Mirror Myself In You escrita por LadyDelta


Capítulo 20
Accidentally in Love.


Notas iniciais do capítulo

Olááááá aqui estou eu outra vez. Tudo bom com você? Já tomou água hoje?
Tem se alimentado direito? Com direito eu estou dizendo direito mesmo! Comida saudável, não é de lanche e pão não. Cuida do seu corpo, ele é o seu templo.

É apenas isso que eu tinha a dizer, estou de buchim cheio e vou ver se jogo algum joguim no meu celular.


Playlist da história.

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Música para o capítulo: Counting Crows - Accidentally in Love


~Boa leitura.



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Victória Pov.

Estava andando ao lado de Galateia para o ginásio, já que iria pedir pra Débora me liberar hoje. E por um momento eu estava me sentindo no céu, porque Galateia decidiu me explicar porque o Brazil tem tantas regras gramaticais na língua oficial deles, que é o português. Eu estava adorando ouvir ela falar com tanta calma, mas foi pisar no ginásio que Débora me chamou. Tive de parar de sorrir para ela e Galateia parar sua explicação.

— Hoje você pode fazer 16 voltas? – Débora perguntou e suspirei indo até ela, que sorria.

— Sabe... – Comecei meio receosa e a puxei para sairmos de perto da Galateia. - Por favor, Débora! Eu te imploro. Me deixa cabular sua aula hoje. Tenho trabalho pra apresentar amanhã e Galateia está ali naquele banco, toda fofa me esperando para ensaiarmos o que vamos falar. Me deixa ir, por favor. – Pedi e ela olhou em direção a Galateia e de volta para mim, erguendo uma sobrancelha.

— Você está conseguindo progresso?

— Sim! Ela me chamou de amiga. – Contei animada e ela sorriu.

— Amigas, né? Que grande avanço, estou orgulhosa. – Falou e foi minha vez de sorrir

— Sim! Será ainda maior se você me deixar faltar sua aula.

— Certo! Vai lá com sua amada Galateia, mas... – Ergueu um dedo e me atentei as suas palavras. O fato é que eu nunca falto uma aula dela. - Próxima aula será treino duplo. Quero que você arrase naquela competição.

— Sim senhora, capitã. – Bati continência e ela sorriu. – Obrigada, eu te amo. – Beijei seu rosto em agradecimento e saí correndo em direção a Galateia, que me olhava em expectativa.

— Como foi? – Perguntou curiosa e sorri divertida.

— Eu posso matar aula. - Falei empolgada e fui me sentar ao seu lado. Certo! A intenção era me sentar, mas duas mãos surgiram me empurrando pelas costas, fazendo eu me desequilibrar e cair para frente. Galateia ao perceber isso tentou me segurar, mas acabei a levando para trás e fazendo seu corpo passar entre o espaço dos bancos. Ela caiu de costas no chão e eu caí sobre seu corpo.

Senti meu corpo inteiro queimar ao perceber que minha mão direita estava em seu seio esquerdo, e minha mão esquerda em sua coxa descoberta, já que ambas usávamos o short da aula de educação física. Engoli em seco ao olhar para o rosto dela e ver que ela mantinha uma expressão de dor, os olhos fechados, sobrancelhas franzidas e a boca levemente entortada.

— E... Eu sinto muito. – Falei em pânico e tirei minhas mãos dos lugares inapropriados que pegavam. Meu Deus! Galateia tem uns peitões. - Você tá legal? – Perguntei me levantando e estendendo a mão para ajudá-la.

— Estou bem. – Falou aceitando minha ajuda.

— Bateu a cabeça? – Perguntei preocupada e ela negou de leve com a cabeça. Só então me lembrei do jumento que me empurrou. Quando me virei para procurá-lo dei de cara com Vicent, que sorriu me dando uma piscadinha. O que é isso? Esse empurrão foi proposital para eu cair em cima da Galateia? Onde eu assino para pegar Vicent como mascote e o fazer ganhar uma medalha de bom menino?

— Que tombo! Não foi a intenção te derrubar, gatinha. Desculpa. – Se desculpou e na hora saquei que ele mentia. Cínico.

— Não foi a intenção? Se eu não tentasse segurá-la, ela ia bater de cara no banco. Você tem merda na sua cabeça? – Galateia brigou irritada e ele ergueu as mãos em rendição.

— Que bom que você estava aí então, né? Ninguém se machucou. – Falou cínico e ela ergueu o braço esquerdo, mostrando o relado que pegava todo o seu antebraço, MEU DEUS! ELA SE MACHUCOU.

— Puta que pariu, tá doendo? – Perguntei segurando seu braço com cuidado, vendo que o ferimento começava a minar sangue. Vicent, sua desgraça. Certeza de que isso foi causado por ela deslizar o braço no banco quando caiu.

— Não, só machucou mesmo.

— Meu Deus. Desculpa. Eu não queria que ninguém se machucasse. – Vicent falou arrependido e me olhou por um momento. - Olha... É melhor você ir à enfermaria ver isso. A Sereia te acompanha. Eu espero vocês aqui. – Incentivou e olhei para Galateia que suspirou.

— Por que Sereia? – Perguntou curiosa e corei. Se Vicent falar alguma coisa eu o mato.

