Mirror Myself In You escrita por LadyDelta


Capítulo 19
Somebody To You.


Notas iniciais do capítulo

Olá, como vai? Então, esse capítulo será complementado com outro, porque seria apenas um, mas deu 12k de palavras e eu não irei postar uma paradinha grande assim.

Eu sei que não apareci na segunda, mas estava só a derrota. Então essa capítulo sai agora e o outro, até no horário normal de postagem, ok?

Playlist da história.

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Música para esse capítulo: The Vamps Feat. Demi Lovato - Somebody To You

~Boa leitura.



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Victória Pov.

Ontem foi o dia mais feliz da minha vida até o momento atual. Galateia não só me chamou de amiga quando íamos ver o filme, como ficou sentada ao meu lado todo o tempo. Assistir ao filme com todos foi tão legal também, Sam é adorável e ver o Vicent tentando imitar os ratinhos foi um dos momentos mais icônicos da tarde, mas de tudo, as risadas da Galateia ultrapassaram qualquer coisa. A risadinha dela é muito fofinha, o tom dela fica fininho e parece uma criancinha rindo, a coisa mais gostosa do mundo. Eu devo ter passado o filme todo olhando pra ela, só pra ver sua risada quando acontecia uma coisa engraçada.

Depois que o filme acabou e eu informei que precisava mesmo vir embora, ela ligou para o motorista e ficamos todo mundo na sala, conversando sobre coisas aleatórias e quando ele chegou, fui me despedir de todos, abraçando cada um deles, até mesmo o Vicent. Deixei Galateia por último, porque era certo que iria me tremer toda logo depois. Ter ela me apertando em seu corpo foi maravilhoso e satisfatório demais. Depois ela me acompanhou até o carro e seu motorista me trouxe para casa pela segunda vez, me deixando frente a portaria.

Durante a noite eu demorei horrores para dormir, porque não conseguia parar de pensar na risadinha fofa da Galateia e em como ela riu bastante. Eu nunca tinha visto ela rir tão gostosamente daquele jeito e poder estar presente, foi algo muito significativo pra mim. Eu queria ter mandado mensagem pra ela, mas achei que seria grudenta demais, se visto que passamos o dia todo juntas. Então com muito custo fui dormir e agora me apronto para ir pra escola.

— Vick. – Jhu me chamou da porta do quarto e a olhei curiosa, parando de escovar meu cabelo. - Sabe... Você está na frente desse espelho à manhã toda. Não vai acontecer um milagre não. – Implicou e sorri.

— Sabia que você está merecendo uns tapas? Desde quando eu preciso de milagre para ser linda? Nasci perfeita, meu bem. – Usei da autoestima que não tinha e ela riu.

— Sei! Se fosse tão perfeita assim, não ficaria três horas na frente do espelho. A Galateia vai ser sua amiga, mesmo você continuando feia. – Implicou e revirei os olhos. Maldita hora que contei pra ela que a Galateia me chamou de amiga ontem.

— Diz logo o que você quer comigo. – Resmunguei emburrada, ajustando o nó da gravata. Normalmente eu a deixo solta por achar algo chato, mas parece um pouco estranho ficar feito uma delinquente quando a Galateia está toda arrumadinha e impecável ao meu lado.

— Mamãe me proibiu de mexer no meu computador. Posso usar o seu?

— Ela não te proibiu? – Perguntei curiosa e ela revirou os olhos como se eu tivesse dito uma idiotice.

— Proibiu de mexer no meu, não disse nada sobre o seu. Posso? – Essa criança tem futuro, meu Deus.

— Mexe. É só não deixar ela te pegar fazendo isso. Conhece as regras, né?

— Sim! Você não viu nada e não sabe de nada.

— Boa garota. Como eu estou? – Perguntei dando uma rodadinha e ela ergueu uma sobrancelha.

— O que te deu para arrumar essa gravata direito? Normalmente você coloca, mas dois segundo depois desfaz o nó.

— Galateia. Quero ficar arrumada ao critério para ficar do lado dela o dia todo. – Alertei, pegando o terno sobre a cama e colocando por cima da blusa branca, passando a mão sobre ele para ajeitar.

