Mirror Myself In You escrita por LadyDelta


Capítulo 2
Wonderwall


Notas iniciais do capítulo

Oláááááá como prometido, to aqui! Quase na hora por motivos de, né? tenho que escrever as notas. Mas enfim, antigas vão notar que esse segundo capitulo quase não teve alterações e as novas... Bom, se divirta!
Espero que gostem.
Música para o capítulo: Oasis - Wonderwall
~ Boa leitura.



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Victória Pov.

Depois de sair da sala da Vanessa, eu sabia que os grupos só seriam oficializados no dia seguinte, então passei o resto do dia de aula completamente ansiosa e devo ter olhado para Galateia mais vezes do que olhei o ano todo. Quando cheguei em casa eu só queria dormir para o tempo passar mais rápido, o que não adiantou muito, já que acabei acordando no meio da noite por ter ido dormir muito cedo. Resultado de tudo foi eu me levantando as quatro da manhã e indo para sala assistir filme. Passei a manhã toda como se alguma coisa estivesse me dando choque a cada dois segundos e o tempo parecia ter congelado. Eu podia olhar pro relógio umas mil vezes, mas só se passava no máximo cinco minutos. Estava tão agoniada que joguei o lixo fora antes da Vanessa acordar e fiquei inquieta pelo resto da manhã. Agora finalmente estou na escola e o resultado dos grupos só vai sair depois do intervalo, o que já está quase no fim e eu não me aguento de tanta ansiedade.

Subi correndo as escadas da escola que davam para o segundo andar. Faltam alguns minutos para o fim do intervalo e para minha hora favorita do dia. Escorei-me do lado de fora da sala, normalizando minha respiração por ter corrido até aqui e olhei pela porta aberta, vendo Galateia se levantar de sua cadeira. Olha ela que gracinha, tá vindo aí e nem sabe que vai ser colocada no meu grupo.

— Três... Dois... Um. – Afastei-me da parede e entrei com tudo na sala, batendo de frente com ela que saía, olhei para cima fazendo contato direto com seus olhos azuis. Ela voltou uns passos andando um pouco para o lado, me dando passagem, fiz o mesmo com um sorriso e ela sorriu sem jeito antes de negar com a cabeça e passar por mim para seguir seu caminho.

Sorri de canto e me escorei na porta, olhando em meu relógio de pulso. Ela passa no máximo seis minutos lá fora, nesse tempo vai ao banheiro e bebe água, é como um ritual diário dela, já que faz isso todos os dias. Olhei mais uma vez em meu relógio e fiquei no meio certo da porta, olhando para o corredor e a vendo voltar enquanto lia seu livro, assim como faz todos os dias. Fingi estar analisando as unhas e senti o leve baque de seu corpo no meu.

— O seu mer-. – Começou e ergui o olhar curiosa com o que falaria, mas sua frase não continuou e ela estava parecendo surpresa ao me ver de novo, sorri dando passagem para que entrasse e sua expressão surpresa se tornou uma curiosa. Esse é o meu ritual praticado uma vez por mês, porque se o fizesse todos os dias ela notaria, então sempre escolho dias aleatórios do mês para fazê-lo, é divertido e sem dúvida vale a pena, só de poder olhar no fundo dos olhos azuis dela já me sinto feliz pelo mês inteiro. - Hã... Desculpa! – Pediu e sorri.

— Bah, tudo bem. Eu não devia estar aqui na porta. – Menti, obviamente eu deveria estar aqui. – Eu que peço desculpa. Duas vezes só hoje. É o meu record. – Tentei soar divertida e ela negou com a cabeça com um leve sorriso antes de passar por mim, levando meu sorriso a crescer. Ela não fala com ninguém e o seu “desculpa” é algo que somente eu escuto, já que a maioria das vezes que a vejo trombar com alguém ela não se preocupa em pedir desculpas. Acho que ironicamente pensa que a culpa por trombar comigo mensalmente é porque está andando por aí lendo seu livro, mero engano. Eu faço tão de propósito quanto fico a olhando todos os dias.

