Between Lovers escrita por SaaChan


Capítulo 3
Capítulo II




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So Ra observava orgulhosa a sua obra prima. Quem diria que aquele “intensivão” sobre relacionamentos e sedução poderiam transformar sua doce e tímida Ga Yeong em uma femme fatale em tempo recorde? Não esperava que Ga Yeong pudesse aprender tão rápido a como se comportar como uma mulher sedutora. É claro que sua amiga ainda dava alguns deslizes sobre o que falar e como agir na hora certa, mas era bem claro que agora sua amiga sabia uns bons truques que deixavam os homens irem à loucura. So Ra fez um gesto com o dedo indicador, girando-o no ar como se dissesse para sua amiga dar uma voltinha. Assim Ga Yeong fez, exibindo a saia lápis em tom pastel que acentuava sua cintura fina sob o blazer preto. A blusa social branca era simples e compunha o look profissional que usava. Nos pés, um scarpin preto e sóbrio, além dos acessórios discretos, um relógio simples e prateado, assim como o cordão com um singelo pingente de pérola branca combinando com os brincos. Os cabelos estavam presos em um rabo de cavalo baixo, exibindo o pescoço longo e o rosto fino e atraente.

Perfect! Just Perfect!— So Ra bateu leves palminhas de empolgação, se levantando da cama e se aproximando de Ga Yeong. – Estou tão orgulhosa da minha obra prima... Minha lagartinha finalmente virou uma linda e sexy borboletinha que consegue falar mais que um oi para humanos do sexo masculino.

— Desse jeito você me faz parecer miserável... – Ga Yeong corou. Mesmo que soubesse que sua amiga não dizia nenhuma mentira, ainda assim era um pouco constrangedor para ela admitir a verdade. Olhou-se no espelho, se admirando por parecer tão elegante e bonita nas roupas que usava. A maquiagem leve apenas ressaltava a beleza que já tinha e os cabelos presos evidenciavam mais sua face.

— Apenas estou sendo sincera e você sabe disso. – So Ra não poupou a amiga do comentário venenoso, mas estava satisfeita por vê-la mais confiante quanto à sua aparência. – Está preparada para o primeiro passo do plano “Chora aos Meus Pés”?

— Você sabe que eu não concordei com esse nome...

— O nome do plano é a parte menos importante da questão. – So Ra deu de ombros, pegando a bolsa preta tiracolo e entregou para a amiga.

Para Ga Yeong foi mais fácil do que pensava provar que era ela mesma, até mais rápido do que esperava também. Suas digitais, a assinatura e seu DNA continuavam os mesmos, a única coisa que teve que fazer foi assinar uma penca de papéis e alegar que sua mudança de aparência nada mais era do que o resultado de uma cirurgia plástica... Ou várias delas. A parte mais complicada, no entanto, foi entrar com um pedido para mudar seu nome e sobrenome. Sem um bom motivo e uma boa quantia em dinheiro, seria impossível que pudesse trocar o nome em sua identidade. Por sorte ou talvez por destino, Ga Yeong tinha os dois. O motivo foi a parte mais irrelevante, So Ra conhecia uma pessoa que era funcionário público em um cartório qualquer que podia ajuda-la nessa parte. Na realidade, o rapaz era uma espécie de affair de sua amiga, mas conhecendo So Ra como conhecia, sabia que ela apenas estava “enrolando” o pretendente. A quantia em dinheiro foi usada de uma conta-poupança que sua mãe havia guardado para ela desde seu nascimento. Era o suficiente para que pudesse pagar o restante de sua faculdade de publicidade, da faculdade de sua irmã mais nova, fosse qualquer uma que escolhesse, e ainda viver bem por um longo tempo.

— Me pergunto como sua mãe conseguiu juntar tanto dinheiro trabalhando como empregada. – So Ra pensou alto. Até mesmo Ga Yeong se perguntava isso, mas pensava que talvez seus patrões a tivessem ajudado com um aumento de salário. Até onde se lembrava, sua mãe só havia trabalhado para eles depois que havia sido contratada para cuidar de sua casa. Passou de ser empregada para ser governanta com o tempo e organizava as tarefas de todos os outros empregados.

