It have been a while escrita por Maria Lua


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Depois de anos, finalmente uma ideia de fanfic ressurgiu e eu estou voltando! Para ser sincera estou bem empolgada com a ideia de escrever fanfics de HP novamente, então espero que vocês aproveitem assim como eu!



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Aparentemente era verdade quando me disseram que as garotas amadurecem muito mais rápido que os garotos. Seja com as responsabilidades, estudos, atitudes, brincadeiras, ou até mesmo no amor. Eu e minhas amigas sempre tivemos conversas sobre garotos, sobre o quanto eles eram fofos, o quão bons eles seriam como namorados, e quantos filhos gostaríamos de ter, onde passaríamos a lua de mel... Enquanto isso, eu vi de perto meu irmão, primos e amigos – garotos – tendo um comportamento completamente diferente e não dando muita importância a isso por anos, até pelo menos o começo da adolescência. Meu irmão, Hugo, por exemplo, sempre foi muito bobo, e agora com quinze anos ele não consegue falar de outra coisa além de garotas. Ele literalmente só chegou nessa fase agora.  

Eu sempre tive a teoria de que amor é puramente biológico – somente uma maneira do nosso corpo nos forçar a estar perto um do outro para cumprir com nosso principal objetivo de vida: procriação. Isso explicaria o por que dos garotos serem tão imaturos em relação ao amor, já que nós estamos prontas para ser mães desde muito cedo. Bom, eu sempre fui muito lógica, e sempre busquei explicações igualmente lógicas para tudo da vida, e, por sinal, até os meus catorze anos eu já tinha me apaixonado tantas vezes que o amor ser uma atração biológica era a única explicação plausível para mim, afinal como uma pessoa tão jovem pode realmente se sentir apaixonada com essa frequência? Não fazia nenhum sentido!

Eu acho que a maioria de nós vai se lembrar pra sempre do primeiro amor. Para ser sincera, não me lembro do segundo, terceiro, quarto, porque como disse: eu já me senti apaixonada diversas vezes. Já me apaixonei por personagem de filme, por algum garoto aleatório no escritório de dentista, por algum garoto fofo da minha escola, por um ator, um garoto que fazia compras no mesmo mercado que eu... E nem sequer me lembro quando foi que esses sentimentos começaram e terminaram (alguns duraram menos de uma hora, mas enquanto eu estava ali, eu sentia que estava verdadeiramente apaixonada). Mas o primeiro amor... É claro que eu me lembro. E como não poderia? Me apaixonar por Scorpius Malfoy me amadureceu mais do que qualquer outro namoro maduro que eu já tive.

Eu tinha sete anos de idade quando ele se mudou para a minha rua. Eu me lembro claramente de minha mãe contando para mim e meu irmão sobre os vizinhos que eram antigos amigos da família e que moraram na casa ao lado por um tempo, mas que se mudaram para a Irlanda por alguns anos, mas que estavam retornando. Minha mãe estava animada porque disse que Scorpius tinha minha idade e que quando éramos bebês nós costumávamos brincar juntos. E aos sete anos, eu estava animada porque a maioria de meus amigos moravam um pouco longe e eu dependia de nossos pais para nos encontrar no período de férias, então no mesmo dia fomos visitá-los e dar as devidas boas-vindas.

Já aviso que algumas cenas ainda embaçam na minha memória, mas eu me lembro claramente da primeira vez que o vi, oficialmente. Foi a primeira vez na minha vida que olhei para alguém e senti vergonha. Fiquei tímida, simplesmente pelo fato de que ele era muito bonito. Seu cabelo loiro tinha uma franja bagunçada, seu sorriso era gigante e ele parecia ser a pessoa mais simpática do mundo. Ele tinha aqueles olhos grandes e azuis que faziam você sentir que ele só prestava atenção em você e ninguém mais. Eu me lembro que ao mesmo tempo que eu queria estar perto dele e o conhecer melhor, eu também queria correr e esconder o meu rosto – que queimava por conta da vergonha.

— Oi! Meu nome é Scorpius. Você é a Rose, não é? E esse deve ser o Hugo. – Prontamente, ele se apresentou sem nenhuma timidez enquanto estendia a mão para mim. Paralelamente os pais dele convidavam meus pais para entrar na casa, quando meu irmãozinho, que na época tinha apenas 5 anos, estendeu a mão para o cumprimentar de volta.

