The Chosen Ones — Chapter One. escrita por Beatriz


Capítulo 1
Akemi: um aniversário fora dos padrões.




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Sei que estou sonhando. Sei disso porque todas as noites, quando fecho os olhos para dormir, tenho esse sonho onde tenho consciência de que nada é real, mas ainda assim consigo sentir cada detalhe. Quero poder acordar e pular para fora de minha própria mente, mas não consigo. Nunca consigo.

Estou deitada em um chão frio e úmido. Minha cabeça lateja e sinto um gosto metálico na boca. Sangue. Minha pele se arrepia, mas ignoro a atual situação do meu corpo e tento ficar de pé. Apoio-me nas paredes que me cercam e obrigo meu corpo ferido a levantar. Na mesma hora minha perna direita protesta, enviando pontadas de dor por todos os lugares. Ainda que eu esteja com a visão turva, olho para o foco da dor. Consigo ver o que me incomoda: um corte fundo atravessa minha perna da coxa até o joelho. Lágrimas enchem meus olhos, mas não me permito chorar. Não posso ser fraca agora.

— Alguém, por favor... Socorro...

O sussurro entra em meus ouvidos, despertando-me do que quer eu possa estar sentindo. Reconheço a voz imediatamente. Preciso alcançar o dono dela a qualquer custo. Tento me mover para frente, mas uma pontada de dor atravessa minhas costelas no lado direito do tórax. Levo imediatamente uma mão até o local e uma careta desfigura meu rosto, abrindo o corte em minha boca e fazendo-o arder. Sei que estou cheia de hematomas e ferimentos por todo corpo e agora provavelmente estou com alguma costela quebrada, porém não deixo isso me abalar. Respiro fundo, meus lábios tremem com a vontade de chorar, e, mancando, caminho pelo túnel a minha frente.

Está escuro e silencioso; a única coisa que escuto são os pingos de água que caem no chão vindo de infiltrações no teto. A ferida em minha perna continua aberta e sei que preciso estancar o sangue antes que ele se esvaia todo por ali, mas não consigo parar para fazer o curativo, algo mais forte que a vontade de continuar viva me impulsiona adiante. Pela primeira vez em muito tempo não me importo com o que pode acontecer comigo.

— NÃO! POR FAVOR, NÃO!

Dessa vez não é um sussurro. O grito faz eu me encolher contra a parede. Minha perna me faz hesitar. Não consigo continuar adiante. Não posso alcançá-lo. Deixo as lágrimas finalmente tomarem conta de meu rosto. Não tenho chance de salvá-lo, sou fraca demais para isso. Escorrego até o chão e encosto minha têmpora na parede fria, sentindo as lágrimas escorrerem. Eu preciso continuar, mas não suporto mais meu próprio corpo. Estou destruída.

— Me mate! — posso escutar o desespero na voz dele.  — Me mate, mas deixe-a viver. Por favor.

Uma pausa. Escuto uma risada e depois apenas o silêncio. As lágrimas caem com mais força por minhas bochechas frias e pálidas. Sei que a morte é o caminho mais rápido para mim, sei que ao me entregar a ela tudo isso, toda a dor e sofrimento enfim ficaram para trás. Eu poderia simplesmente deitar aqui mesmo e esperar pela morte. Sim, poderia, mas não o faço. Eu fiz uma promessa e não vou quebrá-la. Ele precisa de mim!

Agarro-me aos últimos fios de forças que ainda me restam e me obrigo a ficar de pé mais uma vez. Limpo meu rosto com as costas da minha mão e continuo meu caminho, desta vez um pouco mais rápido. Ignoro a dor e logo ela se torna algo tão distante que é quase inexistente. Corro o mais rápido que consigo. Quem se importa com o que acontecer comigo? Tudo o que consigo pensar é em salvá-lo.

Não demora muito para que o encontre. A sala estaria um breu se não fosse a luz fraca e pálida de uma lâmpada que pende do teto, iluminando a lugar onde ele está preso. Seus braços estão esticados até o limite por duas correntes grossas feitas com chakra. Ele está de joelhos, sangue escorre por todo seu corpo, e parece tão acabado quanto eu. Vejo o brilho de uma lâmina pelo canto do meu olho, sei o que vai acontecer e movo minhas pernas sem pensar duas vezes. Corro, porém sou lenta demais. A espada desce, na direção do pescoço dele.

— NÃO!

Meu grito é a última coisa que escuto antes de tudo mergulhar na mais profunda escuridão.

