Rose-Colored Boy escrita por Atlanta Claremont


Capítulo 2
Capitulo 2




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ESSA PARTE EU CHAMO DE CRISE

 

Os dias passaram e eu não conseguia parar de pensar naquela tarde com Scorpius. Passava todo tempo cantarolando na minha cabeça, cantava no chuveiro, durante as aulas, nas refeições.- Você está feliz- comentou Lucy e não era uma pergunta.
— Poi é - respondi -Posso saber o motivo dessa felicidade?- questionou curiosa. Essa menina não deixava passar nada.
— Acho que só estou animada com a ideia de me apresentar no show de talentos. 
Estava tão cansada de me sentir presa e sufocada, de fazer coisas das quais eu não gostava, pensar música me deixava feliz. De repente me vi com coragem de tomar certas decisões que eu queria, mas adiava a bastante tempo.

 

—  Vou sair do quadribol- avisei James numa sexta-feira durante o jantar.

— Você vai o quê?- questionou como se eu tivesse falando em elfico ou algo do tipo.

 

— Vou sair do quadribol. Jogar profissionalmente não é pra mim- respondi enquanto pegava algumas frutas, sabia que depois dessa notícia não teria paz para comer.

 

— Claro que é, Rose você tá louca? O que é te deu? É a TPM, é?- meu primo estava incrédulo, estarrecido, parecia que eu anunciara a data minha morte. Mas estava decidida, eu não queria mais jogar no time da escola e não queria ser jogadora profissional. Por mais que eu fosse boa não era o que me fazia feliz, e ninguém mais me obrigaria a fazer nada que eu não quisesse.

 

— Sai do quadribol- avisei a Lorcan no sábado enquanto estávamos em Hogsmead.

 

— Você fez oque ?- disse cuspindo a cerveja amanteigada que estava bebendo. Reação totalmente previsível.

 

— Não sou mais apanhadora, olha eu nem gosto de quadribol - parecia que ele tinha levado um balaço na cabeça de tão desorientado que estava - Lorcan você é meu namorado a dois anos deveria ter percebido, não acha?

 

— Como eu poderia saber?- questionou na defensiva- Eu nem sei mais quem é você Rose, está toda estranha, anda por aí parecendo outra pessoa.

 

— Eu não sou outra pessoa, você é que nunca soube quem eu era, e também nunca se interessou em saber. Esse é o verdadeiro problema.

 

Ele me olhava confuso, eu tentava negar, mas há muito tempo estávamos distantes. Éramos namorados por pura conveniência, nossas famílias se amavam, éramos bons para imagem um do outro, mas só isso já não bastava para mim. Fora que ele era um babaca.

 

— Quero terminar, Lorcan- falei sentido o alívio das palavras.

 

— Deixa de ser ridícula Rose- falou como se quisesse me ignorar, como sempre fazia.

 

— É justamente isso que estou tentando fazer.- e virando as costas o deixei sozinho, plantado no três vassouras. Já estava cansada de ser diminuída pelos meus medos e pior, pelo meu namorado.

 

A semana passou e de repente o show de talentos virou o assunto principal do castelo. James e Albus fizeram um ótimo trabalho na divulgação, isso incluía deixar vazar que Herny Jones viria como convidado da diretora. Fanfics sobre a amizade dos dois começaram a ser criadas entre os alunos, ''ah esses jovens criativos''. Especulações sobre o possível interesse do produtor em lançar um novo talento começaram a ser criadas, fazendo com que vários alunos resolvessem se inscrever para participar. Isso era uma grande besteira, já que a presença de Henry não havia sido confirmada por nenhum professor.

 

Eu passava todo tempo livre que tinha tentando me esconder de Lorcan e James, que resolveram me perseguir por todo lugar; um pra tentar me fazer voltar a namorar e outro pra tentar fazer com que eu voltasse a jogar. Cansada de brigas e estresse pensei que a sala de tranqueiras poderia ser um bom refúgio, ninguém ia lá mesmo. Além disso, precisava ensaiar minha música para o espetáculo.

