O Futuro Está Aqui escrita por Vanilla Sky


Capítulo 5
Uma flor nasce nos escombros


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde, amores! Como estão, tudo bem? Espero que sim ♥
Hoje eu acordei cedo. Tipo, muito cedo. E, por mais que eu esteja morrendo de sono, foi muito bom porque eu consegui escrever bastante dessa fic hoje, tanto que até deu para adiantar a postagem desse capítulo ♥ também aproveitei para planejar os próximos capítulos de For Those About to Love! (eu peguei essa mania de fazer um mapa mental em um caderno organizando as ideias, e têm me ajudado muito!)
Amanhã é provável que eu atualize uma história da Wanda com a Natasha em homenagem ao aniversário de um amigo e coautor meu, o Areiko! Vamos torcer para que eu consiga finalizar o capítulo em tempo para o dia dele ♥
Viram o trailer de Falcão e Soldado Invernal? Gostaram? Eu estou muito ansiosa para ver essa série, mas já sofrendo por antecipação por saber que vai ser depois do final de WandaVision. E quais as expectativas de vocês com as séries novas da Marvel?
Ah! Só para avisar que O Futuro Está aqui também será atualizada no sábado! Vou me esforçar para postar no início da tarde, mas, qualquer coisa, saibam que eu sempre atualizo final de tarde/início da noite ;))
Desejo a vocês uma ótima leitura ♥ espero que gostem!



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— Nat, você acha que eu vou ficar gorda depois do parto? 

Natasha se engasgou com o café que tomava, e tossiu algumas vezes antes de responder: 

— Por que isso do nada, Wanda? 

Elas permaneciam sentadas na área externa do café no centro da cidade, o vento gentil da primavera acariciando seus rostos e os fios soltos dos cabelos enquanto observavam o movimento das pessoas no centro da pacata cidade. O sol ainda estava alto, porém, logo cederia espaço ao final de tarde e à noite densa que poderia dificultar seu retorno para a improvisada Base de Operações. 

Wanda terminou de tomar seu café antes de dizer: 

— Só um medo que me ocorreu, mesmo. – Ela estremeceu na cadeira. – Quais as chances de eu ficar com estrias? 

Sua amiga ofereceu o sorriso mais gentil possível enquanto apoiava as mãos no tecido da calça jeans preta a qual vestia, tentando passar um pouco de confiança. 

— O corpo da mulher muda bastante durante a gravidez, você sabe. 

Wanda deixou o corpo pender para frente, uma maneira de indicar sua derrota. 

— Por que tanto sofrimento, ó deusa da fertilidade? – Ela suplicou em voz baixa e suspirou pesadamente, arrancando uma risada de Natasha. 

— Eu não acho que você vai ficar gorda. 

A expressão de Wanda subitamente se iluminou. 

— Não? 

— Não. Nem com estrias. – Natasha puxou as mangas da jaqueta após sentir o ar ficar mais fresco. – Mas saiba que essas mudanças podem ocorrer, sim. E já saiba, também, que elas são magníficas. 

A outra também puxou um casaco pendurado no braço da cadeira, mais para prevenir um possível resfriado do que possivelmente por frio, já que, além dos anos vivendo em um país gelado como Sokovia, a crescente barriga a fazia sentir mais calor. Eram algumas das mudanças as quais Natasha se referia começando a fazer efeito. 

— Como assim? 

— Seu corpo muda após gerar uma vida, Wanda. Isso não é qualquer coisa. – Natasha mirou o chão. – É algo que eu jamais serei capaz de experimentar. 

Rápidos flashes de memórias passaram pela mente de Natasha, do período que passou na Sala Vermelha e de sua cerimônia de “graduação”. As dores excruciantes e o seguido sangramento entre suas pernas, acompanhado de seu choro baixo, praticamente imperceptível, visando não chamar a atenção de ninguém. Wanda sabia poucos detalhes desses momentos sombrios da vida de Natasha, tendo em vista que seu controle mental trouxera à tona lembranças doloridas as quais a deixaram bastante abalada, segundo dito por Steve Rogers durante um dos treinamentos na Base em Nova Iorque. 

Eram características como aquela, de causar desconforto em colegas de equipe, que faziam Wanda odiar ainda mais os poderes que lhe foram concedidos; porém, desde o início da gravidez, ela se interessou em achar novas conexões da magia com ela mesma e com a criança em seu ventre, um jeito de conhecer melhor suas habilidades e decidir, por conta própria, o que fazer com elas. Em seu âmago, ela sabia que gostaria de usá-las para proteger as pessoas que amava. 

Incerta de como prosseguir, Wanda se levantou e puxou sua cadeira devagar para se sentar ao lado dela, uma maneira de consolar Natasha mais de perto. Com todo cuidado, ela passou os braços ao redor dos ombros da moça sentindo a barriga roçar em sua jaqueta e fazer cócegas por baixo do vestido. Em seguida, deu um rápido beijo no topo de sua cabeça e sussurrou: 

— Eu sinto muito, Nat. 

