Nossa canção escrita por mjrooxy


Capítulo 6
Capítulo 5




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Na boa, por mais que eu me faça de forte e finja que o que ouvi não me afetou, a verdade é que me afetou sim. Eu sei que sou bonita, mas ouvir da boca de um cara tão atraente que você é tolerável? Poxa, é de matar! E, pior ainda, o que ele disse sobre minha voz não ter nada de extraordinário. Como assim? Minha voz é um dos meus maiores trunfos, eu sei que canto divinamente. Caramba, por mais que eu seja segura de mim, aquelas palavras feriram meu orgulho.

De qualquer forma, não posso me esconder nesse banheiro para sempre, por isso volto para a mesa após um tempo mais recomposta, não quero dar o braço a torcer. Chegando lá, vejo que Charles está conversando com Jane, quando me aproximo ele me olha com um misto de confusão e constrangimento, acredito que esteja conjecturando se eu ouvi o amigo dele. Falando no dito cujo, glória a Deus por não estar aqui agora. Não sei se conseguiria me controlar.

— Oi, Charles. - Digo forçando um sorrido.

"Não vou dar o braço a torcer, não vou.", reforço em pensamento.

Depois disso, também, minha noite não rende mais, fiquei jururu e não consegui mais curtir. Conclusão? Irei embora sozinha, Jane está conversando animadamente com Charles e eu não quero atrapalhar, ele alegou que a deixa em casa depois. Charlotte está de papo com Diego, então nem consegui me despedir, pior ainda, vou ter que chamar um Uber por que vim de carona. Que beleza! Nunca vou perdoar esse Darcy por estragar minha noite.

Então, cá estou eu na entrada do salão esperando o Uber, não quis ficar lá dentro, se Jane me vir vai querer me acompanhar, eu não quero tesourar' o lance deles. Melhor ficar aqui, assim ela acha que já até cheguei em casa e não fica preocupada. O motorista disse que vai demorar um pouco, como ele foi o único que respondeu até agora, melhor eu esperar.

Segundos depois, olho para o lado e vejo aquele ser humano intragável vindo para perto de mim. O meu sangue sobe na mesma hora, enquanto isso, as palavras que ele disse permanecem entaladas na minha garganta.

— Elizabeth? - Me chama meio receoso.

— O que você quer? - Questiono sem esconder minha rabugice.

— O que você está fazendo aqui fora sozinha? - Faz outra pergunta.

Ótimo, vamos ficar a noite toda rebatendo a pergunta um do outro.

— Estou esperando. - Digo curta e grossa, sem nem olhar naquela cara pálida.

— Hmm estou indo embora, se quiser uma carona. - Ele joga a ideia dando de ombros.

— E, por qual motivo ou razão você acredita que eu pegaria uma carona contigo? - Opa, outra pergunta.

— Porque está esfriando e um uber ou até mesmo táxi, demoraria a essa hora. - Responde sem demonstrar alteração na voz.

Enquanto eu já estou quase gritando.

— Pode ir que eu ficarei bem. - Falo tentando aquecer os meus braços.

No mesmo instante, Darcy retira o blazer e põe sobre mim, eu o encaro perplexa e já vou logo tirando a peça para devolver.

— Eu não quero sua caridade. - Retruco e entrego o blazer a ele.

Ok, fiquei aquecida por um segundo, que seja! Não quero nada desse homem.

— Deixa de ser orgulhosa, se eu estou com frio imagina você. - Diz apontando para meus braços desnudos.

Eu estou parecendo uma galinha arrepiada, mas não aceitarei carona e nem o blazer. Cara bipolar, eu hein! Me esnoba depois quer dar uma de cavalheiro, será que é louco?

— Você tem algum problema de bipolaridade? - Pergunto olhando pela primeira vez em seus olhos.

E que olhos, são azuis tipo da cor do mar e intensos, muito intensos. Volta Lizzie, se concentra.

— Por que está me perguntando isso? - Ele devolve.

Certo, é o jogo do só pode responder as perguntas com outra pergunta? De qualquer forma não respondo, não sou obrigada. Não devo explicações a ele.

Segundos depois ouço Darcy soltar um sonoro suspiro e voltar para dentro. Perfeito, venci. Alguns minutos a mais e ele retorna com a minha irmã: ah não, aí ele apelou!

— Liz, o que você faz aqui. Está muito frio, achei que já estava a caminho de casa. - Ela diz com ar de preocupada. - Vou pedir ao Charles para nos levar agora.

— Não, Jane. Fica aí curtindo, eu estou esperando o Uber, ele já está chegando, olha até mandou mensagem! - Minto.

— Você mente muito mal, Liz.

— Eu disse a ela que posso levá-la em casa, já estou de saída. - Darcy interrompe a conversa com aquela voz de barítono.

— Eu já disse que não preciso da sua gentileza. - Murmuro entre dentes.

— Liz! - Jane exclama. - Para que toda essa grosseria com ele, Darcy só está sendo gentil. - Me repreende visivelmente. - Se não for com ele eu vou com você agora.

Isso mesmo, chantageia quem te ama!

— Ok! - Aceito resignada.

Me despeço de Jane e sigo a estátua grega até o estacionamento. Nem eu nem ele diz uma palavra, o silêncio é esmagador. Não me importo, quando tentei quebrar o gelo uma vez recebi uma patada, agora que o silêncio engula nós dois, eu não ligo.

Ele chega em frente a um carro maravilhoso que nem sei o nome - não sou ligada em carros - aperta o controle e abre a porta.

— Pode entrar.

— Ok. - Ameaço entrar no banco de trás.

— Entra na frente, eu não sou motorista particular.

Lanço um olhar atravessado de desdém e entro no banco do carona. Ótimo, vamos embora logo!

Acho que sobrevivo a essa companhia enfadonha.

 


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