— Se você abotoar isso, vai ficar estranho. Não feio, mas estranho mesmo, já que não faz seu estilo. – Falou e parei meus dedos que abotoariam o terno. Olhei-me no espelho e o arrumei aberto. – Galateia usa isso fechado? – Perguntou curiosa e assenti várias vezes. Galateia está sempre impecável, parece até que se arruma com cinco horas de antecedência. – Ela deve ficar muito fofa. – Falou e sorri.

— Linda, ela é muito linda de uniforme. – Contei. – Eu acho que assim está bom, não é? Não estou impecável, mas também não estou largada.

— Está linda. Você fica bem de preto. – Alertou e olhei mais uma vez para o meu reflexo. - Por que eu tenho de ser loira e você ter esse cabelo incrivelmente preto? Isso não é justo. – Reclamou e ri.

— Pai é loiro, você puxou pra ele. Eu sou morena por causa da mamãe. – Avisei e ela revirou os olhos.

— Também é injusto não ser minha irmã por parte de mãe. Nós não temos nada em comum. – Reclamou e sorri me lembrando do que Galateia disse na estação.

— Galateia disse que nossos narizes são iguais. – Contei e ela correu para perto de mim, se olhando de vários ângulos no espelho.

— Meu Deus! Ela está certa. Como eu nunca notei antes? – Perguntou animada e sorri.

— Você está se saindo uma sentimental adorável. – Falei divertida e fiz um delicado carinho em sua cabeça. - Pode mexer no meu computador e comer os doces que tenho na gaveta, ok? – Ela assentiu e saí do quarto jogando minha franja para trás. Será que Galateia vai perceber que estou mais arrumada hoje?

— Meu Deus. Vanessa! Chame o paparazzi, porque minha filha é uma celebridade. – Pai brincou assim que adentrei a cozinha, se levantando da cadeira onde estava sentado e vindo até mim. - Eu sou um bom progenitor, né? Olha só que coisinha mais linda e perfeita que fiz.

— Para pai.

— Mas estou errado? Olha só que perfeição. Eu mereço aplausos. – Bateu palmas para si mesmo e em seguida me deu um beijo na testa. - Quer carona?

— Você me oferecendo carona? Que milagre é esse?

— Oushe! Seu pai não pode mais te oferecer carona? – Murmurou e olhei para Vanessa, que negou com a cabeça e guardou as garrafas de água na geladeira. Isso significa que meu pai é suspeito.

— Claro que pode, eu só fiquei surpresa com a notícia. – Isso é realmente estranho. Meu pai geralmente não me dá carona, porque a academia dele só abre mais tarde. Muito suspeito.

— Ok! Papai só vai tomar um cafezinho. Te deixar frente a escola? – Perguntou indo pegar um pouco de café e assenti.

— Frente a escola. - Ontem na casa da Galateia as coisas foram muito legais. Descobri que a Sam toca piano e já saiu em noticiários. Embora ela tenha dito “não que eu seja tão boa assim” era óbvio que só estava sendo modesta, já o Vicent só faltou bater no peito para expressar seu orgulho pela namorada, que ficou vermelha quando ele gritou que ela era foda.

Conhecendo a Sam ontem, percebi porque vira e mexe o Vicent a cita, quer ficar com ela ou tenta cabular o trabalho de escola para sair mais cedo. Sam é uma garota maravilhosa, com um senso de humor adorável. Agora sei que o que a Galateia disse sobre o Vicent, é totalmente verdade. Ele em hipótese alguma pensaria em trocar de namorada, porque a menina é muito perfeita.

O mais engraçado do dia, foi ela dizendo que queria assistir um filme que tinha visto na noite passada em uma lanchonete. Eu observei a conversa dos dois em curiosidade quando ela disse ser de animação, para ver se por um acaso conhecia o filme. Quando ela citou que eram ratos e que tinham um barco, foi impossível não lembrar. Eu conheço praticamente todo filme animado por causa da Jhu, porque ela os ama. Então foi fácil lembrar do nome e ver os dois superanimados para assistir ao filme foi maravilhoso. Fora que não acredito que a Galateia me chamou de amiga! ELA ME CHAMOU DE AMIGA. No carro eu me apresentei como uma mera componente de grupo de trabalho, porque não sabia como ela me considerava, mas fui chamada de amiga algumas horas depois. Ela me considera amiga.