Acordo com um sobressalto. Meu pulso está acelerado e suor escorre por quase todo meu corpo. Estou ofegante e meu peito dói. Levo uma mão até o coração, apertando o tecido da blusa de meu pijama entre meus dedos. Meus batimentos cardíacos estão absurdamente acelerados e consigo escutá-los em meus tímpanos. Sinto lágrimas escorrendo por minhas bochechas antes mesmo de assimilar que estou chorando. Não é a primeira vez que tenho esse sonho. Toda vez que o tenho, é sempre a mesma coisa, e, apesar de me sentir um lixo quando acordo, não consigo afastar de minha mente o motivo de não conseguir ver o rosto das duas pessoas que dividem o sonho comigo. A única coisa que sei é que são dois homens; o resto é um mistério.

Sei que uma sensação horrível tomará conta de mim o dia inteiro até chegar a noite mais uma vez, onde terei o mesmo sonho ou algum outro diferente, porém nada feliz, e na manhã seguinte acordarei pior que hoje. É um ciclo vicioso e interminável.

Sinto as lágrimas descendo até meu queixo e pingando em minhas pernas nuas. Enxugo-as e me obrigo a levantar da cama. Por mais difícil que seja lidar com esses pesadelos, não posso faltar com minhas responsabilidades por causa disso. Um dia isso tudo vai acabar, digo à mim mesma, só preciso ser forte. Suspiro, tentando me acalmar, e jogo as cobertas para o outro lado da cama. Pela janela já consigo ver indícios dos primeiros raios de sol. Ótimo, penso, um pouco mais confiante. Um dia ensolarado é tudo o que eu preciso.

Enquanto me arrasto até o banheiro sinto como se um balde de água fria tivesse sido derramado sobre mim. Meu corpo inteiro treme e por pouco minhas pernas não vacilam. Sinto-me exausta mesmo tendo acabado de acordar. Até respirar é complicado.

Apoio minhas mãos trêmulas na pia de mármore do banheiro, sentindo a pedra fria enviar calafrios por todo o meu corpo. Faço meu costumeiro exercício de respiração: inspirar e expirar lentamente, e fito o reflexo que me encara de volta no espelho. É como olhar para uma estranha conhecida. Eu reconheço cada detalhe do rosto, mas não sei dizer quem me encara de volta. Meus olhos estão vermelhos, minhas olheiras estão mais fundas, minhas narinas estão dilatadas e minha pele nunca esteve mais pálida. Eu pareço estar doente.

Lentamente começo a tirar meu pijama. Primeiramente o short e depois a camiseta. Vejo uma marca em minhas costelas esquerdas, a tenho desde que nasci, poderia ser um sinal ou uma marca de nascença se não parecesse tanto com um símbolo que foi cravado ali por algo ou, quem sabe, alguém. A toco com a ponta dos dedos, o “sinal” tem um tom mais escuro que o da minha pele, parece muito com uma tatuagem. Suspirando, tiro minha atenção disso e levo minha mão até minha cabeça e com meus dedos puxo o grampo que prende meus cabelos em um coque frouxo. Os longos e grossos fios castanhos caem como uma cachoeira por minhas costas. 

Abro o registro do chuveiro enquanto espero pela água debaixo do mesmo. Poderia ter passado o dia inteiro ali, mas um barulho vindo de algum lugar fora do meu quarto me faz ficar alerta e sair dali o mais rápido possível. Se tivesse alguém mal intencionado dentro do meu apartamento não seria nada legal ser pega nua dentro do banheiro. Me enxugo rapidamente, enrolo minha toalha na cabeça e pego um hobby roxo para cobrir meu corpo. Abro a porta do quarto com cautela, minha kunai já está empunhada e fico pronta para atacar a qualquer momento. Percebo que o barulho vem da cozinha e me dirijo para lá rapidamente. Alguém se move ali dentro e ataco sem nem pensar duas vezes.

A kunai passa rente ao rosto do invasor e fixa-se na parede a frente dele. Continuo escondida atrás de uma parede, mas dou uma espiada dentro da cozinha apenas para me certificar de que tinha errado o rosto do desconhecido por milímetros. Praguejo baixinho.

— Mas o que...?

A pessoa diz, puxando a kunai da parede. Meus olhos se fixam no homem de pé ali e o reconheço. Deixo escapar um suspiro de alívio e entro na cozinha segundos depois.

Neji? — ergo uma sobrancelha. — O que você está fazendo aqui?

Ele se vira para mim, ainda segurando a kunai, e me fita com aqueles seus olhos que me deixariam intimidada se eu já não estivesse mais do que acostumada a encará-los.

— Você podia ter me acertado, sabia? — ele deixa a kunai de lado. Apenas dou de ombros.

— Ninguém mandou invadir meu apartamento desse jeito.

Sei que devo estar parecendo patética aqui, de pé, dentro de um hobby com uma toalha enrolada na cabeça, e sei também que provavelmente deveria estar envergonhada por estar vestida desse jeito na frente de um homem como Neji. Mas não me sinto assim. Pelo menos não perto dele. Nunca consegui me sentir assim perto dele.

