Konoha Before The Time — Arco 1: Instinto escrita por ThaylonP, Luizcmf


Capítulo 4
CAPÍTULO 04 — O Quê Um Ninja É?




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Yasuhiko manteve o sorriso por um tempo, mas os estudantes não pareciam dispostos a responder o gesto. Então, o professor desfez a expressão, passou por eles e sentou-se em cima da mesa. Os alunos viraram na direção do sujeito, tentando entender o porquê daquela movimentação. Kusaku comprimiu um pouco dos olhos, Misashi seguiu imóvel e Asami manteve o olhar curioso. Até que o sujeito retirou um pergaminho de um dos bolsos do colete, pôs-o na palma da mão e apertou. Havia um símbolo do País do Fogo estampado nele.

— Algum de vocês pode me dizer... — começou, posicionando o pergaminho do lado de seu corpo. — O que é um ninja?

Os Genin surpreenderam-se com a pergunta, estranhando, outra vez, a perspectiva do sensei. Percebendo o silêncio dos outros do trio, Asami decidiu ser a primeira a responder.

— Somos a principal potência militar no mundo ninja. Agentes utilizados para realizar missões visando um bem maior, sensei.

— Muito bom... srta... — o professor fez uma pausa e apertou os olhos, como se para lembrar o nome. — Ryuusei Asami-san. O problema é que não procuro uma resposta vinda de um livro da Academia. Quero a opinião de vocês.

A garota assustou-se. Estava acostumada a responder as coisas da forma que havia aprendido, e agora seu sensei dizia que aquela resposta não era válida. Por um momento, parou para pensar no que viria a seguir e isso foi o bastante para que o garoto do seu lado falasse alguma coisa.

— Quer mesmo a minha opinião? — Misashi perguntou, cruzando os braços.

Kusaku olhou-o de canto, sem mover a cabeça. Tentava segurar sua opinião sobre o garoto.

— Claro — Yasuhiko abriu mais um sorriso.

— Não acho que visam bem maior nenhum além de lutas sem motivo. E mortes sem motivo — o garoto engoliu em seco. — São só bonecos, feitos pra brigar por coisas que são maiores do que eles.

O outro Genin ajeitou sua postura, havia um certo desconforto vindo da fala do garoto. É um idiota, pensou Kusaku, buscando uma resposta melhor vinda do professor. Falar essas coisas desse jeito não adianta de nada.

Asami estreitou os olhos, incrédula com a as palavras do moreno.

— Fale por você! — a frase saltou de sua boca. — Eu sei que eu estou aqui pelo bem maior. Proteger minha nação e ajudar as mais fracas. Talvez não estejamos em paz no momento, mas eu sei que Konoha está em busca disso — concluiu com uma carranca, apertando a bandana pendurada no pescoço.

— Pode pensar o que quiser, não é o que eu vejo — Misashi confirmou, sem dar muito assunto além disso.

A discussão parou por um momento, cada um com seu próprio pensamento. Ficaram calados para ouvir o que o sensei tinha a dizer. Ele, por sua vez, ficou quieto junto dos alunos, encarando os rostos inocentes tratando de questões complexas. Porém, enquanto observava, estendeu a mão para Kusaku: o único que ainda não havia exposto a opinião.

— E você, Kusaku? Sabe me dizer o que é um ninja? — perguntou.

O garoto respirou fundo, desviando o olhar do professor para os companheiros de equipe. Depois, arranhou a garganta num pigarro.

— Um ninja é uma ferramenta governamental que serve para operações militares, sejam elas quais forem — ele olhou para os companheiros de time, cada um tentava resgatar a opinião que colaborasse com seu ponto. — Mas a minha opinião é que um ninja tem que ser uma força de apoio, tanto pra vila quanto pro mundo. Porque se não forem, são só soldados, que nem a outra Jounin disse. E... — ele fez uma pausa, olhou para o chão por um momento. — Eu não quero ser só um soldado.

— Agora cê já é, esquece — Misashi comentou, dando de ombros. Kusaku o encarou, desafiado.

O professor deixou o sorrisinho escapar mais uma vez. Asami pegou a expressão. Isso é mesmo necessário ou ele só está brincando com a gente?

