Brick by brick escrita por WinnieCooper


Capítulo 5
As pessoas que não dão o braço a torcer, lembram do passado com nostalgia




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― Vai fazer carne? – ela questionou comendo um pote gigante de salada que havia preparado para si em seu almoço.

Ron apenas confirmou com a cabeça mexendo nas panelas enquanto colocava três bifes gigantes nelas para cozinhar.

― Achei que tínhamos combinado de parar de comer carne durante a semana, e só comer aos finais de semana. – Hermione parecia chateada diante das atitudes dele. – você sabe que se reduzirmos a quantidade de carne que comemos semanalmente...

― ...O planeta agradece, as vaquinhas, o ar, o sol, a fotossíntese... Eu sei... Mas hoje quero comer carne e irei.

Ela começou a mexer em seu pote de salada chateada e incapaz de olhar para ele, sentindo o cheiro da carne na frigideira.

― Achei que era uma prova de amor... A mim, ao ecossistema...

― Era uma prova de amor.

― Então vai quebrar o nosso acordo assim? – quase fez um bico a ele.

Ron começou a rir sarcástico.

 ― Acordo? Não pode estar falando de acordo comigo. Aliás se eu quiser comer essa carne na sua frente eu posso já que se esqueceu do nosso combinado de dois dias atrás...

― Vai ficar me lembrando disso o resto da vida?! – explodiu com ele.

Ron fingiu não escutar. Pegou seu prato e sentou-se de frente a ela na mesa. Uma barreira invisível separava eles. Ele fazia questão de cortar a carne o mais escandalosamente possível e comer com os olhos fechados indicando prazer.

― Obrigada pela consideração. – Hermione comentou. – Aliás, obrigada por avisar sobre sua conversa com a Gina através de carta que estava tudo bem as crianças passarem essa temporada com ela. Temporada me lembra a série... Ah, Ron, estou morrendo de ódio de você... – ela disse quase chorando.

Ele lhe entregou um sorriso do outro lado da mesa.

― E carta me lembra que Rose me mandou uma, me disse que estava ansiosa para começar esse ensino a distância, e que agradecia por não estar em ano do NOMS porque seria horrível ter que passar pela prova estudando o resto do ano letivo em casa...

Hermione abriu a boca indignada pelas últimas palavras dele.

― Rose te mandou uma carta e você nem me avisou?

― Novidade nenhuma, já que ela conversa muito mais comigo do que com você, nunca se dão bem... – ele colocou outro pedaço da carne na boca. Hermione estava com a feição triste. – Hugo te mandou alguma carta? Já que ele é seu protegido?

― Eu não protejo o Hugo! – bateu o punho na mesa indignada.

― Lógico que protege, Hermione, quando ele bateu no vizinho de soco você disse que o vizinho estava errado por ter xingado ele de sarnento por causa das sardas. Agora a Rose é o contrário, exige demais. Brigou com ela por não querer estudar runas antigas esse ano, já que quando estava no terceiro ano você cursava todas as matérias e dava conta.

Hermione abriu a boca inconformada com o que ele dizia.

― ...Exige demais da Rose, implica porque ela come muito, feito eu...

― Penso na saúde dela...

― Tem orgulho porque Hugo não come bacon... Prefere o Hugo a Rose.

― Isso é proteger não ter preferência pelos filhos!

― Como acha que Rose se sente todas às vezes que diz que ela está gorda por comer pizza comigo?

― Chega!

Hermione saiu da mesa furiosa deixando mais da metade de sua salada intacta. Foi para seu quarto e chorou de raiva. Chorou pois tinha medo de que todas as palavras que Ron havia dito fossem verdades. Não queria que Rose crescesse e não gostasse dela, não queria que ela achasse que preferia Hugo. Era uma mãe que só pensava no bem de ambos.

Precisava se distrair senão choraria o resto do dia. Queria estar inspirada para escrever alguma coisa, mas se tentasse algo sairia algum assassinato ou brigas constantes com filhos e maridos. Pegou um livro ao lado de sua cabeceira, mas na segunda frase seus pensamentos voltaram para Ron e quando voltou ao livro já havia lido duas páginas sem prestar atenção.

Ron estava chateado com ela ainda, ao mesmo tempo que gostava de provocá-la nas brigas, também queria acabar com toda essa rixa e fazer as pazes, mas Hermione não ia deixar ele fazer as pazes com ela do jeito que ele pretendia, já que estava o protegendo para que não “pegasse a doença”. Não sabia se sobreviveria o resto dos dias que passaria com ela se permanecessem na mesma casa, brigando. Estava com raiva dessa doença, raiva de suas brigas constantes e infindáveis com ela. Sentou-se no piano da sala. Lembrou-se:

― Não sabia que tocava piano, é uma novidade. – Ron sorria para ela. Estava na casa da namorada. Na casa de seus pais.

