Guerra é Guerra escrita por Nc Earnshaw


Capítulo 3
Outro universo


Notas iniciais do capítulo

O time 7 encontra o Sasuke do outro universo no meio da cratera. Como será que eles vão reagir?
Obrigado a todo mundo que está acompanhando esta história. Ela é muito especial para mim e amada assim como todos os meus outros bebês.

Boa leitura! ;)



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Capítulo 2

por N.C Earnshaw

 

Símbolo usado para indicar os personagens da outra dimensão - “ * ”

 

O CHAMADO DE RECONHECIMENTO DE SAKURA não atraiu a atenção dos seus companheiros de time. Os garotos se encontravam compenetrados demais na estranheza da situação para reparar na expressão chocada da kunoichi, analisando de um Sasuke para o outro, o quão semelhantes eram. 

Sakura deu um passo à frente, abismada com a quantidade de ferimentos que sangravam do corpo pálido aos seus pés. No entanto, antes que se aproximasse o bastante para conseguir curá-lo, foi impedida por Sasuke, que a segurou pelo braço e a puxou para trás. 

— Não toque nele — repreendeu o Uchiha sem tirar os olhos da sua cópia ferida. A visão de Sakura se encontrava totalmente obscurecida pela camisa azul-marinho que ele usava. — Não sabemos se é uma armadilha. 

Sakura bufou alto e o empurrou para o lado, ignorando qualquer que fosse o aviso que saiu da boca do ex-vingador. Ela se agachou próximo ao outro Sasuke* e concentrou o chakra na palma das mãos. O garoto precisava de atendimento médico com urgência, diagnosticou ela. E não era algo que ela poderia fazer em meio a um campo de treinamento e sem seu kit-médico; que ela carregava para todos os lados, mas tinha esquecido de levar consigo justamente naquele dia. 

— Ele está muito machucado — disse a kunoichi para os seus amigos. — Precisamos levá-lo para algum lugar para que eu possa curá-lo.

— Não sabemos quem ele é. — Sai foi o primeiro a sair do estupor. — Antes de qualquer coisa, temos que avisar ao Hokage que tem um intruso na vila. 

— Eu sei quem ele é — rebateu Sakura, irritada.

Sai a lançou um sorriso falso.

— Não é porque ele tem a mesma aparência do Uchiha traidor, que o conhece. 

As palavras duras do ex-anbu fizeram a Haruno cerrar os punhos. Ela abriu a boca para refutar, entretanto, alguém foi mais rápido.

— Ele tem razão. — A surpresa com que Sakura fitou Sasuke, não passou despercebida por ele. — Não podemos tratá-lo como conhecido só porque ele tem o meu rosto. Não sabemos de onde ele é ou o que quer. 

Sakura estranhou o silêncio de Naruto e se virou, ainda agachada, para encará-lo. O loiro tinha uma expressão perdida no rosto, e seus pensamentos pareciam estar distantes. Os olhos não desviavam da figura de Sasuke* e um suspirou alto escapou de seus lábios, como se o que tivesse passado por sua mente o tivesse deixado exausto. 

— Naruto... — implorou a Haruno.

— Vamos levá-lo a um lugar seguro. — A determinação característica ressurgia, arrancando um sorriso agradecido da garota de cabelos rosa.

Sasuke soltou uma risada seca ao perceber o quanto sua mera existência manipulava aqueles dois. Quando a situação se voltava para ele ou, naquele caso, para alguém com a mesma aparência que a sua, Sakura e Naruto não tinham limites. Eles se arriscavam de tantas maneiras que, em meio ao calor que preenchia seu peito, surgiu a raiva. O Uchiha não merecia aquela devoção toda, e não permitiria que eles se machucassem novamente por sua causa. 

Ele agarrou o corpo inerte num piscar de olhos, fazendo Sakura cair de bunda no chão com um semblante chocado. 

— Vou levá-lo até Kakashi e o interrogar — avisou Sasuke, antes de pular sobre uma árvore com seu sósia jogado sobre seu ombro, não dando atenção para os pedidos da kunoichi. 

— Naruto! Você tem que impedir. — O alerta de Sakura fez o Uzumaki ir atrás do seu amigo/rival. Entre os três, era o mais veloz dali, e o único que conseguiria alcançar Sasuke.

— Por que estamos tentando impedir o traidor de seguir o protocolo? — perguntou Sai, confuso. 

Naruto já tinha os deixado para trás há um bom tempo, e o pintor corria ao lado de Sakura. 