— Porque eu quero chamar ela assim. Vai logo na enfermaria, é uma ordem. – Mandou.

— Vai tomar no seu cu. – Reclamou saindo na frente e sorri, olhando para o Vicent que negou com a cabeça.

— Me deve uma. – Alertou.

— Te devo todas. Bate aqui. – Ergui a mão e ele bateu sorrindo. - Galateia! – chamei e ela parou de andar se virando para trás. – Me espera. – Fiz uma corrida até onde estava e juntei meu braço no seu que não estava machucado.

— Que isso? – Perguntou se referindo a nossos braços dados e sorri radiante.

— Agora você é minha amiga. Deu mole! Ninguém mandou dizer as palavrinhas mágicas. Nunca vou te deixar em paz. – Brinquei e ela riu.

— Não estou reclamando. – Falou e sorri ficando o mais próxima possível dela.

— Onde fica a enfermaria? – Perguntei depois de andarmos um pouco pelo pátio da escola e a ouvi suspirar.

— Duas salas depois da diretoria.

— Oh! Sério? Eu não fazia ideia. – Falei interessada na informação. Há dois meses eu nem sabia que a escola tinha uma enfermeira, só fui descobrir porque Vane comentou sobre, enquanto a gente jantava em casa.

— Você nunca chegou a ir à enfermaria da escola, né?

— Como sabe? – Perguntei curiosa. Como ela sabe que nunca fui?

— Porque você não sabe onde fica e também, porque nunca pareceu estar doente.

— Ah! Isso é porque eu faço muito exercício por causa da natação e tenho uma saúde de cavalo. – Brinquei a fazendo rir. – E também, eu fico em casa quando estou doente. Mas e você? Vai muito à enfermaria? – Vamos Galateia! Conte-me mais coisas sobre sua vida.

— Às vezes sim.

— Por quê?

— Hum... A maioria das vezes é por eu ficar perto da piscina. Tenho aquafobia como o Vicent falou. – Assenti entendendo. Faz sentido ela deve se sentir mal mesmo estando um pouco afastada.

— É meio irônico você ter aquafobia. – Comentei.

— Nem me fale. Esse é mais um motivo para me zoarem. Mas ninguém mandou meu pai escolher o nome Galateia, que representa a história de uma ninfa da água. – Falou e arregalei os olhos em surpresa. Foi o pai dela que escolheu? Eu jurava que tinha sido escolhido pela mãe dela.

— Alunos são retardados. – Murmurei e ela riu.

— No fim das contas, é uma escola. Sempre procuram um motivo para tirar a paz das pessoas.

— Não sei como você aguenta. Todo ano fazem isso e não tem graça alguma.

— Eu nem ligo mais. No fundamental era ainda pior, porque eu não ti-. – Parou de falar subitamente e lhe olhei confusa.

— Não o quê? – Perguntei curiosa e ela negou com a cabeça sorrindo.

— Não é nada, eu só era uma criança burra. – Riu e suspirei por entender. Eu também era uma criança burra, tanto que por culpa de três dessas crianças retardadas eu me machuquei quando mais nova.

— Se eu fosse você, mandava todo mundo ir se foder. – Falei.

— Prefiro nem responder eles, mais fácil.

— A maioria passou a parar de implicar comigo depois que comecei a ser ignorante com eles quando vinham falar comigo. – Contei e ela me olhou curiosa.

— É mesmo? Mas por que é ignorante com eles? – Perguntou.

— Quando eu era mais nova, tinha essas meninas, padrãozinho irritantes e filhas da puta. – Comecei e ela me observou atenta. – Elas implicavam comigo todo santo dia quando eu ia fazer natação e em um dia desses, acabei me machucando. – Contei.

— Sério? Mas machucou muito? – Perguntou preocupada e dei de ombros.

— Aí é que está, eu não faço ideia. Minha mãe diz que sim, e pelo jeito foi, porque eu não me lembro exatamente o que houve depois. – Contei. – Só sei que bati a cabeça. – Revelei. – Eu tenho até uma cicatriz.

— Eu posso ver? – Perguntou curiosa e assenti, parando de caminhar para levar a mão atrás da cabeça, caçando o local.

— Bem aqui. – Falei ao achar o local no meu couro cabeludo e ela se aproximou em curiosidade, substituindo o local da minha mão pela sua, deslizando os dedos suavemente sobre o pequeno relevo que tinha ali.

— Isso parece doer. – Comentou e neguei com a cabeça rindo baixinho.

— Não dói não. Nem acho que tenha chegado a doer na época também, mas não lembro o suficiente para afirmar, só que, por culpa de idiotas como os que zoam o seu nome, eu precisei voltar ao hospital várias e várias vezes e nem sei exatamente por quê.

— Por isso não gosta de hospitais? – Questionou.

— Por isso odeio hospitais. – Confessei. – Então posso afirmar que você é minha primeira amiga desde que comecei a estudar em uma escola de novo. – Contei e ela sorriu. – Quer dizer, tem a Débora, mas ela tem 32 anos. – Ri e ela fez o mesmo. – Da minha idade mesmo, só você. – Murmurei.

— Então o resto das pessoas você só ignora?

— E tento ser muito desagradável. Assim não sobra espaço para implicarem comigo. É mais fácil quando sentem medinho.

