Contraste escrita por Paulinha Almeida


Capítulo 9
Capítulo 9




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Os dias já estavam quentes e longos, com o típico sol de verão dando as caras até quase dez da noite. Eu adorava essa época do ano, quando a cidade era muito mais cheia de vida e o clima agradável o suficiente para eu usar minhas roupas preferidas o tempo todo.

Era também uma época em que eu trabalhava bastante porque sempre surgia uma ou outra edição especial de verão das capas sob minha responsabilidade, pois a luz natural era perfeita para cenários diferentes.

Minha agenda no começo do mês estava cheia e eu não tive muito tempo livre. Para completar, dois colegas de equipe fizeram aniversário e mesmo com todo o trabalho a mais mantivemos a tradição de comemorar pelo menos três vezes. Tanta comemoração rendeu três happy hours, um jantar e uma noite na balada preferida de cada um.

A sexta feira estava mais tranquila e eu consegui chegar em casa pouco depois da hora do almoço, com todo o cansaço e sono acumulado das últimas duas semanas dando as caras com força. O meu plano era dormir todas as horas possíveis para estar descansada e disposta no dia seguinte, pois Nev e Luna haviam me pedido para ficar com a Izzie para eles fazerem qualquer coisa juntos.

A ideia inicial dos dois era eu ficar com ela a noite, mas consegui convencê-los a trazê-la antes do almoço para passar o dia, eu me divertia demais com aquela criança para querer menos do que isso. Meu sábado foi cheio de risadas gostosas, comida saudável, brinquedinhos espalhados pela sala, passeio no parque, abraços de bebê e carinho enquanto ela dormia no meu colo. Quando meus amigos chegaram para buscá-la, por volta de meia noite, Izzie estava em meio a um sono pesado, dormindo confortavelmente do meu lado na cama.

Mal eles saíram e eu caí no sono também, porque por mais que eu amasse esses dias, era preciso reconhecer que cuidar de uma criança podia ser tão cansativo quanto todos os harry hours seguidos da semana anterior.

Ron e Mione estavam empolgados no dia seguinte, contando como havia sido a viagem que fizeram no final de semana anterior. Tivemos um almoço tranquilo e agradável, meus pais estavam radiantes em ver que meu irmão estava construindo um relacionamento sólido com uma ótima pessoa, então a satisfação dos dois era visível.

A boa noite de sono que tive não foi suficiente para me poupar alguns bocejos, que pioraram quando nos acomodamos no sofá confortável demais para meus olhos ficarem abertos sem dificuldade. Em meio a uma dessas piscadas mais longas senti meu celular vibrar com uma mensagem.

“Olá garota, como está sendo o seu final de semana?”

Harry e eu não nos encontramos novamente depois da noite em que fomos ao teatro, duas semanas atrás, porque nenhum dos dois teve muito tempo disponível, mas trocamos algumas mensagens nesse meio tempo.

—O que você anda fazendo ultimamente que está com tanto sono? - Ron perguntou com o cenho franzido antes que eu conseguisse digitar minha resposta.

—Estamos com duas edições especiais de verão para esse mês e Izzie passou o dia todo comigo ontem, acho que ficar com ela cansa mais que todos os ensaios.

“Meu final de semana está sendo muito tranquilo, estou com Ron e Mione na casa dos meus pais. E o seu?”

De canto de olho consegui ver quando a atenção da minha mãe mudou imediatamente para mim e sua expressão se iluminou. Ela se ajeitou no sofá do jeito que fazia sempre que queria lançar uma indireta, o problema é que ela não sabia muito bem como construir as indiretas e no fim elas sempre se pareciam mais com um tiro ao alvo de tão certeiras.

—Ah querida, você se acostuma com esse ritmo quando tiver os seus, não é Arthur?

—Sem dúvidas, esse cansaço soa diferente quando eles são nossos, você nem vai senti-lo.

Reprimi a vontade de rolar os olhos de novo para aquela conversa, e respondi de forma monótona, a cabeça encostada novamente no encosto do sofá.

—Prefiro continuar me cansando de vez em quando e poder devolver para a mãe no fim do dia, porque como eu já disse milhões de vezes, eu nasci pra ser tia.