A garota mordeu os lábios com força, torcendo para que Naruto fosse rápido o bastante. 

— Ele é o Sasuke — A careta de confusão se aprofundou. — O cara da cratera. Ele é o Sasuke.

— Não é porque eles têm a mesma aparência…

— Não, não é isso! — O humor da médica piorava a cada passo que não avistava as figuras dos dois membros do time 7. — Ele é mesmo o Sasuke. Só que de outra dimensão.

— De outra dimensão? — A voz de Sai soou desacreditada, e ele a fitava como se tivesse ficado maluca subitamente. 

— Olha, Sai, é uma longa história. — Ela se desvencilhou das perguntas o mais que pôde e acelerou suas passadas, sentindo os músculos das suas pernas queimarem. — Apenas confie em mim, tá legal? 

O ex-anbu raiz mediu suas opções. Seguir o protocolo e obedecer às regras, ou confiar em seus amigos, as pessoas que o ajudavam e o deram um lar? Ele não precisou pensar por muito tempo.

— Hai! — concordou, arrancando um sorriso largo de Sakura. — Mas acho que seremos mais rápidos se formos por cima. 

— Ninpō: Chōjū Giga. 

Um pássaro gigante saiu do pergaminho que Sai segurava nas mãos, e Sakura deu um tapinha camarada em seu ombro. Os dois sobrevoaram até encontrar as figuras de Naruto, Sasuke e do sósia caído aos pés do Uchiha. Antes que eles pousassem, Sakura saltou entre eles e foi em direção a Sasuke, sem se preocupar com o olhar repreendedor que ele a lançava.

— O que Naruto falou sobre ele… — O ninja fitou o corpo da sua cópia por alguns segundos. — é verdade, Sakura? 

Assim que as palavras “outro universo” saíram da boca de Naruto, ele teve vontade de socá-lo. No entanto, no mesmo instante, lembrou-se que ele mesmo possuía o rinnegan e que, de fato, outros universos existiam. 

Sua desconfiança apenas aumentou com essa conclusão. Um ser de outra dimensão, embora fosse seu “outro eu”, não era confiável. 

O Uzumaki jurou que o Sasuke* caído aos seus pés era uma boa pessoa, mas ele não se deixou enganar. Precisava de uma segunda opinião e acreditava que Sakura seria justa, independentemente dos sentimentos que possuía por aquele rosto. 

— Se levarmos ele até Kakashi vão querer mandar o Ibiki interrogá-lo. — Sasuke ouviu as palavras dela com atenção, e assentiu. — Ele vai ser tratado como uma ameaça…

Ela encarou o corpo do outro Sasuke* com pesar.

— E sabemos muito bem como Konoha lida com ameaças. Principalmente aquelas de outra dimensão.

— E o que você quer que façamos? — A pergunta do último Uchiha vivo espantou a todos. Ele nunca foi conhecido por alguém que pedia opinião antes de agir. Sua arrogância o fazia acreditar que somente o que ele achava era correto, e que os outros eram inocentes demais para ver o lado realista. No entanto, depois de tudo que Sasuke havia vivenciado. Depois de perder seu irmão, descobrir a verdade sobre seu passado, tentar se vingar da vila e até chegar a atentar contra a vida dos únicos que o amavam, ele percebeu que seu orgulho não o levaria a nada. 

Sakura corou, orgulhosa. Cada passo que Sasuke dava em direção a redenção era uma vitória para ela, e sempre que ele se esforçava para ser uma pessoa melhor… Céus. Suas mãos tremiam de desejo de tocá-lo, abraçá-lo por horas e beijar cada pedacinho do seu rosto. Era incrível perceber que ele estava conseguindo o último perdão que faltava. O dele mesmo. 

— Vamos manter a presença dele em segredo… Por pouco tempo. Ele precisa de cuidados médicos, e podemos descobrir como ele chegou aqui sem ele passar por uma sessão de tortura. Naruto e eu o conhecemos… 

Sasuke arqueou uma sobrancelha, curioso para saber quando diabos eles tinham visitado outro universo. 

— É uma longa história — explicou a Haruno com um suspiro. — Vamos explicar tudo depois. Mas antes precisamos levar o Sasuke*... — Ela deu uma pausa constrangedora, encarando de Sasuke para o outro Sasuke* em confusão. — Nossa, isso é esquisito. 

O Uchiha, o original, bufou.

— Você não tem ideia — debochou ele. 