O garoto acaba com a distância entre nós dois com alguns passos e nós ficamos cara a cara. Ele coloca o dedo indicador debaixo do meu queixo e levanta minha cabeça gentilmente para que possamos olhar nos olhos um do outro. Encaramo-nos por um momento, são apenas alguns segundo que mais parecem horas. É sempre assim quando estou perto dele, perco completamente a noção do tempo.

Com meus olhos, acompanho seus movimentos lentos. Tenho quase certeza do que ele irá fazer em poucos segundos e meu olhar para diretamente em seus lábios. Estão entreabertos, tão convidativos que sinto vontade de puxá-lo pela nuca imediatamente e acabar logo com esse maldito espaço entre nós dois.

Neji se aproxima um pouco mais, parece que lê meus pensamentos. Tenho que ficar na ponta dos pés para conseguir igualar nossas alturas. Ele está tão próximo agora que posso sentir sua respiração. Ele fecha os olhos, está se preparando para me beijar, sei disso. Repito o movimento, deixando minhas pálpebras se fecharem. Seus lábios encostam superficialmente nos meus, quase nem os sinto e isso me deixa confusa.

— Feliz aniversário — escuto seu sussurro entre meus lábios.

Abro meus olhos apenas para ver Neji de olhos abertos e sorrindo. Ele está brincando comigo. Franzo o cenho e o empurro para trás. Estou surpresa que ele tenha se lembrado do meu aniversário quando nem eu mesma lembrava. Tenho andado tão atarefada ultimamente que nem do meu próprio aniversário tive tempo de lembrar.

A mão de Neji sai do meu rosto e a risada dele preenche o ambiente outrora silencioso. Quero socá-lo, mas me contento em lhe dar as costas e voltar para o meu quarto. Porém, antes que eu consiga dar um passo, Neji segura meu pulso. Não segura muito apertado a ponto de machucar, eu posso me soltar se fizer um esforço, mas serve para me deixar parada. Viro-me novamente para ele, mas dessa vez cruzo os braços e não olho em seus olhos.

— Eu preciso estar no trabalho às oito em ponto, então se me der licença preciso me vestir — digo, emburrada.

— Ei — ele levanta minha cabeça novamente como da primeira vez. —, me desculpe. Eu sei que você odeia aniversários, mas olha só o que eu fiz para você.

Eu olho pela primeira vez para a mesa da cozinha e vejo algo que ainda não tinha percebido antes. Neji tinha feito um café da manhã para mim, com direito a tudo – até às minhas flores preferias: lisianto roxo. Minha raiva passa completamente e o surpreendo com um abraço, o que faz a toalha cair da minha cabeça, expondo meus cabelos bagunçados e molhados. Neji ri em meu ouvido.

— Agora você gosta de comemorar seu aniversário, não é?! — ele finaliza o abraço e acaricia meu rosto. — Que bom que gostou. Ver você feliz me deixa feliz.

Dou um beijo em sua bochecha.

— Eu vou me trocar e você serve a gente. Pode ser?

Neji balança a cabeça, concordando. Volto para o meu quarto com um sorriso bobo no rosto. É verdade que detesto aniversários. Para que comemorar o dia em que você fica mais perto da morte? Não vejo alegria nisso. Mas Neji tem o dom de me fazer gostar até das coisas que eu mais odeio. Foi assim com ele quando nos conhecemos, eu odiava seu jeito, o achava chato e muito certinho, mas depois de um tempo, conhecendo-o melhor, foi quase impossível não me apaixonar. E felizmente o sentimento foi mútuo.

Sobre o meu trabalho, ele não condiz com a minha idade. Com apenas catorze anos consegui me tornar uma Caçadora Especial Anbu e hoje, aos dezoito anos recém-completados, já sou líder dos Caçadores. Com muito esforço e trabalho duro consegui meu lugar de maior prestigio entre eles. Muitos não apoiam essa decisão do Sexto Hokage; uns por eu ser mulher, outros por acharem que eu não mereço, mas todos me engolem mesmo assim.

Nós, Caçadores Anbu, temos nosso uniforme padrão, e apesar de preferir usar minha roupa ninja eu o sou obrigada a usá-lo. Nós também usamos uma espada katana presa às nossas costas, mas esse último acessório deixo para colocar apenas quando for sair, assim como minha capa branca de líder e minha máscara que foi um presente do Sexto Hokage.

Deixo no sofá da sala tudo o que vou precisar levar quando sair e volto para a cozinha. Neji está me esperando sentado à mesa, me encara quando eu apareço. Ele se levanta na hora e puxa a cadeira para que eu sente. Esse é um dos motivos pelo qual me apaixono cada dia mais por ele: todo o cuidado que ele tem comigo. Acho maravilhoso.