Eu nunca entenderia o motivo pelo qual questões tão pessoais eram tão cruciais para os meus pais e qual justificativa eles usavam com eles mesmos para achar que poderiam trazer esses assuntos à tona a cada oportunidade que aparecia, como se a decisão fosse deles.

—Não diga isso Ginny, ter filhos é um presente. - Meu pai falou com o tom sério.

—Um presente que eu dispenso. - Comentei sem alterar minha posição ou o tom de voz.

Senti meu celular vibrando novamente:

“Meu final de semana está indo muito bem, obrigado. Eu estava pensando em te convidar para um programa diferente, mas aproveite seu dia em família e tentamos combinar para o próximo final de semana se for uma ocasião apropriada.”

—Você ainda é nova demais para saber o que quer, Ginny. Vai ver que sua opinião vai mudar quando você amadurecer.

Senti a minha reação natural a esses pequenos comentários chegar em forma de uma irritação tão forte que deixou instantaneamente mais desperta. Eu não estava com clima para entrar mais uma vez nessa discussão, então apenas soltei uma risada sarcástica e me levantei.

—Eu vou me poupar dessa discussão inútil mais uma vez, tchau para vocês.

Atravessei a sala e parei em frente ao balcão onde minha bolsa estava apoiada. Antes de colocar meu celular dentro dela e apanhar a chave do carro, enviei uma mensagem para o Harry:

“Agora é uma ótima ocasião para um programa diferente. Chego em casa em meia hora e te mando mensagem para combinarmos.”

—Volte aqui mocinha, você não pode falar assim comigo e simplesmente ir para casa. - Sua voz soou irritada e mais alta do que o normal.

—Não estou indo para casa, acabei de receber um convite irrecusável e estou indo aproveitar minha imaturidade. Vejo vocês na semana que vem. - Me virei para Ron e Mione e lancei um sorriso de despedida para eles, minha cunhada estava um pouco deslocada em meio a nossa interação.

A caminho da porta ouvi quando minha mãe perguntou com a expressão incrédula:

—O que tem de errado com essa menina?

—Com ela? Eu estou me perguntando o que tem de errado com vocês, Ginny não consegue ter um almoço livre de comentários…- Ron respondeu com a voz séria, e mesmo não escutando tudo o que ele disse, tenho certeza que nossos pais não ficaram nada felizes com isso.

Eu não fazia ideia do que Harry queria dizer com um programa diferente, mas seja lá o que fosse certamente seria melhor do que passar uma tarde discutindo pela milionésima vez uma decisão que não dizia respeito a ninguém além de mim mesma. Estacionei o carro e subi as escadas com o celular na mão, informando a ele que já estava em casa.

“Cheguei, a que horas que busco na sua casa?”

Sua resposta chegou quase imediatamente:

“Não precisa me, eu te pego aí daqui a pouco.”

Franzi o cenho para a mensagem, porque até onde eu sabia Harry não tinha um carro, mas me sentei no sofá e o aguardei. Ele chegou rápido e me cumprimentou com o mesmo sorriso de sempre quando abri a porta para ele. Seus olhos desceram por mim e ele comentou:

—Acho que você vai precisar trocar de roupa.

Eu ia perguntar o que havia de errado com meu short jeans e camiseta, mas antes de me manifestar ele me mostrou o capacete que estava segurando atrás das costas.

—Nem pensar!

Harry me seguiu para dentro do meu apartamento com um sorriso de canto e fechou a porta atrás de si.

—Eu disse que era um programa diferente.

—E eu adorei a ideia, até entender que isso inclui um veículo que não se sustenta em pé sozinho. Harry, motos foram feitas para cair.

Ele riu com ar divertido.

—Eu nunca diria que você tem um lado tão dramática. - Ele comentou especulativo, como se fosse achasse muito interessante descobrir algo novo sobre mim. - Vamos, vai ser legal.

—Harry, eu não sou muito fã de velocidade, sabe? - Ele levantou a sobrancelha em desafio e me lançou um olhar malicioso que me fez rir e rolar os olhos. - Não gosto de velocidade em veículos, você entendeu o que eu quis dizer.

—Mas não tenho a intenção de correr. Vamos, Gin, você vai ver que vai ser divertido.

Foi engraçado vê-lo usar meu nome no diminutivo, principalmente tão espontaneamente assim, e eu achei fofo o jeito que ele fez isso.

—E eu pensando que meu domingo seria pacífico. - Comentei para mim mesma. - Eu nunca nem subi numa moto.