— Você nem precisa fazer esforço pra assustar as pessoas. – Brincou abafando uma risada e lhe dei um leve tapa no ombro.

— Deixa você. – Me fingi de ofendida com seu comentário maldoso, coisa que não estou. É superlegal ela brincar assim comigo. Amigas brincam assim, eu acho.

— Desculpe. – Pediu ainda rindo e fiz um bico olhando para o outro lado. - Chegamos. - Falou quando paramos em frente a uma sala e soltei seu braço contra a vontade. - Você vai ficar aqui fora ou vai entrar?

— Por quê? Tá com medo de ir sozinha? – Brinquei e ela fez uma careta, negando com a cabeça. - Claro que vou entrar. – Abri a porta depois de bater na mesma e Galateia entrou comigo.

— Galateia! O que houve? Sua pressão abaixou de novo? – A enfermeira perguntou assim que nos viu entrar na sala, o que me fez perceber que Galateia realmente vem muito aqui.

— Não! Eu acabei caindo e machuquei o braço. – Mostrou o braço a nossa enfermeira, que eu nem sabia que tínhamos. Seu cabelo é preto assim como o meu, só que a diferença é que bate em seu ombro, seus olhos são castanhos e sua pele bronzeada. Ela não é muito nova para ser uma enfermeira, não? Parece ter a minha idade.

— Hum! Deixa-me adivinhar... Estava dormindo de novo? – Perguntou divertida e ergui uma sobrancelha.

— Não. – Galateia murmurou emburrada e a enfermeira riu.

— Certo! Então o que aconteceu?

— Meu primo derrubou a Victória e ela me derrubou. – Contou e a enfermeira me olhou confusa.

— Então foi uma vingança? – Perguntou.

— Quê? – Perguntei sem entender e ri quando meu cérebro trabalhou, entendendo que era uma referência a explicação da Galateia. – Não, eu nunca machucaria a Galateia. – Falei e ela sorriu.

— Humm entendi. Enfim, resolverei isso rapidinho. – Pediu para Galateia se sentar com um gesto de mão e assim ela o fez. - Bom... Isso aqui não vai arder. – Falou pegando um pedaço do algodão na mão e Galateia resmungou umas coisas a esperando começar o curativo. - Como foi esse pequeno acidente? – Perguntou começando a fazer seu trabalho e Galateia me olhou ficando corada e involuntariamente fiquei vermelha. Porque ela ficou corada? Quer dizer, a gente não caiu nas melhores das posições, mas...

— Bem, a Vick... – Falou e arregalei os olhos. – Tória, a Victória. – Corrigiu e sorri por ela fazer de novo, começar com Vick e corrigir para Victória. Ela fez isso ontem, quando fui a sua casa. Eu achei a coisa mais lindinha do mundo, pena que ela não mantém só o apelido. – Ela caiu em cima de mim quando meu primo a empurrou. Na verdade, eu fui tentar segurá-la, mas a lei da gravidade não permitiu que eu conseguisse. – Reclamou e assenti várias vezes para concordar.

— Que interessante... – Falou começando a fazer o curativo e dei um leve sorrisinho sem graça. - Você se machucou também, Victória? – Perguntou se virando para mim e neguei com a cabeça.

— Não, eu estou bem.

— Certeza?

— Sim, a Galateia... Ela amorteceu a minha queda. – Contei, sentindo meu rosto queimar de vergonha. Pelo amor de Deus, eu caí com a mão no peito dela.

— Hum! Então está tudo certo. – Acabou de fazer o curativo e Galateia se levantou, virando o braço em algumas direções para ver como estava. Me aproximei em curiosidade e peguei o mesmo para olhar, repetindo seu gesto de olhar como estava. Ela fez um excelente trabalho aqui. - Qualquer coisa pode voltar. A propósito, Victória! – Chamou e lhe olhei rapidamente. - Me chamo Ingrede. – Alertou e assenti.

— Prazer.

— Não vou dizer voltem sempre, porque já sabem. Longe de mim querer o mal dos meus pacientes. – Sorri com sua brincadeira e saí junto com Galateia, que ainda olhava para o curativo em seu braço.

— Ela parece ser jovem. – Comentei.

— Tem 25. – Murmurou e sorri, grudando em seu braço bom outra vez.

— Ainda vamos ensaiar? – Perguntei curiosa e ela assentiu.

— Vicent nos espera. – Alertou e sorri de canto. Vicent, devo uma pra ele por me permitir esse momento ao lado dela.

— Well, well, well. – Ouvimos tal coisa e olhamos para trás em curiosidade, vendo Tiffany e sua seguidora, Amanda. - São amiguinhas agora? – Perguntou curiosa e revirei os olhos.

— Te interessa, Malévola? – Perguntei fazendo um trocadilho com o filme por causa da forma que ela nos abordou e a mesma fez uma careta.

— Talvez! Eu vi o tombo de vocês duas. Machucou, Ninfa? – Perguntou interessada e estreitei os olhos. O que a Galateia cair tem a ver com você?

— Sim. – Respondeu tranquila, mostrando o curativo e suspirei. A gente podia deixar ela falando sozinha, não custa nada.

— Nossa, tá doendo? – Perguntou preocupada e Galateia e eu nos entreolhamos. Por que ela está parecendo preocupada com o ferimento da Galateia?

