Jamais engane um duque escrita por Miss Sant


Capítulo 29
Capitulo 29


Notas iniciais do capítulo

Faltam 2 capítulos galera.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/799010/chapter/29

Gabriel não voltou para casa de madruga, e já passavam das sete da manhã e nada dele, nem mesmo chegando bêbado e cambaleante. Lilian havia feito uma aposta silenciosa com o seu destino. Se Gabriel chegasse antes do café da manhã, ela não despacharia as malas. O destino fez seu jogo. Ela não ia mudar sua rotina, e as sete horas e quinze minutos, sentou-se sozinha a mesa, e tomou seu café, com o peito apertado pensando para onde suas roupas estavam indo.

******

Quando Gabriel retornou para casa na manhã de quarta-feira, após passar a noite fora com sua mãe, ele achou que nada mais o surpreenderia, ouvir o que sua esposa quase disse, o que ela havia deixado subentendido o perturbou, não mais do que o tormento que fora passar a noite longe dela, não mais que a agonia que girava em sua mente ao pensar na palavra, no sentimento. Gabriel desejou, ele poderia jurar que ouviu o início de uma frase condensando, esperando...

Mas naquela manhã de quarta-feira, ele foi pego de surpresa, duplamente. Adentrou a sala de visitas esperando comunicar a Lilian que a acompanharia no baile dos Norington, onde anos antes ele a conheceu, ele havia planejado um calmo discurso, sobre como eles deveriam tentar, mas foi tomado pela cena. Sua esposa rodopiava pela sala com um ser minúsculo em sua mão, e ela balbuciava sons incoerentes com uma voz fina e alegre, toda sua atenção estava destinada àquele bebê que gargalhava para ela.

Foi como se estivesse observando uma outra vida, imediatamente a mente de Gabriel projetou memórias inexistentes, sua esposa com uma barriga enorme e seios ainda mais fartos, ele com a mão sobre sua barriga esperando a criança chutar, ele ao lado dela após o parto dizendo o quanto a amava e quão forte ela era e... Foi como um soco em seu estômago, era assim que se parecia, algo repentino e gigante, tão forte que o fez titubear, segurou-se na porta e fechou os olhos abruptamente ao perceber que tinha feito barulho.

— Lorde Kahn? Deseja alguma coisa? – Lilian destinava a ele um olhar sério e frio, toda a alegria que tinha presenciado tinha ido embora. Ora, era isso que ele merecia. Nem mesmo seu nome ela havia usado.

— Hum, eu... Quem é esta criança?

— Seu filho.

— O que?

— Não se recorda dos boatos? Todos verdadeiros, larguei a criança no campo.

Lilian gargalhou e o bebê fez o mesmo, achando graça do que nem mesmo sabia. A maior ironia foi ele perceber que a risada dela o deixou feliz, ela havia brincado com ele, nem tudo estava perdido. Gabriel percebeu então, naquele instante que sentia exatamente o mesmo, ele tinha necessidade de Lilian, sua esposa era um vício, tudo que dizia respeito a ela o deixava interessado, ele decidiu dar voz e ação ao que ele sabia que já sentia a muito tempo.

— Ora, Kahn, oh Deus... Sua cara foi, impagável.

— Vejo que meu sofrimento a diverte senhora.

— E de que mal está sofrendo?

— Curiosidade.

— Pois bem...

— Tia Lilian, mamãe pediu que... Quem é você?

Um menino com menos de um metro de altura invadiu a sala correndo. Cabelos muito loiros, olhos azuis brilhantes, ele reconheceria aqueles olhos sempre que os visse. Gabriel se aproximou do menino e agachou em sua frente.

— Ora, está em minha casa rapazinho, eu que devo perguntar quem é você.

A criança cruzou os braços e franziu a testa, em seguida estendeu a mão.

— Lorde Jasen Baker.

— Muito bem, Lorde Baker, sou Lorde Kahn.

— É o tio desaparecido!

— Jasen querido, não é educado falar assim com quem acabou de conhecer.

— Mamãe!

O coração de Gabriel parou. Há quatro anos não ouvia aquela voz, pôs-se de pé, de costas para a voz com o olhar pregado no chão temendo o que encontraria ao virar.

— Espero que não tenham lhe dado muito trabalho.

— Quase não demorou. – Ergueu a cabeça ao notar a mudança no tom de sua esposa, Lilian o observava com olhos marejados. Confuso, ele moveu os lábios formando um "o que foi?" para ela, que em resposta sorriu.

— Não seja mal-educado milorde, com certeza reconhece a mulher com quem quase se casou.

Ele se virou para vislumbrar Claire, que parecia tão diferente... Ela tinha ganhado vida.

— Certamente, é impossível esquecer sua voz Lady Claire.

— Agora viscondessa de Baker como pôde notar.

— Continua linda.

— Ora Gabriel, esperava que os anos e a maternidade me tornassem feia?

— Isso seria impossível, nada jamais ousaria a condenar sua graça.

