Paulina fica sem reação, ela faz menção de ir atrás dele mais desiste, pelo que ela conhecia ele logo voltaria atrás, só precisava se acalmar. Ela se senta na cama para refletir e acaba ficando por ali mesmo, não tinha clima para continuar na festa.

...

As horas passavam e nada de Carlos Daniel retornar, Lalinha sobe até o quarto para chamá-lá a pedido de Helena, mas Paulina já havia adormecido.

Carlos Daniel estava na biblioteca, seus olhos estavam inchados e vermelhos. Ele não culpava Paulina por nada, aliás ela nunca escondeu que não gostava dele, mas ele a amava tanto que era desesperador saber que não era recíproco.

*Alguem bate na porta *

— Quem é? - pergunta Carlos Daniel secando os olhos rapidamente.

— Sou eu filho. - responde Luís forçando a fechadura.

Carlos Daniel se recompõe para parecer bem, e vai até a porta para abrí-la.

— Está tudo bem por aqui?- pergunta Luís desconfiado.

— Está sim pai, eu só vim resolver umas coisinhas, mais já estava indo para o jardim. - mente Carlos Daniel.

— Tem certeza? Lalinha subiu para chamar por vocês, mas a porta estava trancada e ninguém respondeu... - explica Luís estranhando a situação.

— Paulina não estava se sentindo bem e foi para o quarto para descansar, ela deve ter pegado no sono. Mas está tudo bem sim pai, não se preocupe. - explica Carlos Daniel tentando convencer o pai. _ Venha, vamos voltar para a festa. - convida Carlos Daniel antes que Luís o questionasse.

— Sim, vamos. - concorda Luís não muito convencido.

Carlos Daniel volta para o evento, e finge estar tudo bem para que ninguém se preocupe.

...
 

 Com o fim da festa todos vão embora e ele sobe para dormir, pois estava tarde. Já no andar de cima ele passa pela porta de seu quarto mas não teve coragem de entrar, Paulina poderia ter acordado e ele não queria ter que encarar a esposa naquele momento, sendo assim ele resolve dormir no quarto de hóspedes.

• Manhã  Seguinte  •

Eram por volta das 08:30 quando Paulina desperta. De imediato nota a ausência do marido, ela olha para o lado da cama mas a mesma estava intacta e não haviam vestígios de quem alguém dormiu ali, ela observa a sua volta e não o encontra, e isso bastou para ela perceber que ele não havia dormido no quarto.

— Ai Paulina , por que você foi dizer aquilo? - se culpa ela suspirando fundo.

Paulina fica ali até criar coragem de levantar para encarar o dia, ela toma um banho e desce para tomar café. Ao passar pelo quarto de hóspedes dá de cara com Carlos Daniel que estava saindo.

— Oi. - cumprimenta Paulina quase inaudível o olhando.

— Bom dia. - deseja Carlos Daniel de má vontade saindo dali rapidamente, era visível a sua decepção.

Paulina começa a se preocupar, ele jamais havia a tratado assim, Carlos Daniel sempre a endeusava e agora agia com frieza. Ela segue para o andar de baixo e tenta ignorar o episódio.

...

   E assim segue a semana, Carlos Daniel se mantinha distante e Paulina não conseguia decifrá-lo, ele quase não a olhava, e já não dormiam mais no mesmo quarto, Paulina não sabia se ia embora ou se ficava. Por diversas vezes ela tentou dialogar com o marido mais sem sucesso, Carlos Daniel sempre arrumava uma desculpa.

• Sábado -13:00 •

    Carlos Daniel estava sentando no jardim. Após o desentendimento com Paulina ele não era o mesmo, se mantinha sempre distraído e passava grande parte do dia no trabalho. Na mansão todos já haviam notado que algo estava errado, mas resolveram não se meter, pois imaginaram que se tratava apenas de uma briga de casal.

    Era notável a falta que Carlos Daniel sentia de Paulina, ao lado dela estava sempre brincalhão,sorridente, cheio de vida, e agora estava em uma tristeza sem fim. Ele pensa muito e decide acabar de vez com aquela situação, não tinha o por quê de se martirizar tanto, aliás se Paulina o odiasse tanto já teria ido embora quando ele propôs.

Carlos Daniel se dirige até seu quarto, pois sabia que lá a encontraria, queria esquecer de tudo, só pensava em abraçar e beijar a esposa para se sentir bem novamente. Ao entrar ele a encontra deitada encolhida na cama, ela olha em direção a porta e seus olhares se encontram, a barriga de Paulina gela, ela nota de longe um brilho no olhar e torce para que ele tenha voltado a ser o mesmo de antes, ele sorri para ela e se aproxima para se sentar na cama.