— Você está linda — ele diz, fazendo-me sorrir.

— Não estou, não — digo. — Não com esse uniforme.

— Será que você pode só aceitar meu elogio, Akemi? — ele ergue uma sobrancelha. Sorrio.

— Obrigada por tudo isso.

Ele se recosta no encosto da cadeira, cruza os braços sobre o peito, e sorri, satisfeito consigo mesmo. Começo a comer e Neji apenas me observa com um sorriso brincado em seus lábios.

— O que foi? — pergunto, mastigando. — Eu me sujei?

Neji ri. Ele parece bem feliz hoje. Isso me deixa animada, me faz esquecer um pouco a noite turbulenta que tive.

— Não — ele responde.

— Então por que está me encarando desse jeito?

— Eu só... — ele passa a língua no lábio inferior, umedecendo-o. — Bom, eu só estava pensando que ainda falta meia hora até você precisar se encontrar com os Caçadores Especiais Anbu então a gente podia, não sei, fazer algo mais interessante nesse tempo. O que acha? — ele me encara novamente, cheio de expectativa.

Entendo exatamente o que ele está sugerindo e a ideia me parece maravilhosa. Limpo minha boca com um guardanapo de papel e fico de pé, arrastando a cadeira para trás. Inicialmente Neji parece não entender o que estou fazendo, mas fica óbvio rapidamente. Ele levanta também e vem até mim, encostando-me à parede.

Em Neji, a veste tradicional dos Hyuuga fica extremamente sexy. Ele coloca uma mão na parede e a outra vai parar na minha bochecha. Nossos olhares se encontram e um sorriso se espalha pelo meu rosto. Sem demora, levo minha mão até sua nuca, por trás de seu longo cabelo. Sua pele quente em contato com minha mão gelada o faz estremecer, deixando-o todo arrepiado. Eu o puxo para mim e nossos lábios finalmente se encontram. Faz menos de doze horas que nos beijamos pela última vez, mas sinto como se fizesse um ano, por isso o beijo com vontade. E, para minha alegria, ele retribui com a mesma intensidade.

No momento em que dou passagem para sua língua, ele leva suas mãos até a minha bunda e me puxa para cima, fazendo-me envolver sua cintura com meus pés e ele me segura nessa posição. Finalizo o beijo por alguns segundos apenas para abrir o zíper de sua blusa, ele sorri e me ajuda. Em poucos segundos já estamos sem algumas partes de nossos trajes: ele tirou minha armadura e puxou meu macacão até a minha cintura, deixando-me apenas de sutiã e ele está com aquele físico maravilhoso a mostra e ao alcance de minhas mãos.

— Se continuarmos nesse ritmo vamos acabar fazendo tudo aqui mesmo — ele diz entre meus lábios, porém mal o escuto. — E não quero fazer amor com você de pé aqui nessa parede. Eu vou te levar para o quarto, tá bom?

— Neji — digo, descendo meus beijos do seu maxilar até o pescoço. O escuto conter um gemido. —, faz o que você quiser. Só para de fala, por favor.

Ele me segura com mais força e caminha comigo até meu quarto. Neji me deita gentilmente na cama e eu me coloco em uma posição confortável. Ele fica de pé na minha frente sem nunca tirar os olhos dos meus. A única coisa na qual consigo pensar é no quanto o quero dentro de mim.

Neji terminar de tirar sua roupa e vem para a cama apenas com uma cueca preta. Com a maior calma do mundo ele tira as minhas sandálias e depois o que resta do meu macacão e os acessórios nos meus braços. Eu já estou praticamente implorando para que ele pare com essa demora, mas sei o quanto Neji gosta das preliminares, então me contenho.

Ele finalmente vem para cima de mim, sua boca vai direto ao meu pescoço e ao sentir seus lábios ali minha pele inteira se arrepia. Seu pênis, ainda coberto pela cueca, me pressiona por cima da calcinha. Eu o quero dentro de mim imediatamente e estou quase para implorar isso quando ele me surpreende pressionando seus lábios contra os meus. Sua língua se encontra com a minha com calma, ele parece saborear cada momento do beijo. 

Uma ideia passa pela minha cabeça enquanto nos beijamos e deixo um sorriso escapar entre o beijo. Ele parece não perceber, o que torna meu trabalho ainda mais fácil. Eu finalizo o beijo e giro meu corpo para cima do dele. Pego de surpresa, Neji não tem tempo para fazer algo. É a minha vez agora. Eu sorrio e ele apenas me encara enquanto abro as pernas para sentar em cima dele. Quando encosto minhas partes intimas nas suas, ele morde o lábio inferior, tentando impedir que um gemido escape, e fecha os olhos. Contenho um sorriso.