Gabriel estava hipnotizado, tão concentrado, sua mente fazendo mil ligações até achar alguma resposta para o que seus olhos estavam vendo.

— Hm, se me dão licença. Acho que têm muito o que conversar. Claire, posso levar Jasen e Anabell até o parque não, é? Nicholas gostará de vê-los.

— Nicholas? Porque vai passear com crianças ao lado de Hastings?

— Até a última vez que verifiquei eram amigos, milorde. Além do mais sua irritação não me aflige, lhe dei um aviso ontem e pretendendo cumpri-lo.

— Quem diria Lorde Hastings com jeito com crianças, foi impressionante o quanto ele e Lilian me ajudaram. – Interveio Claire.

— Lady Caroline, também foi essencial, sem ela Nick jamais sobreviveria, ele foi um amigo muito querido.

— De fato, um homem de qualidade, apesar de um libertino inveterado

— Certamente mais do que ele imagina, Nick quer parecer pior do que ele realmente é.

Não havia motivos para ter ciúmes de Nicholas, sabia que seu amigo nunca encostou, ou cobiçou sua esposa. Gabriel percebeu que não tinha ciúmes de um homem que tivesse o corpo de sua esposa, mas de sim de um que ela tinha em tão alta conta, que respeitava e falava tão ternamente a respeito. Irritava-o saber que tinha vencido a batalha errada, lutou para que ela o detestasse, que o desconsiderasse e ele conseguiu, com algum esforço. Agora que necessitava de afeto, conseguiu o desprezo.

— E o que Hastings realmente é, minha esposa, se me permite a pergunta?

— Um homem bom, um amigo gentil, será o melhor dos maridos para a mulher que tiver a sorte de conquistar sua atenção.

— Arrepende-se de não ter sido você?

— Essa é uma verdade que não gostaria de ouvir. Se me dão licença.

Lilian colocou a bebezinha em um carrinho e estendeu a mão para o menino, passou por Gabriel com uma postura erguida e um olhar frio. Antes que fechasse a porta ele foi atrás dela.

— Lilian, precisamos conversar.

— Sim, precisamos, acho que amará o que tenho para lhe dizer, enquanto isso aproveite e ilumine seu dia com a companhia de alguém que ama, ainda que nunca tenha sorrido assim por mim, é satisfatório e revelador vê-lo feliz Gab... Vossa graça. Agora se me der licença.

Ela fechou porta estrondosamente e Gabriel virou-se para ver a mulher que achava amar.

— Vejo que algumas coisas mudaram por aqui.

— Como o que?

— Agora me parece um livro aberto. – Claire dava a Gabriel um sorriso singelo, enquanto o estudava com os olhos.

— Não sei se entendo.

— Demonstrações públicas de ciúmes nunca foram seu forte.

— Não estou com ciúmes.

— Pare de lutar Gabriel, quantas pessoas mais precisam dizer que você ama a sua esposa para que se dê conta?

— Não é como se eu não tivesse me dado conta.

— Então o que é?

— Eu quero perdoá-la.

— Então o faça, é simples assim.

— Toda vez que eu estou próximo disso, ela consegue me irritar mais.

— Faz parte da diversão de viver com quem se ama, talvez admitir faça tudo mais simples.

— Como tem tanta certeza? Casou-se às pressas para evitar o escândalo de ter sido abandonada. Eu te machuquei. Sua prima a traiu, e ainda assim deixa seus filhos com ela. Como pode ser tão boa em perdoar Claire? É um anjo.

— Gabriel, deve saber que a única pessoa que não consigo perdoar é a mim mesma, e por favor não me faça elogios, nem desrespeite minha prima.

— Ela lhe causou infelicidade, nos causou!

— Não, ela me deu a maior felicidade da minha vida em sacrifício da dela. Escute, não posso permitir que ela continue a viver assim. Jurei quando os vi juntos e conversando no jardim de sua casa há anos que eram perfeitos, combinavam muito, você se iluminava quando falava dela e de suas ideias progressistas. E Lilian sorria discretamente sempre que era mencionado, ficava nervosa quando estava por perto... Eu decidi no final daquele jantar, as vésperas de nosso casamento que tinha tomado a decisão certa.

— Do que está falando Claire?

— Que não pode dizer com certeza que seria feliz comigo, como mesmo não querendo você é com ela.

— Isso...

— Ora, por favor, apenas me escute. Eu me apaixonei Gabriel, pelo meu marido quando o vi, no dia em que me tornei sua noiva. Quando eu dancei com Daniel já nos conhecíamos, e estávamos severamente comprometidos. Se fizer um leve esforço verá que a idade de Jasen é reveladora.

— Me traiu?

— Sim, e arrependo-me imensamente sobre como decidi fazer as coisas.

Algo se partiu naquele instante. Ali estava um segundo de libertação. Gabriel esperava sentir um filete de dor pela traição, mas ele se sentiu livre. Como se todo esse tempo ele estivesse se afogando em um redemoinho de águas revoltas e frias, e então, ele sentiu o corpo ser tocado por uma corrente morna e calma. Livre.