— Oi meu amor!. - diz Carlos Daniel carinhoso, acariciando os cabelos dela.

— Oi. - murmura Paulina bem baixinho, com um leve sorriso no lábios.

    — Tudo bem? - pergunta Carlos Daniel se abaixando para traçar beijos em sua testa, bochecha e lábios.

— Sim. - responde Paulina com os olhos fechados desfrutando das carícias dele.

— Vamos entrar um pouco na piscina? Está um calor danado lá fora. - sugere Carlos Daniel a olhando nos olhos.

    — Eu prefiro ficar aqui, minha cabeça está doendo um pouco. - conta Paulina o olhando de volta.

— Quer que eu traga um remédio? - pergunta Carlos Daniel preocupado se levantando para buscar um analgésico.

— Eu já tomei Carlos Daniel, logo passa. - diz Paulina rapidamente antes que ele saia do quarto.

— Tem certeza? - pergunta ele voltando para se sentar ao lado dela.

— Sim, não se preocupe, se quiser ir para a piscina pode ir, realmente está muito calor. - diz Paulina agora se sentando.

— Eu vou ficar aqui com você! - informa Carlos Daniel pegando nas mãos dela.

— Não precisa, eu já falei que estou bem. - insiste Paulina forçando um sorriso.

— Quero te mimar um pouquinho, não posso? - pergunta Carlos Daniel sorrindo. _ Estou com saudades, e se não se importar eu quero ficar aqui para passar um tempinho com você. - explica Carlos Daniel pegando uma mecha de cabelo dela e colocando atrás da orelha.

— Como quiser... - concorda Paulina tímida.

— Você é muito linda minha princesa, e eu nunca vou cansar de te dizer isso. - elogia Carlos Daniel depositando um beijo na mão dela.

Paulina dá um largo sorriso, adorava quando ele a elogiava, ele era tão amoroso que ela se perguntava o por quê de ainda não ter o dado uma chance, e embora terem se desentendido nós últimos dias, ela o dava total razão por sua mudança de comportamento.

— Deita aqui comigo, vamos descansar um pouquinho, mais tarde se você quiser nós vamos para a piscina. - convida Paulina , surpreendendo Carlos Daniel, estava aliviada por terem voltado a se falar e faria o possível para mantê-lo sempre perto.

Paulina não precisou dizer duas vezes, Carlos Daniel imediatamente se aconchegou na enorme cama e se pôs de frente a ela que lhe entregou um sorriso de satisfação, ele a abraça apertado e dá um beijo em seus cabelos.

— Eu te amo! - Carlos Daniel sussurra no ouvido dela, a acomodando melhor em seu peito.

Paulina não diz nada, ela levanta a cabeça para encará-lo e lhe dá um beijo nos lábios, gesto esse que significou muito para Carlos Daniel, eles ficaram agarrandinhos até que pegaram no sono.

• Horas depois - piscina •

Paulina estava sentada em uma das cadeiras da piscina observando Carlos Daniel nadar, ela preferiu não entrar pois sua cabeça ainda doía um pouco e ela não queria abusar.

— Vem amor, entra aqui. - chama Carlos Daniel indo até a borda da piscina.

— Melhor não, a água está muito gelada. - diz Paulina sem vontade de entrar.

— Não está não. - discorda Carlos Daniel parando em frente a ela.

— Está sim! - continua ela, colocando a a ponta dos pés na água.

Carlos Daniel sai da piscina com um sorrisinho travesso nos lábios e vai até ela, Paulina notando o que ele faria tenta correr, mas ele foi mais rápido.

— Peguei! - Carlos Daniel grita divertido, pegando ela no colo.

— Me coloca no chão! - ordena Paulina rindo muito.

Carlos Daniel corre com a esposa até a piscina e pula com ela nos braços. Paulina tosse um pouco pois havia engolido um pouco de água, e parecia estar furiosa, Carlos Daniel começa a rir a deixando ainda mais estressada.

— Você me paga Carlos Daniel. - ameaça Paulina tentando se manter séria, não estava brava de verdade e tremia de frio.

— Me desculpe amor, não foi minha intenção. - brinca Carlos Daniel se fazendo de inocente.

— Não  , estou com frio e a culpa é sua. - acusa Paulina nadando para longe dele.