 

Perdida no meio das tranqueiras encontrei um instrumento que me fez ir ao céu e voltar, uma guitarra! Tinha ganhado uma do tio Carlinhos de presente quando fiz onze anos, fazendo com que minha mãe simplesmente surtasse. Passei as férias toda tocando, só para deixar ela mais louca de raiva. Tá,  não só para isso, eu amava a sensação de poder que ela me dava. O som forte e potente que saia das suas cordas era estimulante encorajador, sentia falta da minha mascote, não tocava já havia um tempo. Faria aquilo por ela, pensei enquanto passava minhas mãos pela guitarra como se fosse uma pedra preciosa.

 

Estava tão concentrada na minha descoberta que quase morri do coração quando vi Scorpius Malfoy parado bem na minha frente.

 

— Você incorporou mesmo a rockstar em Weasley- disse com os braços cruzados parado na porta.

 

— Você e essa sua mania de espionar as pessoas né Malfoy. O que foi? Está me perseguindo agora?

 

— Ah por favor, você que não me supera e fica vindo aqui pensar em mim, pode assumir.

 

— Merlin, você é tão convencido.

 

— Está bom, deixamos sua paixão recolhida de lado por um momento e vamos focar no que realmente importa, sua música.

 

— Eu não preciso da sua ajuda.

 

— Não mesmo?- ele disse enquanto me olhava de cima em baixo, como não visse nada além da mediocridade - Eu não estou dizendo que tem alguma coisa de errada com a sua aparência - ele falou prontamente assim que percebeu que fiquei um pouco constrangida - É que...

 

— É que eu sou completamente sem graça e não pareço em nada com uma estrela do rock- completei olhando pra os meus cabelos e desciam num corte perfeitamente reto ate a cintura e mingas roupas que consistiam numa calça cumprida e uma blusa azul clara. Como filha da primeira-ministra eu precisava me manter sempre simples e recatada, e convenhamos que como filha de Hermione eu não tinha muitas referencias de procedimentos estéticos. 

 

— Não sobre o que você parece Rose, é sobre quem você é, sobre o que você quer mostrar para o mundo. Quem você representa é quem você quer ser? 

 

Gente, de onde vinha toda essa profundidade? Eu não tinha ideia de quem eu queria ser, mas não estava muito satisfeita do que tinha feito por mim mesma ao longo dos anos.

 

— Posso te ajudar se quiser, você confia em mim?

 

— Nem um pouco- respondi desconfiada.

 

— Era exatamente isso o que eu esperava que dissesse- então ele conjurou uma tesoura na mão. Meu estomago embrulhou, o que ele pensava que iria fazer com aquilo?

 

— Tem coragem? Ele me desafiou

 

— Tenho-  Pois é, mas uma vez eu me deixando levar pelos desafios do Malfoy, eu não tomo jeito nunca. Então ele começou, sentia a dor do arrependimento cada vez que via uma mexa ruiva caindo no chão. Meu pai iria surtar com certeza, eu nunca tinha usado o cabelo curto, não tinha ideia de como iria ficar. Mas minha curiosidade logo seria saciada porque alguns minutos depois ele pegou o espelho e perguntou - pronta? 

 

Eu estava com tanto medo de olhar que abri apenas um olho. Meu queixo caiu. O cabelo estava acima dos ombros com uma franja lateral e um corte assimétrico. O mais louco é que tinha ficado incrível. 

 

— Como você... eu estava tão surpresa que nem consegui terminar a frase.

 

— Minha mãe sempre gostou de cortar o cabelo do meu pai, eu só observava, bem até que não me sai tão mal né?

 

— Pera aí, quer dizer que meu cabelo foi o primeiro que você cortou Malfoy? Eu não acredito que você me usou de cobaia, e se ficasse horrível? 

 

— Impossível Rose, nem se eu raspasse o sua cabeça você ficaria horrível- O elogio me deixou tão vermelha quanto meu cabelo - E existem feitiços que corrigem isso, ele completou. 

 

— Bem que Lucy disse- disse ignorando seu último comentário.

 

— O que ela disse?

 

— Que você até que poderia me surpreender.

 

— Lucy também é uma garota incrível- disse ele com um sorriso largo- Pena que tem mal gosto para garotos.

