Pétalas do Caos escrita por BellatrixOrion


Capítulo 6
Capítulo 5 - O Evitável só é Evitável até se Tornar Inevitável


Notas iniciais do capítulo

Hello Guys, como estão?
Já peço desculpas pela demora com a att, a vida anda uma loucura com tudo isso de Faculdade+Serviço+Pandemia , sinto como se dementadores estivessem sugando minhas forças :v
Mas, enfim, trouxe esse capítulo para abrir o apetite de vcs para o que está por vir.
Espero muiiito que gostem e não deixem de dizer o que estão achando ♥ Obg por todo feedback e carinho com Pétalas do Caos.

Beijinhos e bom capítulo!
~Bellatrix ♥



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Capítulo 5 – O Evitável só é Evitável até se Tornar Inevitável. 

O sol pairava brilhante no meio do céu.

Mesmo que os raios não trouxessem calor algum. 

O azul límpido emoldurava a paisagem.

Enquanto a neve sobre a terra a contornava delicadamente. 

Sakura não conseguia deixar de desviar os olhos para quase todas as janelas que acabava passando pelos imensos e intermináveis corredores do castelo, mesmo que a maioria delas viesse estar coberta por grossas e luxuosas cortinas de linho perolado, o pouco de luz que permitiam passar sempre era um bom motivo para lhe chamar a atenção, ela sinceramente não sabia dizer se encantava-se mais pela paisagem externa dos jardins, revestidos perfeitamente pela imaculada massa branca, ou pelo interior estonteante daquele castelo colossal.

Não tinha plena certeza de quanto tempo já fazia desde que vinha seguindo Sasuke enquanto ele, monosilabicamente, apresentava os principais cômodos do lugar, a luminosidade dali era muito boa, apesar de não tão intensa graças as cortinas, quase que religiosamente fechadas. Todo o castelo era extremamente bonito, fazendo a menina soltar pequenos suspiros toda vez que se deparava com um novo cômodo que mais parecia-se com uma pintura viva emoldurada em marfim, mas ao mesmo tempo que tudo parecia extremamente bem cuidado, ela também sentia que o lugar estava congelado no tempo. 

Não era difícil notar os cipós espreitando pelas altas paredes, como também rachaduras aqui e ali. Os moveis, apesar de requintados, eram nitidamente antigos, sem contar com toda a decoração do palácio que apenas não parecia combinar com nada que Sakura já tenha visto à pelo menos dez anos. 

Entretanto, apesar de tudo, o lugar não cheirava a nada antigo, não foi capaz de encontrar nem mesmo um misero grão de poeira, tudo estava rigidamente organizado e bem cuidado, sem contar a fragrância acolhedora e tranquilizante que emergia todas as vezes que chegavam a um novo cômodo, ou viravam um novo corredor. 

Sakura tinha que admitir que temeu o que viria a encontrar ali. Com uma mente já a muito moldada pelas mais diversas influências literárias, os cenários que pode imaginar eram sempre os menos favoráveis. Castelos sombrios e mórbidos com uma aura negra capaz de sugar toda a sua felicidade e criaturas ainda mais ameaçadoras que os próprios lobos negros, emergindo das profundezas de sua mente criativa para assusta-la.

Mas, felizmente, ela não deixou que esses pensamentos fossem muito longe, e teve a graciosa constatação de estar errada quanto ao castelo. 

Afinal, aquele que a carregou tão afavelmente em seus braços até ali era seu salvador, o mesmo de tantos anos atrás e de agora também. 

Assim que chegaram aos limites dos portões do castelo, e que as botas de Sakura encontraram-se novamente com a neve macia do chão, ela pode vislumbrar os lobos que os seguiram até ali acenarem concordantes e desaparecerem novamente pela imensidão da floresta. Ela ficou por um breve momento encarando a direção que as criaturas tomaram, pensando se as veria novamente ou não, mas rapidamente Sasuke lhe chamou a atenção, indicando para que entrassem logo.