Carlos Daniel vai nadando atrás dela e a surpreende com um beijo de tirar o fôlego.

— Para parar o frio. - diz Carlos Daniel após o beijo, dando mais um selinho nos lábios dela.

— Você é um abusado! - diz Paulina dando um tapa de leve no ombro dele.

— Não fica brava minha vida, foi só uma brincadeira. - pede Carlos Daniel tentando apaziguar as coisas.

— Vai ter volta engraçadinho. - avisa Paulina com um olhar ameaçador.

— Uiii, que medo. - debocha Carlos Daniel rindo e voltando a nadar.

Rodrigo e Patrícia observavam aquela cena admirados, Patrícia sabia a verdade, mas Rodrigo acreditava que realmente eram um casal apaixonado.

— Eles são tão lindos juntos. - comenta Patrícia os olhando da sacada de seu quarto.

— São mesmo, veja só como se dão bem. - Rodrigo concorda olhando para a esposa.

— É novo pra mim vê-los assim tão próximos, eles são tão reservados. - acrescenta Patrícia pensativa.

— Eu também notei isso, mas acredito que seja por que Paulina é tímida... Mas fico feliz pelo meu irmão, desde que se casou é outro homem, está radiante e exala felicidade. - conclui Rodrigo.

— Qualquer um consegue ver o quanto ele ama essa mulher. - diz Patrícia suspirando.

— Só não é tão visível quanto o meu amor por você. - se declara Rodrigo com os olhos brilhantes.

— Eu te amo! - diz Patrícia dando um beijo no marido.

— Huum, então mostre-me o tamanho do seu amor. - pede Rodrigo travesso.

— Só se for agora. - dispara Patrícia o olhando com malícia, o puxando para dentro do quarto...

 • 19:00 - Quarto Patrícia •

Paulina e Patrícia conversavam sobre vários assuntos, Patrícia sempre que podia especulava a amiga para saber como andava seu relacionamento com Carlos Daniel.

— E como andam as coisas com Carlos Daniel? - pergunta Patrícia sem enrolação, era muito curiosa.

— Ah, a mesma coisa de sempre, você sabe. - responde Paulina omitindo detalhes.

— Sério? Por que não foi bem o que eu e Rodrigo vimos hoje a tarde. - provoca Patrícia .

— Bom, na verdade estamos avançando, temos lá nossos altos e baixos mas nada muito sério. - explica Paulina se recordando da última discussão que teve com o marido.

— Carlos Daniel é muito paciente, são poucos os homens que se submetem a viver assim.- comenta Patrícia com sinceridade.

— Você está certa Patrícia, ele é muito paciente, respeitador, amoroso. - diz Paulina enfatizando as qualidades do marido.

— Carlos Daniel é um bom homem, sempre foi muito gentil e honesto. - elogia Patrícia com serenidade.

— Ele me deixa muito confusa. - confessa Paulina olhando para um ponto qualquer.

— Confusa como? - questiona Patrícia a mirando curiosa.

— Ah sei lá, antes eu o odiava, mas agora não sei exatamente o que sinto por ele. Durante esses dias que ele ficou sem olhar na minha cara, eu senti tanta falta dele, eu nunca disse nada, mas todas as noites que ele dormia no outro quarto eu sentia uma e enorme vontade de ir atrás, acho que me acostumei a dormir sentindo seu calor. - explica Paulina com cara de boba.

— Pelo que vejo você está se apaixonando por ele, só não percebeu ainda. - conclui Patrícia observando as reações de Paulina.

Paulina a encara pensativa, Patrícia poderia ter razão, ela sem perceber se apaixonou pelo marido, o que não é difícil, pois Carlos Daniel era um homem excepcional, e fazia de tudo por ela.

— Paulina! - chama Patrícia a tirando de seus pensamentos.

— Sim? - reponde Paulina a olhando.

— Entre você e Carlos Daniel não rolou nada? - pergunta Patrícia pegando Paulina de surpresa.

— Como assim? - indaga Paulina se fazendo de desentendida.

— Você sabe... Vocês nunca transaram? - pergunta Patrícia a olhando travessa _ Vai amiga me fala, você sabe que eu sou indiscreta mesmo, se eu não for você fica dando voltas e não me conta nada. Já faz um tempinho que não conversamos sobre esse assunto, muita coisa pode ter mudado. - explica se correndo de curiosidade.

— Mais tava demorando né Patrícia, mais curiosa que você só duas de você... - reclama Paulina rindo. _ E não amiga, nunca rolou nada. - conta Paulina com sinceridade.

