It have been a while escrita por Maria Lua


Capítulo 2
Por essa todos já esperavam


Notas iniciais do capítulo

Cheguei! Na cara de pau mesmo depois de tantos meses, mas as boas novas é que eu finalmente encontrei a inspiração que eu precisava para seguir escrevendo. Espero que os antigos leitores continuam acompanhando, e que os leitores novos venham pra ficar. Anyway, boa leitura :)



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Eu gostaria de dizer que a notícia que meu pai nos deu a respeito da família Malfoy me afetou no primeiro dia, me causou curiosidade no segundo, e que três dias depois eu sequer me lembrava do assunto – mas eu estaria mentindo. E pior, para mim mesma.

A verdade é que eu, que nunca fui tímida, que sempre gostei de falar, me exibir, que sempre gostei inclusive de fazer apresentações na escola e puxar conversas com as pessoas na rua, bom, eu estava oficialmente nervosa pelo retorno de Scorpius. É exatamente o que eu senti na primeira vez que eu o vi, quando éramos crianças. Eu acredito que quando o conheci também foi o dia que conheci a sensação de nervosismo. Eu me lembro de ter vergonha de tocar nele porque sabia que minhas mãos suavam. Se não estou enganada, a chegada de Scorpius também coincidiu com a chegada da minha vaidade, já que eu sempre me arrumava para vê-lo. Eu tinha apenas oito, nove anos e mesmo assim fechava a cortina para que quando acordasse ele não me visse despenteada.

Chega a ser engraçado, para falar a verdade, pensar nessas memórias que eu tenho dele. Acho que a gente nunca percebe o quanto a chegada de alguém em nossas vidas nos muda até passar um tempo e podermos nos ver de longe, né? Agora mesmo eu tenho um namorado, Brandon, e curiosamente eu vejo que muitas das atitudes que tenho com ele hoje em dia eu aprendi convivendo com o Scorp.

Bem, pelo visto, eu não mudei tanto assim. Eu me lembro das minhas amigas me chamando de corajosa quando tinha uns 12 anos e estávamos jogando verdade ou consequência, porque eu não tinha vergonha nenhuma de ser beijada pelos meninos no jogo. Claro que parte disso era eu querendo demonstrar minha coragem e naturalidade, mas de fato nesse dia eu não tive nem 5% do nervosismo que eu passei nessa semana esperando pela família Malfoy de volta às nossas vidas. Essa foi, literalmente, a semana que mais me esforcei para ir bonita e cheirosa para a escola, sempre com o pensamento de que pode ser em uma dessas saídas de casa que eu encontraria com ele pela primeira vez em quase uma década.

Claro, pensando logicamente, isso era simplesmente o meu ego me pedindo para causar uma boa primeira impressão. Uma parte do meu cérebro me dizia: Rose, vai ser muito satisfatório quando ele perceber que você cresceu e virou uma garota bonita, divertida, inteligente. Mas claro, outra parte de mim também grita 24h de curiosidade para saber o que ele se tornou. Scorpius era literalmente a criança mais bonita que eu já tinha visto, e considerando que os pais deles também eram super bonitos, é impossível que ele não tenha se tornado um galã – e isso me deixava ainda mais intrigada.

A semana inteira passou, e foi na sexta-feira enquanto eu organizava os meus livros no armário da escola que eu escutei o seu nome novamente.

— Rose, você não sabe o que minha mãe acabou de me mostrar! – Margot atravessou o corredor da escola desviando do movimento dos estudantes até chegar perto de mim. A Margot é minha amiga desde que começamos o jardim de infância, aos 3 anos de idade, e a sua mãe trabalha na secretaria de nosso colégio, o que significa que ela sempre escuta as novidades da escola antes de todos os alunos, com informações privilegiadas que ela compartilhava em nosso grupo de amigas.

— O que foi dessa vez? – Perguntei, rindo e me voltando para ela. O seu entusiasmo era contagiante, e só de olhar para a sua expressão a gente já sente uma animação imediata.

