Cartas para Bella escrita por Lu Cullen


Capítulo 2
O que são seis meses para uma vida inteira, não é?!


Notas iniciais do capítulo

Heyyy... Voltei... Lá vamos nós, eu acho kkkk



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O dia está realmente…. quais palavras podem resumir? Acho que: grande bosta, se encaixa bem nesse caso. Tudo começou quando acordei atrasada para a aula, porque o carregador do celular decidiu pifar durante a noite. Por consequência, perdi um teste surpresa de álgebra no segundo período. Durante o almoço um garoto esbarrou em mim, derrubando toda a sua comida no meu suéter. Levei uma bolada na cabeça na aula de educação física e agora isso?!

— Por favor, Bella, sua mãe e eu precisamos de algumas férias, não complique ainda mais tudo isso. Além do mais, não é uma viagem inteira só de férias. 

Empurro os óculos contra o meu rosto e largo os livros no chão da sala. Respiro fundo para encarar seus olhos castanhos. Ele acabou de ser contraditório!

— Eu entendo, pai. - murmuro puxando a manga do suéter cinza. - Mas eu não entendo o porquê de ter que ir para Forks… com a Tia Sue. - engulo o seco. - Você sabe que eu posso tomar conta de mim mesma. 

— Mas, legalmente, não pode morar sozinha. Só se fosse emancipada. O que você não é.

Uma garota de dezesseis anos ainda não pode ficar sozinha em Nova Iorque, não sou considerada adulta pela lei, mesmo que eu tenha mais maturidade que quase todos os alunos da minha escola. 

Modéstia parte dizendo, sou uma boa aluna e filha. Faço minhas obrigações e deveres, estudo e quase não trago queixas para os meus pais. Eu sei das minhas responsabilidades e das coisas que tenho que fazer. 

— E se eu ficar com a Hayley? Os pais dela não iriam se importar.

— Dê uma chance, tá legal?! Talvez, você ame. Assim como eu amava aquele lugar na minha adolescência. Assim como você amou na sua infância. - eu sempre odiei lá, ele que nunca percebeu.

— A Sue é louca! - exclamo, jogando-me no sofá. 

— E por quê acha isso? 

— Qual é, pai! Ela tem 25 anos, recém formada da universidade e é praticamente mãe de uma criança! Que nem é criança, é um garoto da minha idade! 

— Na verdade, ele é um ano mais novo.

— Esse não é o ponto, Charlie. - rebato, afundando-me no sofá.

Ficamos em silêncio, escutando o tic tac do relógio antigo no meio da sala. Cada um em seus pensamentos. Nos meus, eu queria matar os meus pais, não que eu fosse admitir isso.

Meus pais estão juntos há exatos vinte e cinco anos. Sim, vinte e cinco anos. Renée Swan, a cirurgiã chefe do Greenhouse Hospital e o chefe de marketing da empresa Swan, Charlie Swan estavam com uma vontade louca de viajar por toda a Europa e agora que as bodas de casados estavam chegando, por que não saciar essa vontade?

Tudo está pronto para eles desfrutarem das merecidas férias. A hospedagem nos hotéis, passeios programados, rota turística feita, passagens compradas, menos uma coisa. Onde eu passaria todo esse tempo?

Meus pais são as pessoas mais trabalhadoras que eu conheço. Minha mãe, às vezes, parece que nem tem casa, de tanto tempo que fica no hospital e meu pai passa pelo menos doze horas por dia no seu escritório. Eles não têm vida social, nem privada. Suas vidas são focadas no trabalho. Não tem tempo para nada. Esses seis meses de viagem de férias/ trabalho seria um tempo para eles e eu obviamente não estou nos planos.

No entanto, viver com Sue seria um pesadelo. Ela é completamente maluca! Não suportaria nem um mês convivendo com ela.

— Se eu me mudar para lá, terei que terminar o colegial naquela cidade. - digo, cruzando os braços.

— Eu sei. - ele sussurra, passando as mãos pela cabeça, nervosamente. 

Meu coração parte ao ver seus olhos tristes. Fecho os olhos rapidamente para impedir a visão. Preciso pensar racionalmente agora. Minha vaga em Yale depende disso! Depende das minhas notas, dos clubes extraclasses e trabalhos voluntários. 

Eu estou acostumada com a minha escola. Conheço cada professor, aluno e lugar. Não preciso me adaptar. Sei o que devo fazer para ter as melhores notas. Sei o que devo fazer para me ajudar a ganhar uma vaga, quem sabe uma bolsa.

Ao abrir os olhos, com uma resposta pronta para dar ao meu pai, volto à estaca zero, vendo-o no hall de entrada da casa, beijando carinhosamente minha mãe com um sorriso triste. Ao lado dela, Sue está radiante, quase pulando no colo do meu pai. 

Vejos Renée e Charlie entrelaçando suas mãos enquanto trocam um olhar para baixo antes de começarem a andar em direção a sala de jantar. Suspirando alto, recolho meus livros em direção ao meu quarto, com minha decisão tomada. 

Ao entrar no quarto, vou direto ao banheiro para tomar um banho quente, tentando me livrar dos pensamentos ruins. Eu não estou sendo egoísta, certo? Eu quero dizer, tudo bem colocar as minhas prioridades acima das do meu pai, não é? Ou isso me torna uma má pessoa? ARGH! Que bela e gigante merda! 

