The Chosen Ones — Chapter One. escrita por Beatriz


Capítulo 27
Sasuke: faço o impossível.




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Sair correndo atrás de Sayuri faz parecer como se eu estivesse correndo para longe da briga que estava prestes a se desenrolando dentro da Vila da Areia. O que não deixa de ser verdade considerando que todo o desenrolar ali, com a aparição do irmão morto de Akemi, seria familiar. No momento em que Akemi viu o irmão dela depois de anos, não pude deixar de pensar em como seria se eu visse Itachi na minha frente, depois de tantos anos. Não é difícil para mim dizer que sei exatamente como Akemi estava se sentindo.

Mas deixando tudo isso de lado, eu corro o mais rápido possível atrás do cara que está levando Sayuri. Nunca pensei que ir atrás de água no meio de um deserto fosse tão difícil, mas é quase impossível, considerando toda a areia rodopiando ao nosso redor com o vento. Eu perco o rastro deles e depois encontro de novo. É cansativo, mas continuo em frente. 

Não faço a menor ideia de que tipo de jutsu ele tinha usado com Sayuri, mas ela parecia morta quando ele a jogou no chão lá na Vila da Areia. Sasuke...  Eu escuto a voz de Sayuri em minha mente como se ela estivesse falando bem próximo ao meu ouvido. Eu paro um pouco, assustado com a voz. O que poderia ser isso? Sasuke... A voz parece mais próxima e eu olho de um lado para o outro, procurando a fonte.

É quando eu vejo, mais a frente. A areia parece se dissipar para os lados, abrindo caminho para mim. Sayuri está deitada no chão, sangrando muito, pelos ouvidos, boca, nariz, olhos. Eu sinto meu coração errar uma batida dentro do meu peito. Ela está com o rosto virado na minha direção e estende a mão para mim, engasgando no próprio sangue. Atrás dela, um pouco mais longe, aparece o tal homem que havia a levado. Ele está olhando para mim, os olhos brilhando em um vermelho vivo.

— Você é tão estúpido, Sasuke Uchiha — a voz do homem diz, mas ele não move a boca. Está falando na minha cabeça. — Veio até aqui só para vê-la morrer.

Sayuri então fica de pé, com dificuldade, e começa a vim até mim, com a mão esticada, querendo me alcançar. Ela anda como um zumbi, cambaleando e mal conseguindo se equilibrar. Todo aquele sangue que escorre dela deixa um rastro no seu caminho até mim. Com o coração palpitando em meu peito, eu olho ao redor, me afastando antes que ela possa me alcançar. Que diabos está acontecendo aqui?

Eu só entendo realmente quando meu mangekyou sharingan é ativado. Consigo ver tudo tão claramente que quase rio da minha própria burrice. É claro! Ele é usuário de jutsus que mexem com a mente. Não é como a ilusão do sharingan. É pior. Se eu não  tivesse poderes oculares eu nem mesmo saberia que estava em uma ilusão.

Agora sabendo que nada disso é real, deixo que a ilusão de Sayuri chegue até mim e a seguro pelo pescoço. Ela arregala os olhos, confusa com a minha mudança de atitude. O sangue quente dela escorrendo em minha mão quase me faz atirá-la para longe, mas eu aguento firme. Ela gagueja meu nome e eu tiro minha espada da bainha. Quando volto a falar, estou olhando para o cara na minha frente.

— Seria um bom jutsu — digo, alto. — Se você não tivesse esquecido que jutsus oculares não têm nenhum efeito em um usuário do sharingan como eu.

Sem perder tempo, eu enfio minha espada em Sayuri. A lâmina dela afunda até o cabo um pouco abaixo do seu peito. Ela fica dura em minha mão por um tempo e depois desaparece, voando em vários pedacinhos como se fosse areia. Ele conseguiu criar tudo isso usando grãos de areia. Começo a sentir raiva só de imaginar o que mais esse cara consegue fazer.

À minha frente agora posso ver a verdadeira Sayuri. Ela está sentando em cima de suas pernas, com os cabelos muito bem presos entre os dedos daquele homem. Eu trinco o maxilar e me ponho em posição de ataque. Essa cena toda é mais que ridícula.

— Ora, ora — o homem diz. — É um prazer finalmente conhecê-lo, Sasuke Uchiha. Eu me chamo Yuna, sou o líder da Doragon.

— Larga ela! — eu digo.

Ele apenas ri e puxa a cabeça de Sayuri para trás, fazendo-a levantar o rosto para mim.