 

Que história é esse de mal gosto para garotos? Será que ele era apaixonado por ela?

 

— Ela quer o Potter errado- completou quando percebeu a cara de confusão.

 

— Como assim Potter errado? O que quer dizer com isso Scorpius? O que você sabe que eu não sei?- A pessoa não pode jogar uma informação dessas assim incompleta. 

 

— Eu não sei de nada, na verdade, já estou até indo- disse me deixando pra trás com mil interrogações e rodeada de cabelos pelo chão. Eu estava completamente perplexa com o que acabara viver naquele momento, fiquei repassando tudo várias vezes na minha mente para acreditar ter realmente acontecido.

 

Meu nome começou a se espalhar por todo o castelo. Todos comentavam sobre o fato de eu ter terminado com Lorcan, largado o time de quadribol e cortado o cabelo. ''Ela está louca'', ouvia as pessoas sussurrarem enquanto eu passava. Como se não bastasse todo mundo falando de mim, tinha James. Eu me estressei seriamente com meu primo que não aceitava de jeito nenhum minha decisão de abandonar o quadribol, e por enquanto não estávamos nos falando. Sei que as coisas passariam porque éramos muito amigos, James sempre cuidou de mim como cuidava de Lily, se bobear até mais, mas ele precisava  aprender a respeitar minhas escolhas. Lorcan simplesmente resolveu que ficaria com todas as garotas do colégio pra me provocar, o que não estava surtindo nenhum efeito para o seu desespero total. 

 

— Porque você cortou o seu cabelo? Eu gostava mais dele grande- disse certo dia em uma aula de transfiguração.

 

— Não importa o que você gostava Scamander, nós não estamos mais juntos. 

 

A única que me apoiava cem por cento nesse momento era Lucy.

 

— Você está INCRÍVEL- disse ela, tendo um mini surto ao ver meu novo visual - Não acredito que deixou o Malfoy cortar o seu cabelo, quem está traindo as amigas agora?

 

— Ah para, você não queria que fossemos amigos? Então, agora somos- Se bem que tínhamos uma dinâmica um pouco diferente de amizade.

 

 - Agora posso andar com ele, você e Albus - falei enfatizando o Albus no final. Juntar Lucy e Albus era minha nova religião, por isso comecei a andar com os três por aí. Scorpius era até legal, ele tinha um talento incrível com feitiços totalmente inesperados, como transformar roupas. Ele me ensinou a fazer um efeito chamado tie day, a desfiar, mudar os tamanhos e modificar estampas. Meu guarda-roupa parecia outro, e eu estava adorando essa nova versão de mim. O dia do show estava se aproximando, os alunos estavam animadíssimos ensaiando por todo o castelo. Eu estava tão nervosa que mal conseguia comer, e pra piorar recebi uma carta

Querida Rose,
O diretor longbotton me convidou para participar do evento de natal da escola, na verdade, ele solicitou uma comitiva do ministério, e é claro que me inclui nela. Seu pai também vai, assim como seu tio Harry. Estamos todos animados para vê-la. Seu pai disse que James o escreveu contando que você saiu do quadribol, ele está muito decepcionado, mas tenho que confessar que fiquei feliz. Sempre pensei que quadribol fosse uma perda de tempo e que seu futuro seria na área acadêmica. Só não conte a ele que disse isso, tive que fingir estar muito triste, apesar de achar que a minha interpretação não o convenceu nem um pouco. Enfim, pelo menos eu tentei. 
bjs 
Mamãe
ESSA NÃO!!!!

ESSA PARTE EU CHAMO DE CORAGEM

 

No dia do evento não consegui nem tomar café da manhã. A diretora MacGonagoll liberou todos os alunos das aulas para que pudessem se preparar.


— Por que está com essa cara? - perguntou Lucy, quando a encontrei perto do lago com os meninos.


— Meus pais vêm para o evento, e o seu também Albus- falei olhando para meu primo que brincava de fazer flores crescerem em volta da Alice. 


— Os meus também- acrescentou Scorpius, como se estivesses numa competição para descobrir o mais desafortunado - Na verdade, só minha mãe deve vir.