Ga Yeong colocou sua bolsa checando as horas. Eram 08:19 da manhã e a entrevista aconteceria às 10:30. Teria que pegar duas conduções e se quisesse chegar num bom horário, pelo menos meia hora adiantada, teria que sair naquele horário. Respirou fundo e contou de dez à zero mentalmente, focando em bons pensamentos e bons resultados.

— Me deseje sorte. – Ga Yeong sorriu para sua amiga. Era uma boa aluna e possuía um bom currículo, esperava que fosse passar naquela entrevista porque dominava aquela área, mas sabia que tinha que passar porque o único diferencial naquela vaga era que o seu chefe não seria ninguém mais, ninguém menos do que Hwa Kyung Soo, seu ex-namorado.

Direcionou-se para a porta, abrindo-a, mas antes de passar pela mesma, ouviu sua amiga responder ao seu pedido com um sorriso de ponta a ponta.

— Boa sorte, Cha Se Young!

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Hwa Kyung Soo era um homem de negócios e, como um bom empreendedor, sabia bem que a propaganda era a alma do negócio. Mesmo que um processo seletivo no ramo organizacional não fosse nenhuma novidade, Kyung Soo sabia como transformar isso em uma propaganda positiva para a sua agência. Um processo seletivo para estagiários de diversas áreas que daria uma bolsa de estudos e oportunidade de crescimento dentro da empresa não era algo que aparecia todos os dias. Mesmo que as vagas fossem bem escassas, havia muita competição e a mídia queria saber mais sobre o assunto. É claro que, por ser o herdeiro de uma das empresas mais poderosas da Coréia, a mídia queria saber até mais do que apenas sobre o processo seletivo.

— A nossa missão com esse processo é dar oportunidade para que estudantes e formandos dessas áreas possam mostrar seu potencial e que também possam desenvolver suas habilidades na prática. Construir uma forma de pensar e interagir com o meio social através do exercício da profissão... – Kyung Soo sorriu e cruzou os dedos, relaxado em sua cadeira elegante. Um fotógrafo tirava fotos suas enquanto a entrevistadora gravava suas palavras com seu celular e escolhia algumas perguntas em sua agenda.

— É realmente incrível o que está fazendo, senhor Hwa, abrindo essa oportunidade para estudantes universitários. – A entrevistadora folheou sua agenda – Mas mudando um pouco de assunto, se me permitir... Temos muitos leitores em nossa revista e muitas são mulheres. Existem alguns rumores de que você possa estar em um relacionamento... – Kyung Soo coçou a têmpora com um leve sorriso. Tão previsíveis.

Era claro que a intenção de Kyung Soo era divulgar que iria se casar em breve. A notícia de que era um homem comprometido muito provavelmente iria apagar a imagem de rebelde inconsequente que havia construído durante anos, melhoraria a imagem de sua empresa e atrairia mais investidores. Ouviu algumas batidas na porta e logo uma mulher bonita e esbelta entrou na sala trazendo algumas xícaras de café. Os dois trocaram um olhar de cumplicidade enquanto a mesma deixava as xícaras na frente dos convidados e do chefe antes de sair. Voltando sua atenção à entrevistadora, Kyung Soo tomou a xícara em mão e bebericou um pouco de seu conteúdo.

— Bom, um homem não pode viver sozinho para sempre, não é mesmo?

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Tão logo os jornalistas foram embora, Ahn Han Na mergulhou novamente para dentro do escritório em seus saltos carmim. Os cabelos soltos batiam abaixo de seus ombros e estavam perfeitamente penteados, o vestido justo azul marinho que usava evidenciavam suas tentadoras curvas. Han Na poderia ser considerada de longe o tipo ideal de qualquer homem, um corpo cheio de curvas, busto farto e uma personalidade instigante, um pacote completo. Permitiu-se sentar no colo do CEO com tamanha intimidade, brincando com sua gravata enquanto o olhava diretamente.

— Contou sobre mim para eles? – Ela perguntou, curiosa sobre o conteúdo da entrevista.

Um meio sorriso preguiçoso tomou o rosto de Kyung Soo que acariciava sua coxa sob a barra do vestido que usava.

— Contei o suficiente. – A resposta não havia agradado a mulher. Era como se tivesse respondido de forma bastante evasiva sobre seu relacionamento. Han Na se levantou, insatisfeita, o que fez Kyung Soo revirar os olhos e explicar suas motivações por isso. – Se eu for muito direto sobre nós dois, vai parecer que eu quero te expor por fama. Uma imagem de homem apaixonado vende bem mais do que de um cafajeste.