—Ótimo, só deixa ainda mais interessante ser o seu primeiro. - Ele piscou para mim com malícia novamente.

Não que eu estivesse reclamando, mas a segunda piada de duplo sentido me fez questionar o que havia acontecido nessas duas semanas em que não nos vimos. 

—Nós podemos tentar, mas se for muito ruim voltamos para cá na hora. - Cedi e ele abriu um sorriso empolgado.

—Combinado! Coloca um jeans, tênis e um casaco, é útil contra o vento.

Ele se sentou no sofá e aguardou enquanto eu ia até o quarto me trocar. Voltei para a sala já vestida e me sentei ao seu lado para amarrar os cadarços.

—Desde quando você tem uma moto?

—Comprei a primeira ainda na faculdade, desde então já tive algumas. Mas estou especialmente empolgado com essa, peguei na concessionária essa semana.

De repente a empolgação fez sentido.

—Homens e seus brinquedos. - Comentei e me levantei. - Vamos, antes que eu desista.

Eu não entendia nada de motos, mas poderia dizer que o veículo verde escuro à minha frente era grande e alto, o que me fez perguntar como eu subiria na garupa. Eu mesma poderia ter prendido o capacete no meu queixo, mas não me afastei quando Harry se adiantou para fazer isso por mim. Quando ele também já estava devidamente equipado com seu acessório de segurança, pisei no suporte que ele me indicou e me acomodei às suas costas.

O abracei pela cintura, a diferença de altura me deixou quase deitada sobre ele e a sensação seria boa se eu não estivesse com um frio desconfortável na barriga. Como ele havia prometido, dirigimos a uma velocidade agradável pelas ruas ao redor do nosso bairro e eu tive que concordar que não era de todo ruim uma vez que você se acostuma ao balanço do veículo e aprende a equilibrar o próprio corpo.

Vários minutos depois ele virou em uma rua vazia, parou rente ao meio fio e levantou o próprio capacete para conseguir falar comigo:

—E então, como está achando?

—Assumo que não é tão ruim.

Eu só conseguia ver seu perfil, mas identifiquei o sorriso mesmo assim.

—O que acha de intensificarmos a experiência? Ainda não testei na rodovia.

Assim como quando ele mencionou o passeio de moto, senti o mesmo arrepio de medo me percorrer, mas dessa vez acompanhado da sensação gostosa de adrenalina. Não tinha sido tão ruim até então, então imaginei que não faria mal aproveitar outros níveis.

—Por que não? Vamos tentar.

Ele apertou levemente minha coxa onde sua mão estava apoiada antes de se virar novamente para frente, recolocar o capacete no lugar e arrancar novamente. Quando viramos na alça de acesso eu apertei mais meus braços ao redor da sua cintura e absorvi a sensação do vento passando por todos os lados do meu corpo.

Ao contrário do que eu havia antecipado, não senti a insegurança e medo que eu tinha certeza que sentiria quando aceitei aquele passeio, a sensação estava mais para um friozinho gostoso na barriga e a adrenalina necessária para deixar a experiência empolgante.

Eu não sabia aonde estávamos indo, mas a paisagem ao redor se tornou mais deserta e rural, com longos campos se estendendo de ambos os lados da rodovia de mão dupla. Quando o mar ficou visível do lado direito, Harry virou em uma rua de terra que nos fez chacoalhar um pouco por alguns minutos, até que ele parou a moto no amplo espaço que havia no fim do caminho.

A paisagem era típica da costa da Inglaterra: uma vastidão de grama, um penhasco pequeno e o mar, sem praia ou areia, apenas a imensidão de água à frente. Se olhássemos para a direita e para a esquerda era possível ver praias à distância, mas ali naquele espaço éramos os únicos.

Harry abaixou de ambos os lados o suporte que faria a moto se equilibrar e saiu de cima do veículo apenas para se virar e sentar-se novamente, mas virado de frente para mim. Agora sem o vento todo no rosto, o casaco que estávamos usando era demais para o sol quente de meio de tarde, então ambos foram pendurados no painel atrás dele.

—Pronta para assumir que a sensação é ótima?

—Acho que prefiro começar por assumir que não é tão ruim quanto eu achava, porque ainda não voltei pra casa em segurança.