— Como?

— Eu era jovem demais, e você se dizia devoto a mim, e meus pais tinha tanta expectativa...

— Como Claire?! – Gabriel rugiu e ela encolheu os ombros.

— Eu pedi a Lilian que o seduzisse e me desse uma escapatória indireta do meu compromisso.

Ele reviveu uma conversa antiga "se por acaso ela se encantasse perdidamente por outro homem? E ela se sentisse tentada a dissolver o compromisso? Depois de muito tempo aquela conversa fazia sentido.

— Antes que sua mente migre para onde não deve, ela não aceitou. Lilian se recusou a seduzi-lo, a tentar enganá-lo.

— E como eu fui dopado e ela amanheceu em minha cama?

— Um grave erro de cálculo eu diria. O combinado era que você acordasse no momento que eu o surpreendesse, você não a veria por que eu a pegaria saindo do seu quarto, e então cancelaríamos o casamento devido a sua infidelidade.

— Pretendia manchar minha honra.

— Foi o que ela disse, mas ficaria só entre nós dois, ninguém mais precisaria saber

— Claire, por que não me contou que havia se apaixonado por outro homem?

— Aceitaria Gabriel? Dissolveria o nosso compromisso enquanto eu me casava com outro com uma licença especial? Eu imaginei que não.

— Me faz passar por um inferno.

— Na verdade, você escolheu passar por um inferno, eu agi impulsivamente é verdade, mas não me prendi a orgulhos ou vaidades, eu me entreguei ao que eu sentia. Pode me odiar se quiser, você provavelmente deve, mas não a faça sofrer mais, ela fez isso por mim, a intenção não era ser pega. Ela evitou o meu ostracismo, e preferiu lidar o seu ódio. Pairam muitas dúvidas sobre Lilian e sua integridade perante a sociedade, mas nenhuma sobre sua lealdade, Lily é fiel ao que ama, e eu desconfio que você também seja.

Gabriel tornou-se muito consciente de tudo ao seu redor, a casa silenciosa interrompendo seu descanso para sofrer o barulho de passos firmes vindo. Uma batida na porta, lá estava ele, Daniel, o homem que roubará sua noiva.

— Lorde Kahn. – Beker o cumprimentou – Imagino que essa era uma conversa que chegou com anos de atraso. Se serve de alguma coisa eu implorei a Lilian e Claire que me permitissem contar a verdade, eu me dispus a caçá-lo e contar a verdade, mas sua esposa é muito teimosa.

— Sim, ela é.

— Se me permite dizer, achei que vocês viveriam bem juntos. Quem imaginaria que havia um velho vingativo em você.

— Desde que nunca soubesse da verdade, então eu viveria bem, ao lado de Lilian, enquanto vocês eram felizes para sempre. Danem-se as consequências ao mexer com a vida dos outros.

— Desde que você a amasse. Sabe milorde, fazemos loucuras pelas pessoas que amamos. Infelizmente, percebo que o senhor não fez bom proveito desse sentimento, parece tão perturbado quanto eu quando evitava Claire.

— Lorde Beker, se me permite.

Gabriel andou controladamente até Daniel, mirou diretamente em seu nariz perfeito e serrou os olhos como se medindo a distância do alvo, para então acertar um soco de direita no visconde, que pego de surpresa caiu no chão. Claire abafou um grito e colou-se entre eles quando Gabriel foi para cima de Daniel novamente.

— Não se preocupe, achei que deveria ajudar seu marido a se levantar.

Surpreendendo se mais uma vez naquela manhã, Gabriel estendeu a mão para Daniel e o colocou de pé, oferecendo um lenço para estancar o sangue.

— O respeitaria bem menos se não o fizesse, é um belo soco para um duque.

— Acho que lhes devo um agradecimento.

— Deve? - Daniel segurava na lateral do nariz quando o respondeu com a voz afônica.

— Ora, deixe de ser bobo querido, não percebe que o duque acaba de fazer uma descoberta? Gabriel finalmente vai contar a Lilian o quanto a ama, e implorar seu perdão.

Gabriel saiu deixando Claire cuidar de seu marido, pois agora precisava cuidar da mulher que amava e que fez passar por maus momentos. Escrevia um bilhete para a casa de Hastings quando recebeu um recado de sua esposa, ela iria ajudar Lady Caroline a se arrumar e iria para o baile com eles, pedia para avisar a Claire que Daniel passara para pegar as crianças e só, nem mesmo a letra no bilhete era dela. Ele havia puxado demais a corda, admitia que ficara completamente encantado ao ver Claire após tanto tempo, mas não era por isso que sorria. Lilian era o motivo e ela deveria saber disso o mais depressa possível, hoje à noite dançariam e ele iria lhe pedir em casamento de maneira convincente e verdadeira, eles renovariam seus votos e fariam amor por dias, e a todo momento Gabriel iria falar o quanto amava sua esposa. 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Jamais engane um duque" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.