Natasha, porém, não parecia triste ou chateada ao mínimo, apenas retribuindo o gesto carinhoso, além de aproveitar para afagar a crescente barriga da moça: 

— Fico feliz de acompanhar sua gravidez tão de perto, Wanda. É uma honra ver a vida crescer pouco a pouco bem ao meu lado. – Ela se aninhou no colo da amiga. – É como se, pela primeira vez, eu tivesse uma família.  

Wanda sorriu. Ela frequentemente pensava no conceito de família, tendo tantas pessoas próximas para cuidar dela e aguentar sua companhia nos dias difíceis da sua gravidez. 

— Por muito tempo, eu achei que família fosse apenas a que nos dava origem. – Natasha acrescentou, calmamente. – Hoje em dia, principalmente depois de você e o Vis se juntarem ao grupo, percebo que família também é englobar quem nos faz bem. 

“Englobar”. 

Aquela palavra ressoou nos ouvidos de Wanda. Não era desconhecida para ela, mas talvez fosse incomum na situação em que fora colocada. Ela repetiu algumas vezes, quase como uma criança tendo seu primeiro contato com as letras; e, de repente, sua expressão se iluminou em um sorriso sincero. 

— Nat, você é um gênio! – Exclamou um pouco mais alto que o normal. 

Preocupada pelo tom elevado da amiga levantar suspeitas, Natasha correu os olhos pelo ambiente e percebeu que não havia ninguém próximo o suficiente para espioná-las, tampouco escutar suas comemorações. Todavia, seria mais seguro elas se afastarem do centro para conversarem com mais calma. 

— Que tal você me contar da minha genialidade no caminho para casa? O café já está pago. 

~.~ 

O sol começava a se pôr no horizonte quando as duas Vingadoras seguiram um caminho repleto de pequenas pedrinhas que daria na entrada da floresta a qual Wanda passou a apreciar como sua própria casa. Em Sokovia, existiam grandes áreas verdes nos arredores da cidade e em regiões montanhosas que ela gostava de visitar com seu irmão nas poucas oportunidades de saírem do orfanato. 

Em verdade, Wanda se sentia em paz quando estava rodeada de árvores, e, por conta disso, florestas se tornaram seu lugar favorito para meditação. Enquanto dizia à Natasha sobre as recorrentes tentativas de se conectar com a criança em seu ventre, ela aproveitou uma clareira para sentar-se no chão, deixando suas compras a alguns passos de distância. 

— Você precisa descansar um pouco, Wanda? A barriga está muito pesada? 

Ela negou com a cabeça. 

— Me sinto melhor que nunca. E preciso demonstrar sua genialidade na prática, Nat.  

Natasha sentou-se junto das sacolas com a expressão confusa, absorvendo cada palavra dita pela colega de equipe. Algo sobre se conectar com o futuro filho através da magia? Parecia um pouco intangível para ela, porém, estava curiosa para saber mais, e, acima de tudo, queria manter Wanda segura. 

Wanda cruzou as pernas em frente à barriga e descansou as palmas das mãos sobre os joelhos dobrados. Respirou fundo, preenchendo lentamente os pulmões de ar, e exalando com a boca entreaberta, uma manobra comum no início de suas meditações. Porém, daquela vez, ela tomou alguns passos diferentes, se mantendo distante da água e, principalmente, não fez menção de afastar os sons da natureza como fizera em dias anteriores, e, sim, buscou se conectar com cada som e movimento ao seu alcance.  

Subitamente, seu corpo levitou no ar, causando espanto na amiga sentada à curta distância. Ela pensou em se aproximar, para evitar de Wanda eventualmente cair, contudo, a expressão de sua amiga estava tão serena que ela sentiu não ser necessário, juntamente com a aurora vermelha protegendo seu corpo, especialmente predominante abaixo da crescente barriga. 

Enquanto seu corpo flutuava cada vez mais alto, Wanda se concentrou nos sons da natureza. 

O farfalhar das folhas. O vento acariciando a copa das árvores. 

Os barulhos preenchiam suas orelhas de maneira avassaladora, e nenhum outro contato era permitido além dela com o ambiente. Por isso, Wanda não escutou a voz de Natasha clamando seu nome quando as folhas no chão começaram a esvoaçar ao seu lado, formando pequenos redemoinhos ao seu lado. 

A chuva caindo. O cheiro de terra molhada.  

Wanda se encontrava tão absorta em sua própria meditação que só conseguia enxergar o que sua mente lhe mostrava. Ocasionalmente, ela franzia o cenho, incerta do que as visões queriam dizer. 

Uma flor crescendo em meio aos escombros. 

Wanda sorriu. 

Vida. 

Seu sorriso, inicialmente fraco, logo desabrochou iluminando totalmente o seu rosto. As pedras no chão também ficaram suspensas no ar, ao lado das folhas; e, caso a sua companhia não estivesse tão assustada com a possibilidade de Wanda cair no chão e se machucar, ela diria que observá-la flutuar rodeada pela natureza era o momento mais etéreo que já observara. 

Não demorou para o sorriso de Wanda sumir de seu rosto, e sua expressão se contorcer em algo que parecia dor. Após ter certeza de ter se conectado plenamente com a magia e a vida, viu uma tempestade se aproximar com toda sua força para derrubá-la. 