— Mas... por que desta pergunta, sensei? — perguntou educadamente, saindo do tom defensivo de antes.

— Eu queria conhecer vocês um pouco mais — respondeu, deixando-se largar na mesa, bem mais relaxado. — E já deu pra saber bastante.

Misashi cerrou os olhos, levando as mãos de volta aos bolsos. O outro encarou-o com certa curiosidade.

— E quem tá certo? — Kusaku perguntou, deixando o corpo dar um passo à frente sozinho. — Quem respondeu corretamente o que é um ninja?

O sensei olhou para os três antes de responder. Havia um divertimento quase sarcástico nele.

— Não sei — respondeu.

Asami foi a primeira a demonstrar insatisfação com a resposta do professor, perdendo a postura ereta. Tem certeza de que ele é um prodígio?

— Como você pode fazer uma pergunta que não sabe a resposta? — Kusaku inferiu. — De quê adianta perguntar se você não vai saber quem está certo?

O professor suspirou.

— Eu não sei a resposta assim como vocês. A questão é que eu parei de dizer o que eu acho que é a resposta. Com o tempo, parei de falar e comecei a viver — explicou, falando cada palavra com muita clareza. — Ninguém tá certo, ao mesmo tempo que todos podem estar. Cada um vai ver de um jeito, e vai achar uma coisa até achar outra completamente diferente. Essa é a vida, e não é diferente pra um ninja.

Uma folha caminhou por uma brisa, ultrapassou a janela aberta e pousou numa carteira no fundo da sala.

— Mas você já viveu o bastante se participou da guerra — Misashi afirmou, confrontando o sensei. — E aí? O quê aprendeu sobre o que é ser um ninja?

O professor fez uma pausa, parando para encarar a folha que invadira o ambiente. Ficou parado nela por um longo suspiro.

— Eu fiz essa pergunta pra conhecer vocês. Fazia muito mais sentido perguntar o que vocês achavam do que ia ser a vida de vocês, do que perguntar quais eram seus objetivos. E vocês me contaram tudo que eu precisava saber, e tudo que me falaram, eu sei que vai mudar — Yasuhiko virou-se para Misashi. — Eu fui para guerra na idade de vocês, com pensamentos que mudaram durante esse tempo, por isso eu sei. Foi aí que eu decidi parar de tentar dizer a resposta pra essa pergunta, e talvez vocês aprendam que essa é a melhor alternativa. Foi isso que eu aprendi: é melhor não saber o quê é significa ser um ninja, e só tentar ser um que continua vivo.

Os Genin olharam o ninja mais velho, vidrados. Havia um tom soturno na pouca história que contava, e mesmo sendo jovem, o homem parecia ter visto coisas o suficiente para dizer o que dizia. Entretanto, Misashi discordava.

— Se quer me fazer acreditar que cês são mais do que parecem, não tá dando certo — cuspiu. — Eu não preciso pensar sobre a vida de ninja mais do que eu já sei: seremos usados na guerra, vamos morrer e seremos esquecidos. É só isso que significa ser um ninja.

Yasuhiko manteve-se calmo.

— Se acha isso, deve estar certo — respondeu.

Algo no garoto aguardava uma discussão, e quando ela não veio, ele demorou para se recompor. Ele nem negou, talvez seja isso mesmo, pensou Misashi, certo de que poderia haver mais que aquele sujeito não contava.

Asami considerou as respostas, assim como considerou os olhares trocados entre Misashi e o sensei. Enquanto a fala de Yasuhiko não fora esclarecedora, a expressão do companheiro foi. Ele está aqui porque precisou se alistar, e foi aceito porque a Aldeia precisa de novos ninjas. Mas ele é bom no que faz, mesmo não querendo fazer. Por quê?

— De qualquer modo — o professor desceu da mesa, abriu os braços —, seja qual for a interpretação de cada um sobre o que é ser um ninja, agora vocês o são. Isso significa que precisam cumprir missões em favor da Aldeia — ele resgatou o pergaminho que estava sobre a mesa, deu dois toques com o indicador. — E já temos muito o que fazer.