— É que vocês estão se dando tão bem nesses últimos tempos que eu pensei que a primeira noite já pudesse ter acontecido. - explica Patrícia sem papas na língua.

— Não amiga, só dormimos juntos mesmo, nunca fizemos nada. - diz Paulina um pouco envergonhada.

— E por que não? Paulina por Deus, como você consegue se segurar com um homem daquele? Lindo, forte, apaixonado, outra no seu lugar já teria dado. - dispara Patrícia eufórica.

— Sim eu sei. - murmura ela pensativa.

— Mas ele não tenta nada? Nunca tiveram um momento mais íntimo? Só ficam nos beijos? - pergunta Patrícia sem a dar tempo de respirar.

Paulina a olha com os olhos arregalados e com o rosto corado.

— Ele sempre tenta, mas nunca consegue nada, ele me respeita demais e não insiste por muito tempo, ele sabe dos seus limites. - explica Paulina. — Tivemos sim alguns momentos a dois, mas nada muito comprometedor, eu viso sempre não cair em tentação. - conta Paulina um tanto nervosa, não costumava conversar sobre assuntos assim tão abertamente.

— Mas por que você não se entrega? O que te impede? - continua Patrícia querendo saber mais.

— Medo, insegurança talvez... - revela Paulina olhando para a amiga.

— Insegurança? Paulina olha pra você, você é linda, tem um corpo invejável, como assim se sente insegura? - rebate Patrícia indignada.

— É que eu tenho medo de não agradá-lo... - confessa Paulina se movendo inquieta.

— Que besteira amiga, se você ficar colocando coisas na cabeça você acabará ficando nervosa, aí não será bom nem pra você e nem pra ele. - diz Patrícia com convicção.

Paulina da um suspiro.

— Quais são seus reais temores? - pergunta Patrícia percebendo o incômodo de Paulina.

— Da dor, temo que ele me machuque, ele aparenta ser tão experiente, ele pode acabar não tendo paciência comigo. - confessa Paulina corada.

— Você é virgem? - dispara Patrícia assustada.

Paulina acena a cabeça em concordância.

— Você tem vontade de se entregar a ele? - continua Patrícia.

— Muita! Sei que pra ele é difícil se segurar e pra mim tampouco, mas sempre que tento me permitir eu travo, e como eu te disse o medo me domina. Eu penso e repenso sobre isso todos os dias. Por que não tentar? Aliás ja estamos casados... Mas nem tudo é fácil assim. - desabafa Paulina expondo seus verdadeiros sentimentos.

    — Paulina mulher, você quer e ele também, não tem mais o que pensar! E quanto a seus medos, pelo que eu conheço do Carlos Daniel ele fará o possível para que você se sinta bem, confie nele, conversem antes explique a sua situação, as coisas se resolvem no diálogo, Carlos Daniel é muito compreensível. - aconselha Patrícia tentando encorajar a amiga.

— Será Patrícia? - pergunta Paulina com um pé atrás.

— Claro Paulina! E quanto a dor, ela é relativa, vai de mulher pra mulher, eu por exemplo senti apenas um leve desconforto. Mas não se atente tanto a isso, por que na hora do vuco vuco você nem pensa em dor. - diz Patrícia divertida.

— Eu não sei se tenho coragem, mas eu tenho que parar de ser egoísta e não pensar só em mim, me dá uma pena ver a frustração de Carlos Daniel sempre que tenta algo, entendo suas necessidades e pra ele não deve ser nada fácil. - admite Paulina olhando para o nada.

— Ele deve estar em uma seca brava. Olha não querendo te assustar, mas o dia que aquele homem te pegar, você vai se arrepender de não ter dado antes. - brinca Patrícia deixando a amiga ainda mais envergonhada.

— Tá bom, já chega! - interrompe Paulina constrangida. _ Vamos falar de outra coisa. - sugere ela sem graça.

—Ok mais pensa no que eu te disse, se for pra ser será, e você vai ver o quanto é maravilhoso se entregar a quem se ama. E não fique brava comigo Paulina, eu só quero te ajudar, eu também já passei por isso e sei o quanto é tenso. Pra minha sorte Rodrigo foi muito cuidadoso e prezou meu bem estar. - relembra Patrícia com um sorriso.

— Você também se casou virgem? - pergunta Paulina curiosa.

— Não eu perdi a virgindade bem antes, Rodrigo era muito fogoso e diferente de você eu não era á prova de fogo - zoa Patrícia rindo. Mas Rodrigo é, e sempre será o único homem da minha vida. - assegura Patrícia apaixonada.