— Nós podemos ir. – Pai alertou rodando as chaves na mão e sorri indo pegar minha mochila.

— Vane, hoje você pode fazer macarronada no jantar? – Pedi ao voltar para cozinha e cobri os olhos com a mão esquerda por ver que ela e meu pai se beijavam. – Eca, vocês não podem ficar fazendo essas coisas em um espaço compartilhado da casa. Eu não sou obrigada a ver esse tipo de pouca vergonha. – Brinquei e pai riu se afastando dela para vir em minha direção.

— Invés de reclamar, vamos logo?

— Eu tenho que pegar o lixo. – Alertei pegando a sacola preta e Vane parou de lavar os pratos para me olhar em curiosidade.

— Farei macarronada. – Avisou e sorri indo em sua direção para deixar um beijo em seu rosto. – Hummm está muito amorosa. Pra mim isso é coisa de gente apaixonada. O que acha, James? – Perguntou para meu pai, que cruzou os braços para rir.

— Concordo, amor. Gente apaixonada se torna mais carinhosa com as pessoas ao seu redor.

— Uhum, mais atenciosa também.

— Calem a boca. – Reclamei não conseguindo deixar de rir dos dois idiotas. – Eu não posso ser boazinha com vocês que já jogam essa pra cima de mim. Eu estar apaixonada não tem nada a ver.

— A lá, confirmou que está apaixonada. – Pai apontou o dedo como uma criança e revirei os olhos.

— É pai, assim como 90% dos adolescentes da minha idade. A gente pode ir agora? – Pedi e ele assentiu.

— Antes que saia. Viu a Jhu? – Vane perguntou colocando os copos para secarem e dei de ombros.

— Vi não, deve estar se arrumando. – Menti, saindo pela porta acompanhada do meu pai. Regra oficial quando ela mexe nas minhas coisas que a Vane proibiu: Eu não vi, não sei de nada.

XxX

Desci do carro fechando a porta e acenei para meu pai, que buzinou antes de fechar o vidro para dar partida de novo. Assim que o carro afastou, um sorriso enorme ocupou meus lábios por ver Galateia descendo do dela enquanto falava no telefone. Dei um pulinho no lugar e fui em sua direção, sorrindo por ela me ver ao tirar o celular do ouvido.

— Hey, Victória. – Saudou e cheguei mais perto dela. – Parece que chegou mais cedo hoje. – Comentou.

— Hey! Meu pai me trouxe de carro, então cheguei um pouco mais cedo sim. – Alertei e ela fechou a porta do carro para sorrir.

— Você já vai entrar? – Perguntou e assenti.

— O Vicent não vem? – Questionei enquanto seguíamos para o segundo andar e ela pensou um pouco.

— Ele passou na casa da Sam, daqui a pouco chega. – Contou.

— Você dormiu bem? – Perguntei na intenção de puxar assunto e seu olhar seguiu para o meu.

— Dormi muito bem, e você?

— Não completamente, eu demorei a dormir, então descansei pouco. – Fui sincera e entramos juntas na sala de aula. – O que faz antes de dormir?

— Normalmente escrevo no meu diário. – Revelou e me sentei no nosso lugar ao seu lado.

— Você tem um? – Dã! Se ela acabou de dizer que escreve nele.

— Tenho sim, desde que eu tinha 11 anos.

— Nossa, você é muito dedicada. Eu não tenho paciência para escrever como foram os meus dias. Minha mãe insistia bastante quando eu era menor, mas eu nunca gostei. – Contei e ela sorriu.

— Eu ganhei o meu diário, então acabei que pegando gosto de escrever nele. – Hã?

— Você ganhou o seu diário? Com 11 anos e escreve nele até hoje? Como? – Perguntei surpresa. Isso não é possível.

— É um caderno desses. – Alertou pegando um caderno dentro da mochila e me mostrando.

— Aaaah um caderno inteligente, entendi. – Sorri e olhei para minhas próprias mãos em silêncio. Eu não sei mais que assunto puxar.