Meu irmão se apresentou, apesar de eu não lembrar exatamente suas palavras, e me apresentou também. Eu me lembro de agradecê-lo mentalmente por isso já que o momento ficaria constrangedor quando ele se desse conta de que eu não tinha palavras pra respondê-lo. Nós três passamos o resto da noite conversando, olhando os brinquedos do Scorpius e fazendo várias perguntas sobre como era a Irlanda – o que me ajudou a me soltar e me sentir mais à vontade com a presença dele. Eu não era considerada tímida, mas ele me fez sentir assim por pelo menos metade da noite.

E a partir desse dia nós passamos a brincar juntos todos os dias, eu, o Hugo e o Scorpius inicialmente, mas o Hugo tinha outros amigos no bairro da idade dele, o que me fez criar um laço muito forte com o Scorpius. A gente amanhecia batendo na porta um do outro, e demorou menos de uma semana para que eu perdesse a minha timidez por completo e começasse a me entregar para nossa amizade. A verdade é que Scorpius era brilhante como garoto. Ele era lindo, esperto, curioso, divertido, e sempre muito energético. Minha janela era voltada para a janela dele, o que fazia com que nós trocássemos recados por aviões de papel todos os dias. Durante os dois ou três anos que fomos vizinhos, Scorpius virou o meu melhor amigo e parceiro do crime – ao mesmo tempo que secretamente eu escrevia seu nome dentro de corações em meus cadernos.

Eu me lembro de um dia em que eu estava doente e não podia sair de casa, mas ele ficou o dia inteiro na janela brincando de “adivinhe o desenho” comigo. Ele desenhava no quadro branco e eu escrevia de volta a palavra até acertar, e vice-versa. Quando fizemos oito anos, íamos para a escola juntos e pedimos para meu pai conversar com a diretora para nos colocar na mesma sala – o que foi ótimo, porque um tomava conta do outro. Quando estávamos juntos o tempo parecia infinito, e meu sentimento por ele nunca mudou. Na verdade, toda vez que eu me permitia pensar no quão bonito ele era, eu não conseguia evitar corar e querer esconder o rosto, mas é claro que era unilateral, já que para ele eu era como uma irmã. Minha esperança sempre foi de que ao longo dos anos ele visse que eu tinha todo o potencial de ser a alma gêmea dele, assim como eu achava que ele era a minha. Aos oito anos eu tinha plena certeza de que ficaríamos juntos todos os dias de nossa vida, e que casaríamos quando chegasse a hora – tendo a história de amor mais épica de todos os tempos, mas aos nove anos, ele voltou para Irlanda com seus pais e eu não me lembro de ter chorado tanto na vida quanto chorei naquela época.

Eu detesto lembrar desse dia, especialmente porque isso me pegou muito de surpresa, mas, basicamente, um dia Scorpius não tinha ido para a escola, não tinha aberto a cortina do quarto, e literalmente desapareceu por horas, até tarde da noite, quando atirou um avião de papel pela minha janela dizendo “tenho péssimas notícias” com um desenho de um rosto triste logo abaixo da mensagem. Quando eu vi a mensagem meu coração acelerou e eu pulei para olhá-lo pela janela. Ele estava ali, em seu quarto, olhando para mim com um semblante muito abalado. Quando me viu, começou escrevendo em seu quadro branco – enquanto meu coração quase pulava para fora do peito, ansiosa.

“Eu vou voltar para a Irlanda. Em uma semana. Meus pais me disseram hoje.”

Assim que eu li a frase eu já comecei a segurar o choro com todas as minhas forças. Eu tinha nove anos quando meu coração foi partido pela primeira vez, e o dia em que Scorpius Malfoy me disse que iria se mudar só confirmou o quão reais meus sentimentos eram naquela época. Eu acho que o dia em que me despedi dele e o vi entrar no taxi foi um dia de grande amadurecimento para mim – quando aprendi a dar adeus para a minha pessoa favorita no mundo – para a pessoa que me fazia pular da cama sem nenhuma preguiça ao acordar, somente por saber que ele estaria a poucos metros de mim.