Sentei-me em minha cadeira escorando minhas costas na mesma e virei a cabeça em direção a janela, observando Galateia se sentar e abrir seu livro de novo, se concentrando no mesmo como se nunca o tivesse lido na vida. Pelas minhas contas, ela já leu esse livro umas 106 vezes, porque julgando que o livro tenha por volta de umas 602 páginas e ela leia sete delas por dia, que é o que eu noto... Em uma semana ela leria 86 páginas e julgando que um ano tenha 365 dias e ela esteja com o livro há dois anos... Em cada sete semanas ela o acabaria o começando na semana seguinte de novo. Fico ainda mais curiosa a respeito do livro depois disso, porque tipo... Se ela tem paciência de lê e relê ele tantas vezes, deve ser perfeito tipo, a obra perfeita mesmo. Se eu fosse tão empenhada assim nas aulas de matemática como sou pra observar ela, só tiraria 10.

Talvez eu seja uma stalker por saber quantas vezes ela já leu o livro em dois anos, mas o que faço seria muito mais fácil se ela tivesse tipo, um Facebook, Twitter ou Instagram, mas não! Galateia faz o tipo de pessoa que não gosta de redes sociais, nem um Tumblr ela tem. Aposto que nem o falecido Orkut já teve. Sei lá! Como ela sobrevive sem essas coisas? Está certo que a mãe dela é uma escritora famosa, e sua principal fama é que nunca usa redes sociais. Mas sei lá, como que uma adolescente sobrevive sem redes sociais? Digo, não que eu socialize pelas minhas, mas é bom saber o que está acontecendo no mundo lá fora. Será que ela tem redes sociais e eu que sou burra demais para não encontrar? Qual é, deve ter no mínimo um Twitter.

Fico tão frustrada por não ter como mandar mensagem pra ela. Eu certamente conseguiria conversar se não precisasse olhar no seu rosto, mas infelizmente, nada que tenha uma pista dela nas redes sociais. Agora a Scarlet, é mega famosa e a única coisa que deixa os fãs um pouco perto dela é um Blog, a salvação nesses tempos difíceis. Nele ela responde tudo o que perguntamos como uma linda, fofa, amável e incrível pastora, que cuida de suas ovelhinhas. Ataques cardíacos de minha parte é que não faltam.

Fora isso, nada mais. Tudo o que a Galateia parece ter é um celular, o qual dificilmente mexe, somente para olhar as horas ou para marcar as datas de trabalhos, provas, apresentações, essas coisas. Afirmo isso porque ela só o pega na mão quando tem uma data anotada no quadro. Eu acho até fofinho.

Mas enfim! Sei que ela vem de carro para escola todas as segundas-feiras, terças, quartas e quintas, e volta de carro também. Na sexta ela pega o metrô que é o mesmo que o meu. Graças ao bom Deus que me agracia com esse mimo. Raramente, muito raramente tipo, quase que por um milagre eu dou a sorte dela se sentar do meu lado e isso me deixa totalmente travada, eu praticamente não me movo o caminho todo, mas é um dos momentos mais felizes da minha vida. Galateia é extremamente cheirosa, parece que estou sentada do lado de uma cerejeira. O triste é que nunca trocamos nenhuma palavra.

Graças a minha sorte grande ela para na mesma estação que a minha e pegamos outro comboio. No intervalo de tempo entre os comboios, que dura no mínimo 15 minutos e no máximo 20, ela se escora na mesma pilastra azul de sempre e eu me escoro do lado direito da mesma, claro! Porque ali já era o meu cantinho bem antes dela chegar, mas posso muito bem dividir. Quando pegamos o segundo comboio ambas vamos até a estação final e quando saímos eu não sei para onde ela vai, quer dizer, já tentei segui-la nessa hora, o que foi uma tentativa falha e frustrada, já que basta ela colocar o pé para fora que um Aston Martin preto está lhe esperando. Custava ir a pé para eu segui-la? Seria tão ruim assim?