— Você vai fazer natação hoje? – Perguntou e lhe olhei empolgada. Ela está arrumando um assunto.

— Vou sim! Débora vai tentar me matar de maneiras inusitadas. Você vai dormir? – Questionei curiosa.

— Não, hoje eu acho que ficarei repassando as falas do trabalho. – Alertou e assenti me encolhendo. Eu gosto quando ela fica no ginásio, nado bem melhor. – Mas vou ficar lá no ginásio, então... Se quiser estudar um pouco também, ou... Não sei, talvez queira repassar alguma coisa. – Falou tirando seus materiais da bolsa e sorri. Ela é muito fofa, pelo amor de Deus.

— Claro! Eu vou parar um pouco mais cedo e vou me sentar com você. – Garanti.

XxX

Abri os olhos e senti o vento fresco bater em meu rosto por estar na ponta de um morro. Ouvi o cantar dos pássaros em minhas costas, onde existia uma enorme floresta e a minha frente tudo o que eu podia ver era o oceano com água tranquila. Olhei para os lados animada e sorri antes de pular e mergulhar na água gelada do oceano. Assim que fiquei submersa, uma cauda esverdeada de sereia começou a cobrir minhas pernas e toda água ao meu redor pareceu se tornar leve, tanto que me atrevi a tentar respirar, arregalando os olhos por conseguir.

— Mas o quê? Sou mesmo filha de Poseidon? — Perguntei a mim mesma. Deus eu sempre caía como filha de Poseidon nos meus testes no BuzzFeed, e claro que também sempre foi meu pai depois que li Percy Jackson, mas caralho. SÉRIO? – EU SOU UMA SEREIA, CARALHO. – Gritei e comecei a nadar de um lado para o outro, curtindo minha cauda maneira. É meio óbvio que eu estou sonhando, mas quer saber? Esse sonho é demais. Sou uma sereia mergulhando nas profundezas do oceano. EU SOU A PORRA DE UMA SEREIA.

— Você aí, pare agora mesmo. — Parei de nadar no susto e olhei para trás ao ouvir uma voz bem conhecida. Não acredito que possa ser o que estou pensando. Estou sonhando com a Galateia? — O que te faz pensar que pode nadar no meu território? – Perguntou e sorri de canto ao vê-la se aproximando de mim, usando um fino vestido branco quase transparente, que por estar em contato com a água, eu podia ver claramente as curvas do corpo dela. Seu cabelo seguia o ritmo em que a água se balançava e ela não tinha cauda, apenas suas pernas. Porra! Por que eu não sonho com ela mais vezes? Tão linda.

— Ora... Eu sou sua amiga! — Brinquei, sorrindo amarelo por ela fazer uma expressão desgostosa.

— Eu quero que saia. Você não é minha amiga, deixou de ser a muito tempo. – Falou e arregalei os olhos.

— O quê? Eu não deixei de ser! Me tornei sua amiga agora.

— Não. Você me deixou e desde então eu estive sozinha. Eu não quero que fique no meu território. Você é uma Sereia, e Sereias levam as pessoas para o fundo do oceano. Isso é o mais fundo que eu posso ficar, porque se me afundar mais, não vou conseguir voltar. – Falou triste e olhei para baixo, vendo que era escuro, completamente escuro.

— Ok... Mas... Hey! E você é uma Ninfa. Ninfas não moram na água! – Alertei confusa. Sei que é um sonho, mas... Por que ela parece triste?

— Foda-se! – Reclamou ficando irritada e ergui as mãos frente ao corpo em surpresa. - Esse lugar aqui é meu! – Ralhou e veio em minha direção. - E eu decreto, não quero que fique. — Começou a me empurrar para cima na intenção de me tirar da água, mas movi minha cauda rapidamente e nadei para trás de seu corpo.

— Me deixa ficar. – Pedi indo para tocar suas costas, mas antes que conseguisse, seu corpo se moveu para longe do meu. – Galateia...

— Não chegue perto de mim. – Rosnou e engoli em seco. Mas que porra é essa? Um pesadelo?

— Não... Galateia, olha... Eu posso ficar aqui com você. — Alertei e ela negou com a cabeça.