— Hã... Era só isso? – Galateia perguntou e a menina a permaneceu olhando em silêncio, como se estivesse hipnotizada. – Ok... Vamos, Victória. – Falou começando a andar e lhe segui com gosto, porém paramos logo que Amanda entrou na nossa frente. Não é possível.

— Não tão rápida. Você disse indiretamente na semana passada que a Tiffany tem interesse em você. – Apontou para Galateia. QUÊ?

— Eu? Não lembro de ter dito. – Se fez de cínica e fiquei lhe olhando em silêncio. Então não era coisa da minha cabeça? Ela realmente insinuou que a Tiffany tinha uma queda por ela?

— Sabe... Você é bem interessante. As vezes parece uma narcisista, mas é interessante, linda e inteligente. Então talvez não esteja errada. – Tiffany alertou vindo para nossa frente também, mordendo levemente o lábio inferior. O quê? COMO ASSIM ELA NÃO ESTÁ ERRADA?

— Eu já sabia. – Sorriu falsa e me olhou com uma expressão que não consegui identificar. – Mas não, obrigada. Me deixe em paz. – Falou séria.

— Qual é. Nossos pais se conhecem, temos coisas em comum. Você pode entrar no meu grupo se quiser, assim as pessoas da escola começariam a falar com você. – Alertou e franzi o cenho. Os pais delas se conhecem?

— Quem disse que eu gosto de pessoas? Estou neutra sobre falar ou não com elas. Agora se me dão licença. – Começou a andar e Amanda entrou na frente outra vez.

— Caralho, velho! Qual seu problema? – Perguntei irritada e ela cruzou os braços.

— Galateia tem que aceitar o convite da Tiffany. – Falou e a expressão da Galateia se fechou completamente.

— Não. Não tenho que aceitar e não vou.

—Por que você não aceitaria? – Perguntou e olhei para o outro lado. Se não fosse a Galateia do meu lado, eu já teria mandado as duas tomar no cu quando chegaram perto de mim.

— Vamos fazer um seguinte? Você sai da frente, a gente passa e vai ensaiar. Beleza? – Perguntei e Tiffany negou com a cabeça.

— Ninguém tá falando com você. Cala a boca.

— Oi? – Perguntei cruzando os braços e Galateia me olhou com uma sobrancelha erguida. Ela que me perdoe. – Me manda calar a boca outra vez que eu enfio o meu pé no seu rabo. Patricinha escrota do caralho. – Bradei e ergui a mão em punho. – Eu não vejo problema algum em socar a sua cara. – Ergui a mão direita em punho e ela suspirou.

— O assunto nem é com você, garota. Segue seu rumo! – Reclamou.

— Meu rumo é o meu punho no seu nariz.

— Esquece. – Ergueu a mão em rendição. - O que você me diz, Galateia? – Começou e colocou a mão no ombro dela. Quem ela pensa que é pra encostar nela assim? Caralho, tira essa mão daí, sai de perto dela. Por que caralho você tá fazendo isso justo no ano que eu me aproximo dela? – Quer ficar comigo? – Perguntou e senti meu sangue ferver de raiva, mas que desgraça é essa?

— Não. Tire a sua mão de mim, por gentileza. – Falou séria e Tiffany fez uma careta de decepção. 

— Você não sabe o que está recusando.

— Na verdade eu sei. – Tirou a mão dela de seu ombro e senti meu coração falhar umas batidas quando ela tateou meu braço, pegando minha mão e a segurando na sua. ELA PEGOU A MINHA MÃO! – Vamos? – Perguntou gentil e assenti começando a sair com ela da presença das duas indesejadas. Eu estava brava? Não sei se cheguei a ficar, PORQUE AGORA A GALATEIA TÁ SEGURANDO A MINHA MÃO.

— Fala sério. Você prefere deixar de falar comigo pra ficar com essa aí? – Perguntou injuriada e Galateia apertou os dedos nos meus, suspirando de olhos fechados antes de virar a cabeça para trás.

— Eu prefiro deixar de fazer qualquer coisa para ficar com ela. – Falou séria. Porra! Caralho. O QUE ELA ACABOU DE FALAR? – Então, por favor, me deixa em paz. – Reclamou apertando mais minha mão e corei, percebendo que diferente da minha, a mão dela é fria. A minha está quente, na verdade meu corpo todo está quente. Pelo amor de Deus! ELA TÁ SEGURANDO A MINHA MÃO E PREFERE DEIXAR TUDO DE LADO PRA PASSAR TEMPO COMIGO. - Sua mão é quentinha. – Sussurrou quando já estávamos longe o suficiente e tropecei no meu próprio pé, quase caindo. Eu vou desmaiar, vou desmaiar agora. Caralho! Ela prefere ficar comigo e tá segurando a minha mão. - Victória? –Perguntou parando para me olhar em preocupação.

— Sim! Eu... Eu só fiquei tonta de repente. – Menti e ela soltou minha mão para segurar meu braço, colocando dois dedos em meu pulso a fim de checar minha pulsação. Porra, meu pulso tá acelerado.

— Nossa! – Falou surpresa e eu corei puxando o braço gentilmente.

— Eu estou bem! É só...

— Quer que a gente volte para enfermaria? – Propôs preocupada e neguei com a cabeça.

