mala, que havia deixado na casa de Sara de propósito. Queria ter algo para poder chama-la. Antes de fazê-lo no entanto resolveu dar uma boa pesquisada na internet.

Sua sorte é que Sara Sidle não era um nome tão comum. 

Logo encontrou suas redes sociais. Não havia muitas informações sobre ela, nada mais do que ela postava em seu perfil. E pode ter certeza de quão fã ele era, tinha até um fã clube dedicado a ele, isso de verdade o assustou mais do que pensava, principalmente quando reconheceu o fã clube, ele seguia e já havia até respondido algumas mensagens. Por outro lado, ela não havia aberto nada, absolutamente nada de sua vida pessoal na rede.

Respirou, aliviado.

Será que Sara manteria tudo em segredo? Será que logo isto estaria em todo lugar e sua vida intima seria revelada ao mundo inteiro? Havia se entregado a Sara de uma forma que não havia se entregado a nenhuma outra mulher. Tinha feito de tudo para que ela se sentisse totalmente a vontade e com tanto prazer que se derretesse em seus braços. Ele conseguiu. E de algum modo estranho se apaixonou.

Não! Não poderia estar apaixonado. Não por uma fã.

Precisava falar com alguém. Dentre seus amigos, apenas um era confiável: Christian. Era o único que havia visto, fora do ramo artístico, The Sense como algo normal, talvez por ele ser gay, mas havia sido o mais maduro que o que havia lidado com a situação da melhor forma, fazendo que Gilbert também lidasse com isso com maturidade. Deveria ligar para ele, ele poderia ajuda-lo.

Mas o número que digitou em seu celular não foi esse. O número que digitou foi o de Sara.

Sara pegou o celular, tocava uma música que Gilbert havia gravado, não que fosse excelente cantor,  mas havia gravado essa música para um projeto. O número aparecia como privado. Quem seria? 

Olhou para o horário e eram apenas oito horas da noite.

Atendeu finalmente.

— Alô. – Colocou o celular encostado no ouvido.

— Oi. Sar? – Perguntou Gilbert, era primeira vez que ele a chamava assim, sentiu suas pernas bambas. Sentou-se na cama. – Sar, está ai?

— É, estou. – Disse esclarecendo a garganta. – Tu... Tudo bem Gris? – Sara ainda estava surpresa com a ligação.

— Para falar a verdade estou bem melhor agora. – Sara sentiu seu coração disparar, como uma adolescente apaixonada. – Queria saber se posso pegar minha mala agora, e se... – Gilbert respirou fundo. – Se não queres aproveitar para conhecer um pouco da cidade. Posso leva-la. 

— Claro que pode pegar sim. E na verdade eu adoraria. – Sara respondeu.

— Ótimo. Posso passar daí a uma hora? – Gilbert perguntou ao consultar o relógio de pulso.

— Claro. – O corpo de Sara sorria de felicidade.

— Então daqui a uma hora. Ah, não se esqueça de levar sua câmera junto. Tchau.

— Certo. – Sara disse mesmo sem entender. - Tchau. – Desligou o telefone, jogando-se na cama.

Sara então correu para a sala, Julie havia chegado a pouco tempo do trabalho e não estava bem humorada, no entanto a amiga, estava perfeitamente feliz.

— O que aconteceu Sara? Até parece que ganhou na loteria. – Disse com desdém.

— Melhor! Gris chamou-me para sair hoje a noite! Ele disse que estaria aqui em uma hora. – Ela então prestou atenção no que disse. – Uma hora? Não irá dar tempo de me arrumar. – Gritou.

— Dá sim amiga. Vai para o banho que irei escolher uma roupa para você, por que se tiver de escolher roupa não irá nem ano que vem. – Disse-lhe finalmente esboçando um sorriso.

— Obrigado Finn! – Sara disse pegando toalhas e correndo para o banheiro.

Quando estava pronta, Sara mirou-se no espelho um par de vezes e seu celular tocou novamente. Número privado: Pode ler na tela. Devia ser Gilbert. Atendeu assim que chamou pela segunda vez.

— Oi. – Disse ela, na realidade queria dizer “Oi Gris”, mas e se não fosse?

— Oi Sar. – Era a voz de Gilbert. – Está pronta? Estou lhe esperando.

— Estou descendo. – Disse Sara com um sorriso de orelha a orelha, que graças a Deus Gilbert não podia ver.

— Te espero. – Gilbert também estava ansioso, alias nunca havia estado tão ansioso em sua vida. Quem era aquela mulher tão doce? E o que estava fazendo com sua vida?

Sara desceu, e quando Gilbert fitou-a lhe caiu o queixo. Sara estava divina, era um anjo que havia caído em sua vida. Com um vestido preto básico, um salto alto, seu cabelo solto e poca maquiagem, havia causado um efeito em Gilbert Grissom tão grande que sentiu que havia de ter se vestido melhor. Não que não estivesse muito bem arrumado de jeans, tênis e uma camisa.

Gilbert esclareceu a garganta, mas na verdade precisava de litros de água para que sua garganta seca ficasse úmida.

Em uma mão Sara carregava a mala de Gilbert, que faltava uma blusa, verdade, uma que fez questão de guardar entre suas coisas – ele não sentiria falta, pensou ela quando pegou-a. – e na outra, a mochila de sua câmera, que até então não havia entendido para que Gilbert tinha pedido que trouxesse.

— Deixe que te ajudo. – Disse Gilbert aproximando-se e pegando sua mala. Ele levou-a até o carro e a depositou no porta malas.

Após Gilbert abriu a porta do carona e fez sinal para que Sara entrasse, estava agindo como um verdadeiro cavalheiro. Sara entrou, depositou a câmera sobre seu colo e colocou o sinto de segurança enquanto Gilbert fazia a volta e entreva em seu carro, colocando também o sinto de segurança.

— Ainda não entendo. – Disse Sara apontando para a câmera. – Por que pediu que a trouxesse? – Fitou-o.

Gilbert colocou a chave na ignição girando-a, e olhou Sara com um sorriso no rosto.

— Você é uma turista e uma fotografa, irei te levar para os pontos turísticos do México, sei que é noite, mas creio que irá gostar de tirar fotos dos lugares.

Sara sorriu e desviou o olhar corada. Como podia ter imaginado algo diferente disso? Achou melhor olhar para a janela.

— Só uma pergunta. Não tem medo dos paparazzi? Sei o quanto gosta de manter sua vida pessoa, realmente pessoal. – Fitou-o novamente.

— Você é apenas uma amiga para eles. É só não nos beijarmos. – Gilbert sorriu começando a dirigir.

— E quem disse que iria beijá-lo? – Sara disse em um ar desafiador.

— E quem disse que havia dito isso para ti? – Ele respondeu com o mesmo tom de voz. Fazendo-a corar rapidamente. Ele queria beijá-la?