— Você lembra daquele seu vizinho de quando você era pequena? Que estudou na sua sala, aquele Scorpius Manfoy. – Ela disse.

— Malfoy. – Eu a corrigi, engolindo em seco.

— Esse mesmo. Pois minha mãe estava organizando os documentos dos alunos transferidos, e aparentemente ele voltou pra Londres, se matriculou aqui, e eu já vi que tem várias aulas que coincidem com as nossas. – Ela disse, animada. Eu, por outro lado, meio nervosa, dei um sorriso simples enquanto assentia com a cabeça.

— Uau! – Tentei exclamar algum entusiasmo, quando na verdade eu já senti minha barriga mexer um pouco. Depois de uma semana inteira de expectativa sem mencionar com ninguém, eu oficialmente tinha um update – o que me fez sentir muito estranha.

— Que tipo de reação é essa? Ele e você não eram, tipo, super grudados? – Ela perguntou.

— Éramos... Claro, eu estou animada, meus pais me avisaram tem alguns dias que eles se mudariam de novo, mas... Não sei, faz tanto tempo que não o vejo. Não sei se vamos ser amigos ainda. – Tentei disfarçar o meu desconforto enquanto começamos a caminhar juntas.

— É, realmente pode ser um pouco estranho. Mas que legal, né? Você já sabe como ele está? Eu lembro que ele era super bonito. Deve estar um gato hoje em dia sem dúvidas. – Margot comentou, colocando uma mecha de seus cachos atrás da orelha.

— Eu não tenho nem ideia, mas já que ele começa na escola na segunda-feira é capaz de ele já estar em casa. – Eu falei, e foi quando escutei essas palavras que me dei conta. Nossa, ele já deve estar em casa. — Eu acho melhor eu ir logo, meus pais queriam ir recebê-los. A gente se vê, ok?

— Espera! Você vai amanhã na festa do Jason, não é? – ela perguntou. Jason, no caso, é o melhor amigo de Brandon, meu namorado, e também é conhecido por fazer festas quase todos os fins de semana.

— Acho que vou. Eu te ligo amanhã e confirmo, certo? – eu disse, me despedindo e indo direto para o estacionamento. Rapidamente eu já estava no carro que eu herdei de meus avós e fui para casa. Normalmente eu esperaria por Hugo, mas sexta-feira ele termina as aulas mais cedo, então eu provavelmente só o veria em casa.

Enquanto eu dirigia não tinha nada além do nervosismo em minha cabeça – o que era completamente ridículo já que eu posso estar exagerando e acabar sendo completamente mais tranquilo do que eu imagino, especialmente pelo fato de que o que eu senti por ele era uma coisa de criança, um sentimento bobo. Provavelmente ele vai ser igual a qualquer cara de meu ensino médio.

Tranquila, Rose. É só o Scorpius. Ele era seu melhor amigo. Vocês se conheciam mais que ninguém. Já dormiram na mesma cama, já viajaram juntos, passavam 24h grudados. Claro que também não ajuda nada o fato de eu estar a minutos de rever o meu primeiro romance da vida depois de anos.

Assim que eu entrei na minha rua eu já pude ver um caminhão e dois carros parados em frente à garagem dos Malfoy, o que me fez engolir em seco profundamente.

Foi justo quando estacionei que senti meu celular vibrar na bolsa. Brandon. Seria completamente estranho falar com meu namorado agora, enquanto estava com o pensamento vidrado no Scorpius. Digitei “te ligo depois” e guardei o celular na bolsa.

Depois de uma última olhada no retrovisor para saber como estava meu cabelo, eu saí do carro em direção à minha casa, mas de olhos presos na casa dos Malfoy. Foi ao abrir a porta de casa que eu escutei as vozes dentro de casa.

— Rose? – escutei minha mãe me chamar desde a cozinha. – Rose, vem aqui ver quem finalmente veio nos visitar.