Eu me inclino para frente e começo a beijar seu pescoço, desço pelo peito, abdômen e finalmente chego onde quero. Neji apenas me observa enquanto tiro sua cueca lentamente. Quando ele está completamente nu não perco mais tempo. Coloco seu pênis em minha boca e tento chegar até a base, mas sei que não vou conseguir. Então apenas fico da glande até o meio, aumentando e diminuindo a velocidade quando acho apropriado. Minha cabeça sobe e desce, não o encaro, mas sei o quanto está gostando quando sua mão vai até meus cabelos e os segura. Agora é ele quem controla a velocidade.

Um gemido alto escapa de sua boca e eu finalmente o encaro. Ele está de olhos fechados e sua boca está aberta. Neji fica ainda mais bonito com essa expressão de completa entrega no rosto. Eu gosto de proporcionar prazer a ele apesar dele sempre querer me dar prazer e acabar esquecendo de si próprio.

— Akemi... — ele sussurra meu nome e isso me deixa quase em êxtase. — Você precisa... Eu vou... — ele geme outra vez, interrompendo sua fala. Tiro a boca de seu pênis antes que ele goze.

— Eu sei o que você quer — digo.

Tiro a boca de seu membro e tiro minhas roupas intimas. Me sinto até um pouco mais livre completamente nua. Neji ainda está de olhos fechados e não o espero abrir para dar meu próximo passo. Eu vou para cima dele e o beijo novamente. Ele não parece ser pego de surpresa e retribui o beijo com avidez.

— Agora fica quietinho aí enquanto coloco a camisinha em você — sussurro, finalizando o beijo.

Um sorriso cheio de segundas intenções se abre em sua boca quando ele se depara com meus seios a mostra. Ele me observa atentamente dos pés a cabeça quando levanto da cama para pegar a camisinha na cômoda ao lado. Penso em ficar por cima quando termino de coloca a proteção; usando a palavra mais vulgar, penso em “cavalgar” em Neji, mas ele não me deixa fazer isso. Às vezes ele acaba sendo bem mais tradicional que eu em muitos aspectos.

Dessa vez eu vou ficar por baixo. Abro minhas pernas para recebê-lo dentro de mim. Felizmente Neji atende rapidamente aos meus pedidos silenciosos e vem para cima. Mas primeiro ele me beija, solto um gemido triste por ele ter quebrado as minhas expectativas.

— Você é muito apressada — ele diz, rindo.

— Por favor... — peço manhosa, olhando-o nos olhos.

Percebo quando os olhos de Neji escurecem de desejo. E sem mais nenhuma palavra ou sorriso, ele me penetra de maneira forte. Não consigo conter um gemido, que sai mais alto do que eu esperava. Ele vai aumentando a velocidade gradativamente enquanto arranho cada vez mais forte suas costas cheias de músculos. Meus cabelos estão todos espalhados pelo colchão enquanto os de Neji, longos e negros, formam uma cortina ao nosso redor. É como se só existisse nós dois no mundo, se eu pudesse congelaria esse momento e ficaria nele para sempre.

Eu tinha dez anos quando conheci Neji. E tinha catorze quando começamos um relacionamento. Eu me apaixonei rapidamente por ele, tão rápido que eu só percebi quando já estava com o sentimento dentro de mim. Ele me cativou e me conquistou de todas as maneiras possíveis. Por isso foi meu primeiro em tudo. Meu primeiro beijo, meu primeiro namorado, o primeiro homem que eu tive em minha cama e o primeiro para quem me entreguei de verdade. Eu sempre tive certeza do quanto sou apaixonada por Neji, mas nunca tive muita facilidade em lidar com sentimentos e só agora tive certeza de que o amo.

Suas estocadas aumentam de velocidade. Ele me preenche de todas as formas possíveis, não apenas sexualmente, mas sentimentalmente me sinto completamente preenchida.

Ele me penetra ainda mais rápido, se é que isso é possível. Meu corpo inteiro se arrepia e sei que estou quase chegando ao meu ápice. Cravo minhas unhas em suas costas e com a outra mão agarro o lençol bagunçado da cama.

— Neji, eu vou... — ele me interrompe.

— Espere por mim — diz. — Estou quase lá também. 

Eu tento esperar, mas é impossível. Quando ele goza, eu já havia feito o mesmo minutos antes, mas acaba sendo bom do mesmo jeito. Ele geme baixinho em meu ouvido logo depois de mim. Sinto a ponta de seu nariz em meu pescoço e a sua orelha roça em minha bochecha.

A mão que estava em suas costas minutos atrás vai até sua nuca e eu começo a fazer carinho ali. Seu cabelo está molhado pelo suor e gruda na minha mão, mas nem eu e nem ele nos importamos com isso.