Os três surpreenderam-se com a rapidez com que as missões haviam sido designadas. Antes que pudessem acrescentar qualquer coisa à conversa, o professor concluiu:

— Mas não hoje. Sei que precisam explicar muito aos seus pais, já que ficarão tanto tempo fora em várias missões. Não se preocupem, vocês tem até amanhã. Preparem as mochilas, nossa viagem será longa — explicou, guardando o pergaminho dentro do colete outra vez.

Ele terminou com um aceno, pondo dois dedos na têmpora e empurrando-os pra frente. Em seguida, os mesmos dois dedos puseram-se na frente dele, e então, o professor desapareceu, envolto numa fumaça branca.

— Ah, que ótimo — Misashi comentou.

Os três se olharam, buscando alguma forma de agir a partir dali. Kusaku parecia o mais surpreso do grupo, esperava continuar o dia junto deles, treinando para a primeira missão. Misashi, por outro lado, começou a se mover assim que os últimos vestígios da fumaça do professor abaixaram. A caminhada foi lenta e se dirigia para a porta de entrada da sala.

— Vai pra casa? — Kusaku perguntou.

— Vou comer um lámen antes. Não tem mais nada pra fazer aqui, pelo menos não hoje — entregou, voltando a caminhar tranquilamente.

Kusaku e Asami se entreolharam, sabendo que seriam os únicos na sala por um bom tempo se não saíssem também. Porém, alguma coisa os impediu de seguirem para suas casas. Cada um com sua motivação.

Misashi foi mais rápido. Assim que deixou o quintal da Academia, disparou para dentro de um corredor e escalou uma parede até subir num telhado. De lá, conseguiu olhar uma torre afastada que acabava de marcar a badalada de um relógio. Então, ele soube que precisava se apressar. Correu pelos tetos, evitando pesar muito os pés, mas sempre utilizando as encostas para ganhar mais velocidade. Dirigia-se para uma área ao fundo da Aldeia da Folha, logo abaixo das estátuas dos antigos Hokages.

Foi de um lado para o outro, passando um bom tempo até conseguir aterrissar em sua rua. E quando alcançou-a, correu entre os casebres apertados e desgastados. Percebeu uma vendinha com calhas faltando, olhou para ver uma casa com marcas de infiltração. Finalmente, no último traço de pressa, enxergou o muro devastado de sua casa e saltou-o para chegar ao quintal. A morada seguia como a deixara: desbotada, mal rebocada e com marcas de mofo. Ele correu para dar a volta, procurando a janela de seu quarto. Abriu-a pelo lado de fora, mergulhou dentro do quarto e arrancou as roupas, depressa. Jogou a mochila para debaixo da cama, escondeu a bandana debaixo do colchão, colocou os porta-kunais nas gavetas. Com tudo guardado, pensou em suspirar um descanso, mas ouviu um barulho no arco de sua porta. Sua mãe estava lá.

— Então, você passou — disse, sem surpresa e sem formar uma pergunta.

Misashi sentiu-se engolir pesado, a barriga tremeu.

— Passei — respondeu, a contragosto. — Mas só porque aceitaram todo mundo.

— Entendo — a mãe concordou, sem mudar a expressão séria nos lábios.

— É só isso? — Misashi perguntou.

A mulher fez uma pausa, tocou o batente com um ar melancólico.

— Não precisa esconder as ferramentas. Eu vou ter que ver de qualquer jeito.

— Você não precisa. Eu mexo nas coisas aqui, e você mexe só no dinheiro que vou trazer — o garoto respondeu, ríspido. — Só isso. Tá bem pra você?

Os dois se olharam por um momento demorado. Uma nuvem cobriu um raio de sol, escurecendo a iluminação dentro do quarto. Houve um segundo em que os rostos ficaram ocultos, sem compartilharem o que sentiam. Quando a nuvem deixou de ocultá-los, os dois seguiram em suas expressões impassíveis de olhos secos.

— Está bem — a mãe concordou, dando meia a volta e voltando pelo corredor que entrara.

Misashi lançou-se para trás na cama, fitou o teto, engoliu o nó que havia se formado na garganta. Não conseguiria dormir por causa da hora, mas rezava para que o tempo passasse mais rápido.