— Meus encontros com os Uchihas são sempre bem animados — ele diz. — Encontrar com seu irmão foi tão prazeroso quanto encontrar com você agora estar sendo.

— Itachi... — eu seguro com força o cabo da minha espada, sentindo minhas mãos começarem a tremer. Eu sei que ele só quer me distrair então tento ignorar o que ele diz, mesmo sendo muito difícil. — Solta ela! Não vou repetir.

— Ah, mas por quê? — com a mão livre, ele toca na têmpora de Sayuri com dois dedos e seus olhos começam a tremer. — Você devia ver o quão divertida ela é.

Quando Sayuri acorda do que quer que ele tenha feita com ela, seu mangekyou sharingan está ativado assim como o meu. Seus olhos brilham vermelhos em meio a escuridão. E então ela começa a mudar. Ela mostra os dentes para mim, como um felino prestes a atacar. Vejo que suas presas começam a mudar de tamanho, afinando. No chão, eu vejo suas unhas se alongarem e linhas finas aparecerem aparecerem em suas bochechas iguais as que Naruto tem.

Assim que eu entendo o que ele está fazendo com ela, mal consigo acreditar. Ele provavelmente está colocando Sayuri em algum tipo de ilusão e a forçando a usar seus dois kekkei genkai. Ele vai fazê-la lutar contra mim e usar dois kekkei genkais assim, simultaneamente, deixa o usuário praticamente invencível. Ainda mais quando os kekkei genkai são tão fortes quanto os de Sayuri.

Ele finalmente a solta e ela, por um momento, parece a mesma de sempre. As únicas coisas diferentes é seu corpo que parece estar mais alongado e as características felinas. Será que ela estava se transformando em algo como uma pantera? Ou um tigre? Ou uma mistura dos dois?

Não demora nem um segundo para Sayuri se lançar na minha direção, correndo tão rápido quanto um raio. Eu mal tento tempo de pular para longe dela antes que ela me alcance e suas unhas super finas e letais cortem um pedaço pequeno do meu cabelo, próximo a minha bochecha.

— Sayuri! — eu tento chamar sua atenção quando ela corre para mim novamente. — Acorda! É uma ilusão! Se concentra no seu sharingan!

Ela começa a usar taijutsu comigo e eu sou obrigado a lutar com ela. Claro que ela está mais rápida e mais ágil. Se eu não tivesse o sharingan também provavelmente não conseguiria acompanhar seus movimentos. Em algum momento, ela chuta a minha mão e a minha espada voa, indo, coincidentemente, parar na mão dela.

Ela avança para cima de mim, empunhando a espada na direção do meu coração. Nesse momento, eu sei que preciso pensar rápido e tudo o que me vem a mente é um jutsu que apenas usuários do rinnegan conseguem usar. Mas eu poderia tentar, quem sabe. O único mal que poderia fazer seria não surtir efeito nenhum já que eu não tenho o rinnegan.

Sem poder pensar muito, eu começo a fazer os selos de mão que eu havia aprendido há muito tempo lendo alguns livros. No momento em que termino, eu desvio para longe da minha espada que está na mão de Sayuri, apenas um centímetro, o que faz a ponta da mesma arranhar minha bochecha. O sangue escorre quente ali, mas não reparo nisso. Até a dor parece distante.

Mesmo que eu não sinta nada diferente depois de ter feito os selos de mão, eu encosto a palma da minha mão no abdômen de Sayuri, próximo ao umbigo. No início eu não espero que aconteça algo, até que acontece. O chakra de Sayuri começa a ser sugado por mim. Ela grita e eu trinco o maxilar, sentindo meu corpo queimar por dentro. Sinto como se realmente tivessem ateado fogo em mim e eu não pudesse me mover. No braço que está em contato com ela começam a surgir veias escuras, como se pequenas gavinhas estivessem se instalado ali. Eu continuo suportando isso até os olhos de Sayuri voltarem ao normal e sua aparência também. Quando ela começa a perder os sentidos, eu tiro a minha mão e ela cai em meus braços. A risada do tal de Yuna encontra meus ouvidos de novo.

— Você é muito interessante, Sasuke — ele diz, mas sua voz parece distante. Ele usou Sayuri como uma distração para ir embora. — Já estou ansioso para a próxima vez em que nos vermos.

Olho de um lado para o outro, mas eu sei que ele já desapareceu, pois não sinto mais a sua presença. Sayuri e eu ficamos ali, sozinhos, em meio a toda aquela areia. Sem ter muito o que fazer e me sentindo mais cansado que nunca, eu carrego Sayuri e sinto uma dor lacinante em meu braço, mas continuo ignorando isso assim como o fato de que eu consegui ativar um jutsu teoricamente proibido para mim.