Neji se recompõem bem mais rápido que eu, mas não sai de cima de mim. Continuamos assim por um tempo. Ainda estou de olhos fechados tentando normalizar a minha respiração. Sinto os dedos de Neji acariciando minha bochecha e sorrio sem mostrar os dentes.

— Abre os olhos — ele pede, baixinho. — Olhe para mim.

Quando nossos olhares se encontram, percebo o quanto ele está lindo nesse momento. Seu cabelo longo quase cobre metade de seu rosto e está todo bagunçado. Ele está sem a bandana e posso ver o selo da família secundária dos Hyuuga em sua testa. Coloco seu cabelo atrás de sua orelha e passo meus dedos pelo selo, sua testa está molhada de suor, mas não me importo. Neji dá um sorrisinho, apoia-se em seu cotovelo direito e com a mão esquerda pega minha mão direita e a beija.

— Preciso te falar uma coisa — ele diz, ainda segurando minha mão. Eu o encaro. — Vem cá.

Ele se livra da camisinha, nos troca de lugar e se encosta à parede atrás da minha cama. Depois de ter se ajeitado, ele me puxa para o seu colo. Meu cabelo esconde meus seios. Neji me segura pela minha cintura com uma mão e a outra vai parar na minha bochecha. Nos encaramos.

— É algo sério? — pergunto, preocupada. — Aconteceu alguma coisa?

Ele sorri e coloca uma mecha de cabelo minha atrás da minha orelha.

— Não — ele diz, balançando a cabeça. — Não se preocupe.

— O que é então? — minha mão vai parar em seu peito, na direção de seu coração e posso sentir o quanto está acelerado.     

— Não é nada demais... — ele desvia o olhar do meu por um momento depois volta a me encarar novamente. — Mas desde que começamos a namorar quero te dizer isso. Nunca encontro coragem.

— Eu estou bem aqui agora, Neji. E depois do que a gente fez, não acho que tenha momento mais certo que esse. Pode falar.

— Bem, eu... — ele parece um pouco nervoso. — Eu amo você.

Neji abaixa a cabeça, parecendo envergonhado. Pergunto-me por que. Um sorriso surge em meu rosto e é a minha vez de colocar um dedo sob seu queixo e levantar sua cabeça.

— Ei — seus olhos encontram os meus. —, eu também amo você.

Ele sorri e não fala nada, apenas me beija e eu apoio o rosto em seu ombro. Miutos depois, escutamos batidas na porta do apartamento. Elas são bem suaves e por isso decido ignorar por uns minutos, mas não demora muito para se tornarem murros.

— AKEMI! — reconheço a voz de Naruto gritando do outro lado. — TÔ ENTRANDO, VIU? SE ESTIVER PELADA SE VESTE LOGO.

Neji e eu trocamos um olhar assustado. Nosso relacionamento nunca foi um segredo para ninguém, mas não queríamos que Naruto nos visse nessas condições.

Saio do colo de Neji e corro atrás do meu hobby, enquanto meu namorado veste a cueca e a parte de baixo da sua roupa e tenta atravessar o apartamento do quarto até a cozinha antes que Naruto entre. Não dá certo. Quando Neji sai do quarto comigo logo atrás dele, Naruto já está de pé na sala de estar e dá de cara com nós dois. Ele ergue uma sobrancelha.

— Oi, Naruto — aceno, sorrindo. — Como você tá?

— Com mais roupa que você pelo visto — ele diz, me analisando. Segundos depois eleanda até mim e dá um empurrãozinho em Neji. — Feliz aniversário!

Ele me abraça, tirando-me do chão. Acho incrível que ele não tenha percebido que a única coisa que o separa do meu corpo nu é o hobby que estou segurando na minha frente.

— Obrigada, Naruto, mas eu estou pelada e preciso me arrumar — ele me solta, constrangido. — Será que você pode ajudar o Neji a organizar a cozinha enquanto isso, por favor?

— É claro — ele coça a nuca, envergonhado.

Eu tomo outro banho, me arrumo o mais rápido que posso e saio do quarto ajeitando minha armadura. Amarro minha bandana na cabeça e pego a máscara e a capa. Naruto e Neji estão me esperando e conversam sobre alguma coisa inaudível, quando eu chego perto eles param para me olhar.

— A senhorita sabe que horas são? — Naruto pergunta.

— Hum... Sete e meia? — arrisco um palpite, bebendo uma água que pego na geladeira.

— Oito e meia, Akemi. Você tá super atrasada.

Quase coloco a água pra fora. Oito e meia? Eu estou mais do que super atrasada.