• • •

Kusaku foi o segundo deixar a classe, sem a pressa do companheiro anterior. Talvez o garoto não corresse por sua paciência, talvez não disparasse pelas vielas da Aldeia da Folha porque era bem mais comportado do que o outro rapaz. Entretanto, o motivo real da sua calmaria no corpo, era sua mente trabalhando incessantemente. Pensava, repensava, considerava e reconsiderava tudo que fora dito, desde o início do teste, a luta em si e depois, com a fala do professor perguntando o significado das coisas sem ter uma resposta para isso.

Aquelas informações iam e vinham, rodopiavam como se flutuassem num céu em tempestade. Primeiro, porque Kusaku fora ensinado que devia sempre estar a um passo além de todos os outros, e agora não conseguia estar. E segundo, porque o garoto esperava chegar em casa com uma conquista que não seria recebida como uma.

Depois de duas horas caminhando, o menino encontrou seu lar. Lá dentro, deviam estar almoçando. Kusaku subiu as escadas, arrancou as sandálias e foi direto até a cozinha, já de cabeça baixa. Assim que fez a curva para ver a mesa posta e os dois pais fazendo a refeição, baixou ainda mais o fronte dizendo:

— Perdoe-me o atraso — vociferou, alto o bastante para dar um susto na mãe.

A mulher se recompôs pondo a mão sobre o peito, enquanto o pai mantivera-se quieto ante a cerimônia.

— E então? — o pai perguntou, sem rodeios.

Kusaku, ainda de cabeça baixa, conteve um sorriso.

— Sou o mais novo Genin da Aldeia da Folha, integrante do Time 09, comandado por Satoru Yasuhiko — explicou, formalíssimo.

O pai confirmou com a cabeça, impedindo uma rápida empolgação por parte da mãe.

— Pode sentar-se a mesa, seu atraso está perdoado.

O rapaz aguardou um instante antes de levantar a cabeça.

— Sairei em missão logo cedo amanhã — anunciou, e a sala de jantar fez silêncio outra vez. — Espero trazer honra para nosso clã.

O menino não viu, mas o pai entortou a boca.

— Nós também esperamos, Kusaku.

• • •

Asami não conseguiu conter a alegria da graduação. A garota deixou-se ser a última na sala, para poder sair da pose formal e comemorar com seus pulos e piruetas. Eles se estenderam até próximo a entrada de casa, pois no momento que o portão surgiu, a kunoichi viu a apreensão chegar. A bandana pendurada no pescoço começou a pesar mais do que o normal. Um peso que a kunoichi já conhecia. O peso da mentira.

Ela empurrou o portão, evitando muitos barulhos, e assim que alcançou o quintal saltou direto para a parede de seu quarto, caminhando por ela até o esconderijo de suas ferramentas ninja. Enquanto isso, pensava no que diria aos pais para sair em missão. Desde que decidira estudar na Academia, aos oito anos, as desculpas variavam de forma. De início, convenceu a mãe que se alistaria numa companhia de dança com o estilo da Aldeia da Folha, para que pudesse aprender passos culturais diferentes numa forma de investigar a concorrência. Depois, quando os anos começaram a passar, e ficava difícil mentir que era apenas uma investigação, a menina criou outros artifícios. Mentia sobre seus músculos, usando roupas mais largas com a desculpa de ser uma vestimenta para dança; mentia sobre os arranhões, cortes e luxações, dizendo que eram de brincadeiras com as irmãs. E principalmente, mentia em seus passos, fingindo uma dança originária da Aldeia da Folha, mas que era apenas um disfarce de seu estilo de Taijutsu.

Ao guardar a bandana por último, colocando-a por cima dos outros materiais, conseguiu ouvir as conversas e risadas altas do lado de dentro; a família terminava um almoço. Respirando fundo, com a justificativa engatilhada na garganta, a menina foi até a parte de trás da casa, retirou as sandálias e tentou entrar sorrateiramente, porém, foi surpreendida por uma carranca no rosto altivo da mãe. Ela aparentava aguardá-la, e suas irmãs, antes tagarelas, se calaram ao ver que a caçula havia despertado um clima tenso.

— Onde estava Asami!? Sabe que o almoço é servido ao meio dia em ponto e gosto de ver todos à mesa! — rosnou a mulher, sentada na cabeceira da mesa.