— Eu não sou á prova de fogo! - rebate Paulina rindo.

— É sim amiga, você é uma guerreira! - brinca Patrícia rindo alto.

— Eu tenho consciência, é diferente. - explica Paulina também rindo. _ Mas sabe, eu acho tão lindo a troca de amor de você e Rodrigo . - diz Paulina sorrindo, voltando ao assunto de antes.

— Quando há amor é outra coisa. - suspira Patrícia.

— Concordo com você - diz Paulina.

— Mas mudando de assunto, vão fazer alguma coisa hoje? - pergunta Patrícia.

— Carlos Daniel me convidou para sair, acho que vamos ao teatro, ou cinema não decidimos ainda. Você e Rodrigo não querem ir conosco? - convida Paulina gentil.

— Hoje não vai dar, fizemos planos para hoje a noite, mas qualquer dia combinamos de fazer algo todos juntos... - propõe Patrícia sorrindo.

— Perfeito!- exclama Paulina aprovando a idéia. — Ai amiga, então eu vou lá me arrumar por que já está tarde e eu costumo ser muito enrolada. - explica Paulina indo até a porta.

— Está bem amiga vai lá, e fique linda, pois nunca se sabe como pode acabar a noite. - diz Patrícia sugestiva. _ Carlos Daniel ficaria muito feliz com uma surpresa dessa, o coitado deve estar com o punho doendo de tanto usar a mão. - provoca Patrícia rindo.

— Só você mesmo Patrícia - murmura Paulina vermelha de vergonha.

— Tanto tempo no cinco contra um, que quando você largar de frescura e transar logo, Carlos Daniel dará uma festa para comemorar. - debocha Patrícia soltando uma gargalhada.

— Eu desisto de você Patrícia. - desabafa Paulina rindo, já do lado de fora do quarto.

...

Shopping 

Paulina e Carlos Daniel caminhavam pelo shopping enquanto a próxima sessão do cinema não começava, Paulina vez que outra tentava puxar assunto com Carlos Daniel mas sem sucesso, ele não demonstrava estar a fim de conversar.

— Aconteceu alguma coisa? - pergunta Paulina estranhando seu distanciamento repentino.

— Não, por quê? - rebate Carlos Daniel se fazendo de desentendido.

— Você está estranho. - observa Paulina o olhando.

— Impressão sua, eu estou normal. - diz Carlos Daniel dando de ombros.

Paulina suspira fundo, não estava acostumada a ser tratada assim por ele, pois sempre o teve a seus pés.

— Você não costuma agir assim comigo, hoje de manhã estava tão carinhoso, agora do nada ficou chato. - reclama Paulina tentando encontrar o olhar dele, mas ele estava a evitando.

Carlos Daniel fingiu não ter escutado, tudo aquilo não passava de uma tática, ele andou observando e notou que todas as vezes que brigavam, ela ficava carente, como se sentisse a falta dele e só assim o tratava bem. Sendo assim ele decidiu que não se humilharia mais, se Paulina o quisesse, teria que ir atrás, pois ele estava se cansando de lutar sozinho.

...

Dias Depois 

Paulina havia ingressado na faculdade, estava muito feliz e passava o dia todo estudando. A relação com o marido estava meio abalada, ele não a tratava mal, mas não dava a mesma atenção de antes, e assim como Paulina, Carlos Daniel passava o dia na fábrica e se viam poucas horas no dia.

Carlos Daniel fora buscar a esposa na faculdade como costumava fazer todos os dias, ao estacionar o carro percebe que ela não o esperava no lugar de sempre, ele desce e vai a sua procura, e ao entrar no prédio a avista de longe, ela estava conversando com alguns colegas, e logo um deles se aproxima e a abraça pelos ombros fazendo Carlos Daniel cerrar os punhos e ir até eles a passos largos.

— Boa tarde. - cumprimenta Carlos Daniel pegando Paulina de surpresa, ela em um ato involuntário se afasta do rapaz.

— Boa tarde! - respondem todos em uníssono.

— Podemos ir Paulina? - pergunta Carlos Daniel a olhando fixamente, com uma expressão nada agradável.

— Quando quiser. - concorda Paulina o olhando encabulada.

— Não vai nos apresentar Paulina? - interrompe Célia olhando para Carlos Daniel com um sorriso sedutor.

— Ah claro! Galera esse aqui é o Carlos Daniel, Carlos Daniel esses aqui são meus amigos. - apresenta Paulina de modo geral.