Depois de atravessar uma pequena parte do jardim, que já foi mais que o suficiente para deixar a menina deslumbrada, as grandes portas de carvalho foram abertas, e o homem deu passagem para que Sakura pudesse tomar a frente, é claro que ela logo se maravilhou com a visão esplendorosa que teve, mas assim que se virou novamente para Sasuke, notou que as grandes asas em suas costas haviam desaparecido, restando apenas seu torso nu. Isso o deixou muito menor do que aparentava, mais ainda sim, uns bons centímetros mais alto que a Haruno.

E o fato só se tornou ainda mais evidente quando ele assumiu a frente para guia-la pele imensidão do lugar, suas costas largas e delineadas lhe trazia um ar de superioridade, mas o fato de estar seminu não parecia afetar-lhe em absolutamente nada, e muito menos perceber as bochechas vermelhas de sua convidada logo atrás de si.

Ou ao menos era isso que ela pensava.

De qualquer forma, embora ela tentasse processar todas as informações de tudo o que tinha acontecido, ainda parecia irreal pensar que talvez nunca mais pudesse encontrar sua família, e que toda sua vida iria se resumir a viver naquele castelo colossal até o último de seus dias. 

Mas, estranhamente, ela não culpava Sasuke. Mesmo com sua aparência assustadora e seu jeito praticamente impenetrável, aquele homem não teve prazer algum em arrasta-la para aquele lugar, ela tinha pleno entendimento disso, certamente, se estivesse ao alcance de suas mãos não a condenar a aquela vida solitária, longe de sua família, ele o faria. 

Pois, de alguma forma, ela podia sentir que ambos tinham mais em comum do que aparentavam.

— Por fim – Pronunciou-se, trazendo Sakura de volta de seus devaneios assim que chegaram diante da grande escadaria no centro do palácio – Ela te levará para a ala dos quartos. Sempre se mantenha na ala Leste, e nunca – Enfatizou encarando-a pela primeira vez desde que chegaram – Vá para a ala Oeste, é o único lugar que está terminantemente proibido a você.

— Certo. – Concordou prontamente – Vou me lembrar disso.

Sem qualquer mínima mudança nas suas expressões, ele acenou levemente com a cabeça, indicando para que a garota o continuasse acompanhando.

Subiram, assim, os dois longos e suntuosos lances de degraus, seguindo para a direção que Sasuke já havia indicado. Um corredor cheio de portas os recebeu pouco tempo depois, a arquitetura não se diferenciava muito do resto do castelo, talvez as paredes fossem um pouco mais adornadas, com bonitas molduras de gessos contornando graciosamente as portas e os espaços entre elas, mas nada muito fora do que a menina já tivesse visto. Eles continuaram caminhando até que puderam alcançar a última delas, que sem cerimonias, foi aberta e adentrada por ambos.  

— Este será o seu quarto, não hesite em dizer se algo não a agradar. 

Mas Sakura quase não foi capaz de compreender o que o homem ao seu lado tentava lhe dizer, muito menos o respondeu de imediato, adentrou o cômodo totalmente maravilhada com o que seus olhos puderam captar, faltou-lhe se beliscar para ter certeza de que o que estava bem diante de si realmente era real e não um fruto de sua fértil imaginação. 

O quarto, por si só, era belíssimo, logo ao entrar podia-se deparar com uma gigantesca janela com vista perfeita para os jardins do palácio e a floresta ao longe. O Batente era acolchoado, lembrando-a muito do que tinha em seu antigo quarto, mas este certamente era bem maior e muito mais confortável. A cama, por padrão, seguia o mesmo molde de grandeza, Sakura não pode evitar sentar-se sobre ela e experimentar a maciez dos três colchões devidamente alinhados e confortáveis que tiravam seus pés do chão, a colcha, por sua vez, parecia ser feita inteiramente de lã, e a sensação de passar seus dedos por ela era curiosamente agradável e prazerosa. Num geral, os outros moveis mantinham o requinte do resto do lugar, as cores claras, em tons pasteis, combinavam graciosamente com os tapetes, cortinas e véus que também ajudavam na decoração. 

—É... muito lindo – A garota respondeu, finalmente, num suspiro – Estou quase me sentindo dentro de um cenário de um dos meus livros. 