— Não pode. – Sussurrou e olhou para baixo, arregalando os olhos e sendo rápida em nadar na minha direção, se escondendo atrás do meu corpo para agarrar meus braços com as mãos trêmulas. Olhei para o fundo tentando entender do que ela ficou com medo, começando a sentir medo também por não conseguir ver nada além de escuridão. – Eu não quero ficar sozinha. – Sussurrou e girei meu corpo em sua direção, vendo que estava prestes a chorar.

— Você não precisa. Eu fico aqui com você, já viu o tamanho desse lugar? Ninguém deveria ficar sozinho aqui dentro. – Falei carinhosa e ela mais uma vez se afastou de mim, mas dessa vez em um nado lento.

— Mas... Foi você que me jogou aqui. – Sussurrou e abri a boca em choque. O quê? – E agora você quer me levar para o fundo. – QUÊ?

— O QUÊ? Não! A única coisa que eu quero é me aproximar mais e mais de você. — Murmurei e sua expressão triste foi transformada em uma confusa.

— O quê?

— Galateia... Gosto de você. – Contei e seus olhos se abriram surpresos.

— Não acredito em você. Seu gostar é superficial. – Falou e foi minha vez de arregalar os olhos.

— Não! Eu... É um sonho, mas... Eu acho que te amo, Galateia. De verdade.

— Um sonho? – Perguntou confusa, tombando a cabeça para o lado em curiosidade. – Como assim um sonho?

— Amada? Estamos embaixo da água, falando e respirando como se estivéssemos em um parque. – Revelei e ela olhou em volta.

— Parece real pra mim.

— Não é real. – Garanti.

— Talvez não seja pra você. – Falou e abri a boca em choque. Meu Deus? Por que ela está sendo assim comigo?

— Não! Por que você está falando assim comigo? Eu não quero te levar pro fundo ou te fazer mal. Só quero te conhecer melhor. – Falei e ela negou com a cabeça.

— Você me conhece melhor do que qualquer um. – Alertou e pisquei várias vezes.

— Seria meu sonho? – Perguntei e ela ergueu os braços mostrando em volta.

— Segundo você, estamos nele. – Falou e fiz um bico emburrada.

— É uma expressão. – Expliquei.

— Não sou muito expressiva. Tenho dificuldades nesse quesito. – Falou e pisquei confusa.

— Espera. Você joga essa informação assim no ar? – Perguntei cogitando se era ou não uma verdade e se é... Por que a Galateia do meu sonho diria isso? Quer dizer, a real disse algo parecido, mas...

— Estamos embaixo da água, não tem ar aqui. – Falou e ri do seu tom de voz, como se o que eu dissesse fosse um absurdo. Por alguma razão, eu me sinto muito confortável perto dela, e o mesmo vale para ela, sei lá, ela parece bem mais descontraída comigo. Talvez seja só algo da minha cabeça.

— Ok, não importa. Eu não me importo se você não é boa em se expressar. Quero ficar, se você permitir. Agora... Se você não quiser, não me resta escolha a não ser aceitar sua vontade. – Falei e ela suspirou.

— O que eu mais quero é que você fique. — Sussurrou e meus olhos praticamente brilharam.

— Sério? Então eu posso?

— Se não me esquecer. — Resmungou e coloquei ambas as mãos em seu ombro, me aproximando de seu rosto. É um sonho, certo? Será que eu consigo beijar ela? Tipo, preciso de um clima ou posso simplesmente pedir?

—Você me beijaria? – Perguntei e ela ergueu uma sobrancelha.

— Me convença. – Não acredito. Minha vida é difícil até em sonhos?

— Tá... Humm vejamos... Eu quero te beijar. – Tentei e seus olhos se estreitaram.

— Hm, falta a parte do me convencer a fazer isso. – Saco.

— Eu sou bonita.

— E daí? Eu também sou.

— Você é perfeita garota, cala a boca. Bonita? Você é uma deusa. – Reclamei e ela riu baixinho. - Sabia que o beijo de uma sereia dá a vida eterna e o de uma ninfa o oposto? — Perguntei e ela ergueu uma sobrancelha confusa.