— Vai ver estava com o namorado! — caçoou Yorune, a irmã mais velha, em um falso cochicho, sendo acompanhada por uma outra sentada ao lado.

— Que namorado? Ela nem é tão atraente! —Yoake acrescentou.

— Quietas! — interrompeu a mãe. As duas se calaram, e logo o olhar fulminante voltou à caçula.

— Estava na aula — a voz saiu lisa, graças ao costume em mentir. — Os ensaios aumentaram, por isso me atrasei, desculpe Okaa-sama — a garota respondeu, fazendo uma reverência de arrependimento, o que fez a mãe ceder em sua postura, porém manter a questão.

— Por que aumentaram os ensaios agora? Há alguma apresentação vindo?

— Apresentação? — a menina vacilou no disfarce. — Sim! Sim, está sim... vai ser para o equinócio de Outono... homenageando a posse do novo Hokage — disse, para se arrepender logo em seguida. O assunto do líder da Aldeia era um problema para a mãe.

— Cegos! — a mulher vociferou. — Utilizando da nossa preciosa arte para homenagear aqueles bárbaros! Quando o Daimyö do Fogo vai se dar conta que o governo ninja é uma piada?

Asami teve que atuar para não demonstrar seu desconforto.

— Olha, aqui tá melhor do que o País da Água! Aqui pelo menos a senhora consegue montar o salão de dança! — comentou Ibuni, a única irmã que não havia parado de comer em nenhum momento.

A mãe fora instigada na conversa, pois direcionou seus interesses ao debate sobre os comportamentos das vilas onde haviam morado. Asami sentiu-se aliviada, sentando-se à mesa para a refeição.

— Ah... Okaa-sama — a garota parou de fazer o prato por um momento, esperava pegar a mãe distraída. — Nosso teatro fará uma viagem de apresentação nos arredores do País do Fogo... vamos estudar um pouco mais a fundo as origens do país pra que a apresentação tenha bastante das raízes daqui. Eu não tava pensando em ir, achei que era muito longe, e podia me custar muito tempo, mas pensei: posso divulgar o trabalho de Okaa-sama e a da família Ryuusei. Você bem que reclamou da falta de público nas apresentações, pode ser uma boa oportunidade. O quê você acha?

A pergunta se perdeu no meio da mesa. As irmãs se entreolharam, procurando através de sussurros se aquela era mesmo uma boa ideia. A mãe ficou parada um bom tempo antes de responder qualquer coisa.

— Para apresentar aqueles passos brutos? — a mãe desprezou.

Asami apertou a empunhadura dos hashis. Orgulhava-se bastante do desenvolvimento de sua dança.

— Eu posso oferecer que a família Ryuusei tem movimentos muito mais suaves — apresentou.

Sentia-se uma vendedora, agora vendendo para alguém que estava disposta a gastar o que for.

— E você conseguiria levar panfletos?

— Quantos a senhora quiser — a menina respondeu.

A mãe comprimiu a boca, quase relutante em aceitar a proposta da filha, desconfiada que ela não cumprisse o que prometia. Entretanto, assim que olhou o restante da mesa, as meninas empolgadas e o pai acenando que sim com a cabeça do outro lado, ela cedeu.

— Tá certo.

Asami comemorou em silêncio, antes de abocanhar uma porção de camarões refogados.

• • •

Do outro lado da cidade, um ninja cansado adentrava uma casa bagunçada. Arrancava o colete de Jounin e passava por seu quintal enquanto uma turba de cachorros latia incessantemente para ele. Aproximou-se deles, fazendo um cafuné em cada um antes de subir as escadas que levavam a casa. O sujeito deixou o colete na mesa da cozinha, atravessou até a mesa no centro da sala de estar. Retirou o pergaminho do bolso, abriu sobre a mesa e começou a ler do início. Houve um instante de consideração no rosto do ninja, depois uma surpresa genuína. Em seguida, um pavor, que foi substituído por uma compreensão.

— Na primeira missão? — Yasuhiko fez que sim com a cabeça, sem esboçar os sorrisos que expressava antes. — Coitados.

Lamentou, fechou o pergaminho, deixou-o na sala e foi direto ao banheiro. O dia seguinte seria longo, e como a vida de todo ninja costumava afirmar, poderia ser o último.

 


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