— O que sua mãe vai fazer aqui? - perguntou Alice- Os pais não foram convidados, os deles virão porque enfim, são a realeza. 


— Lucy! - a adverti. 


— É que a minha mãe trabalha para o Henry Jones- respondeu Scorpius como se isso não significasse absolutamente nada.


— Eu não acredito, porque não me falou nada?- Disse jogando um graveto na sua direção. Antes um graveto que uma maldição.


— Você nunca me perguntou- falou como se fosse o obvio. 


— Você é um idiota, sabia.


— Ah não, vocês não vão brigar de novo vão? - interrompeu Albus, fazendo com que todas as flores ao redor de Lucy murchassem.

 
— Não, pois temos um salão pra enfeitar. Até porque, não limpei caixas e mais caixas de anjinhos e estrelas atoa- Malfoy falou me arrastando pelo braço.


O segui mal-humorada, como ele me podia me arrastar pra uma coisa dessas? A história do Henry Jones era puro boato, ninguém sabia ao certo, os professores não confirmavam nada. Mas ele sabia a verdade o tempo todo e ainda me fez participar de tudo.


Arrumamos o salão conforme o planejado, estrelas que brilhavam no céu, anjos que flutuavam, arvores que mudavam de cor.... realmente mandávamos bem nos feitiços de decoração. Mas eu ainda estava bastante irritada, por isso a troca de palavras foi bem limitada. Ele ficava tentando puxar assunto, mas eu não queria papo com esse manipulador. Estava pronta pra explodir uma estrela em mil pedaços se ele abrisse a boca pra falar mais uma vez sobre como o tempo estava louco, quando uma mulher incrivelmente atraente e elegante apareceu.


— Hypérion- chamou abrindo os braços em sua direção.


— Mãe! Por favor, já falei pra não me chamar assim- Scorpius reclamou enquanto a abraçava.


A mulher era uma das mais bonitas que eu já vira em toda minha vida, tão elegante que parecia ter saído de uma revista de moda. Me senti intimidada por estar usando tênis colorido e camiseta de banda.


— Esse lugar está incrível- falou olhando todo o salão devidamente enfeitado, então notou a minha presença. Seus olhos eram de um azul escuro quase negro, diferente dos do Scorpius, que eram acinzentados, e clareavam ainda mais quando ele sorria. 


— E você mocinha, como se chama?- perguntou se dirigindo a mim.


— Eu sou Rose Weasley- falei nervosa


— Ah, então você é a famosa Rose- ela disse apertando minha mão- Meu filho não para de falar o quanto você é incrível e que vou adorar te ouvir. 
Eu virei para o encarar, mas seu rosto estava praticamente enterrado no chão. 


— Acho que ele exagerou um pouco - respondi modestamente.


— Bem, veremos mais tarde não é mesmo? Querido preciso falar com algumas pessoas, mas nos vemos depois. Rose, foi um prazer finalmente conhece-la- falou apertando mais uma vez minha mão. 


Por uns segundos fiquei ali, parada, tentando processar o ocorrido.


— Por que fez propaganda minha pra sua mãe ?- questionei assim que ela sumiu de vista.


— Porque não faria? Eu já te disse que você é boa, Rose.


Agora era a minha vez de enterrar o rosto no chão. Já nem sabia se estava irritada ou lisonjeada, esse menino iria me enlouquecer, isso sim. - Hum... acho que já terminamos por aqui- respondi- Nos vemos mais tarde.


Segui em direção ao dormitório, precisava passar uns minutos jogada na cama olhando para o teto antes de continuar com o dia. Eu estava cansada, irritada e confusa. Porém, meus planos foram adiados quando vi meu primo aos beijos com Alice no meio do corredor.


— O que você pensa que está fazendo? - estava com tanta raiva que nem me importei em atrapalhar o casal feliz.


— Rose, oi- Alice disse extremamente sem graça. A ignorei como de costume e continuei encarando James o fuzilando com o olhar. 


— O quê? Do que você está falando? 


— Estou falando de você se metendo na minha vida e escrevendo pro meu pai sobre o que eu faço e deixo de fazer.


