Nossa canção escrita por mjrooxy


Capítulo 16
Capítulo 15




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Darcy

Eu vim a essa reunião com a intenção de retirar a má impressão que Elizabeth tem sobre mim. Sei que agi de um jeito infeliz quando nos conhecemos e depois disso não tive mais chances de melhorar as coisas. Charles é meu melhor amigo e, por mais que eu não quisesse assumir, precisei reconhecer que minhas atitudes às vezes afastam as pessoas.

Quando ele falou o que Elizabeth pensa de mim, eu percebi que realmente dei a ela motivos para me achar um ogro. Sei que não sou assim, mas Lizzie não teve oportunidade de conhecer meu outro lado, o gentil.

Fiquei com um pouco de medo de ela me rechaçar em público quando pedisse desculpas, só que o risco valeria a pena se fosse para mudar a opinião de Elizabeth sobre mim. Contrariando minhas expectativas, ela agiu completamente diferente do que eu imaginava. Já deveria saber, a personalidade dela é diferente de todas as que eu já conheci. Elizabeth é inteligente, talentosa, extrovertida, alegre e bonita. Sim, ela é muito bonita, eu fui louco de julgá-la tolerável. Aqueles olhos escuros e amendoados estão começando a me deixar desnorteado. Fora aquele jeito maroto só dela e a manhã na voz. Eu poderia ouvi-la por horas sem me cansar, não só cantando, conversando principalmente.

Quando ela aceitou dançar comigo e depois recostou a cabeça no meu peito, meu mundo parou por um momento e eu senti paz. Não sei o que isso significa, na real. Estou tão confuso, fiquei circulando as costas de Elizabeth com os dedos de forma bem sutil, enquanto íamos de um lado para o outro no ritmo da música e Elizabeth aceitou o contato de imediato. Isso me deixou feliz de uma forma estranha, uma felicidade que eu não havia provado ainda. Depois ela me afastou do nada e começou a me olhar com uma expressão que não pude distinguir pela luz fraca da sala. Me senti um abusador e tirei as mãos da sua cintura, então Lizzie fugiu como se eu fosse um escroto.

O que eu faço agora? Vou atrás dela ou deixo assim? Não sei como agir. Tô aqui parado no meio da pista feito um idiota. Por que eu me aproximei dessa garota? Seria melhor ter deixado as coisas como estavam! Em pensar que ela me julga bipolar e a atitude dela agora, denotou o que? Se não queria dançar poderia ter recusado, pelo menos eu não teria criado expectativas de que estava começando a ficar tudo bem entre nós! Eu nunca corri atrás de mulher alguma, devo correr atrás dessa vez?

"Céus, faz alguma coisa Darcy. Vai ficar aí parado feito uma estátua!"

Deixo os casais dançando e volto para a sala onde o restante do pessoal está. Vejo que Elizabeth não está aqui, para onde deve ter ido? Tento falar com ela de novo? Não sei o que fazer, nunca estive se quer em situação parecida.

(...)

Meu Deus, eu deixei o Darcy plantado como uma árvore na pista de dança. E aquela cara de interrogação que ele fez? Agora Darcy voltará a ser o macho escroto de antes e a culpa será minha. Por que eu fugi desse jeito? Por um segundo, enquanto ele me envolvia pela cintura senti um frio na barriga e, ao mesmo tempo, uma sensação de segurança incomensurável. Eu não posso sentir isso! Há poucos dias eu o achava um merdinha, como posso ter mudado de ideia tão rápido? Será que sou bipolar também?

Agora estou aqui, nesse banheiro enorme e a vergonha me consumiu de tal forma, que não consigo voltar para a sala e encará-lo nos olhos.

Quantos anos será que eu tenho mesmo? Nesse momento, sinto que voltei aos quinze e sou novamente aquela Lizzie insegura e tímida da adolescência.

Minutos depois, vejo Jane entrar no banheiro com uma expressão preocupada.

— Liz, o que houve?

— Jane, eu sou uma idiota. - Respondo sem saber o que dizer.

— Darcy me chamou e pediu para eu ver como você estava. Ele fez algo de errado de novo? - Inquiri esperando respostas menos evasivas.

— Não, Jane. Ele foi ótimo, esse é o problema. - Sussurro tentando entender meus próprios sentimentos.

Resumo tudo o que aconteceu à ela e me sinto melhor por ter desabafado. Jane me olha com uma expressão compreensiva e me abraça.

— Liz, tudo bem esse branco que te deu. Afinal, Darcy te tratou antes de um jeito tão frio e do nada age completamente diferente disso. Normal você estranhar, só não seja criança, está bem? Volta lá e pede desculpas por ter saído daquele jeito, ele vai entender. - Me aconselha.

— Tem razão, eu sou uma mulher de vinte e cinco anos. Posso lidar com isso! - Exclamo mais confiante. - Te amo, mana. - Digo olhando para Jane com admiração e amor.

É isso que sinto por ela.

Jane sorri em resposta e voltamos para a sala.

Darcy está parado no canto conversando com Caroline, ótimo. Eu não vou me aproximar dele enquanto estiver com ela. Caroline nota ele virar o rosto assim que eu adentro o local e a expressão antes descontraída dela se torna implacável.