Depois que consigo colocar minha espada na bainha, eu volto andando para a vila. Sayuri parece leve como uma pena mesmo estando desacordada. Talvez o fato de eu ter tirado chakra dela a tenha deixado assim. O que ela acharia de tudo isso quando acordasse? É o que me pergunto. Bom, pelo menos ela está em segurança, penso, quase tropeçando em meus próprios pés.

Quando chego novamente na Vila da Areia parece que a caixa de pandora havia sido aberta e o pandemônio estava finalmente instalado ali. Pessoas correm de um lado para o outro, shinnobis e os não shinnobis, parecendo desesperados. Ao longe, eu escuto crianças chorando. Vozes sussurradas podem ser ouvidas de todos os lados. Aparentemente, ninguém dá a miníma atenção para mim e Sayuri. É como se estivéssemos invisíveis.

Eu vou andando até o hospital com Sayuri ainda desacorda em meus braços. Tento não pensar em Yuna e no fato dele ter deixado a gente escapar tão facilmente. Mais tarde posso pensar nisso, agora não. Lá dentro do hospital, sou recebido por um ninja médico que me diz para colocar Sayuri em uma maca e me pergunta o que aconteceu com ela. Quando eu digo tudo, até mesmo a parte de tirar o chakra dela, o médico me olha como se eu fosse o próprio anticristo, mas não fala nada. Apenas balança a cabeça e diz que vai examina-la em uma sala.

Ele vai arrastando a maca de Sayuri até sumir de vista e eu desabo no sofá, sentindo a tensão no ar quase palpável. Eu olho de um lado para o outro, mas o vai e vem de pessoas, as vozes baixinhas e o som das máquinas de hospital me deixam sonolento, talvez o fato de eu ter usado quase todo o meu chakra parando Sayuri seja o responsável por isso, mas não tenho tempo de pensar muito antes de fechar os olhos e cair em um sono profundo.

Em meu sono eu sonho com várias coisas: Sayuri, uma espada, Itachi, a Doragon... Nada faz sentido e quando eu acordo, com alguém me mexendo, parece que eu havia dormido apenas por dois segundos. Porém, pelas janelas, vejo que o céu já está clareando em um tom de azul.

Eu me sento no sofá, sentindo uma dor de cabeça começar a se formar, e ao meu lado eu vejo Akemi. Ela está com alguns curativos pelo corpo e os cabelos presos. Havia trocado também suas roupas e não usava nada ninja.

— Quanto tempo eu dormi? — pergunto. — Onde está Sayuri?

Eu olho ao redor e lembro tudo o que aconteceu na noite passada. Desde o irmão de Akemi até eu usando um jutsu que não devia. Quase instantaneamente, eu sinto uma pontada de dor em meu braço, o que me faz fazer uma careta e levar a minha mão livre até ele.

— Sayuri está bem — Akemi diz, me olhando preocupada. — Ela está tomando soro. Você dormiu o resto da noite aqui, devia procurar um médico também. Você não parece bem.

— Vou ficar — digo. — Me leve até Sayuri.

Ela balança a cabeça, concordando, e levanta do sofá, sendo seguida por mim. Nós andamos entre as pessoas e a mesma sensação estranha de quando cheguei aqui continua no ar. Quando Akemi para em frente a uma porta e segura na maçaneta, eu a paro antes de abri-la, quando digo:

— O que aconteceu aqui depois que fui atrás de Sayuri?

O corpo dela estremece ao meu lado e ela demora bastante até me responder.

— O Kazekage... — ela diz. — Ele morreu.

Lidar com a morte é a primeira coisa que todo ninja tem que aprender quando resolver se tornar um shinnbi, então quando Akemi fala que o Kazekage morreu eu não fico realmente surpreso, mas me pega desprevido. Como um Kage pode morrer dentro da própria vila? Eu observo o rosto de Akemi de cima, pois ela é mais baixa que eu e me pergunto se foi o irmão dela quem fez isso. Se sim, ela será expulsa da vila antes que tenha tempo de abrir a boca para se defender. Talvez Sunkagure acabe entrando em guerra com Konoha por causa disso. Posso sentir o medo de Akemi entre nós, como se fosse algo palpável. Mas não sei dizer se ela está com medo por ela, por Konoha ou por outra coisa.

Antes que eu tenha tempo de dizer qualquer coisa, a porta do quarto é aberta e Sayuri surge na nossa frente segurando a barra que mantém o soro que está tomando de pé.