Já estava pronta pra mais uma discussão, como tivemos da última vez, e falar poucas e boas, mas fui surpreendida com um pedido de desculpas.


— Eu não entendo o que está acontecendo Rose, e fico triste porque você tem um talento incrível, mas se você se sente mais feliz agora é isso que importa. Me desculpa se não te apoiei no início, e se te dedurei pra o tio Ron, mas uma hora ele ira descobrir não é? Só te fiz um favor adiantando a notícia. Vai desculpar seu primo favorito?- pediu apertando aqueles olhos esmeraldas arrependido. 


— Quem disse que você é meu favorito?- repliquei enquanto o abraçava- O que fez você mudar de ideia?


— Bom, vamos dizer que alguém me ajudou a olhar as coisas por outro angulo- respondeu olhando para a namorada parada na nossa frente. Merlin, tinha até esquecido que Alice estava aqui. A menina sorria animada com a nossa reconciliação. E não é que uma menina mandona de bom coração não era exatamente o que James Sirius Potter precisava pra tomar um rumo na vida? 


— Fique sabendo que vai cantar hoje Rose- falou com seu sorriso que lembrava o pai- Boa sorte.


— Obrigada- respondi. Acho que vou gostar de ter Alice na família. Me despedi e segui meu caminho, ainda tinha que me arrumar para noite.


Após vestir uma combinação que havia separado especificamente para esse dia, estava me sentindo uma pouco mais confiante. Engraçado como as roupas podem ser como armaduras, nos dando um sentimento de proteção e força. Era assim que eu me sentia com meu coturno, meia calças, um shorts, metade jeans com taxinhas e metade quadriculado, e uma casaco de cores diferentes na manga. Meus cabelos estavam vermelho alaranjado o que me deixava radical e mais confiante, estava me sentindo adorável andando pelos corredores da escola quando dei de cara com meus pais no meio do caminho.


— Pai! Mãe! Tudo bem com vocês? 


Os dois me olharam de cima em baixo estarrecidos, enquanto eu estava visivelmente constrangida. - Oque aconteceu com o seu cabelo? Que roupa esquisita é essa? Perguntaram ambos simultaneamente. Não sabendo qual dos dois respondia primeiro só disse:


— Estou assim para apresentação do show de talentos- Mal sabiam que tinha coisas muito mais ousadas no meu guarda-roupa agora....


— Ah não sabíamos que iria se apresentar meu bem- comentou minha mãe visivelmente desgostosa


— Pois é, eu vou, disse mostrando minha guitarra. 


— Essa é a guitarra que seu tio Carlinhos te deu?


— Claro que não mãe, é só outra que achei por aí.


— James me disse que você saiu do quadribol.


— Pois é... Pai mais tarde nós conversamos sobre isso tá, agora preciso ir, o show já vai começar e preciso resolver umas coisas antes.


Sai o mais apressada possível da vista dos dois, não queria ter que dá muitas explicações sobre nada agora, queria só subir no palco e cantar a minha música, depois lidaria com o resto.


   O salão estava lotado com todos os alunos e funcionários da escola. Todos estavam animados com as apresentações mais variadas que teríamos, música, poesia, teatro. O professor Longbotton disse algumas palavras antes de começar, passando o microfone para meu outro primo Fred II, que seria o apresentador do show. 


   Como quando cheguei, a maioria das cadeiras estavam ocupadas, sentei ao lado de James e Alice, que rapidamente abriram um espaço para me aproximar. Albus, Lucy e Scorpius estavam do outro lado conversando com a senhora Malfoy e um senhor de aparência muito peculiar, só poderia ser Henry Jones. O homem era muito velho, mas tinha piercings por todo o corpo e uma tatuagem de dragão bem nas mãos, que reparei enquanto ele gesticulava, mas logo todos se sentaram para o espetáculo começar.