Percebo que Darcy diz alguma coisa à ela e vem em minha direção. Jane sai pela tangente e me deixa sozinha para lidar com meus demônios.

— Oi? - Diz como se fosse uma pergunta.

— Oi. - Respondo sem graça.

— Eu fiz alguma coisa que você não gostou? - Questiona ainda com aquela expressão de interrogação.

— Não, na verdade não esperava que a gente fosse se entender. Todos os meus sentidos estavam ativados para te desprezar ou ser indiferente a você. - Tento me explicar.

Sua expressão agora se torna dura, estática. Porém, ele parece desapontado. Eu resolvo continuar:

— Só que eu esqueci como deveria agir depois que começamos a dançar, sei lá. Acho que meu cérebro bugou. - Tento descontrair.

Darcy sorri de leve e eu me sinto mais relaxada.

— Entendi, você é uma mulher muito peculiar, Elizabeth. Não sei lidar muito bem com isso. - Confessa com sinceridade.

— Você poderia aprender. - Escapa da minha boca.

No mesmo momento eu sinto uma quentura subindo e me repreendo por ser tagarela. "Você poderia aprender?" Sério, Lizzie? Está louca ou o que?

Ele deve ter percebido meu embaraço porque responde de imediato:

— Cadê seu manual de instruções? Se for em mandarim já te falo logo que não sei ler. Vou demorar mais traduzindo pelo google. - Brinca me fazendo rir.

Darcy fazendo uma piada? Hello!

Começamos a conversar novamente, dessa vez de um jeito menos louco e descubro que ele é bom de papo. Para minha alegria a conversa flui naturalmente e passamos a falar sobre música.

— Eu baixei umas músicas que você gosta, obrigado pelas indicações. - Ironiza de um jeito brincalhão.

— Qual é, não lembro de ter te indicado nada. - Provoco entrando na brincadeira.

— Eu sei, eu sei. - Concorda levantando as mãos em sinal de rendição. - Mas, em minha defesa, alego que você tem bom gosto para algumas músicas, exceto Tiago Iorc. - Ele diz tentando ser engraçado.

Só que o tiro sai pela culatra e eu me lembro da primeira vez que nos vimos. Sabe como é cabeça de mulher, né? Mil anos depois a gente ainda lembra. Se bem que, nesse caso, não faz mil anos...

— Quero dizer, você canta perfeitamente bem, Elizabeth. Eu que não gosto muito dele. - Tenta corrigir.

Darcy deve ter percebido que eu murcho como uma flor que não vê água há muito tempo.

— Obrigada. - Eu sorrio amarelo.

— Em compensação, aquela música que você cantou para o canal é muito bonita. Vi seu vídeo umas dez vezes. - Profere como uma confissão.

Sinto que Darcy se arrepende de ter falado aquilo e coça a nuca esperando minha resposta. Que fofo, ele coça a nunca quando fica constrangido! Sou ótima observadora. Em contrapartida, fico mais animada depois de tal confissão.

— Que honra, valeu por ter divulgado. - Agradeço com sinceridade e sorrio mais abertamente agora.

— Não foi nada. - Darcy me encara com os olhos azuis cristalinos e eu não consigo reconhecer a expressão nova.

Ainda não somos próximos o suficiente para eu conseguir decifrá-lo.

Caroline aparece novamente como se fosse o Goku praticando o teletransporte e interrompe nossa troca de olhares.

— Lizzie, posso roubar Darcy um pouco? Você está monopolizando ele a noite toda. - Diz em tom de brincadeira.

— Sinta-se à vontade. - Retruco no mesmo tom.

Ele me encara sem dizer nada e vai com ela.

Finalmente consigo encontrar Charlotte sozinha e a puxo para perto de mim. Jane sumiu de novo com Bingley e eu não vou ficar sozinha aqui não.

Ela me conta que passou o número dela para Eduardo, o par na dança e começamos a conversar.

— Então, Liz. O que está rolando entre você e Darcy? Todo mundo percebeu que ele não desgrudou de ti!

— Que nada, Char. Não vê Caroline grudada nele. - Aponto para a ruiva falante ao lado do Darcy.

— Lizzie, olha a expressão dele, quando Darcy estava com você dava para notar que ele apreciava a conversa. - Diz me fazendo observar melhor.

Dou de ombros e decidimos comer alguma coisa, não vou beijar ninguém hoje. Passar fome pra que? Entrementes, no meu interior, eu fico repassando toda a nossa conversa de hoje, tudo foi tão diferente, nem consigo acreditar que nos demos tão bem agora pouco. Essa aproximação me pegou desprevenida, Darcy realmente é uma caixinha de surpresas.

Depois disso, Ricardo surge novamente e pede meu telefone, passo só por educação. Logo Charles nos deixará em casa e já que Caroline não largou mais o Darcy, acabo me despedindo rapidamente de ambos e seguindo com Jane e Charlotte para o carro, eu, no caso, vou embora sentindo uma sensação diferente no peito e me surpreendo ao constatar, que gostaria de passar mais tempo com esse Darcy tão atencioso, afinal, acabei de conhecê-lo verdadeiramente.

 


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