As folhas e pedras vieram todas ao chão instantaneamente, e os poderes de Wanda a abraçaram para evitar uma queda brusca, deitando-a na grama sem maiores impactos. Ela permaneceu com os olhos fechados para tentar recuperar o equilíbrio, contudo, foi surpreendida por memórias que a faziam chorar: a morte de seu irmão, a prisão de segurança máxima, o pesadelo em que Visão segurava seu pulso com firmeza e os chamava de aberrações. 

A cabeça de Wanda doía fortemente enquanto ela gritava sem emitir som e se concentrava em respirar. Natasha deu um salto e correu em direção a ela, chacoalhando seu corpo com cuidado numa tentativa de trazê-la de volta para a realidade: 

— Wanda! Wanda, fala comigo! – Choramingou Natasha. – Wanda! 

Aos poucos, ela recuperou a respiração e se sentou sobre a terra, observando seus arredores para garantir que estava tudo no lugar. As folhas e pedras estavam bagunçadas ao seu lado, mas isso não era importante; as sacolas com as roupas permaneciam no mesmo local e, principalmente, Natasha estava ao seu lado, abraçando seu tronco com força: 

— Quer me matar do coração, menina? Isso não é legal! 

Ela jamais admitiria, mas a voz de Natasha estava um pouco chorosa naquele momento. Wanda sorriu calmamente. 

— Em todas as minhas meditações, buscas para me conectar com o meu filho, eu cessava o contato com o mundo exterior. Por completo. – Ela começou a explicar. – Mas, quando você falou em família ser sobre englobar quem nos faz bem, pensei que valeria a pena tentar se conectar com a natureza plenamente. 

— Isso explica a levitação e as folhas ao seu redor? 

— Mais ou menos, sim. Eu já levitava antes, mas nunca senti a vida tão forte em meu peito. É difícil explicar, mas... Quase aconteceu. 

— E o que impediu? 

Wanda hesitou e mordeu o lábio inferior. Aqueles pensamentos intrusivos traziam memórias que a confundiam entre sua vida pretérita, antes de se juntar aos Vingadores, e momentos do pesadelo que tivera pouco tempo antes. Desde o dia em que descobrira carregar uma vida em seu ventre, muitas dúvidas afligiam seus pensamentos, em especial após as visões tão reais que pareciam palpáveis. Por fim, ela falou: 

— Se eu te contar um segredo, promete não contar ao Vizh? – Wanda aguardou a confirmação de Natasha, para somente então começar a contar: – Quando eu estava no hotel em Edimburgo com o Vizh, depois daquele desmaio que mencionei mais cedo, eu tive um sonho diferente. – Ela pigarreou. – Foi assim... 

~.~ 

A noite estava densa e a lua já despontava no céu acompanhada do brilho das estrelas quando Wanda e Natasha chegaram à velha casa a qual dividiam com o restante dos Vingadores Ocultos. Wanda massageava as têmporas suavemente para tentar parar a dor de cabeça que sentira após os momentos de paz na floresta. Um singelo poste tinha a luz acesa em frente à residência, e elas notaram que as lâmpadas dos cômodos internos estavam acesas, uma maneira de Sam, Steve e Visão avisarem que estavam em casa. 

Uma figura se materializou após atravessar a porta de entrada fechada, parando na soleira com um sorriso bobo contrastando com sua pele avermelhada. Visão desceu os três degraus de madeira que davam acesso à casa rapidamente e se aproximou de sua amada Wanda, sendo prontamente recebido com os braços dela ao redor de seu pescoço e um suspiro aliviado advindo de ambos. As mãos do sintozóide correram pelas costas de Wanda para a frente de sua barriga, cumprimentando silenciosamente o bebê com um brilho fraco emanando do artefato místico em sua testa. 

Natasha apenas observou a cena, contente pela interação entre os dois amantes do grupo. Logo, Visão se apartou dela com um sorriso e correu para auxiliar Natasha com as compras, um meio de impedir que Wanda pegasse qualquer peso. 

— Bem-vindas de volta, meninas. – Disse ele enquanto flutuava em direção à porta para abri-la. – Espero que tenham se divertido na cidade. 

Wanda sorriu. Sua cabeça havia parado de doer. 


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Notas finais do capítulo

Lembram o que eu falei acima sobre planejar a história? Às vezes eu jogo isso no lixo também -q ASUHSAUHSASUH juro que pensei no capítulo de um jeito e ele acabou fluindo para algo MUITO diferente. Não acho que ficou ruim, porém, e espero de coração que vocês tenham gostado. As interações Wanda e Visão voltam com força total no próximo capítulo, eu prometo! Esse final já deu um gostinho de fofura ♥
O título do capítulo é uma homenagem à trilha sonora de Crisis Core: Final Fantasy VII, "A Flower Blooming in the Slums", que vocês podem escutar aqui: https://www.youtube.com/watch?v=DojnVBjsD_Q. Vai fazer sentido com a história depois, eu prometo!
Nos vemos sábado com um capítulo novinho ♥



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