Amy Sandoval e o passado que retorna - TDA escrita por Mrs Belly


Capítulo 3
Capitulo 3




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Um sopro de vida era o que puderam ver e rapidamente ele se apresentou como médico disposto a cuidar da menina e a cumprir a promessa que fez a Victoria, mas não seria tão fácil assim, Heriberto não estava em apenas mais uma de suas muitas emergências hospitalares, aquele cuidado e atenção lhe exigia o seu máximo profissionalismo agora mais do que nunca. Deitada na maca estava uma criança de três anos com risco de perder a vida e o que era ainda pior, a criança é sua filha. Uma filha que ele nunca soube da existência, mas que por muito tempo desde que viveu a sua historia de amor com Victoria, a desejou tê-la.

Amy Sandoval é uma menina muito pura e especial, foi enviada a vida de sua mãe para uma importante missão, fazer Victoria feliz e lutar pela vida e desde que ela nasceu tem sido assim, uma constante e extensa luta para viver feliz em um lugar onde há muito tempo não tinha paz, isso porque alguém com a alma muito ruim não lhe permitira - Bernarda -, a mulher mais amarga e sórdida que alguém pode conhecer em toda a vida porque unia todas as forças para ver Victoria destruída e longe do seu filho Heriberto. Porém, agora estando morta, não seria capaz de fazer mal algum, nem mesmo a Amy.

Victoria entrou na ambulância e se sentou ao lado da filha enquanto os médicos faziam o impossível pela vidinha dela. Apesar de ter sido "apenas" uma queda, o acidente demonstrava ter provocado bem mais que isso. Sem consciência, Amy foi submetida aos primeiros socorros imediatamente e um balão de oxigênio precisou ser colocado. Heriberto olhou nervoso para Victoria que ainda chorava sem soltar aquela pequena mãozinha e ali ele percebeu o quanto uma mãe é capaz de suportar e a admirou por sua força.

Minutos depois eles chegaram no hospital e foram as pressas para a ala de emergência, os médicos levaram a menina e Heriberto os acompanhou enquanto Victoria teve que ficar esperando por noticias do lado de fora. Ela esperou por um bom tempo agarrada a uma pequena imagem de Nossa Senhora de Guadalupe pela qual era devota e tinha plena confiança. O tempo de espera parecia não ter fim, então ela decidiu ligar para Antonieta, pois precisaria mito do apoio de alguém próximo e as duas eram quase como irmãs que contam uma com a outra em todas as horas que necessitam.

— Antonieta... - carregava um fio de voz e a amiga quase não escutou.

— Victoria? Está tudo bem?

— Não amiga, não está! Me ajuda Antonieta, eu vou perder a minha filha! - Victoria chorou sentindo suas forças se esgotarem e o coração partir em mil pedaços.

— O que aconteceu Victoria? Onde vocês estão? Eu estou indo aí!

— Por favor, vem. Quando chegar eu te explico.

No mesmo momento assim que desligou o celular, Antonieta pediu para que a babá ficasse em casa com João e saiu apressada para o hospital que sua amiga estava. Ela sentiu uma dor forte no peito e chorou enquanto dirigia pelas ruas agitadas, também era mãe e assim como Victoria, ela nunca poderia imaginar-se sem o seu filho.

Victoria estava inquieta andando de um lado ao outro angustiada sem nenhuma noticia. Ela orou mais e mais, pedindo a Virgem que cuidasse e trouxesse a sua bebê de volta...

— Virgenzinha, por favor... Cuide de minha pequena! Não deixe que nada de mal aconteça a ela, eu não posso mais suportar tanto sofrimento, não posso!

Quando Antonieta chegou, ela estava sentada com as duas mãos cobrindo o rosto banhado de lagrimas e a amiga quando a viu, foi direto para um abraço apertado de consolo e carinho.

— Victoria, calma! Ela vai ficar bem!

— Eu não sei Antonieta, eu tenho medo de que isso seja um castigo! Desde que Heriberto reapareceu em nossas vidas, tudo está acontecendo de uma forma que eu não sei explicar. Só pode ter sido praga daquela diaba! - ela saiu do abraço e sentou-se novamente com a outra a sua frente segurando sua mão.

— Que diaba? De quem você está falando?

— Estou falando da mãe de Heriberto, Antonieta! Aquela mulher simplesmente me odiava de graça enquanto eu estava com ele. Suspirou lembrando-se do que viveu um tempo atrás. - mas agora ela está morta!

— Credo minha amiga! Esqueça essas coisas... o importante agora é Amy estar com a gente. Me conte o que aconteceu...

E assim Victoria começou a contar a Antonieta tudo o que tem acontecido desde que viu Heriberto novamente na escola da filha até estarem ali naquele hospital e não foi uma conversa fácil para nenhuma das duas.

Três horas depois...