Olhei em volta para a paisagem bonita ao nosso redor.

—Lugar legal.

—Encontrei no Google hoje de manhã, pesquisando algum lugar para o meu primeiro passeio. Também gostei.

Ele colocou as mãos por baixo dos meus joelhos e levantou um pouco minhas pernas, o suficiente para conseguir me puxar mais para perto de modo que minhas coxas ficassem sobre as dele e nossos corpos colados.

—Da próxima vez eu venho de saia. - Pisquei para ele e apoiei os cotovelos banco agora livre atrás de mim, de modo a ficar quase deitada. Era gostoso sentir o sol direto no meu rosto.

—Está vendo? Você já está pensando na próxima vez, já pode assumir que a sensação é ótima.

Não nos apressamos em voltar para casa e aproveitamos a tarde com uma vista bonita em meio a beijos e as provocações que sempre existiam entre a gente. Quando chegamos na minha casa já era praticamente hora do jantar e Harry achou uma boa ideia pedir algo para comer e esticar a noite um pouco mais.

Comemos sentados no tapete da sala e não fomos muito longe dali pelas próximas horas, enquanto descobríamos um pouquinho mais do corpo um do outro. Por volta das onze da noite ele se despediu e foi para casa, pois eu tinha um ensaio com luz natural na manhã seguinte, o que significava acordar mais cedo do que eu achava necessário e aceitável.

Ele saía do trabalho todos os dias às cinco da tarde, o que durante o verão ainda o deixava com mais cinco horas de luz solar pela frente. Durante as próximas semanas recebi e aceitei mais alguns convites para dirigir sem rumo por aí,  e a cada um deles eu achava a experiência mais agradável, aquele pequeno desconforto se esvaindo aos poucos.

O primeiro dia de agosto era um sábado cuja previsão do tempo prometia as temperaturas mais altas da estação. Não estranhei ver a mensagem de Harry no meu celular quando acordei, pouco depois do meio dia. Uma hora depois, quando eu já havia tomado café da manhã e me vestido adequadamente enviei a ele uma mensagem dizendo que estava pronta e desci para encontrá-lo menos de dez minutos depois.

Em pouco mais de uma hora estávamos no mesmo local aonde fomos pela primeira vez, que era quieto e vazio o bastante para ficarmos mais à vontade. Ele se sentou próximo à beira do penhasco e eu estendi meu casaco na grama ao seu lado para deitar a cabeça em seu colo.

O clima com Harry era gostoso e cheio de conotações diferentes. Com exceção da vez em que ele me beijou quando nos encontramos no restaurante para eu pegar meu celular, nossos encontros em público eram muito discretos e eu já havia notado que ele não gostava de demonstrações públicas de afeto, o que eu também conseguia viver muito bem sem.

Quando estávamos sozinhos, no entanto, nunca nos faltava assunto, contato físico nunca era um problema pois estávamos sempre nos tocando, querendo saber um pouco mais e, de uns dias para cá, nos pegamos em algumas ocasiões fazendo carinho um no outro quando estamos distraídos, como ele fazia agora em meu cabelo enquanto eu tinha os olhos fechados para aproveitar a brisa refrescante que vinha do mar.

—Você é muito bonita.

Abri os olhos e o encontrei me encarando. A intensidade daquele olhar me causou um frio na barriga que eu não fiz questão de espantar quando sorri de volta para ele.

Ele se inclinou o suficiente para conseguir me beijar e deslizou a mão, até então no meu rosto, por toda a extensão do meu corpo, passando pelos meus seios e quadril até chegar na minha bunda, onde ele me apertou.

Nunca nos faltava tesão também, o que eu certamente não reclamaria.

No fim da tarde recebi uma mensagem do meu irmão me convidando para jantar com ele e Mione. Digitei uma resposta rápida informando que Harry estava comigo e eu não sabia se chegaria a tempo. A tréplica não demorou muito para chegar, acredito que apenas tempo suficiente para ele e Mione confirmarem que não havia problema nenhum ter duas companhias ao invés de uma.

“Mione está te mandando trazê-lo também, ele sabe o endereço. Te vejo às 8?”

Eram 6:10 da tarde, o que nos deixava tempo suficiente.

—Ron e Mione estão nos convidando para jantar na casa dela hoje às 8.