— Gosta de ler? – Perguntou, surpreendendo-a com o súbito interesse e o possível início de algum tipo de conversa que ela não tinha tido sucesso ainda em começar.

— Está brincando? É a melhor coisa do mundo! 

— Achei que moças na sua idade já não ligassem mais para isso.

— Moças na minha idade? – Questionou curiosa, levantando-se da cama e dirigindo-se na direção de Sasuke novamente – Como assim?

— Ora... – Talvez ela tenha imaginado coisa, ou tenha sido apenas uma sensação, mas por um breve e pequeno momento, aquela criatura assustadora e imponente, pareceu-lhe... envergonhada? – Aquela... Vez na floresta, você... – Ele pigarreou enquanto desviava os olhos carmesim, tentando fugir dos orbes esmeralda que o encaravam com tanto interesse – Estava brigando com os garotos porque eles pegaram o seu livro, não é?

— Oh... Bem, não só por isso... – Agora foi a vez dela de se sentir sem jeito. As lembranças daquela época em que era a chacota favorita das crianças de Konoha ainda lhe incomodavam consideravelmente, não doía, mas o desconforto continuava ali, sempre pronto para lembrá-la que sempre seria taxada, aonde quer que fosse, como a exótica e esquisita filha de Kisashi Haruno, não importasse o quanto se esforçasse para tal. 

Bem... Talvez não mais se for parar para pensar, já que tudo envolvendo essa vida ficaria, agora por diante, exclusivamente em seu passado.

— Mas, então... Isso quer dizer que você já estava observando antes de tudo aquilo acontecer? – A mudança de assunto ajudou a contornar o breve momento de desconforto, levando o foco novamente para o homem fera, que viu-se, mais uma vez, encurralado pelas perguntas perspicazes da garota.

— Eu só estava de passagem – E como se evitasse dizer qualquer outra coisa que pudesse compromete-lo, Sasuke se virou já pronto para sair dos aposentos – Está ficando tarde, amanhã terminarei de te apresentar o castelo.

— Ainda tem mais?!

— É óbvio – Respondeu, encarando-a como se fosse um absurdo ela achar que o que viram era todo o lugar – Ainda temos mais dois andares, a ala da cozinha e os jardins para conhecer.

— Por Deus, eu vou acabar me perdendo nesse labirinto... – Sussurrou mais para si mesma que propriamente para expressar sua opinião a Sasuke, se ele a ouviu ou não, não fez questão de comentar. 

— Há roupas nos armários – Continuou – Não tenho certeza se vão servir, mas você precisa colocar algo mais quente e confortável – A menção de roupas a fez se tocar que ainda não tinha tido a oportunidade de livrar-se do que sobrará de tecido depois de toda aquela confusão. O casaco a ajudou com o frio, mas por baixo os rasgos e as manchas de terra e sangue encardiam o que outrora deveria ser um tecido branco e delicado, tinha medo até mesmo de imaginar como deveria estar seu rosto dada as circunstâncias – Aquela porta – Apontou para o canto esquerdo do quarto – leva ao seu banheiro particular, já deixaram a água quente para o seu banho. Mais tarde virão lhe chamar quando o jantar estiver pronto.

— Virão? Mas quem... – Ela, infelizmente, não pode concluir sua pergunta, pois imediatamente Sasuke se retirou fechando a porta atrás de si.

}|*|{

Depois de um banho que foi muito bem vindo, Sakura enfim pode averiguar com calma o estrago em que se encontrava. Havia um grande espelho no banheiro que lhe permitiu ter uma visão bem ampla de sua própria figura, nele ela pode contemplar as grandes manchas roxas que maculavam sua pele pálida, além de vários vergões vermelhos que pretuberavam-se ao redor dos arranhões e machucados que acabaram por rasgar-lhe a epiderme. 

Teve certa dificuldade para limpar cada um, por mais que estivessem em sua maioria fechados, tudo ainda era bem sensível e dolorido. Ao menos a água quente ajudou a desatar os nós de suas juntas, trazendo o relaxamento que ela tanto almejava. 