— Bom dia alunos! - Saí de meus pensamentos ao ouvir a voz de Adolf, nosso professor de matemática. - Galateia meu bem! Já viu o seu querido Acis hoje? Pensei que havia ido viver nas ondas que tocam a areia com espumas brancas. – Desviei o olhar para Galateia e ela fechou o livro um pouco indignada. Lógico que faria isso, todos estão rindo desse retardado. Esse professor é um dos quais gosta de zoar o nome dela, mesmo que seja na brincadeira ou uma tentativa falha de tentar faze-la falar. Esqueça querido, Galateia só fala comigo, se é que um “desculpa” possa ser catalogado como conversa. — Minha doce ninfa das águas, eu tenho uma novidade para você. – Disse empolgado, indo até a mesa dela e se debruçando na mesma. - Eu e a diretora escolhemos um grupo para você! – Disse com a voz fina, dando um gritinho logo em seguida, sorri em ver Galateia revirar os olhos. O cu dele que foi ele que ajudou a Vane escolher o grupo. - Não vai me perguntar qual? – Perguntou acariciando o rosto dela com a mão direita, recebendo um tapa na mesma. - Ui! Cheia dos não me toque. – Revirei os olhos após sua fala. Ele poderia facilmente ser denunciado como assediador, isso se não fosse gay. — Humm! Por que você nunca fala comigo? Vamos lá! Nem um xingamento? Nada? Nem um agradecimento por eu lhe colocar em um grupo?

 – Porra! Para de show. – Reclamei e cobri a boca logo em seguida, me encolhendo na mesa e ouvindo todo mundo rir. Caralho, não acredito que disse isso alto. Olhei para o lado envergonhada e Galateia sorria de leve. Meu Deus! Ela achou isso engraçado? Caralho professor, diz logo que ela está no meu grupo, por favor.

— Ok... Você ainda vai falar comigo, coisa linda! – Se referiu a Galateia e se ergueu sorrindo. - Vicent. – Chamou, e um garoto que estava sentado no fundo da sala se levantou curioso. Analisei seu físico. Com toda certeza ele malha. - Traz para cá sua cadeira, querido! Faz parte do grupo da ninfa das águas. – Estreitei os olhos quando ele passou com sua mesa em mãos, colocando-a em frente à de Galateia e sorrindo simpático. É, não dá pra reclamar, foi eu que disse que a Vane poderia escolher, ela nunca foi boa em decidir coisas. - Victória, minha fofa de boca suja! Você também. – Apontei para mim mesma me fingindo de surpresa e ele assentiu. Levantei-me colocando a mochila em minhas costas e erguendo a mesa para levá-la até o outro lado da sala. Nunca me senti tão feliz carregando esse pedaço de chumbo como agora.

— O filho da puta, tira esse pé daí. Isso aqui pesa mil quilos e se eu cair por tropeçar em você, meu pé vai enfiar em um buraco que você não vai gostar. – Reclamei por um pé entrar na minha frente e me atrapalhar a andar.

— Passa por cima. – Implicou.

— Eu vou é jogar essa porra na sua cabeça. Tira o pé daí.

— Não.

 - O burro sempre empaca a manada mesmo. – Ri com o comentário de Adolf assim que ele veio até mim, levando a mesa para o tão sonhado lugar que eu queria que ela estivesse há dois anos e me virei para o rapaz que enfiou o pé na minha frente, lhe mostrando o dedo do meio. CARALHO! EU VOU SENTAR DO LADO DELA, DURANTE UM ANO INTEIRO. - Prontinho! Olha que fofo esse grupo. – Adolf disse empolgado, assim que ajeitou minha mesa do lado da de Galateia. Sim! Grupo muito fofo, lindo, perfeito. Afinal a Galateia está aqui.

—Obrigada, professor. – Agradeci pela ajuda com a mesa e ele sorriu. Ele é um pouco irritante, mas nosso melhor professor.

— De nada, princesa. Os outros grupos que já preencheram o panfleto podem se juntar também, e os que ainda não tem grupo... Favor vir a minha mesa. Eu me cansei, agora vocês vão ter de correr atrás. – Alertou e fechei os olhos ao ouvir o barulho de cadeiras sendo arrastadas para lá e para cá. Malditos! Eu ergui a minha! Façam o mesmo, seus preguiçosos.