— Prazer. - diz Carlos Daniel acenando com a cabeça.

— Satisfação, por que o prazer vem depois. - se atira Célia sem pudores.

Carlos Daniel dá um sorriso sem graça e resolve se apresentar melhor.

— Eu sou o marido da Paulina. - conta Carlos Daniel olhando para Célia que muda de expressão na hora.

— Marido? Meu Deus! Mil perdões eu não sabia. - se desculpa Célia constrangida, sem saber pra onde olhar.

— Tudo bem Célia, não tem problema. - tranquiliza Paulina vendo o desespero da amiga.

— Como não tem problema? Eu acabei de dar uma cantada no seu marido. - diz Célia envergonhada.

— Fica tranquila Célia, não tinha como você saber. - diz Paulina sorrindo para ela.

— Será que é seu marido mesmo? Você não usa aliança! - questiona o rapaz que havia abraçado Paulina em tom de brincadeira.

Carlos Daniel o fuzilou com os olhos e depois olhou para a mão de Paulina, que realmente estava sem a aliança.

— Somos casados sim, acabei esquecendo minha aliança em casa, mas sempre estou com ela. - explica Paulina nervosa.

— Eu nunca vi. - insiste Pedro provocando Carlos Daniel.

— Você nunca vê nada Pedro! - se intromete Célia tentando desfazer a tensão que estava se formando.

— E você já viu? - pergunta Pedro olhando para Célia.

— Já vi sim, e é muito linda por sinal, eu é que sou lerda e não juntei as coisas, sempre soube que Paulina era casada, mas não sabia com quem. - responde Célia tentando ajudar a amiga, pois percebeu que Carlos Daniel não estava nem um pouco feliz.

— Enfim gente, já vamos indo, até amanhã. - despede Paulina antes que Pedro diga mais alguma coisa.

Ambos vão até ao carro em silêncio, Paulina não tinha coragem de olhá-lo, sabia que tinha o magoado e se sentiu péssima, pois havia prometido a si mesma que nunca mais o faria.

Eles entram no veículo e vão para casa, Carlos Daniel estava focado no trânsito e Paulina olhava pela janela enquanto ensaiava o que diria a ele, até que Carlos Daniel quebra o silêncio.

— Por que nunca disse a seus amigos que era casada? - questiona Carlos Daniel intrigado.

— Achei que não tinha necessidade. - responde Paulina suando frio.

— Ah não tinha necessidade? Assim como também não é necessário que use sua aliança de casamento? - reclama Carlos Daniel tentando não se alterar.

— Eu a uso sempre Carlos Daniel, mas especificamente hoje eu esqueci de colocá-la, me perdoe eu não fiz por mal. - explica Paulina olhando para ele apreensiva.

— Você encara isso como uma brincadeira, e eu estou farto disso, eu tento, eu me esforço, dou o meu máximo, mas sozinho fica difícil, se você ao menos colaborasse... - murmura Carlos Daniel mas para si do que para ela.

— O que quer dizer com isso? - indaga Paulina trêmula.

Carlos Daniel opta por ficar em silêncio, pois sabia que se continuasse com o assunto acabaria dizendo alguma besteira.

•Mansão Bracho - Quarto Paulina e Carlos Daniel •

    Paulina havia acabado de sair do banho, agora penteava seus cabelos frente ao enorme espelho do quarto, Carlos Daniel estava sentando na cama, continuava calado, e a olhava sério e pensativo.

— Ainda está chateado comigo? - pergunta Paulina o olhando através do espelho.

— Frustração é a palavra certa, estou no meu limite, não dá mais... Acredito que insistir no erro mais de uma vez já é burrice. - desabafa Carlos Daniel com amargura.

Paulina para de pentear o cabelo e se vira pra ele tentando compreendê-lo.

— Eu já coloquei a aliança, não precisa ficar assim. - diz Paulina estendendo a mão para que ele veja.

— A aliança é o menor dos problemas. - diz Carlos Daniel finalmente a olhando nos olhos.

— Qual é o problema então? - pegunta Paulina o encarando.

— Nós, nós somos o problema, não dá pra viver assim, aliás não vamos mais viver assim. A partir de hoje você não precisa mais usar a aliança, assim como eu também não usarei. - informa carlos Daniel se levantando.

— Você está querendo dizer... - Paulina tenta argumentar mas é interrompida.

— Que o nosso casamento acaba aqui. - decreta Carlos Daniel com os olhos marejados e dor no coração.