Saio do banho, colocando uma calça de moletom, regata e um casaco por cima. Enfio meus pés nas meias quentes. Sem ter coragem para descer e encarar meus pais com olhares tristes, resolvo trocar algumas mensagens com Hayley. Talvez ela faça eu me sentir melhor.

Ah amiga deve ser uma porra, né

Ela escreve após eu dar a minha explicação.

Como assim?

Quero dizer que deve ser uma merda

vc não poder viajar por causa de sua filha

Ent eu to errada?

Não, não

Claro que não

Mas… Pensa nos seus pais, Bella

Eles não devem transar tem uns 500 anos

1 - Vc tem q se tratar

2 - Pq eu deveria pensar nos 

meus pais transando?

 

Eles não tem tempo para eles

Ent deve ser uma merda né

Eles não tem tempo para mim

E nem reclamo

Touché

Mas imagina vc ser casada

E nem conseguir transar cm teu marido

Por causa q n tem tempo

Pq vc sempre volta para o sexo?

Pq é bom…

Enfim

Entende meu ponto?

S…

Mas n acho que vc ta errada

Tbm ta certa em pensar em vc

Vc me deixou ainda mais confusa

 

 

Alguns minutos a mais de conversa, me despeço da minha melhor amiga. Ela conseguiu me deixar ainda mais culpada. No entanto, eu não mudaria de decisão. Eles escolheram seus trabalhos, sabem que ocupam muito do tempo. Isso! Não é minha culpa, se eles não têm tempo para eles. Quando me formar, podem ir para o raio que o parta se quiserem.

A coisa é: eu odeio Forks. Eu morei lá dos meus 12 até os 14 anos de idade. O último ano foi pior da minha vida e eu não quero voltar para aquele fim de mundo!

Desço as escadas para ir a cozinha, lá encontro Munike a empregada da casa que está de saída. Trocamos um abano e ela se vai. Respirando fundo, entro na sala de jantar, onde Renée, Charlie e Sue já não estão mais.

Silenciosamente, sento-me na mesa e devoro o estrogonofe à minha frente. Tão delicioso! Eu com certeza matei a minha fome com facadas. Levanto, recolhendo meu prato e volto a cozinha, para pegar o sorvete na geladeira e largar a louça suja na pia. No meu caminho, escuto sussurros da sala de estar. Querendo saciar a minha curiosidade, escuto por trás do pilar.

— Acho que vamos ter que deixar para outro momento. – escuto minha mãe falando. – É a melhor ideia.

— Nem pense nisso, meu amor. – acalma meu pai com a voz macia. – Vamos resolver isso.

— Pura verdade, maninho. – diz Sue e eu bufo. – Vocês sempre acham uma solução para tudo. – concluí.

— Tenho a impressão de que não está na hora para nós irmos viajar. – insiste mãe. 

— Vocês têm que ir e se divertir. – fala Sue. - Ela não quer voltar para Forks, não é 

— Isso, Sue.

— E não queremos deixá-la com os pais de Hayley. Seria muito abuso. - Acho que devemos adiar. Só por um ano. – continua Renée. 

Resumindo, por minha culpa eles não iriam viajar. Eu nem sei o que pensar, já que um enorme sentimento de culpa apossa meu coração. Sentindo-me um monstro, entro na sala espalhafatosamente. Meus pais e Sue arregalam os olhos. Eu coço a cabeça e peço, não! Imploro para não me arrepender do que estou prestes a dizer.

— Eu vou. - sussurro. 

— O que? - Charlie fala.

Respirando fundo, sento-me na poltrona em frente ao sofá onde os três estão sentados. 

— Vou com a Sue. Para Forks. - digo, com a voz mais alta. 

Não viro meu rosto para encará-los, ao invés disso encaro as chamas da lareira, não querendo ver suas expressões. Tudo bem que eu esteja fazendo isso para não me sentir culpada por arruinar o casamento dos meus pais,  porque de acordo com Hayley eles não tem nem tempo de fazer sexo, mas uma parte de mim ainda tem esperanças que eles adiem a viagem.

Suspiro fundo pensando na umidade, chuva e frio daquela cidade alienígena que irá acabar com os meus livros. Eu espero que pelo menos eu faça amigos lá, e que não precise almoçar na mesa de Seth, porque não conheço nenhum ser humano.

Acordo dos meus devaneios quando sinto um abraço forte, viro-me para ver o rosto da pessoa e encontro Renée com os olhos brilhando. Forço um sorriso. Pelo menos, ela ficaria feliz. Porque eu tenho certeza que eu não serei feliz morando naquele lugar. No entanto, são só 6 meses. O que são seis meses para uma vida inteira, não é?!

Renée separa-se de mim para Charlie poder me abraçar. Logo, Sue faz o mesmo com um grande sorriso no rosto.

— Seth vai ficar muito feliz de te ver. Vocês não se vêem há tanto tempo. - ela fala. - Vamos ser como irmãs! Podemos fazer compras em Port Angeles, ir em festas. Ah! Vai ser tão divertido.

Enrugo o nariz. Não, não iria ser divertido. Mas fazer o que, não é?


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Notas finais do capítulo

Obrigada pra quem leu :)... Vejo vcs logo, daqui a alguns minutos



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