— Que saco! – Vicent murmurou se referindo ao barulho, e pela primeira vez analisei suas feições. Cabelos ruivos bagunçados, olhos castanhos e pardo, seria o típico príncipe encantado, isso se seu rosto não fosse cheio de espinhas e o seu nariz tão grande e pontudo. - Sou o Vicent! Sobrenome Pudim. – Arregalei os olhos surpresa e ele começou a rir de forma um tanto quanto desesperada. - Pandim! Mas pode falar pudim. Todos falam mesmo. – Que legal! Parece que não é apenas a Galateia que tem o nome zoado nessa vida. Talvez esse grupo tenha sido bem bolado, sabe? Galateia e EU. O senhor pudim aqui está de intruso. Será que eu posso ignorar ele pelo resto do ano e só focar na Galateia?

— Sou a Victória. – Me apresentei olhando para Galateia que olhava para janela como se procurasse algo. Caralho, olhe para mim um pouco.

— Victória! Posso chamar você de Vick? Ou é muito gay? – Sorri de canto voltando a olhar para ele. Até que ele não parece ser tão ruim assim.

— Pode.

— Beleza! Esse grupo até que ficou legal. – Disse empolgado, olhando para Galateia, que agora mantinha os olhos fixos em seu próprio caderno. Certo! Acho que ela não é de falar muito, no geral. - Cara! Repara só nesses grupos. – Continuou, só que dessa vez um pouco mais baixo. - A maioria dos meninos pensam que estão em um harém só deles. – Olhei para os grupos e engoli uma risada. Vicent tem razão! Ele tem toda a razão. Isso que da ter mais meninas que meninos. - Galateia! Oi. Diz oi pra mim, diz oi pra Vick, sua sem educação. A menina vai pensar que você é uma grossa. – Falou pegando a mão esquerda dela e a balançando de um lado para o outro. Amado?

— Vai se foder, Vicent. – Arregalei os olhos com suas palavras. Não acredito! Eu não acredito no que acabei de ouvir. Galateia falou! E melhor ainda. Não uma simples fala, ela mandou o Vicent ir se foder. Disse um palavrão. QUE LINDA.

— Sinto muito, mas não estou com vontade de ir me foder. – Falou e continuei com os olhos arregalados, olhando para ele e depois para ela, repetindo esse mesmo ato várias e várias vezes. Impossível! Impossível que estejam conversando. Conversa comigo Galateia, nunca te pedi nada.

— Mas deveria. – Falou sarcástica enquanto analisava as unhas e sorriu de canto. Ok, estou sentada do lado dela tem um minuto e já descobri que ela é a minha alma gêmea, nós precisamos nos casar o mais urgente possível.

— Que sacanagem. Fui colocado no mesmo grupo das pessoas mais mal humoradas da face da terra. Perdoe por isso, Vick gatinha, mas você é mau humorada também. São lindas, mas chatas. – Reclamou e o encarei em silêncio. Não me lembro de o ter dado intimidade para me chamar de gatinha, muito menos para apontar meus defeitos. Eu sei que as vezes sou um estrume, mas ninguém precisa ficar comentando sobre isso.

— Depois mandam você e se foder e acha injustiça. Você é tosco, Vicent. – Murmurei irritada, o ouvindo rir como se assistisse a um stand-up.

— Já disse para me chamar de pudim e eu não achei injustiça, só disse que não estava com vontade de ir me foder. – Analisei sua expressão divertida e suspirei. Por que não me colocaram somente com a Galateia? Ela é o tipo de pessoa que não gosta de piadinhas, não gosta de brincadeiras idiotas, assim como eu. - Talvez você esteja pensando “de onde ele tirou tanta intimidade para falar comigo desse jeito?” Ou “que moleque escroto cara.” Talvez até um “não gosto de piadinhas. Quero matá-lo.” – Estreitei os olhos com suas palavras e o ouvi rir de novo. A linda ninfa das águas deve estar pensando: Vicent! Cala essa boca se não quer morrer em um beco escuro. Tenho meus contatos, haha. — Riu como um vilão e revirei os olhos.