— Não! Eu vou ficar boa. Vamos ao ginásio que Vicent está esperando. – Falei baixo e ela se aproximou mais, passando o braço direito por meu ombro, puxando meu corpo para mais próximo do seu. CA RA LHO.

— Então vamos voltar para o ginásio. – Sorriu de canto e senti meu coração disparar por ela começar a andar com o braço ao redor do meu ombro. Eu vou desmaiar. Eu vou morrer. - Victória... Você está tremendo. – Parou de andar e me soltou para entrar na minha frente. - Certeza que não quer voltar pra enfermaria? É rápido. – Falou assustada e me encolhi colocando a mão sobre a boca. Deus, meu rosto está queimando. EU DEVO ESTAR VERMELHA FEITO UM TOMATE, QUE DESGRAÇA.

— E-eu acho que preciso beber um copo de água. – Inventei uma desculpa ao ver o bebedouro e ela olhou na mesma direção. Eu só preciso me acalmar, são muitas emoções juntas. Não estou acostumada com isso.

— Ok! Fica quieta aqui que eu pego pra você. – Andou até o bebedouro e respirei fundo, cobrindo a boca com ambas as mãos, me abaixando de cocada no chão, tentando acalmar as batidas do meu coração. Deus, realmente parece que eu estou prestes a desmaiar. O que está havendo com você, Vick? Você nunca chegou a ficar nesse extremo. Ela só te abraçou pelo ombro e... Disse que prefere deixar de fazer qualquer coisa pra ficar com você. Não tem motivos para pânico. Ela só PREFERE DEIXAR DE FAZER QUALQUER COISA pra ficar com você. - Aqui. – Ouvi a voz de Galateia e olhei para frente, vendo-a abaixada a minha frente com um copo de água na mão.

— O-obri-obrigada. – Não gagueja! Que merda. Qual é meu problema?

— Melhor? – Perguntou preocupada e assenti concordando, percebendo que sua expressão preocupada ultrapassa o cúmulo da fofura. – Então eu já volto. – Colocou o copo de volta e voltou para perto de mim, se sentando no chão a minha frente, sem se preocupar de sujar sua roupa, para me olhar. Deus, ela é muito adorável. – Não quer mesmo voltar para enfermaria?

— Não, está tudo bem. Eu só preciso respirar um pouco. – Alertei e fechei os olhos me acalmando. Ela realmente prefere passar o tempo dela comigo? – Então... Você sabia que um cavalo vive de 25 há 30 anos? – Perguntou e tirei as mãos da boca para lhe olhar confusa.

— Hem?

— É! A vida útil deles é por base disso. – Explicou e sorri.

— Eu não fazia ideia.

— Eles também são animais de grande força física e podem ultrapassar 50 quilômetros por hora quando estão galopando, mas conseguem chegar por base de 80. – Contou seriamente e mantive meu sorriso. Ela está tentando me distrair? – E eles não conseguem respirar pela boca. - Alertou se levantando e estendeu a mão para mim. - Vamos?

— Não conseguem respirar pela boca? – Perguntei curiosa, aceitando sua ajuda.

— Não, então eles não conseguem vomitar, caso precisem. – Começou a caminhar e a segui, já que seu braço voltou a passar por meu ombro em uma tentativa de me amparar, AMPARAR DELA MESMA.

— Como sabe sobre isso? – Perguntei, tentando me manter calma. Ela só está com a mão no seu ombro, sua ridícula! Para de ter gay panic e respira.

— Quando eu era criança, queria um cavalo, então pesquisei tudo a respeito deles. – Contou e vimos Vicent sentado na arquibancada, parecendo entediado enquanto mexia no celular. – Também sei bastante coisa sobre animais no geral. – Explicou e Vicent ergueu a cabeça ao ouvir sua voz.

— Nossa! Eu já ia ligar para polícia e dar queixa de desaparecimento. – Falou assim que nos aproximamos e fui para seu lado, suspirando aliviada por meu corpo voltar ao normal. Perto de Vicent isso é fácil, já que não possuo um sentimento de amor por ele. - O que você tem? – Perguntou quando Galateia foi até sua bolsa a procura de nossas falas.

— Sua prima vai me deixar louca. – Sussurrei.

— Oh! Você não sabia? Galateia é mestre na arte da sedução. Ela vai te seduzir antes que perceba. Ela seduz até respirando. – Brincou e neguei com a cabeça rindo, preciso concordar com ele.

— Acho que já fui seduzida há muito tempo. – Brinquei de volta e ele riu divertido. - Tudo o que ela faz é fofo. – Alertei e ele assentiu várias vezes.

— Eu sei.

— O que vocês estão cochichando nas minhas costas? – Galateia perguntou parando de procurar o papel e nos olhando séria.

— Nada! Vick só está dizendo que você é muito fofa.

— Ah! Bem... Er... Obrigada, eu acho. – Falou sem graça, voltando a procurar em sua bolsa e dei uma cotovelada forte em Vicent.

— Você ficou doido? – Rosnei indignada.

— Sabe... Se você não mover as peças em um tabuleiro de xadrez, o jogo nunca vai começar. – Pisquei algumas vezes com sua metáfora e ele sorriu. - Acho que já tá na hora de mover um peão, gatinha. Não se preocupe que eu serei o Bispo para você. – Sorriu amigavelmente e Galateia veio até nós, passando as folhas que segurava.