— E enquanto isso, eu tenho que continuar sendo a sua amante secreta? – A mulher cruzou os braços, frustrada. – Eu quero poder contar às pessoas que estamos juntos. Não é como se eu fosse algo digno de vergonha pra ser escondida.

— E não é... Mas as coisas precisam ser feitas para parecerem naturais. – Kyung Soo se levantou de sua cadeira acolchoada, pegando seu sobretudo. O outono havia se instalado e a temperatura começava a esfriar, logo dando sinais de que o inverno poderia ser bastante rigoroso. – Como, por exemplo, sairmos para um almoço romântico no intervalo do trabalho...

O convite havia feito com que Han Na amolecesse. A mulher deu um leve sorriso e se aproximou do homem, roubando-lhe um beijo rápido, mas ardente. Entrelaçou seus braços ao redor do pescoço do outro ao mesmo tempo em que Kyung Soo enlaçava sua cintura com propriedade.

— Vou pegar minha bolsa... – E assim se afastou do mesmo, saindo de sua sala logo em seguida.

Kyung Soo se viu sozinho em seu escritório. Não precisava levar muita coisa, apenas catou as chaves de seu Porsche e saiu. Os funcionários o cumprimentavam enquanto trilhava o caminho para os elevadores. Antes que chegassem, a mulher se juntou ao mesmo, enlaçando sua mão ao do outro de maneira discreta. Assim que a grande caixa de metal parou no andar em que estavam, embarcaram e selecionaram o botão do térreo. Além dos dois, havia apenas um pequeno grupo de funcionários que aparentemente iriam para outro andar. Cumprimentaram o CEO assim que o mesmo entrou no elevador, mas antes que as portas se fechassem, ouviram uma voz feminina e esbaforida pedir para que segurassem as portas. Kyung Soo segurou as portas, impedindo que o elevador partisse.

— Ah, obriga... – A mulher interrompeu a fala, fitando-o com os olhos arregalados, expressando sua total surpresa. Rapidamente desviou o olhar, parecendo acanhada por algum motivo.

A face angelical e o corpo estonteante da mulher eram marcantes demais para que Kyung Soo não se lembrasse de vê-la pelos corredores de sua agência. Pensou que talvez fosse uma das candidatas para o processo seletivo. Tinha em mãos um envelope pardo onde provavelmente tinha todas as fichas de candidatura que precisava levar. A surpresa em seu rosto provavelmente era porque havia o reconhecido como o CEO da CS Publicity, pensou Kyung Soo. Não sabia se ria com divertimento ou se fingia que não havia reparado. Como a mulher não demonstrava intenção de entrar no elevador, acabou se pronunciando.

— Ainda vai entrar? – Saindo de seu torpor, a mulher fez um aceno com a cabeça e se desculpou, entrando no elevador e se encaixando no fundo com a intenção de se camuflar entre os demais funcionários. Assim que as portas se fecharam, Han Na voltou a enlaçar sua mão ao de Kyung Soo, buscando em seu celular alguns restaurantes mais próximos.

— Queria comer algo picante... – Han Na suspirou, pensativa. – Podíamos almoçar naquele restaurante onde fomos semana passada.

— Pode ser. – Kyung Soo confirmou preguiçosamente. Han Na ofereceu-lhe o celular para que pudesse ver melhor o que estivera pesquisando, se aproximando de maneira bem íntima.

A intenção de Han Na era bem clara para Kyung Soo, ela queria que seu relacionamento fosse de conhecimento de todos e nada melhor para começar um rumor com seu nome do que conversar com intimidade com o chefe. O sorriso que lhe lançava volta e meia e os olhares que trocavam no elevador chamavam bastante a atenção dos funcionários. Não duvidaria que logo toda a empresa estaria por dentro da fofoca. Assim que as portas se abriram, o grupo de funcionário saltou deixando apenas o casal e a mulher que havia pedido para segurar as portas ali. O elevador voltou a se movimentar e então abriu no térreo, permitindo que os passageiros pudessem sair. A mulher saiu como na velocidade de um raio, trombando acidentalmente com Kyung Soo no percurso. Com um manear de cabeça, se desculpou e desapareceu entre as portas giratórias da saída.