Foram longos minutos até que tomasse coragem para se levantar. 

Depois de todo esse processo, ela finalmente voltou para o quarto. 

Sobre a cômoda, encontrou todo tipo de cremes e perfumes que se pode imaginar, gosto não seria um problema definitivamente, o que fez Sakura se perguntar qual foi a última vez que teve tantas opções para escolher. Depois de desprender de algum tempo para sentir as fragrâncias, decidiu-se por uma bem suave, com um toque cítrico, mas que ainda lhe parecia doce.

Depois de tudo, tomou coragem e permitiu-se aventurar pelo requintado, e gigantesco, guarda roupa.

Os cabides tinham uma infinidade absurda de vestidos, dos mais simples aos mais luxuosos, todos organizados por cor e etiqueta. Era quase uma parede inteira para comportar o móvel, além de muitas gavetas que certamente possuiriam ainda mais roupas. Sakura se perguntou a quem pertencia aquele quarto antes de lhe ser oferecido, afinal, tinha tanta coisa, a dona anterior apenas deixou tudo para trás sem mais nem menos? Ou algo havia acontecido? Ela mesma não viu nem si quer uma alma viva naquele castelo desde que chegou, mas certamente alguém esquentou a água de seu banho, e Sasuke disse que viriam chama-la quando o jantar estivesse pronto.

Por mais belo que aquele lugar fosse, havia uma aura pairando pelo ar, algo misterioso, talvez até mágico, impregnando cada pequeno canto e fresta que pudesse alcançar. 

Ela podia sentir claramente.

Enfim, Sakura não sabe dizer quanto tempo gastou ali até que finalmente se decidisse por um modelo não muito glamoroso, mas ainda sim respeitável para o jantar.

A cor era num tom de verde-água bem claro, que de certa forma, realçou tanto os olhos quanto toda a forma da Haruno. Ele tinha um corte muito bonito, seu decote era alto e trabalhado com uma renda simples e delicada, a mesma se estendia pelos braços, acompanhando as mangas até chegarem ao punho. A saia, por outro lado, era lisa e sem muito volume, caindo confortavelmente sobre seu corpo, e aquiescendo-lhe mais do que estava esperando, mesmo que ainda parecesse um pouco grande, principalmente na barra, num geral o vestido não precisaria de muitos ajustes para que ficasse bom. 

— Afinal, vou finalmente usar suas aulas de costura para alguma coisa, Ino... e Karin  – Murmurou, sentindo o aperto da saudade atravessar-lhe o peito – Queria que estivessem aqui... Que pudessem se divertir com todas essas roupas, com todo esse castelo, com toda essa fartura... Que pudessem estar comigo.

E sem poder se conter, ela finalmente chora.

Sakura havia tentado, desde o momento que se despediu de seu pai ainda na floresta, ela queria estar bem, sabia que tinha sido uma escolha sua, que estaria segura, que não havia o que temer, mas a saudade persistiria pelo resto de sua vida. Talvez eles nunca poderiam encontra-la, talvez nem mesmo seus rostos ela poderia ver novamente algum dia. 

E isso lhe doía profundamente.

Momentaneamente, ela sentiu suas forças esvaírem, e precisou sentar-se sobre a cama para evitar que fosse direto ao chão. Agarrou o tecido do vestido e o apertou, tentando suprimir aquela dor agoniante em seu peito.  

Seria hipocrisia da parte dela se dissesse que não havia gostado dali, qualquer defeito que ela tentasse pensar não refletiria seus verdadeiros pensamentos. Mas, ela trocaria tudo apenas para voltar para sua casa vazia no meio da floresta, voltar para seus animais e sua pequena horta, até o trabalho de limpeza na cidade não seria tão ruim, desde que ela estivesse com sua família. 

No fim, seu pior medo havia se tornado realidade.

Sua mãe se fora.

Agora seu pai e suas irmãs.

Ela estava sozinha.


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Notas finais do capítulo

E é isso ♥ Espero que estejam gostando, logo voltarei com o próximo.

Beijinhos estelares

~Bellatrix ♥



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