— Não... Eu não sabia. Espera! Eu mato as pessoas? – Perguntou em susto e ri divertida.

— Não sei, você mata?

— Eu não! Quer dizer, as vezes tenho vontade, mas nunca cheguei nesse extremo. Fora que não saio encostando minha boca em qualquer coisa.

— Hum, eu gostaria de saber o que aconteceria se caso uma sereia beijasse uma ninfa – Deixei subtendido e ela franziu o cenho por alguns segundos.

— Acha isso o suficiente para me fazer querer te beijar? — Perguntou prepotente e, mesmo sendo um sonho, senti meu rosto esquentar.

— Talvez.

— Talvez?

— É! Eu... Eu não sei flertar. Me ajuda aí. – Murmurei me encolhendo.

— E se eu quiser mesmo que você não saiba como me convencer? — Perguntou e sorri de canto me aproximando mais um pouco de seu rosto, levando minha mão no mesmo e fazendo um leve carinho.

— Então você quer?

— Talvez. Você ainda quer?

— O que quiser. — Sussurrei fechando os olhos quando seu rosto chegou ainda mais perto do meu.

— Espera. — Pediu colocando dois dedos em meus lábios e a olhei desorientada quando a mesma abriu a boca e um som estridente saiu de lá, como se fosse uma sirene. Fechei os olhos tampando os ouvidos e o som parou. Abri os olhos de novo e estava na sala de aula, que se encontrava praticamente deserta, exceto por Vicent, que estava sentado na minha frente mexendo no celular. AH, VAI TOMAR NO CU. NÃO ACREDITO.

— Olha só! Parece que a gatinha acordou. – Vicent falou desviando a atenção para mim e bufei, deitando a cabeça sobre meus braços. Maldito sinal do intervalo. Eu te odeio! Eu ia beijar ela, inferno.

— Onde está a Galateia? – Perguntei erguendo a cabeça e olhando para os lados, não a vendo em lugar algum. Onde ela foi?

— Ela foi ao banheiro e depois vai me comprar suco.

— Ah... – Deitei a cabeça de novo, deixando minha atenção na entrada da sala.

— Ela vai demorar, Vick. Acabou de sair. – Alertou e suspirei, olhando em direção à janela. Bem que ela podia ter me acordado para ir com ela, já que agora somos amigas. - Sabe... Você está com uma carinha de cachorro sem dono. – Ouvi a voz de Vicent ecoar pela sala e suspirei.

— Não seria uma gatinha sem dona? – Perguntei com desânimo.

— Nossa! Ok então. Desculpa aí, gatinha. – Comecei a rir e percebi que ele me olhava com uma expressão de curiosidade. Espera, eu disse dona?

— Que foi? Por que tá me olhando assim? – Perguntei preocupada e ele negou com a cabeça sorrindo.

— Nada. Só imaginando o que aconteceria caso uma sereia e uma ninfa se beijassem. – Falou e arregalei os olhos lentamente, levantando minha cabeça da mesa e o olhando assustada. Não! Eu não falei dormindo, eu não posso ter falado.

— Do que você está falando? – Perguntei me fingindo de desentendida. Não vai funcionar, eu sou muito ruim em disfarçar.

— Sabia que o beijo de uma sereia dá a vida eterna e o de uma ninfa o oposto? – Perguntou e me engasguei com minha própria saliva, começando a tossir sem parar. Eu não acredito! CARALHO. - Calma gatinha, ou devo dizer sereia? – Perguntou de novo e cobri a boca continuando a tossir desesperadamente. Eu falei dormindo? Que desgraça! Nunca acreditei na Jhu quando ela me acusava de recitar a bíblia dormindo. Bem feito pra mim. Ela já me gravou dormindo e tentando nadar, ninguém manda eu ser tapada.

— Olha... – Comecei assim que minha tosse teve fim e ver a expressão curiosa dele sobre mim fez minhas mãos tremerem. - Não é nada do que deu a entender. – Sussurrei e ele gargalhou.

— Sério? Por que parece que você gosta da Galateia.

— Só parece. – Menti e sua risada soou alta.