Heriberto preferiu dar a noticia pessoalmente para Victoria porque sabia que não seria nada fácil o que teria que dizer. Ele também se sentia culpado por ter saído mais cedo do expediente na escola e ter deixado a filha ali sem seus cuidados quando foi preciso, pensou que talvez até pudesse ter evitado aquele incidente, mas agora nada adiantava lamentar, precisava agir, toda a equipe médica precisava agir para que ela ficasse boa logo.

Ele suspirou passando a mão nos cabelos e estava tenso como nunca, a criança ainda não tinha despertado e isso o preocupava mesmo sabendo que agora ela já estava fora de perigo, Então ele saiu do quarto e andou em direção a Victoria que aguardava ao lado de Antonieta que tentava mantê-la calma mesmo sendo quase impossível.

— Victoria! - Heriberto chamou e ela virou-se imediatamente ficando de frente, os olhos inchados e vermelhos de tanto chorar, a expressão sem cor que ela carregava, tocou fundo o coração daquele homem.

— Cadê a minha filha? Como ela está Heriberto, me diz?

— Calma Victoria, antes de qualquer coisa eu preciso que tenha calma. Sei o que está sentindo e para mim é tão doloroso quanto, mas... - ele se aproximou tocando em seu braço e Antonieta os olhava atenta.

— Pelo amor de Deus, como quer que eu tenha calma numa hora dessas? Diz de uma vez o que Amy tem! Por favor, eu não consigo mais aguentar essa espera terrível! - ela quase gritava de tão aflita que estava, até que depois de um suspiro profundo Heriberto disse:

— Ela ainda vai ficar na CTI, ela está frágil e por causa da pancada na cabeça o cérebro ainda não despertou. Nós já fizemos tudo o que foi necessário, mas agora ela precisa reagir sozinha. - aquela era a pior noticia do mundo para uma mãe.

— Nããoo!! Eu quero a minha filha, você tem que fazer alguma coisa! Ela tem que acordar ela... ela tem que ficar bem, por favor! - Victoria gritava desesperada aos prantos e Antonieta a abraçou tentando dar a força que nesse momento nem ela mesma tinha, e viu Victoria encarar Heriberto nos olhos fazendo-o levantar a cabeça e olhar para ela.

— Se Amy morrer Heriberto, eu juro que eu acabo com você! A culpa disso tudo é sua!

— O que? - ele arregalou os olhos limpando as lagrimas de sua face para olhar bem no fundo dos olhos dela. Aquilo não era possível, Victoria não podia estar o acusando por tal atrocidade e ele não iria admitir ser o culpado pelo que estava acontecendo com a menina.

— Victoria calma por favor, ele não teve culpa, ninguém teve culpa de nada!

— Como você pode ter tanta certeza Antonieta? desde que esse homem reapareceu das cinzas e veio parar nas nossas vidas, tudo está assim! - ela se soltava das mãos da amiga que a segurava pelo braço enquanto Heriberto tentava entender tudo o que ela estava querendo dizer com aquilo.

Afinal, como ele poderia ser o responsável se ao menos estava no local quando a criança caiu? e mesmo que estivesse, como ele seria capaz de permitir que ela ou que qualquer outra criança estivesse correndo perigo? Amy estava apenas brincando inocentemente com suas amiguinhas e aquele fato era realmente uma fatalidade que não estava isenta de acontecer por se tratar de uma escola infantil e Victoria estava acima de tudo sendo muito injusta, não se acusa alguém sem obter provas, não mesmo!

— Deixa ela Antonieta, deixa ela falar! eu quero olhar bem nos olhos dela e ver até onde ela é capaz de chegar dizendo um absurdo tão grande como esse! - Heriberto olhou Victoria com pesar, estava arrasado - Nem que ela não fosse minha filha, Victoria, se eu estivesse lá nunca teria permitido que se machucasse! Você deve mesmo me odiar muito, o que me admira porque justo você que sempre criticou minha mãe pelo modo de agir que ela tinha, agora está se tornando alguém como ela! - mal terminou a frase e ele sentiu os dedos dela marcarem com força a sua face.

— Nunca mais repita isso! quem você pensa que é para falar uma coisa dessas comigo? eu mudei Heriberto! e estou bem longe de ser aquela garota boba e ingenua que você conheceu, não diga o que você não sabe! - Victoria estava tremendo de raiva, como ele podia compará-la com Bernarda?

— Realmente você mudou Victoria, e infelizmente para pior! não é mesmo nem um pouco da mulher doce e gentil pela qual um dia eu me apaixonei e entreguei todo o meu amor! você não é mais a mulher que eu jurei amar para sempre e o mesmo vou te dizer agora, e que fique bem claro aqui diante da sua amiga - ele olhou Antonieta que estava calada - não diga o que você não sabe sobre mim porque você não me conhece! - Heriberto se sentiu a pior pessoa do mundo e tudo o que ele desejou em seu coração foi que a pequena Amy melhorasse logo e fosse para casa. Não queria mais ver Victoria pelo menos por enquanto.