— Kakashi vai me matar — bato na minha própria testa. — Dedos cruzados para que ele ainda não tenha chegado lá — termino a minha água. — Preciso ir — vou até Neji e lhe dou selinho. —, nos vemos daqui a pouco — depois vou até Naruto e deposito um beijo em sua bochecha. — Até daqui a pouco, baixinho.

Saio pela porta colocando a capa branca, mas antes de fechá-la escuto a voz de Naruto.

— Eu sou mais alto que você, Akemi!

Dou uma risada e fecho a porta. Coloco a minha máscara dos Caçadores Anbu e vou até o escritório do Sexto Hokage o mais rápido que consigo. Realmente, Naruto é mais alto que eu, bem mais alto, assim como Neji – e qualquer outra pessoa com mais de 1,60 de altura –, mas o chamo de baixinho, porque quando éramos crianças ele era mais baixo que eu. Velhos hábitos nunca morrem.

— x —

Corro como um raio pelas ruas da Vila da Folha, tentando combinar meus passos com o rabo de cavalo que estou fazendo em meu cabelo. Rezo para que não fique torto. Chego ao escritório do Sexto Hokage o mais rápido que consigo, mas o encontro vazio. Enquanto estava com Neji me esqueci completamente de que hoje temos uma festividade aqui na Vila da Folha. Vamos todos celebrar o vitória de Sasuke Uchiha, o homem que matou o tão temido Orochimaru. Pessoas importantes de outras aldeias virão para cá e por isso a presença dos Caçadores Especiais Anbu é tão importante. E eu, como líder deles, tenho a obrigação de ser a primeira a chegar ao escritório do Sexto Hokage. Com o meu atraso só dou mais razão para aqueles que não me aceitam nesse cargo.

Corro até o portão de entrada. Lembro vagamente de ter ouvido Kakashi comentar comigo que seria lá que iriamos receber os convidados. Meu coração está quase pra sair pela boca quando esbarro sem querer em Izumo e Kotetsu, eles estão carregando alguns aperitivos até onde os convidados especiais das outras aldeias vão ficar.

— Sinto muito — digo. — Desculpa.

— Akemi? ­— Izumo tenta ver através da minha máscara. — Você não devia estar lá no portão de entrada junto com o Hokage e os outros Caçadores?

— Sim, mas eu acabei me atrasando — levanto a máscara Anbu e coloco um bolinho de peixe na boca, recebendo um olhar feio de Kotetsu. — Kakashi vai me matar.

— Ainda bem que você sabe — Kotetsu ri. — A gente se vê. Boa sorte.

Despeço-me deles e volto a correr. Assim que avisto o portão de entrada vejo que todos já estão lá, tento me esgueirar pelos Caçadores Anbu sorrateiramente. Alguns murmuram algumas coisas, mas ninguém me dedura em voz alta. Paro com cara de paisagem em meu lugar, ao lado do Hokage. Talvez ele nem tenha notado a minha ausência. Grande engano.

— Onde você estava? Sabe que horas são? — o Hokage sussurra, mas posso escutar a raiva em sua voz. — O que você estava fazendo?

— Ah, eu... Hum... Você sabe, coisas — dou uma risadinha nervosa. — Eu sinto muito, Kakashi, perdi a noção do tempo.

— Você é a líder dos Caçadores, Akemi. Sabe como é grande a responsabilidade do cargo e sabe também que todos vão ter você como exemplo. O que você espera que aconteça caso isso se torne frequente?

Como eu vou ser exemplo se metade dos Caçadores não me veem como líder?”, penso, cruzando os braços.

— Eu entendo as responsabilidades, Kakashi — abaixo a cabeça, envergonhada. — Juro que isso não voltará a acontecer.

— É Hokage pra você, Akemi.

Kakashi e eu nos viramos pra ver quem está falando. É Ranmaru, um dos Caçadores que faz parte do fã clube: “ódio gratuito a Akemi”. Ele é um homem grande e cheio de músculos, perto dele pareço uma bonequinha de porcelana. Posso ver seus olhos, um cinza e outro roxo, pelos olhos da mascara. A raiva está estampada ali como se fosse sua marca registrada. Ele me odeia.

— Você, mais que todos, deveria saber disso, não é, líder? Devia saber também que atraso é uma falha muito grave para nós Caçadores. O que você estava fazendo? Transando com aquele seu namoradinho metido?

Cerro meus punhos. Por que ele insiste em me tratar assim? Por que consegui a posição que ele queria entre os Caçadores? Por que sou mulher? Não sou fraca, isso é óbvio. Se fosse, não estaria usando essa capa branca. Então por quê? Inveja? Kakashi segura meu pulso com força, um aviso silencioso para que eu me recomponha, ele sabe que a qualquer momento posso acabar perdendo a cabeça e partindo para cima do meu “colega” de trabalho.

— Já chega, Ranmaru! — Kakashi diz, firme. — Volte para o seu lugar. Os primeiros convidados já estão chegando.