— Podemos levá-lo até o meu apartamento — ofereceu Naruto, sentindo como se estivesse segurando vela. 

Os outros membros do time 7 tentaram esconder as caretas de nojo. 

— Por Deus, não! — Sakura se agachou ao lado do corpo inerte para disfarçar seu desagrado. 

— O quê? Por que não? — perguntou Naruto, indignado.

— Seu quarto fede a peixe morto, Dobe. — Faíscas pareciam sair dos olhos dos dois rivais, e Sakura sentiu necessidade de intervir.

— Ele pode ficar na min-...

— Ele fica no meu apartamento — cortou Sasuke, como se não tivesse ouvido Sakura falar. 

— Faz sentido — disse Sai com um sorrisinho falso. 

Os outros três se prepararam para algum comentário inconveniente, mas não veio. O pintor apenas voltou a ficar em silêncio, e sorriso falso se alargou quando percebeu que estava sendo encarado. 

— Decidido então! — empolgou-se Naruto, buscando esquecer a esquisitice do outro. — O Teme vai ficar na casa do Teme! 

Sasuke fuzilou o Uzumaki com os olhos.

Não foi a primeira vez que Sasuke sentiu ciúmes de Sakura. Ele lembrava, na época em que ainda eram genins, de vários momentos em que teve que se controlar para não rosnar e agir feito um animal selvagem. Mas o que mais o atingiu, o momento que mais deixou marcas em sua vida, foi após a luta contra Gaara na segunda fase do exame chunnin, quando Sakura soube que Naruto a tinha protegido.

O olhar admirado da Haruno, o seu olhar de admiração, foi pela primeira vez de outra pessoa. Alguém mais forte e poderoso que ele.

Sua reação foi desafiar Naruto para uma luta, desejava se provar para Sakura e para si mesmo que era mais forte que o Uzumaki. 

Sasuke não podia fazer isso naquele momento. O garoto que conseguia toda a atenção da kunoichi estava desacordado e coberto de ferimentos, e o Uchiha não podia desafiar para uma luta alguém que nem estava consciente de que estava roubando a atenção da Haruno. Ele observou como a médica-nin se concentrava no trabalho; era incrível ver a ninja incrível que Sakura tinha se tornado. 

Os olhos da garota, sem que ela pudesse se controlar, demoravam-se mais que o normal no rosto pálido do outro Sasuke*. A semelhança era assombrosa, mas Sakura se orgulhou ao encontrar algo que pudesse diferenciá-los depois da personalidade. Seu Sasuke-kun possuía uma cicatriz minúscula do lado esquerdo da mandíbula, que ele havia conseguido ainda na infância, quando treinava com shurikens até a exaustão, o rosto do outro era completamente limpo e livre de cicatrizes.

Sasuke sentiu um desconforto anormal quando se viu parado ao lado de Naruto esperando que Sakura terminasse de curar a sua cópia barata. Ele tinha confiado na palavra de seus companheiros de time em relação ao estranho, mas não conseguia deixar de sentir uma pontada de desconfiança. 

— Como o conheceram? — inquiriu o Uchiha, sem aguentar o mistério. 

Sakura, Naruto e Sai viraram os rostos para encará-lo e ele apenas deu de ombros. 

— Há alguns anos, Naruto e eu fomos levados por Obito para outra dimensão. Na época o conhecíamos somente por Tobi. — Sakura enrolou uma gaze ao redor do pulso de Sasuke*, tentando buscar em suas lembranças as memórias daqueles fatos.

— O lugar era bizarro — adicionou Naruto, jogando-se no sofá do Uchiha. 

Sasuke mordeu a bochecha para não repreendê-lo. Não queria começar uma discussão com o idiota até que sua curiosidade fosse saciada. 

— E o que fazia desse lugar tão “bizarro”? — inquiriu Sai.

— Tudo era ao contrário! Nesse universo maluco as personalidades de todos nós eram invertidas. O Shikamaru era mais burro que uma porta, o Choji vivia de dieta, o Kiba odiava cachorros e a Hinata era totalmente doida! — Ele jogou os braços para cima, exasperado. 

Sakura soltou uma risadinha maliciosa, fazendo Sasuke ergueu uma sobrancelha em questionamento. 

— Vamos dizer que a Hinata do outro mundo não escondia a paixão ardente que sentia por Naruto. 

— Você deve ter amado isso, Dobe — provocou Sasuke. 

O Uzumaki acertou o rosto do seu rival com uma almofada.

— Ao menos meu outro eu não era um paquerador barato! 


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