  Os alunos eram chamados um por um, e tínhamos talentos realmente bons, após um terceiro anista ter declamando um poema realmente emocionante, Fred chamou Scorpius Malfoy. Um piano prontamente se materializou no palco e ele subiu em sua direção. Suas roupas sociais estavam completamente diferentes das grunges que ele usava no dia- dia. Podemos dizer que a aparência de homem de negócios o valorizava. Delicadamente ele sentou e começou a tocar, um som suave começou a ecoar pelo salão, que se intensificava conforme seus dedos tocavam cada vez mais ágeis. Pouco a pouco todos pareciam estar hipnotizados com essa música celeste que parecia invadir nossa alma, era como se estivéssemos sendo transportados para um lugar divino e toda a matéria deixasse de existir. Quando acabou, por um segundo todos ficaram em silêncio absoluto, como se reverenciassem o que tinha acabado de acontecer, logo após uma explosão de palmas tomou conta do lugar, quebrando o clima divinal. Ele sorria encabulado, sendo abraçado mais uma vez pela senhora Malfoy, que exalava felicidade e orgulho pelo filho. Após descerem do palco mais um nome reconhecido foi chamado. 


— Albus Potter- gritou Fred para surpresa de todos, inclusive a minha, Albus não havia comentado nada que iria se apresentar. Se bem, que nos últimos dias ele vivia cheia de segredinhos com Scorpius, mas como não andava com os dois a tanto tempo assim não quis me meter.


  Albus subia no palco com carregando um violão, o nervosismo estava estampado no seu rosto. Ele olhava para o público como se procurasse alguém, sorriu quando viu Scorpius ao lado de Alice, o amigo fez um joinha com os dedos para ele, notei que Scorpius dizia palavras de incentivo para meu primo que pareceu mais confiante - Vai Albus, você consegue- gritou, e logo a plateia todo começou a bater palmas. Meu primo tinha uma voz tão ruim quanto alguém poderia ter, parecia ate uma mandrágora recém nascida, mas até que mandava bem no violão. Cantava uma música romântica, que falava sobre como ele encontrara uma garota perfeita com quem ele queria passar o resto da vida, compartilhar casa e ter filhos... A música era linda, e por mais que sua voz não fosse uma das melhores, cantava como se cada palavra dita fosse real, o sentimento era verdadeiro, e fazia tudo olhando diretamente pra Lucy, o que logo todos perceberam. Ela parecia assombrada, com certeza não esperava essa declaração cantada na frente de toda a escola, e boa parte da família. Conforme a música ia chegando ao fim ele foi indo com o violão em direção a ela, todos começaram a bater palmas e um coral gritando BEIJA começou a ser entoado. 


   Lucy estava mais vermelha que um pimentão e não parava de sorrir. - Meu Deus! Albus você é louco, ela disse quando a música chegou ao fim. 


— Sim eu sou, respondeu, louco por você- e dizendo isso a beijou levantando-a no colo e a rodopiando no ar. Eu sorria igual uma boba olhando toda aquela cena que parecia ter saído diretamente de uma comédia romântica. Tudo parecia esta acontecendo em câmera lenta, quando percebi Scorpius ao lado dos dois parabenizando o casal, ele com certeza tinha ajudado nesse plano de conquista. Seu olhar irradiava felicidade e ele vibrava tato como se a felicidade dos amigos fosse tudo para ele. Foi quando eu me dei conta de como ele era incrível. Sabe aquele momento da vida em que você percebe que está apaixonado? Que uma pessoa, que até então não significava nada de especial passa ter toda a sua admiração, e a gravidade começa a exercer uma força sobre seu corpo o atraindo involuntariamente até ela? Era exatamente assim que eu estava sentindo.

Por um momento nossos olhares se cruzaram e fiquei envergonhada, mas ele apenas acenou para mim, sorrindo, aquele sorriso ensolarado.


— Daqui a pouco é a sua vez, falou apontado para o palco. Foi como se eu tivesse sido acordada de um sonho bom, porque assim que olhei para o lugar indicado o panico tomou conta de mim, e piorou quando ouvi a voz de Fred dizendo:


— Muito bem amigos, depois dessa apresentação romântica prosseguiremos com o nosso show. Nossa próxima apresentação será com a nossa querida Rose Weaslay ! - Palmas começaram a ecoar pelo salão. 


— Rose-, chamou mais um vez. Mas antes que alguém pudesse me ver eu já havia sumido. 