Assim que eu cheguei na cozinha eu me deparei com Draco e Astoria, os pais de Scorpius. Meu coração desacelerou rapidamente e eu abri o meu melhor sorriso para cumprimentá-los. Draco sempre foi muito simpático, e também muito engraçado – muito parecido com Scorpius, também. Astoria, por outro lado, sempre foi mais fechada e séria.

— Draco, Astoria! Que coisa boa que vocês voltaram! – os cumprimentei, aproximando-me para dar um abraço em cada.

— Rose Weasley?! Essa é a mesma Rô que eu peguei no colo? – Draco comentou, sorridente. – Meu Deus, ficou ainda mais alta que a própria mãe.

— E bonita! Olha que linda você está, Rose! – Astoria comentou. – O Scorpius vai adorar te ver, ele perguntou de você e seu irmão várias vezes essa semana.

Meu coração parou por um segundo enquanto eu tentava fingir tranquilidade.

— É mesmo? E ele está... Está aqui? – perguntei.

— Ele está lá em cima, filha. Subiu com o Hugo para ver os quartos. Suba lá para cumprimentá-lo. – Minha mãe comentou, e em seguida eu concordei e fui em direção às escadas.

Rose, eu não estou te reconhecendo. Respira. É só o Scorp.

No segundo andar da casa tudo estava bastante silencioso, na verdade. Olhei para o quarto de Hugo – que é o primeiro depois das escadas – e não havia ninguém. Estranho. Chequei novamente, mas como estava vazio eu me dirigi ao meu quarto. Provavelmente eles saíram e ninguém percebeu. Ufa. Eu respirei aliviada. Por fim, fiquei nervosa por nada.

Foi quando eu entrei no meu quarto que eu travei completamente na porta. Comemorei cedo demais...

Ali estava ele, de costas para mim e olhando através da janela – da nossa janela, a que usávamos para nos comunicar. Mesmo de relance eu pude perceber o quão alto ele estava – talvez quase da altura da minha porta. Seu cabelo loiro tinha sido mantido com um corte parecido com o que usava quando era criança, com exceção de estar mais repicado, um pouco mais longo também. E, uau. É claro que Scorpius Malfoy não iria parecer com um adolescente normal de 17 anos, especialmente não com esse... Corpo. Uau. Repeti na minha cabeça. Provavelmente um atleta. Deve jogar alguma coisa.

De repente ele se virou ao perceber minha presença o encarando e enfim eu pude ver seu rosto. Meu Deus. Ele parecia completamente o mesmo de antes, porém melhorado. Seu maxilar e queixo marcados eram dignos de um modelo, de um digital influencer, não sei nem com o que comparar! Quando ele sorriu eu pude ver que os dentes seguiam perfeitos como sempre, irritantemente perfeitos, de maneira que o maldito provavelmente nunca nem usou aparelho. Seus olhos seguiam com aquele mesmo tom azul escuro e que transmitiam bom humor.

— Rose? – ele falou meu nome, com sua voz madura e irreconhecível, me despertando do que parecia ter sido uma vida inteira de transe analisando-o. – Oi! Não sei se você lembra de mim, eu sou o Scorpius. O vizinho, lembra?

— Meu Deus, claro que eu me lembro. – Eu me forcei a respondê-lo, tentando empurrar todo o nervosismo para longe e ao menos parecer simpática. É difícil não ficar boba olhando para ele. Ele ficou ainda mais bonito do que eu achei que era possível.— Quando você chegou?

— Hoje pela manhã. Eu fui até a escola, coloquei algumas caixas dentro de casa e sua mãe nos encontrou e nos convidou para entrar. – Ele falou, se aproximando. Quanto mais perto ele chegava, mais cheiroso ele parecia. Seu perfume literalmente invadiu meu quarto inteiro. Uma das coisas que sempre achei impressionantes no Scorpius é sua capacidade de se sentir confortável olhando nos olhos dos outros. Eu, por outro lado, desviei imediatamente, constrangida. – Olha só para você. Não mudou nada.

— O quê? – perguntei, rindo. – Eu mudei completamente. E você, pelo visto, também.