Com o fim da guerra e depois de alguns meses em que toda sua família tentava se recuperar das perdas, depois de Hermione ter ela mesma desfeito o feitiço de memória que havia feito nos pais. Eles estavam enfim juntos. Do jeito que ele gostava de estar junto, que consistia em namorá-la, abraçá-la e beijá-la onde quisesse e na hora que quisesse, com Hermione retribuindo com todo seu amor. Mas ela começaria Hogwarts no dia seguinte e um jantar oficializando o namoro deles foi marcado. O senhor Granger foi absolutamente gentil com ele, a mãe de Hermione lhe agradeceu constantemente por tudo o que fizera, cuidando dela.

― ...Na verdade, teve certa vez que a abandonei. Não mereço todos esses agradecimentos.

Hermione negou com a cabeça e explicou o que havia acontecido e o quanto ele foi corajoso por ter se arrependido e voltado. Sua mãe, então, lhe pediu para tocar uma música no piano.

Ron então se surpreendeu em como os ágeis dedos dela deslizavam sob as teclas e a forma como o som saía harmonioso.

― Acho que nunca soube o quanto você pode ser incrível em qualquer coisa que faz.

Ela ficou vermelha diante das palavras dele.

Ron decidiu queria aprender a tocar piano, não que fosse ser tão perfeito dedilhando as teclas como ela, mas aprenderia uma música por ela, desta forma treinou, pagou algumas aulas com um professor e quando ela se formou em Hogwarts ele tocou da melhor forma que conseguiu uma música clássica de Chopin. Não era uma música fácil e mesmo treinando muito ele errou algumas sequências. Hermione sorria com os olhos brilhantes e quando ele terminou, pediu a ela para que se tornasse sua noiva.

Eram lembranças que ele traziam nostalgia e tristeza. Não queria mais brigar com a esposa, eram ótimos como marido e mulher – se respeitavam, apesar das brigas, sabiam educar os filhos, organizar as finanças e as tarefas domésticas. Eram perfeitos até mesmo brigando, mas não queria mais brigar com ela.

Hermione o ouvia tocar a música do quarto e pensou se não estava na hora de ir até ele aceitar se casar com ele novamente depois de mais de 10 anos casados, foi quando reparou no seu guarda-roupa, lembrou-se de uma caixa. Hermione a abriu e deparou-se com várias recordações de momentos que havia passado com Ron e seus filhos: o primeiro dente que Rose perdeu, o primeiro corte de cabelo de Hugo, fios laranjas estavam guardados dentro de um saquinho plástico, as cartas que eles haviam trocado na época em que ele fazia academia de auror e ela terminava Hogwarts, pegou uma carta e resolveu ler:

“Hermione, você é tão corajosa. Deve ser por isso que o chapéu seletor brilhantemente te colocou na Grifinória. Pois apesar do seu cérebro incrível, ele sabia que sua coragem era maior. Eu nunca teria essa sua coragem. Voltar a Hogwarts depois de tudo o que passamos por aí, depois de ver vários de nossos amigos mortos no chão. Como você está? Fico preocupado com você, não quero saber sobre matérias, quero saber sobre você. Como está se sentindo?... Aliás, McGonagall já te elegeu a melhor aluna do ano mesmo com apenas três dias de aula? Minha irmã está te fazendo companhia não te deixando sozinha pelos cantos? A nova professora de Defesa Contra as Artes das Trevas tem futuro? Durará mais que um ano no cargo azarado? Sei que está se questionando como eu estou, a academia de auror é intensa, se posso assim descrever, habilidades físicas além de quadribol são exigidas e pelo visto não levo muito jeito para isso. Eu sei, lutei numa guerra ao lado de Harry, posso ver sua expressão brava me dizendo para não me menosprezar, mas falando sinceramente, não sei se isso é para mim, não me vejo fazendo isso o resto da minha vida. Você ainda me amaria se eu desistisse?

Aliás, não sei se ainda acredito no fato de você me amar da mesma forma que te amo. Somos tão sortudos de termos um ao outro.

Acha que se eu mandar uma carta a McGonagall ela me autoriza a ir te visitar todos fins de semana? Ou ela te autoriza a vir aqui todos os fins de semana? A cama é tão fria sem você... Já me acostumei a dormir sentindo seu perfume.

Estou com saudades.

Ron”.

Hermione sentiu seu coração acelerar, lembranças de mais de vinte anos atrás guardadas que ainda lhe faziam sorrir. Teve uma ideia.

Pegou uma caixa de presente. Colocou o primeiro sapatinho de Rose. O fio de cabelo de Hugo, um retrato do casamento deles, cartas que trocaram quando estavam separados estudando, o exemplar de Doze Maneiras Seguras de Encantar Bruxas, uma pena com as palavras vingardium leviosa escritas em um papel, uma fantasia do homem aranha, (do dia que ele se fantasiou para a festa de dois anos de Hugo), pequenos objetos que ele entenderia o significado assim que abrisse a caixa. Fez um laço bonito para fechá-la.

Com o feitiço de levitar pousou a caixa em cima do sofá que ele dormia e esperou que ele encontrasse o presente. Esperou que se acertassem.

 


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Notas finais do capítulo

Aí ai será que finalmente fazem as pazes?



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