Ele se despediu delas dizendo que a qualquer momento teriam mais noticias da saúde da filha e andou em passos largos para a ala de emergência, cuidaria daquele anjo com todo o seu amor.

Antonieta que se manteve quieta a maior parte do tempo em que durou aquela discussão, levou Victoria para sentar-se em uma das cadeiras depois de servir a ela um pouco dágua. Pensou em tudo que ouviu e sabendo de toda a historia de vida que Victoria viveu anos antes com aquele médico, ela decidiu que teriam uma conversa franca e esclarecedora para o bem de todos e inclusive de Amy que precisava mais que tudo uma hora dessas, de paz, cuidado e amor para estar completamente recuperada e sapeca como sempre era.

— Victoria... - a loira começou a falar - por que você o acusou de ter ferido a sua filha se voce sabe que ele não estava lá e que muito menos seria capaz de fazer qualquer tipo de mal a ela? por que está sendo tão cruel com uma pessoa que até então só quer te ajudar?

— O que é agora Antonieta? você vai começar a defender esse homem na minha frente? se disser que sim, então pode ir embora está dispensada do seu posto de advogada! - Victoria levantou-se e começou a dar passos curtos por ali, encarando a amiga com olhos de fúria.

— Eu não vou embora coisa nenhuma e você agora vai me ouvir! senta ai nessa cadeira e presta atenção! O que você está pensando Victoria, que não consegue nem enxergar um palmo a sua frente? pare de me tratar assim, eu só quero que você e sua filha estejam bem e você só sabe ser rude com todo mundo que se aproxima!

— Antonieta por favor! tenta me entender!

— O que eu tenho que entender Victoria? sua filha está numa CTI precisando de você e de Heriberto que são os pais dela! sabe, eu não queria ter que dizer isso mas Heriberto tem razão. Você está se tornando aquela que mais temia com todo esse rancor acumulado dentro do seu coração... e essa aí não é você! eu te conheço muito bem! - o silencio pairou e nada mais precisava ser dito, Victoria deveria ter entendido o recado e estava na hora de encarar a realidade.

Dentro do quarto em uma cama se encontrava Amy, tão linda e pequena, frágil lutando com toda a sua vontade de viver! ela estava aos poucos melhorando e seu quadro clinico estava instável, o que significa que em breve poderia estar de volta a sua casa. Heriberto estava do lado de fora e a observava emocionado através da vidraça, enquanto olhava aquele pequeno ser que era também parte dele, pedia a todas as forças divinas para que ela saísse dessa situação mais forte do que nunca e, desejou também a alegria de vê-la crescendo feliz e saudável ao lado dele mesmo que Victoria se opusesse, ele estava disposto a ser o pai daquela menina, da sua menina.

Depois que um médico retornou para avisar Victoria de que a filha estava instável e que ela podia e deveria ir para casa descansar podendo retornar para vê-la no dia seguinte, ela foi até a lanchonete do hospital para comer alguma coisa porque estava sem nada no estomago desde cedo, e depois Antonieta a levaria para casa.

Enquanto Victoria foi comprar alguma coisa, Antonieta precisava fazer uma coisa antes de sair dali; falar com Heriberto. Entrou pelos corredores depois de pedir para entrar e encontrou o médico parado em frente o vidro do quarto da filha.

— Com licença, Heriberto! - ela se aproximou vendo que ele chorava diante daquela imagem. colocou a mão em seu ombro para lhe tirar de seus pensamentos.

— Olá Antonieta... - ele quase não conseguiu dizer aquelas palavras.

— Desculpe pelo que ouviu lá fora, eu sei que você não teve culpa de nada disso que aconteceu. Você tem razão em estar decepcionado com Victoria, ela está devastada mas mesmo assim não sabe o que diz e agora depois do que eu disse a ela, espero que pense um pouco sobre os seus atos de agora em diante.

— Obrigado por seu apoio e preocupação Antonieta! - ele a abraçou agradecido - mas mesmo que Victoria me queira longe, eu faço questão e vou lutar contra tudo e todos para estar perto de Amy. Ela não pode me tirar o direito que é meu de ser pai dessa criança! Lamento que ela pense dessa maneira sobre mim, mas o que realmente me importa agora é que nossa filha volte para casa.

— Eu quero que você conte com meu apoio para o que precisar, Heriberto! nem que seja para enfiar com minhas próprias mãos um pouco de realidade e de amor ao próximo na cabeça de Victoria. - eles riram com o que ela disse, Antonieta estava sendo uma amiga e compreensiva como ele esperava que Victoria fosse.

E enquanto isso, alguém os observava um pouco distante tendo planos para o futuro de todo mundo.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Continua...



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