— Sabe gatinha, ontem lá em casa... – Começou, o que me fez engolir em seco. Eu não fiz nada ontem, tenho certeza que não fiz. Só assistimos ao filme e eu fui embora. Será que dei tanta bandeira assim do que estava sentindo? - Quando levei Sam para dentro. – Lembrou e as batidas de meu coração começaram a acelerar na medida em que ele fazia suspense. - Ela sorriu para mim e disse. “Que fofa que é a Vick! Ela é completamente caidinha pela Galateia.”— Abri a boca em um perfeito “O” e o ouvi gargalhar de novo.

Droga, mil vezes droga. O que a de errado comigo? Eu estou usando pisca-piscas na testa dizendo “Amo a Galateia”? Caralho! Isso não é justo. O que eu faço de errado? Como todo mundo descobre isso sendo que eu nem sequer abro a boca para falar? Aaah. Primeiro foi a Débora, o cocô, depois a menina da papelaria e agora a Sam? E pior! Claro né? Porque tinha de piorar pro meu lado. Agora Vicent sabe. TODO MUNDO SABE QUE EU SOU LÉSBICA?

— Eu... Olha...E-eu não...

— Nossa, Vick! Relaxa. Respira bem devagar e se acalma. Você está tão vermelha que parece que vai explodir. – Falou parando de rir e fiz o que disse, respirei fundo na tentativa de me acalmar. É tão óbvio assim que eu gosto da Galateia? - Não precisa ficar tão desesperada assim por eu saber disso. Tá, você é lésbica! E daí? Na verdade... Depois de ontem, eu shippo vocês duas. – Falou enquanto eu inspirava e expirava lentamente, mas parei de fazer isso o encarando surpresa. Eu ouvi bem? Eu acabei de ouvir a palavra shippo?

— Você o quê?

— Eu shippo vocês! – Falou sorridente e as batidas de meu coração foram se normalizando lentamente. Espera! Ele não acha isso estranho?

— Shippa... – Calei-me piscando algumas vezes e ele sorriu carinhosamente para mim. - Shippa a gente? Juntas? Como casal? – Perguntei por fim. Não acredito nisso.

— Claro! Por que não? Vocês são tão fofas quando estão juntas. – Ok! Eu estou morta, né? Porque não faz sentido o Vicent estar me falando isso desse jeito. É isso! Eu morri dormindo e isso aqui é o céu. - Own! Você está tão vermelha. – Brincou e comecei a rir do biquinho que ele fez. Isso não é um sonho? - Agora sim! Agora sim você está tendo a reação esperada. – Comentou neguei com a cabeça parando de rir.

— Vicent... Me diz uma coisa. É tão obvio assim que eu...

— Que tem um verdadeiro precipício pela Ninfa? Olha, eu até que não tinha reparado nada, mas depois que a Sam me alertou, é bem óbvio. Acho que é porque eu já olho pra vocês duas procurando momentos gay. – Falou com um sorriso e suspirei aliviada. – E tem esse jeito que você olha pra ela. Eu notei isso hoje porque sento de frente pra vocês.

— Que jeito? – Perguntei curiosa.

— De um jeito tipo... Ela é tão linda. Sério mesmo Vick, seus olhinhos só faltam brilhar.

— Aaah. – Deitei a cabeça na mesa e senti um leve carinho na mesma.

— Não se preocupe gatinha, se depender de mim, você terá muita sorte com minha prima.

— Como assim? Galateia gosta de meninas? – Perguntei esperançosa e ele começou a rir de forma divertida.

— É desses olhos que estou falando. – Fiz um bico emburrada, analisando sua expressão pensativa. - Eu sinceramente não sei dizer qual é a orientação sexual dela, mas do que isso importa? – Perguntou divertido e sorriu para mim logo em seguida. – Galateia parece à vontade perto de você. Fora que nunca vi ela tendo interesse por qualquer rapaz.

— Então não é coisa da minha cabeça ela ficar à vontade perto de mim? – Perguntei e ele negou com a cabeça.

— Você acha que Galateia faria a brincadeira do Oscar se fosse somente Sam e eu? Claro que não. Aquela ali é mais fechada e protegida que o cofre de um banco.

— Não fala assim. – Resmunguei e ele fez outro biquinho.