— Que sem noção... – Ahn Han Na desdenhou.

Kyung Soo, no entanto, parecia mais curioso do que irritado pelo esbarrão. Enquanto caminhava ao lado de Han Na pelo extenso saguão, pensou se em algum momento no futuro esbarraria novamente com a garota misteriosa que havia evitado o seu olhar.

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Ga Yeong atravessou a porta como um trovão. Havia sido pegar de surpresa pela chuva repentina, mas as roupas e o cabelo molhado eram a última coisa que chamaram a atenção de So Ra. A amiga tinha uma expressão chorosa e parecia precisar de um pote de sorvete extra grande. A primeira coisa que pensou foi que a primeira etapa do plano “Chora aos Meus Pés” tinha falhado. Desligou a televisão, se aproximando da amiga enquanto a envolvia num abraço reconfortante. Ga Yeong se colocou a chorar nos braços de So Ra, resmungando alguma coisa sobre ser burra e como foi uma perda de tempo pensar que o plano daria certo.

— Calma, você ainda não sabe o resultado da entrevista, não deve ter se saído tão mal assim... – So Ra tentou soar positiva, mas não sabia se a amiga conseguiria realmente o estágio.

Ga Yeong tinha bastante pontos positivos em seu currículo, havia feito vários trabalhos comunitários, além de ter participado de grupos de estudos e ter uma nota global invejável. Ainda assim, ela estava concorrendo contra muitos candidatos, boa parte sendo homens, o que por si só já dificultava bastante coisa. Mulheres sempre tinham desvantagem por conta da presunção de que mulheres engravidam e homens não. Quando a amiga se afastou de seu abraço, So Ra nunca pareceu tão confusa. Ga Yeong apenas abanou com a mão demonstrando que o problema não era aquele.

— Eu fui bem na entrevista, esse não é o problema... – Ga Yeong disse, fungando. – É que... O Kyung Soo tem outra... Ele está com outra mulher...

So Ra parecia surpresa, mas nem tanto. Kyung Soo não parecia ser realmente o tipo que se sujeitaria a um voto de castidade e se privaria dos prazeres carnais, muito menos que esperaria sentadinho que sua amiga executasse seu plano para reconquistá-lo. Além disso, já haviam se passado quase quatro meses desde que houvera terminado com Ga Yeong, era mais do que certo que ele havia partido para outra nesse meio tempo ou, na pior das hipóteses, porém nem tão absurda assim, que ele já houvesse partido para outra enquanto ainda estava com sua amiga. A ideia de uma traição deixava So Ra tão irritada que quase podia se ver uma chama saindo do topo de sua cabeça, igual um daqueles bonequinhos do Divertidamente. Assim como ela, Ga Yeong já havia pensado na mesma coisa. “Será que ele me deixou por causa dela?”, era o questionamento que rondava os pensamentos de Ga Yeong. Entretanto, para So Ra, ver sua amiga tão abalada lhe quebrava o coração. Não queria ver Ga Yeong se machucando novamente por um homem que não valia a pena e se culpava por ajuda-la a tentar concretizar o seu plano. Estava bem óbvio que tentar reatar com Kyung Soo não traria nada de positivo para Ga Yeong, apenas mais uma cicatriz para lidar.

Ouviu Ga Yeong narrar todo o ocorrido de como descobriu sobre o relacionamento de Kyung Soo, desde o momento em que havia saído da entrevista de estágio e ele houvera segurado as portas do elevador para ela até a conversa e os toques mais íntimos que havia trocado com a mulher sedutora e esbelta sem se importar com a plateia que os observava. So Ra ouvia tudo como se estivesse consumindo a última fofoca do momento – o que não deixava de ser verdade. Segurando as mãos da garota à sua frente, pensou seriamente em recomendar que deixassem o plano de reconquistá-lo de lado.

— Ga Yeong... Você não acha que deveríamos deixar esse plano pra lá? – So Ra sugeriu, preocupada sobre o rumo que sua ideia poderia tomar. – Não vale a pena, você pode acabar mais machucada do que já está.

Ao contrário do que esperava, no entanto, Ga Yeong pareceu mais determinada do que antes. Agora, ao invés de querer apenas reconquistá-lo, a mesma queria pagar de fato na mesma moeda.

— Não, amiga... Agora eu quero é vingança.


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