— O que vocês estão cochichando aí? — ela pergunta, como se nada tivesse acontecido na noite anterior. Me pergunto se ela sequer se lembra se alguma coisa. — Já escolheram um Kazekage novo? — ela olha de um lado para o outro do corredor, como se fôssemos uma organização super secreta e ninguém pudesse nos ouvir.

— Sayuri! — Akemi chama sua atenção.

— O que? — Sayuri dá de ombros, voltando para dentro do quarto e nós a seguimos. — Na Vila da Folha eles trocam de Hokage mais rápido do que eu troco de calcinha. É assim, amiga, morreu, trocou. 

— Você não tem um pingo de sensibilidade? — Akemi cruza os braços, observando a amiga se sentar na cama. 

— Na verdade não, Rasa era irrelevante para mim. Então, quando vão escolher um Kazekage novo? Eu voto no Gaara — Sayuri sorri e mais uma vez eu vejo Akemi estremecer ao meu lado e olha sério para Sayuri. — O que foi, Akemi? — é a vez de Sayuri cruzar os braços. — Vai me dizer que não é uma boa ideia? Ele controla a areia igual ao pai e, surpresa!, aqui é a Vila da Areia. Os anciãos seriam idiotas de não colocar ele. Se bem que vindo desses anciãos imbecis que toda vila tem, eu não espero boa coisa. Certeza que eles vão querer colocar algum maluco. 

— É... Eu preciso ir — Akemi diz, se adiantando para a porta. Sayuri olha para ela sem entender. — Lembrei de algo que tenho que fazer. Se você precisar de algo, pode me chamar, Sayuri.

A Senju sai como um raio do quarto e Sayuri e eu ficamos sozinhos — o que eu não gosto nem um pouco. Eu sinto o olhar dela em cima de mim e demoro uma vida para virar em sua direção. Odeio o fato de que Sayuri sempre foi muito observado desde criança e odeio ainda mais o fato de que, por causa disso, ela consegue perceber qualquer mínimo detalhe. Por um momento, me sinto como se estivesse pelado na frente dela. Aparentemente, ela não se lembra de nada que aconteceu e acho que talvez seja melhor assim. Bem melhor. 

— O que aconteceu com você?! — Sayuri me traz de volta a realidade, pulando da cama e se aproximando de mim.

Ela pega a minha mão e observa as marcas deixadas pelo jutsu que eu fiz. Acompanho seu olhar que chega até próximo a gola da minha blusa e eu me pergunto se as marcas foram até ali.

— Isso é o que eu estou pensando que é? — ela se aproxima de mim, tentando ver por baixo da gola da minha blusa, mas eu me afasto o mais rápido possível. — Você usou algum jutsu que vai além do chakra que você tem? — ela me encara com o cenho franzido. — Você enlouqueceu?! 

Pois é, ela realmente não se lembra de nada. Por um minuto me sinto um pouco ofendido. Eu arrisco a minha vida para salvar essa garota e ela não se dá nem o trabalho de se lembrar disso depois?! Não que eu esperasse algum tipo de gratidão vindo dela, mas ainda assim... Não é como se eu não tivesse feito nada.

— Eu estava tentando te salvar! — digo, aumentando a voz também.

Subitamente, eu sinto minha cabeça girar e o quarto todo parece rodar junto. Eu me desequilibro e me apoio na cama, ouvindo a voz de Sayuri como se ela estivesse muito longe. Ela passa como um borrão por meus olhos, vindo rapidamente na minha direção.

— Sasuke! Você está me ouvindo?

A voz dela parece a quilômetros de distância e uma dor de cabeça muito forte se espelha pela minha testa como se milhões de agulhas estivessem penetrando ali.

Você é muito interessante, Sasuke.

A voz de Yuna volta até mim como um dardo acertando o alvo. Talvez ele soubesse o que eu fosse fazer para salvar Sayuri, talvez fosse tudo premeditado. Me deixar fraco, deixar Sayuri fraca, Gaara, Akemi, o Kazekage... Talvez ele quisesse atacar de verdade quando estivéssemos vulneráveis. Talvez (e esse pensamento vem até mim como um soco), só talvez, ele e a Doragon não estejam atrás apenas de Akemi. 

Antes de desmaiar, a última coisa que eu sinto são os braços de Sayuri me amparando e escuto ela gritando por ajuda. Então tudo fica escuro e a minha consciência mergulha nessa escuridão antes que eu possa fazer qualquer coisa.


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