— Nossa! Você é muito bom nisso, Vicent. O que eu estou pensando agora? – Olhei para Galateia surpresa. Não por ela está falando, quer dizer... Também! Mas especialmente por seu tom sarcástico. Alguma vez já viu uma pessoa falar sarcasticamente e pensou “uau! Ela nasceu para isso?”. A Galateia certamente tem grande futuro com o sarcasmo.

— Você está pensando “ele nunca vai adivinhar” e a gatinha aqui está pensando “uau! Galateia nasceu para ser sarcástica.” Eu te entendo Vick, ela nasceu mesmo para isso. – Arregalei os olhos surpresa, sentindo meu rosto se esquentar pouco a pouco! Garoto dos infernos. Ele lê mentes? Mas que desgraça.

— Errado! Não estava pensando isso. Eu estava imaginando qual o tempo que gastaria para enterrar seu corpo atrás do ginásio sem ninguém me vê. – Galateia falou e lhe olhei divertida, corando por ela ficar vermelha e se virar para a janela. Ok! Ou ela ficou envergonhada por estar falando ou só agora percebeu o comentário do Vicent. Talvez eu a tenha olhado de um jeito estranho também. Deus, que eu não tenha feito isso.

— Bom meus alunos, agora que já tiveram tempo para se conhecerem. Eu vou fazer uma anotação aqui no quadro e sim, é para copiarem. – Adolf alertou indo até o quadro e suspirei pegando meu caderno. Não poderia ser o dia todo para nos conhecermos melhor? Galateia ainda nem falou comigo.

XxX

— Dá para acreditar nessa imundícia? A gente mal é um grupo e o professor de história já marca esses trabalhos. – Vicent disse parando em meio ao corredor indignado enquanto saiamos da sala de aula para o ginásio, já que estamos indo para aula de educação física. Amo essa aula! Porque posso ver a Galateia na roupa de treino. - Minha ninfa linda! Você vai jogar vôlei comigo, né? – Perguntou quando Galateia saiu da sala com uma expressão nada agradável. Ela odeia aula de educação física, é do tipo de pessoa desastrada que não é boa em nenhum esporte e eu amo isso nela. - Não vai responder? – Perguntou emburrado e revirei os olhos. Para uma pessoa que nos conheceu hoje, Vicent é bem soltinho e insuportável. Caralho menino, deixa ela em paz.

— Não, não vou jogar vôlei com você, vou dormir. – Alertou saindo na frente e sorri a vendo se afastar. Ela é tão fofa.

— Deixa você, sua chata! – Reclamou alto para ela ouvir e se virou pra mim sorrindo. - Gatinha, quer jogar vôlei comigo? – Perguntou e revirei os olhos.

— Não me chame de gatinha, se quiser morrer é só continuar. Eu sou do time de natação, não vou jogar vôlei. – Alertei, jogando minha toalha sobre os ombros e seguindo para piscina, que magicamente é pra onde a Galateia foi também, não que ela vá nadar. Pelo que eu sei ela não sabe nadar e só fica perto da piscina porque é o lugar mais sossegado por causa que ninguém gosta das aulas na piscina, porque nossa professora é o cão chupando manga, tirando eu e mais três meninas escrotas da nossa sala, ninguém vai. E mesmo assim, eu sou a única que se dedica.

— Victória! Você chegou. – Professora Débora disse empolgada assim que coloquei o pé dentro do pátio onde se encontrava a piscina.

— Hum! Por que tanta animação? – Perguntei seguindo Galateia com os olhos, já que ela usava a roupa de treino e agora procurava um bom lugar para se deitar na arquibancada. Deus, essa menina é perfeita demais, ela tem umas coxas maravilhosas.

— Você é minha melhor aluna, né? Então te inscrevi para a com-pe-ti-ção anual entre as escolas. – Arregalei os olhos os desviando de Galateia e a encarando incrédula.

— É o quê?

— Não me agradeça.

— Agradecer? Você pirou é? – Perguntei assustada, enquanto a mesma revirava os olhos.

— Não seja tão mal agradecida, querida. Preciso que você participe para conseguir a autorização de obrigar todos os alunos a treinar natação, sem dizer que você vai ganhar com uma mão amarrada nas costas.