 


— Rose, Rose cadê você?- Ouvi a voz de Scorpius me procurando no meio da bagunça em que eu me escondia. 


— Como me achou aqui?- Respondi entre uma respiração e outra.


— Onde mais você estaria?- falou olhando ao redor da sala das tranqueiras. O local já havia virado nosso ponto de encontro.


— Eu não posso Scorpius me desculpe, mas não posso me apresentar na frente de todo mundo- confessei decepcionada. 


— Olha Rose, não precisa cantar se não quiser, e não precisa se desculpar por isso. Só acho que seria um grande desperdício as pessoas não verem o quão incrível e talentosa você é.


— Você não entende Scorpius, não sou que nem você. Você sempre faz o que quer, anda sem se importar com a opinião das pessoas, parece que nunca tem medo de nada. Eu só não sou assim. 


— Isso não é bem verdade- ele respondeu sentando ao meu lado e tirando os cabelos que tampava todo o meu rosto- Também existem coisas que eu gostaria de fazer, mas não faço porque tenho medo.

 

— É, tipo o que ?- perguntei olhando em seus olhos. Vovó sempre dizia que olhos eram o espelho da alma, os dele eram de um cinza tão claro, quase transparente. A alma de Scorpius era boa, ele estava sempre incentivando as pessoas ao seu redor, vendo o melhor de todo mundo, até mesmo de mim que não merecia todo seu apreço. Do que esses olhos valentes e bondosos poderiam ter medo? 


— Tipo isso, e num segundo depois seus lábios estavam sobre os meus. 

 

ESSE MOMENTO EU CHAMO DE SONHO

 

Ser beijada por Scorpius diferiu de tudo que eu já fiz na vida. Num segundo estava agitada e ansiosa, momentos depois era como se o mundo tivesse parado de girar, meu coração de bater e meu sangue de circular.

— EU, eu...tentei falar alguma coisa, mas não sabia o que dizer.

— Vá Rose, ele respondeu me acalmando, agora meu coração palpitava de maneira acelerada— Cante e mostre a todos o quão extraordinária você é.

— Estou indo- respondi saindo antes que estupor de coragem que havia se apossado de mim fosse embora.

— Quebre a perna ele gritou pra mim.

— O quê?- respondi confusa.

— Nada não, só boa sorte.

Quando subi no palco senti minhas pernas tremerem, estavam todos lá: os professores, meus pais, Lorcan, James... Por um momento pensei que fosse desmaiar, ou vomitar em cima de todos, mas pensei na Vovó Molly e em como ela estaria orgulhosa de mim por fazer isso. Pensei em Scorpius e em toda a confiança que ele tinha em mim e então, comecei a cantar.

 

 

I can't make my own decisions
Or make any with precision
Well, maybe you should tie me up
So I don't go where you don't want me

You say that I've been changing
That I'm not just simply aging
Yeah, how could that be logical?
Just keep on cramming ideas down my throat

You don't have to believe me

 

But the way I, way I see it
Next time you point a finger
I might have to bend it back
Or break it, break it off
Next time you point a finger
I'll point you to the mirror

If God's the game that you're playing
Well, we must get more acquainted
Because it has to be so lonely
To be the only one who's holy

It's just my humble opinion
But it's one that I believe in

You don't deserve a point of view
If the only thing you see is you

You don't have to believe me
But the way I, way I see it
Next time you point a finger
I might have to bend it back
Or break it, break it off
Next time you point a finger
I'll point you to the mirror

This is the last second chance
(I'll point you to the mirror)
I'm half as good as it gets
(I'll point you to the mirror)
I'm on both sides of the fence
(I'll point you to the mirror)
Without a hint of regret
I'll hold you to it

I know you don't believe me
But the way I, way I see it
Next time you point a finger
I might have to bend it back
Or break it, break it off
Next time you point finger 

I'll point you to the mirror       

No final do show, todos aplaudiram de pé. Meus pais estavam com os olhos arregalados, nunca tinham me visto assim. James gritava escandalosamente ''É A MINHA PRIMA, GENTE. Muito talentosa sempre soube''. De repente uma multidão veio falar comigo, mas eu procurava Scorpius, ele era o único que eu queria ver. Entretanto, precisei adiar a procura quando a senhora Malfoy me segurou pelos braços dizendo que alguém gostaria de conversar comigo. Era o próprio Henry Jones em pessoa. Passamos quase uma hora conversando, e eu estava atordoada quando ele me liberou da sala.