— Não, não. Você está igual a sempre. Eu mudei muito, mas você só fez ficar mais alta e deixou o cabelo crescer. De resto, nada. – Ele disse, em tom divertido. Por algum motivo eu não gostei desse comentário, e franzi a testa. Como assim eu não mudei? Eu era uma criança claramente estranha. Passei a vida achando que envelheci como vinho e ele diz que eu sou a mesma? Eu espero ser brincadeira.

— Até parece! Se eu te visse na rua a um quilômetro de distância eu reconheceria esse seu ruivo peculiar. – Ele disse, em fazendo rir alto com a menção de “peculiar”. Essa é uma palavra que, quando criança, ele costumava usar muito para me descrever, de pirraça. – Até a risada. Completamente igual.

— Eu acho que você deve ter batido a cabeça em algum momento nesses oito anos, porque com certeza você não está em seu juízo perfeito.

— Oito anos?! Nossa, falando assim parece muito mais do que realmente é. – Ele comentou, e seguia olhando nos meus olhos sem desviar. – E quem você se tornou? A inteligente, a cheerleader, a popular que odeia todo mundo...?

— Essa aí! A popular que namora o jogador de basquete, a insuportável... – Hugo, que apareceu atrás de mim depois de sair do banheiro, disse, fazendo Scorpius rir enquanto eu franzia a testa.

— Hugo! – Exclamei. – Eu não sei se vocês estão vendo muitos filmes americanos ou se a Irlanda realmente é assim estereotipada, mas aqui você não vai ver esse tipo de coisa. Eu... Sou normal. – Falei, dando de ombros.

— Que mentira! – Hugo exclamou, se jogando na minha cama. – Você precisa conhecer o Brandon. O cara é intimidador.

— Brandon? – Scorpius perguntou, rindo.

— O namorado dela, ele é um dos... – Hugo começou, mas eu o interrompi imediatamente.

— O Brandon é um cara muito legal, muito divertido... Sim, é o meu namorado, e eu acho que vocês dois vão se dar super bem. Ignore tudo o que o Hugo falar sobre ele, porque é tudo inveja. – Eu comentei, me direcionando ao Scorpius, que franzia a testa, se divertindo muito com tudo.

— Inveja?! Do Brandon Americano?!

Hugo realmente não sabe a hora de parar. Eu segui com a testa franzida, lançando a ele um olhar de desaprovação.

— Brandon Americano? – O loiro perguntou, rindo.

— Ele é literalmente o personagem de qualquer besteirol americano. Você vai conhecer o cara. É hilário só de vê-lo. – Hugo completou, e os dois começaram a rir.

Nesse mesmo instante, minha mãe e Astoria vieram até meu quarto.

— Filho, desculpa entrar assim, mas seu pai está pedindo ajuda para abrir as caixas. Você sabe como ele é, quer a casa pronta o mais rápido possível. – Astoria comentou, direcionada ao filho.

— Claro, claro. Encontro vocês lá embaixo agora mesmo. – Scorpius disse, e assim sua mãe assentiu e voltou a descer para o primeiro andar com minha mãe. – Bom, por mais que eu esteja me divertindo com as histórias, o dever me chama. – Ele falou, sorrindo com as sobrancelhas levantadas e se direcionando à porta. – Vejo vocês por aí, ok? Foi bom ver vocês. Até mais!

— Se precisar, estamos aqui. – Hugo falou, acenando desde minha cama.

— Tchau! – Eu me despedi, com um sorriso sem graça e o vi sair. Assim que ele estava no andar de baixo, eu virei para Hugo com a expressão mais intimidadora que eu tinha. – Eu vou te matar. Mas antes, fora.

Ele começou a rir, enquanto se movimentava para me obedecer e sair do meu quarto.

— Eu sabia... Brandon Americano vai ter problemas... – Ele comentou, ainda rindo, e logo já estava fora das minhas vistas.

Foi quando pela primeira vez desde que entrei no quarto eu respirei fundo.

Uau. Isso realmente aconteceu.

Scorpius Malfoy está de volta. Mais perigoso do que nunca.


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