— Eu achei. – Alertou e nos sentamos. Vicent sentou no chão de frente para nós duas que nos sentamos lado a lado.

— Eu não fiquei com a maior parte não? – Perguntei curiosa e Galateia conferiu com a sua.

— Realmente, quer trocar comigo? – Por que ela é tão gentil comigo?

— Tudo bem. Eu fico com essa. – Sorri e ela assentiu concordando.

— Deixa eu ver a de vocês. – Vicent pediu e virei a folha em sua direção. – MAIOR PARTE? – gritou e me mostrou a folha que segurava, que tinha praticamente as linhas todas escrita. – Vocês estão zoando com a minha cara? Isso aqui é uma bíblia, a de vocês não dá três parágrafos. – Reclamou.

— Da próxima vez, não reprova. – Galateia reclamou e ele negou com a cabeça.

— Tudo bem, aceito o meu castigo, mas sabem... Eu estava pensando de falarmos uma das línguas na hora da apresentação. – Propôs e o olhamos em curiosidade.

— É uma boa ideia, mas temos pouco tempo para aprender algo, porque tipo, a apresentação é amanhã. – Alertei e Galateia suspirou.

— Victória tem razão. – Amo a ouvir falando isso. Victória tem razão. É tão... Aaah.

— Mas a gente pode treinar de noite.

— Eu tenho hora pra chegar em casa. – Lembrei do meu toque de recolher e foi a vez dele suspirar.

— Podemos nos falar pelo Skype! Você da sua casa e a Ninfa e eu da minha. – Propôs e olhei para Galateia, que fez uma careta. Ela não gosta desse tipo de coisa. - Ou você poderia dormir lá em casa, mas não quero ser morto por seu pai, nem nada do tipo, então isso está fora de questão, né? – Perguntou e pensei um pouco. Eu adoraria, já que Galateia mora lá, mas se for levar pelo lado da lógica, eu estou nesse grupo há uma semana, não sei se meu pai deixa eu ir dormir na casa deles assim.

— Ah. Isso seria INCRÍVEL! – Galateia gritou animada e lhe olhei no susto por sua empolgação. Ela quer que eu durma na casa dela? – Quer dizer, é bom! Você pode ir? – Perguntou me encarando e senti meu rosto queimar. Por que ela tem que fazer uma carinha tão fofinha?

— Vou ligar pro meu pai. – Falei me levantando com o celular e me afastei a uma distância razoável deles enquanto realizava a chamada. Por favor, Deus! Toque no coração dele, ouça as minhas preces.

— James delicia falando.  Atendeu animado e suspirei. Pai só atende assim quando eu ligo.

— Paizinho.

— Opa! Cartão vermelho. Da última vez que ouvi você me chamar de paizinho tive que desembolsar uma fortuna. — Reclamou e me encolhi.

— Credo pai. Eu só queria um jogo novo, e nem foi caro, pão duro. — Resmunguei e ele gargalhou.

— Estou brincando, filhote. O que você quer do papai?

— Meu grupo quer inovar a apresentação de amanhã e... Resumindo, já que não gosta de enrolação. Posso dormir na casa da Galateia e do Vicent? – Perguntei de uma vez para não enrolar muito. Pai odeia que eu fique dando voltas para pedir algo.

— Hm. — Foi tudo o que disse, me fazendo abaixar a cabeça e suspirar. Esse “hm” pode significar um não. Pai pode ser superlegal, mas quando o assunto sou eu e aonde quero ir... Ele se torna muito protetor. Afinal, ele prometeu para minha mãe que cuidaria muito bem de mim, e tem cuidado. — Mas você vai passar em casa antes? — Quê?

— Como assim?

— Ué! Passar em casa e pegar roupas, ou seja, coisas de meninas. Vane vai fazer a macarronada que pediu e eu vou levar sorvete quando sair do trabalho.

— Sério? Vai deixar? — Perguntei empolgada e o ouvi gargalhar.

— Claro! Eu vou perder a oportunidade de te levar e ver a garota que anda roubando o seu coração? Mas nem morto. — Falou divertido e acabei rindo. — Fora que eu gosto que você finalmente esteja fazendo amigos. Ficar sozinha não parece muito certo, sua personalidade é perfeita demais para ser desperdiçada com mau humor.

— Hm... Você só tá falando isso porque minha personalidade é praticamente a sua. — Alertei e o ouvi rir.

— Claro né! Preciso me gabar das minhas crias, mas com você é um pouco difícil, já que vive trancada no quarto lendo. Papai precisa desligar agora. Tchau, filhote. Jhu quer falar com você.

— Tchau! — Me despedi esperando Jhu pegar o telefone e sorri que nem boba. Ainda não acredito que ouvi um sim. Vicent estava certo! Eu preciso começar a mexer com os piões do meu jogo de xadrez.

Vick! — Jhu saudou e sorri.

— Pai te levou para academia?

SIM! Hoje não teve aula e a mamãe o ordenou a tomar conta de mim. Ganhei bala de todo funcionário puxa saco dele. Estou me sentindo a filha de um rei. – Falou animada e ri alto.

Galateia Pov.