O baile que seguiria o show de talentos já havia começado, todos dançavam informalmente no salão, Lorcan veio atrás de mim, mas o ignorei. Não tinha tempo para mais uma discussão com ele, procurava uma pessoa específica. E sem muito esforço o achei sentando numa mesa tomando ponche sozinho, já que Albus e Lucy dançavam juntos, mas não muito longe. Quando ele me viu se levantou, mas antes que pudesse falar qualquer coisa avancei gritando - ELES ME QUEREM, ELES ME QUEREM, e sem perceber me lancei em seus braços pulando sem parar

— Henry jones quer que eu vá pra Nova York, grave um disco, entre numa banda, faça shows, saia em turnês.- Estava tão animada e feliz que nem percebi que o espremia com força.

— Calma, ele respondeu sorrindo- respira menina. Você vai? É claro que eu queria ir, a oportunidade de me tornar uma estrela e viver da música era um sonho que eu nunca ousei repetir em voz alta, nunca imaginei que se um dia pudesse se realizar, porém....


— Eu, eu não sei. Teria que deixar Hogwarts, terminar os estudos Ilvermory ou em casa, não entendi muito bem essa parte. Não sei o que fazer Scorpius, o que você acha?

— Tenho certeza que eles tem um plano, mas não importa o que eu acho Rose, não posso dizer o que você deve fazer. Mas a pergunta é você quer ir?

É claro que eu queria ir seu besta. Queria muito ir mas também queria que ele pedisse pra eu ficar. Esperava que ao menos ele demostrasse um pouco de tristeza com a minha partida. Mas era bobeira pensar que ele falaria algo só por um beijo que provavelmente não significou nada.

— Sabe - falou enquanto segurava a minha mão- eu adoraria ter uma amiga em Nova York para me levar em shows e para conhecer a cidade. Ele dizia isso sem olhar para mim, apenas brincando com meus dedos

— Você iria me visitar?

— Se você me convidasse com certeza que iria- dessa vez ele levantou os olhos até os meus e sorria. Sua expressão mudou para uma seriedade que jamais tinha visto antes, e então ele disse:

— Não acredito que você deva deixar essa oportunidade passar Rose, por mais que me doa ver você partir.

Novamente aquele sentimento forte tomou conta de mim, o de ter encontrado alguém importante, alguém que eu queria encontrar sem nem ao menos estar procurando. Scorpius era assim, ele deixava meu coração mais leve, o jeito como ele me olhava dissipava todo medo, ele acreditava que eu poderia fazer qualquer coisa, e talvez eu realmente pudesse.

— Você tem convite vip para fazer parte da minha vida- respondi. E dessa vez eu o beijei, um beijo urgente e apaixonado, quando nossos lábios se separaram eu estava sorrindo. Eu nunca tive um dia tão feliz e emocionante como esse, em toda minha vida e era tudo graças a ele. Provavelmente teria muitos outros dias incríveis e seria tudo graças a ele. Por ele ser uma pessoa muito melhor do que eu, não sabia como agradecer.

— Preciso ir- disse assim que meu sangue voltou a circular normalmente. Esse negócio de beijar e sair correndo já estava se tornando um habito

— Pra onde?

— Preciso convencer meus pais a me deixarem ir- respondi receosa.

— Ah sim, vai dar tudo certo Rose. Tenho certeza- ele falou enquanto eu saia correndo desesperada como sempre.

— Scorpius, falei antes de prosseguir - Obrigada, sussurrei rindo com os lábios,  com os olhos e provavelmente todas as partes do meu corpo. Ele apenas sorriu para mim, como se mudar toda minha vida de ponta a cabeça e ter me ajudado a realizar todos os meus sonhos, fosse apenas mais uma das suas boas ações corriqueiras.

 

Nova York, aí vou eu.


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Notas finais do capítulo

Musicas do capítulo

Playing God - Paramore



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