— Se eu amarrar uma mão nas costas não consigo nadar. – Murmurei tediosa. Como que ela me coloca em uma competição? Eu odeio competir.

— Não trouxe sua mula hoje? Ou tá usando as ferraduras dela? – Reclamou e revirei os olhos.

— Você me colocou em uma competição, Débora! – Acusei.

— Coloquei! Se reclamar te coloco em mais duas. Eu sou a sua professora. – Ameaçou.

— Mas que caralho. O que isso tem a ver comigo? Eu não faço natação pra competir com os outros, faço porque acho divertido. Eu não vou competir se o benefício da minha vitória vai pra você.

— Você também será beneficiada com isso. Será a nossa salva vidas, caso precisemos de você. – Explicou e revirei os olhos.

— Você também sabe nadar. É a professora! Eu não tenho nada que ser salva vidas pra você. Eu não quero trabalhar.! Trabalha você, já que tá recebendo pra isso.

— Eu sei que sou a professora! A escola exige pelo menos duas pessoas experientes para que eu possa obrigar todo mundo a participar das aulas. Falei com a Vanessa e ela me disse não ter “verbas” pra uma coisa inútil como essa. – Fez aspas com os dedos. – Então mandou eu escravizar você e adivinha, gostei da ideia. - Falou e abri a boca em descrença.

— Desculpa, mas eu não estou a fim de fazer isso não. – Resmunguei me sentando na borda da piscina e colocando os pés dentro d'água. É só o que faltava, servir de salva vidas.

— Ah! Vamos lá, Vick. Vai dizer que você não quer ser a professora particular da ninfa das águas? – Falou o final da frase em um sussurro e senti todo meu rosto se esquentar. Débora é a única pessoa no mundo, depois da minha irmã, que sabe da minha obsessão por Galateia, ela é como se fosse minha segunda mãe. Na verdade, tá mais pra terceira, já que a Vanessa é um amor também.

— Do que você tá falando? – Murmurei balançando os pés e ela riu divertida. Essa maldita sabe que tocou no meu ponto fraco.

— Ué... Ela é uma das quais não posso obrigar a nadar. Por quê? Porque não temos uma salva vidas. Agora pense comigo! Você não sairia ganhando nisso? – Perguntou e virei o rosto em direção a Galateia, que estava deitada na arquibancada, mexendo nas unhas enquanto olhava pro teto de vidro do ginásio. – E a Vanessa me disse que você pediu pra entrar no grupo da Galateia para ensinar ela a nadar, nada mais justo. – Não acredito! O que a Vane tem contra mim?

— Você é uma chantagista baixa.

— Talvez! Isso não te ajudaria com a sua “operação ser notada pela crush”? – Perguntou em um sussurro e revirei os olhos. Pior que ela não está errada, assim eu poderia passar muito mais tempo com a Galateia.

— Certo! Você venceu, ok? Eu participo dessa merda de competição.

— Hahahaha. Eu sabia que você tinha uma alma caridosa. Só que não, né querida? Segundas intenções é o que não te falta, né? Relacionado a participar da competição e a treinar a ninfa das águas. Entendesse como a babar nela. – Brincou bagunçando meu cabelo e indo se sentar próxima da Galateia para assistir ao meu treino e berrar comigo enquanto faço isso. – QUERO QUE DÊ DEZ VOLTAS. – Gritou e olhei para trás com cara feia, mas a desfiz imediatamente em ver que Galateia estava sentada do lado dela e me olhando.

— QUE TAL CINCO? – Gritei de volta e arrumei meu cabelo embaixo da touca.

— QUAL É! GALATEIA E EU ESTAMOS TORCENDO POR VOCÊ. CONSEGUE VINTE VOLTAS. – Gritou passando o braço pelo ombro da Galateia e a apertando em um abraço de lado, que me olhou como se perguntasse o que diabos estava acontecendo com a nossa professora. Deus, as caretinhas que ela faz são lindas. Certo! Treinar, ficar invencível, vencer e trazer Galateia pra água comigo, fácil.


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Notas finais do capítulo

Gostasse?