Embora nunca tenhamos nos encontrado todos juntos, Harry e meu irmão já se conheciam desde antes de nos encontrarmos pela primeira vez no parque, e eu sabia que os dois se deram muito bem desde o primeiro dia. 

—Temos tempo suficiente para chegar? - Acenei concordando. - Por mim tudo bem.

Confirmei que estaríamos lá e deixei o celular de lado para aproveitar mais alguns minutos ali antes de fazermos o caminho de volta. Era a primeira vez que eu ia até a casa da minha cunhada e a quantidade de livros que ela tinha me assustou, mas não surpreendeu.

Ron estava cozinhando quando chegamos, deixando todo o ambiente com um cheiro gostoso de tempero, enquanto Mione colocava a mesa. A carne assada com batatas que meu irmão preparou era praticamente idêntica à da minha mãe e eu adorava, mas infelizmente nunca havia conseguido reproduzir a receita com tanto sucesso.

A certa altura da noite, muito depois de terminarmos o jantar, mas ainda sentados ao redor da mesa em meio a uma conversa infinita, Ron se dirigiu ao Harry:

—E aí, o que está achando do presente?

—Melhor do que eu imaginava. - Respondeu empolgado. - Sozinho é bem suave, não perde estabilidade com alguém na garupa, a aceleração responde bem. Nada a reclamar, inclusive nós estávamos a uma hora daqui quando você mandou mensagem, quero aproveitar tudo o que eu puder antes do inverno chegar, porque fica mais difícil.

Eu havia entendido que ele estava falando da moto, mas fiquei surpresa em saber que havia sido um presente, até onde eu sabia poucas pessoas dão esse tipo de presente para os outros.

—A moto foi um presente?

—Sim, meu presente de aniversário de mim para mim mesmo.

—Que presente legal. Quando será seu aniversário?

—Foi ontem.

—Oh! - Disfarcei a surpresa bebendo mais um gole da minha taça de vinho e deixei o assunto continuar entre os dois sem dizer mais nada.

Ron ficaria para dormir, então Harry e eu nos despedimos e saímos para o ar agradável da madrugada. Me acomodei atrás dele novamente e cruzamos rapidamente o caminho até o meu prédio, onde ele tirou o capacete para falar comigo quando desci da moto.

—Então você passa três dias por semana comigo pelas últimas duas semanas, mas esquece de avisar que ontem era seu aniversário?

—Não achei que fosse uma informação relevante.

—O cara que se dá uma moto dessa como presente de aniversário não vai me convencer que essa não é uma informação relevante.

Ele riu e me puxou pela cintura para um abraço.

—Prometo que se eu fizer aniversário de novo esse ano eu te conto o dia com antecedência.

Acabei rindo da piada sem graça e me afastei.

—Vem, pode desligar o motor e subir comigo.

Ele fez o que pedi e desceu do veículo com uma expressão dividida entre curiosidade e empolgação. Assim que passamos pela porta ele a fechou atrás de nós enquanto eu me livrava da bolsa e do tênis. Segurei o tecido de sua camiseta e o arrastei comigo pela sala até as minhas coxas tocarem o tampo da minha mesa de madeira.

—Só estou um dia atrasada, acho que ainda podemos comemorar de um jeito legal, não?

—Com certeza podemos.

Ele não precisava de muito para entrar no clime e respondeu já com o rosto no meu pescoço. Nossa comemoração atrasada não me deixou com muitas horas de sono pela frente antes de me juntar ao almoço de família, o que significava que eu teria olheiras grandes o suficiente para receber perguntas que me incomodariam e irritariam na mesma proporção, mas enquanto aproveitava minha noite essa era a última preocupação na minha cabeça, que nesse momento estava inundada de Harry e todas as sensações que ele estava começando a causar.


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Notas finais do capítulo

Agora a gente sabe algo que ele gosta, e não tão surpreendente assim ela não é muito fã.
Será que até o final da história eles encontram algo que os dois consigam aproveitar igualmente desde o começo? Façam suas apostas.
Eu adoraria saber o que estão achando da história, então não deixem de clicar aqui na caixinha de comentários e deixar um recadinho para mim. Opinem, deem palpites, me contem suposições, enfim, apareçam :)
Beijos e nos vemos em duas semanas.
PS: Sim, ela reconhece que ele está começando a causar sensações. Mas quem pode culpá-la, não é mesmo?



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