Olhei para folha em minha mão e Vicent esticou a cabeça para ver o que eu olhava, lendo em voz alta um pouco do que eu teria de falar na frente da sala e suspirei desviando minha atenção para Vick, que ria ao telefone. Quando estávamos falando com a Tiffany, ela ficou um pouco abalada depois. Isso é por causa do que aconteceu quando era criança? Quer dizer, ela se sente incomodada daquele jeito só de falar com garotas do tipo? Se for assim, tenho que pensar em formas mais radicais para me livrar delas quando Victória estiver por perto.

— Qual foi a dessa cara preocupada aí? – Vicent perguntou e lhe olhei confusa.

— O quê?

— Você, olhando pra Vick como se ela estivesse prestes a cair em um buraco. – Riu e neguei com a cabeça me encolhendo. Ok, talvez eu não esteja sendo nem um pouco discreta quando se trata de olhar pra ela, mas meu Deus, é quase inevitável.

— Ela meio que passou mal agora a pouco. – Contei e ele ergueu uma sobrancelha.

— Certeza que ela não teve um G panic? – Perguntou e lhe olhei de cenho franzido.

— E o que é um G panic?

— Esquece. Mas o que houve? Ela parece normal pra mim.

— Hã... Esquece também, não é nada. – Murmurei. Eu não vou contar pra ele o que a Vick me contou.

— Humm. Tenho certeza que ela ficará bem se você a ajudar como fez hoje. Ela estava até comentando o quanto você foi fofinha e carinhosa. – Alertou e me encolhi mais, não conseguindo evitar de sorrir. Eu estava quase entrando em desespero por ela parecer estar passando mal e ela diz que eu estava fofa? Quais são os critérios de fofura pra ela?

— Ela que é fofa. – Sussurrei.

— Resumindo, vocês acham que a outra que é fofa, quando na verdade as duas são. – Falou e lhe olhei curiosa. – Eu que não tenho nada de fofura aqui, mas vocês duas? Uns amores. – Sorriu e neguei com a cabeça. – E isso é indiscutível. – Murmurou. – Ela está voltando. – Alertou e ergui a cabeça, vendo que ela vinha em nossa direção cabisbaixa. - Ligou pro seu pai? – Vicent perguntou quando ela parou a nossa frente e a mesma assentiu depois de soltar um suspiro pesado. Oh... Acho que ela não pode ficar lá em casa.

— A gente apresenta da forma que íamos fazer antes, Victória. – Falei um pouco decepcionada e Vicent fez que sim com a cabeça. Seria uma das coisas mais perfeitas se ela pudesse dormir lá em casa, mas eu não posso querer tudo também. Acho que em uma semana, já consegui mais do que poderia desejar. Sempre quis falar com ela, e agora sentamos lado a lado e conversamos todos os dias. Talvez eu só precise parar de ter tantas expectativas em coisas que não dependem só de mim. Hoje eu tentei puxar conversa com ela usando um assunto aleatório, mas acabei citando o trabalho, porque não faço a mínima ideia do que conversar com ela. Então acho que não devo ter expectativas nem em coisas que dependem completamente de mim.

— Quê? Agora que ele deixou vocês querem mudar os planos? – Perguntou começando a rir e sem querer soltei um gritinho junto do Vicent, me encolhendo logo em seguida. Meu Deus! Eu soltei um grito.

— AÍ SIM, PORRA! Hoje tem mais risadas especiais na minha sala. Vou ligar pra Sam e chamar ela lá pra casa. – Vicent saiu com o celular e Vick se sentou ao meu lado no banco. Meu Deus! Eu estava agora mesmo lamentando e tudo deu certo?

— Vou ter de passar em casa antes. – Alertou e assenti sorrindo, girando a folha em minha mão. Ela vai dormir na minha casa. – Vane me prometeu macarronada e... meu pai quer me levar também. – Contou e lhe olhei por alguns segundos, focando minha atenção em seus olhos verdes, tentando parar de sorrir.

— Que bom que poderá ir. Vai ser divertido. – Falei baixo e ela corou abaixando a cabeça. Divertido? Vai ser a melhor noite da minha vida. Isso vai ser fantástico. - Gosto da sua companhia. – Confessei impulsivamente e olhei para o chão rapidamente. O que eu acabei de dizer?

— Eu também gosto da sua companhia, bastante. – Falou e me encolhi no lugar. Ela gosta? De verdade? Tipo, de verdade mesmo? Escondi um sorriso e estendi a folha que segurava para ela. – O que foi?

— Vamos trocar. – Alertei.

— Não. Eu disse que não precisa. – Sorriu e estiquei a outra mão, pegando a folha que ela segurava, colocando a minha no lugar. – Galateia! – Reclamou e pisquei em sua direção, começando a ler minhas novas falas. Eu não quero que ela fique com a parte maior se já reclamou dela antes. – Você é muito autoritária. – Murmurou e sorri.

— Por sua vez, idioma é um termo referente a língua, usado para identificar uma nação em relação as demais e está relacionado a existência de um estado político. Por isso, espanhol é um idioma, mas o basco, não. O português por sua vez, é uma língua e um idioma. – Comecei a ler a parte que deveria ser dela em voz alta, mas ri por meu ombro ser empurrado para o lado.

