Desde que colocou seu nome na ficha de inscrição, Gwyn não parou de pensar no que tinha feito e como aquele simples ato mudaria seu destino para sempre. Poderia parecer um pouco radical, mas a jovem conseguia sentir nos seus ossos um estranho chamado, semelhante ao que sentia quando cantava, como se a Mãe a tivesse criado justamente para aquele momento.

Saber que era algo que mudaria sua vida não impedia de temer pelas consequências, Gwyn sabia que não era mais a mesma, temia nunca mais ser a mesma que fora.

Subindo as escadarias ela percebeu que não tinha vestes necessárias para o treinamento, mais um dos motivos para a lembrar o quão quebrada ela estava, as únicas roupas que tinha era de sacerdotisa, afinal, desde o que aconteceu, ela não imaginava que sairia do seu novo santuário, ela ainda não acreditava que estava fora da biblioteca.

Antes de desistir e voltar para seu quarto, ela se forçou a continuar, apenas para parar de repente quando chegou no fim das escadas. Nestha e Cassian estavam parados no centro do ringue, eles a avistaram e com isso, todas as chances para desistir foram anuladas. Com as mãos tremendo e o coração disparado, ela deu mais um passo apenas para parar novamente, olhando para o alto ela conseguia ver a imensidão azul, o sol iluminando todo o ringue.

Sentindo o calor na sua pele, Gwyn pensou em todos aqueles anos que ficou dentro da biblioteca, foi seu refúgio, mas naquele momento ela percebeu como sentiu falta de ser tocada pelo sol, de conseguir viver, não apenas sobreviver. Depois de tanto tempo, Gwyn se permitiu tentar, não somente por si e por Nestha, sua amiga corajosa que tinha feito tanto para convencer todas as sacerdotisas, mas também era uma tentativa pela sua irmã, que não gostaria que sua vida ficasse empacada para sempre por sua morte, com um último olhar para o céu, a jovem prometeu a si mesma e sua irmã, que iria tentar viver e que conseguiria eventualmente. Quando voltou seus olhos para sua amiga e o macho que estava do seu lado, Gwyn poderia jurar que sentiu um calor, o mesmo valor quando Catrin a abraçava, como se sua irmã aprovasse sua promessa e soubesse que ela estava em boas mãos.