Antes mesmo de Kakashi terminar de falar vejo os primeiros convidados. Representantes de cada uma das cinco aldeias chegam hoje para a festa. Aparentemente quem acaba de chegar são os Caçadores Anbu da Vila Oculta da Nuvem. Nós os recebemos da melhor forma possível e alguns Jounins os escoltam até o local reservado para eles. Os segundos a chegar são quatro Jounins da Vila Oculta da Pedra, Caçadores Anbu os escoltam até o lugar reservado.

Kakashi diz que sou eu quem vai escoltar os próximos representantes, seja qual for a vila. Me sinto um pouco nervosa. Faltam apenas duas: a da Névoa e a da Areia. Meu coração dá um salto no peito só de pensar quem pode vir representando a Vila Oculta da Areia e rezo silenciosamente para que a Vila Oculta da Névoa seja a próxima a chegar. Por favor, que ele não venha, por favor, penso.

Mas eu já deveria saber que a sorte quase nunca está ao meu favor, nem mesmo no dia do meu aniversário. Ao longe vejo os próximos visitantes, cravo minhas unhas nas palmas das minhas mãos. Não pode ser ele, não pode ser ele. Meu coração golpeia meu peito e o escuto em meus ouvidos. Será que Kakashi ficaria com muita raiva se eu saísse correndo agora?

São apenas três pessoas que vêm representando a Vila Oculta da Areia. Apenas três. Mesmo sem vê-los nitidamente os reconheço. Reconheço o boneco, o leque e aquela cabaça de areia que até hoje me assombra. Os reconheço porque passei dez anos observando aquelas coisas de perto. É um dia quente e ensolarado, mas sinto um frio que me faz tremer. As três pessoas estão nítidas agora. Posso vê-los com clareza e percebo, com pavor, que eu não estava errada sobre suas identidades.
Kankuro, Temari e o tão famoso Gaara.

Quero correr desse lugar e me esconder em qualquer canto impossível de ser encontrado. Os três estão mais próximos agora. Posso ver os olhos dele, tão perto de mim depois de anos tão distantes. Ainda são os mesmo olhos, solitários e cheios de ódio. Ele ainda é o mesmo de antes, apesar de ter crescido vários centímetros e ter se tornado um homem. 

Acho que estou prestes a desmaiar, pois minha visão fica turva e meus pés vacilam. Sou amparada por Reiji que magicamente aparece atrás de mim. Há quanto tempo ele estava ali? Sua mão pressiona a minha cintura, me mantendo firme no chão. O agradeço mentalmente.

— Você está bem? — ele pergunta, preocupado.

— Eu...

Não consigo terminar de falar, pois meu olhar vai de encontro às três pessoas que estão chegando. Menos de um metro de distância me separa dele agora.

— Eu preciso sair daqui, Reiji. Agora — digo, já me virando.

— Nem pense nisso — Kakashi agarra meu braço tão rapidamente que eu sou puxada de volta para o meu lugar antes que eu tenha tempo de fugir como a medrosa que eu sou. — Não sei o que está acontecendo com você hoje, mas preciso de você aqui, Akemi. Se recomponha.

Sinto lágrimas queimando em meus olhos. Por que ele está fazendo isso comigo? Mas também, como poderia fazer diferente se ele não sabe o que aconteceu no meu passado? Começo a sentir falta de ar e a única coisa em que consigo pensar é que eu preciso sair daqui o mais rápido possível.

Mas é tarde demais. Eles param bem na nossa frente. As coisas parecem ficar em câmera lenta por alguns segundos. Os três cumprimentam Kakashi; Temari e Kankuro são mais sociáveis e até sorriem enquanto conversam, Gaara fala apenas o necessário e continua com uma cara desagradável. Ele está tão perto de mim que posso sentir seu cheiro. Um turbilhão de lembranças que eu lutei para esquecer invade minha mente e eu me sinto atordoada por um momento.

Porém, nada, até agora, conseguira realmente acabar comigo. Talvez eu estivesse mais forte ou simplesmente o pior ainda estava por vir. E ele realmente veio. Gaara se vira, é o primeiro a virar na minha direção. No segundo em que seus olhos encontram os meus sob a máscara, algo dentro de mim se quebra. Eu me sinto tão vazia quanto havia me sentindo oito anos atrás. Neste momento eu soube que Gaara me destruiria mais uma vez.

— Vocês serão escoltados até o local reservado pela nossa líder dos Caçadores Especiais Anbu. Aproveitem a festividade e sintam-se em casa — Kakashi diz, com um sorriso no rosto.

Não, de novo não, penso, enquanto nossos olhos continuam cravados um no outro. Ele não pode acabar com a minha vida de novo.


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