— Own! Falo sim. – Fez uma voz fina e ri divertida. - A Ninfa é uma chata.

— Fique sabendo, que você não está em primeiro lugar na minha lista de divertidos. – Ouvi a voz de Galateia e olhei em direção à porta, a vendo entrar na sala com uma sacola cheia de coisas.

— Aaaaaah Você voltou. – Vicent disse animado e Galateia fez uma careta de desgosto pra animação dele, se sentando do meu lado e mexendo na sacola que havia trago. Desviei os olhos dela e deitei a cabeça sobre meus braços para olhar em direção a porta. Acabei de descobrir que olho para Galateia de forma estranha, daqui a pouco ela mesma vai me perguntar se sou a fim dela. - Onde estava que demorou tanto? – Perguntou e ela suspirou.

— Eu comprei as coisas que me pediu, bebi água e depois fui ao banheiro.

— Hum! E por que não levou a gatinha? Amigas vão juntas ao banheiro, né? – Olhei para Vicent curiosa e recebi uma piscadinha de volta. Eu mereço? Agora ele vai ficar piscando pra mim o tempo todo?

— Hum... Tem razão. Dá próxima vez eu te chamo, Victória. – Alertou e sorri negando com a cabeça.

— Uau! Que divertido ir ao banheiro da escola. – Falei fingindo empolgação e os dois começaram a rir.

— Ok então! Da próxima vez não te levo para passear comigo também. – Passear? No banheiro?

— Nossa! Até porque, o banheiro é um ponto turístico badalado. – Brinquei e um choque percorreu meu corpo quando ganhei um leve carinho na cabeça por parte dela.

— Cala a boquinha. – Pediu e olhei totalmente surpresa pro Vicent, que tinha os olhos brilhando pela atitude dela.

— Sabe o que eu estava pensando? O nosso trabalho será apresentado amanhã. – Vicent começou e Galateia o encarou enquanto ainda fazia carinho em minha cabeça. ELA TÁ FAZENDO CARINHO EM MIM.

— O que tem?

— O que tem é que ainda não ensaiamos nada.

— Faremos isso em casa. – Comentei e Galateia sessou o carinho em minha cabeça para pegar algo em sua sacola.

— Victória tem razão. Trouxe seu suco, Vicent. – Entregou uma caixinha pra ele e outra caixinha foi colocada a minha frente, mas não era suco e sim um toddynho.

— Pra você, Victória. – Alertou e sorri, erguendo minha cabeça para sacudir a caixinha para furar. Ela não sabe disso, mas eu prefiro toddynho a suco, sempre preferi. - Sabem qual é a próxima aula? – Perguntou abrindo uma barrinha de chocolate e estreitei os olhos. Aposto que vai me fazer comer isso. Galateia anda me entupindo de chocolate.

— Educação física. – Alertei e ela me estendeu a barrinha de chocolate. Eu sabia.

— Hey! Por que não estudamos as falas na aula de educação física? – Vicent propôs e mordi um pedaço de chocolate o encarando, notando que os alunos já voltavam para sala, já que o sinal definitivo iria soar.

— Não dá! A Victória faz natação na educação física. Eu durmo. – Galateia falou e nós dois olhamos para ela em silêncio. - Que foi? A Victória estava dormindo desde o início das aulas. Eu não posso dormir na educação física? – Perguntou revoltada e começamos a rir.

— Ninguém disse nada. – Me defendi e fui obrigada a morder outro pedaço de chocolate, já que ela o estendeu para mim.

— Então? – Vicent perguntou de novo e Galateia suspirou.

— Por mim tudo bem. – Deu de ombros e deixou o resto do seu chocolate comigo. – Eu já ia dar uma lida antes de dormir mesmo.

— Hum! Mas você tem natação né, gatinha? Que pena. – Vicent falou como se estivesse decepcionado e neguei com a cabeça. Já estou sacando qual é a dele. Parece que estava falando sério quando disse que me ajudaria.

— Eu posso não fazer natação hoje. – Alertei e Galateia sorriu.

— Isso seria bom! Então na próxima aula vamos ensaiar nossa apresentação.


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Notas finais do capítulo

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