— Olha só! E ainda é abusada. – Reclamou com uma risada e empurrei seu ombro de volta.

— Você reclamou da sua parte, agora fique com a minha.

— Eu reclamei por reclamar. – Falou entre risos. – Não era pra você correr e me dá a sua parte.

— Mas eu não corri, só movi a mão. – Zombei e ri por ganhar um tapa ardido no braço.

— PORRA, ME DESCULPA. – Pediu assustada e abaixei a cabeça para rir mais. – Meu Deus, eu não queria! Saiu sem querer, Galateia. Me perdoa. – Eu não creio que ela me acertou um tapa porque zombei dela. Meu Deus, que fofa.

— Nem doeu, você não sabe bater. – Provoquei e sua expressão assustada se tornou uma boca aberta em descrença. Será que eu ousei demais?

— A é? E você sabe? – Perguntou estreitando os olhos e sorri.

— Quer que eu te ensine? – Propus e ela se ergueu em um salto.

— Só se for agora! Bora, levanta daí se tem coragem, cai pra dentro. – Chamou dando pulinhos no lugar, socando o ar para imitar um lutador de boxe. – Meu pai me ensinou a socar narizes, então eu teria cuidado se fosse você. – Alertou e ri me levantando do banco. Ela está me desafiando?

— Que medo. – Provoquei, desabotoando o terno do meu uniforme para ficar em posição de defesa de socos. – Eu faço karatê desde os cinco anos. – Alertei e ela riu.

— Bom que não pode me bater, se não leva processo! – Ameaçou. – Já eu, posso te surrar sem medo algum. – Veio em minha direção tentando não rir.

— Se você conseguir, pode. – Desafiei e movi o braço tentando segurar a risada por ela mover um soco em câmera lenta na minha direção. – Você realmente pode me socar de verdade. – Alertei ao segurar seu punho direito no ar.

— Eu não, tá louca? – Falou divertida e movi a outra mão para apoiá-la na divisa do seu antebraço, mantendo seu punho direito erguido no ar.

— Se eu quiser te derrubar, é só bater meu pé bem aqui. – Movi o pé direito, o tocando suavemente de lado na sua canela.

— Não se eu te acertar uma joelhada nas suas partes intimas. – Ameaçou e ri, soltando seu punho.

— Eu te derrubaria muito antes, acredite. – Afirmei. Eu me gabo de poucas coisas na vida, ser boa no karatê é uma delas.

— Você é muito convencida. – Falou divertida e dei de ombros.

— Quem foi que disse agorinha que ia me surrar?

— A mas agora eu vou mesmo! Prepare-se para chorar no cantinho. – Voltou a ficar na posição de ataque e ri voltando a me colocar em defesa.

— O que vocês duas estão fazendo? – Vicent perguntou e Vick olhou para o lado.

— Eu vou bater na Galateia. – Decretou. – Ela pediu para apanhar.

— O quê? – Olhou para mim em confusão e ergui ambas as mãos para o alto.

— Ela acha que consegue, iludida.

— Como ousa? Agora você apelou, prepare para morrer. – Veio rápido em minha direção e agarrei seu braço a girando no local e lhe imobilizando com os dois braços atrás das costas.

— O que estava dizendo? – Perguntei, apoiando o queixo em seu ombro e Vicent abaixou a cabeça para começar a rir. – Consegue se livrar, espertona? – Desafiei e ela ficou em silêncio por um momento.

— Não quero. – Sussurrou e ri.

— Ah não? Pra mim isso é como um “não consigo”. – Provoquei.

— Pela cara dela? Não quer mesmo. – Vicent falou divertido e franzi o cenho. Ela consegue? Mas como?

— No sério? Então vejamos. Saia daqui. – Soltei seu pulso para passar o braço esquerdo por sua cintura, usando o direito para passar por cima do seu e curvar minha mão por trás do esquerdo, segurando firme entre seu antebraço. – Vamos ver agora. – Usei a mão esquerda para segurar na curva do antebraço direito e sorri satisfeita por minha imobilização. Agora ela não consegue, duvido. – Consegue? – Perguntei divertida e Vicent fez um bico para segurar o riso.

— Creio que agora ela morre, mas não sai. – Brincou e ri antes de soltar seus braços e subir os meus para lhe abraçar com carinho, deitando a cabeça em seu ombro.

— Só pra constar, você parece ter um bom cruzado de direita. – Confessei e ela assentiu ficando em silêncio.

— Pois eu duvido se você consegue me acertar. Anda, sai daí e vem, cai pra dentro. – Vicent chamou e ri afastando meus braços dela, deixando que fosse brincar com ele, mas invés disso ela riu e foi em direção a piscina.

— Deixa para outra hora. Já que vou dormir na casa de vocês, irei nadar pelo menos uma volta. – Alertou sem olhar para trás e franzi o cenho olhando para Vicent, que abaixou os punhos.

— Eu fiz alguma coisa errada? – Perguntei preocupada e ele riu sacudindo a mão. Eu não devia ter abraçado ela?

— Ela só vai nadar. O que foi? Tá com saudade? Vai lá ficar perto dela. – Brincou e olhei para Vick, que entrava no vestiário. Eu acho que não devia ter lhe abraçado, ela pode ter... Achado estranho.


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Notas finais do capítulo

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