Depois disso eu foquei nos estudos, aprendi a falar espanhol, fiz vários amigos, aprendi a jogar xadrez, a tocar piano, e até participei de competições de matemática na escola. Tudo estava bem, e meu coração voltou a ficar inteiro ao longo que ia me acostumando à vida sem ele. Aos dezessete anos eu já tenho um namorado incrível, um grupo de amigas sólido, e um bilhão de memórias sobre outros garotos por quem me apaixonei – ou ao menos que a biologia do meu corpo me convenceu de que eu cheguei a amar. E a verdade é que eu passei anos sem pensar seriamente sobre o Scorpius. Às vezes algum lugar especifico me lembra dele. Demorou anos até me acostumar a ter outras pessoas se mudando da casa ao lado, e agora eu não demoro mais do que dois segundos olhando para janela dele. Para ser sincera, por muitos anos me convenci de que o que senti por ele foi um início prematuro de minha puberdade, e que não passou de uma paixonite infantil – e assim se seguiu por anos, até que no início do meu último ano na escola, meu pai fala sobre ele pela primeira vez em oito anos.

— Adivinha quem me mandou um e-mail hoje dizendo que vai se mudar de volta para a casa ao lado? – Ele disse, esboçando um sorriso gigantesco para mim e Hugo enquanto cortava sua carne no prato.

— Quem? Os Malfoy?! – Disse minha mãe, curiosa. Nesse momento eu cuspi um pouco do arroz que estava em minha boca e comecei a tossir.

— Sim! Vocês lembram deles, não é? O Draco manteve a casa como dele e estão voltando por conta de negócios. Parece que agora ele tem um cargo maior na empresa e conseguiu abrir uma...

Eu literalmente parei de escutar o que meu pai dizia sobre o emprego de Draco Malfoy e foquei absolutamente no nó no estômago que comecei a sentir. O que diabos é isso? Como pode depois de todos esses anos a simples menção do Scorpius te deixar tão desconcertada? Mais uma vez ele havia me pego de surpresa e causado uma comoção que eu não esperava – mesmo sem intenção.

— Nossa, que maneiro! Quantos anos o Scorpius deve estar agora? Ele era um pouco mais velho que você, não é, Rose? – Hugo me perguntou, interessado. Eu me limitei a acenar com a cabeça como sinal de confirmação. – Poxa! Que incrível! Eles já estão aí na casa? Posso ir lá dar um alô?

— Ainda não. Parece que vão vir ao longo da semana, porque ainda estão esperando as mobílias novas e o pessoal que está morando lá agora se mudar. O Draco disse que ele e o Scorpius passaram aqui antes, mas que não tinha ninguém em casa, então ele mandou um e-mail para confirmar se ainda morávamos aqui. – Meu pai completou.

— Que coisa boa, filha! – Minha mãe disse olhando para mim e alisando meu cabelo. – O Scorpius e você eram carne e unha. Se ele for para a mesma escola vai ser bom para ele ter você para apresentar a todo mundo. Aliás, você devia convidar o Brandon para vir conhecê-lo – Ela disse, mencionando meu namorado.

— Sim, é verdade... – Eu respondi, com o tom de voz baixo. A verdade é que pensar em apresentar meu namorado para ele era o pensamento mais esquisito que eu já tive.

Eu passei o jantar em silêncio, mas sem conseguir tirar o pensamento de Scorpius Malfoy. Como ele deve estar agora? Será que está bonito? Continua alto? Gosta de esportes, de filmes? Será que ele ainda é divertido como costumava ser? Eu tentei encaixá-lo em todos os estereótipos de garotos da minha escola e ver com quem ele provavelmente faria amizade, com que tipo de pessoa ele se encaixaria, mas nada vinha à mente... Oito anos mudam uma pessoa. Certamente me mudaram. Será que ele ainda vai gostar de mim? Que ainda vamos ter assunto, coisas em comum? Afinal, éramos muito jovens, e na época a nossa personalidade não estava completamente formada.

No meu quarto, dei mais uma olhada para sua janela, que curiosamente estava aberta. Há quanto tempo eu não olho para a janela dele? Desde quando deve estar aberta? Lá dentro, tudo estava diferente. Não tinha mais a parede verde que costumava ter, nem os desenhos na parede. Muitas pessoas moraram nessa casa depois dele, e agora ele provavelmente não deve sequer reconhecer seu quarto.

Por mais que eu estivesse muito curiosa sobre ele, eu também estava com muito medo. Medo de minha vida mudar por completo quando ele voltar, mas também medo da minha vida não mudar absolutamente nada – e uma pessoa que tanto me marcou virar um completo estranho para mim.

Nessa noite, quando me deitei, eu rezei para a semana passar o mais rápido possível e eu ter todas as minhas perguntas respondidas da forma mais rápida e indolor possível. E um pouco antes de pegar no sono, me flagrei desejando que ele não se decepcione comigo, e que ainda me adore como me adorava antes.


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Notas finais do capítulo

Ansiosos para o próximo? Porque eu estou! ♥



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