Chegando a primeira casa, os cavaleiros se depararam com a figura de Mu e seu discípulo Kiki. Os dois discutiam sobre o tempo que a criança gastava no videogame e não se aplicava nas obrigações.

— Você vai largar essa merda na marra! Vou dar um banho nesse seu joguinho!

— Não vai não! Faz pra você ver se eu não escondo o elmo da sua armadura, faz!

— Como é que é, seu moleque?! Eu sou o seu mestre, um adulto que cuida de você! Um pouco de respeito não faz mal!

— Você não me escuta! Por isso eu prefiro o tio Aioria, ele deixa eu jogar videogame o tempo que eu quiser! Nhé! — mostrou a língua. 

— Ele gosta de quem alimente aquele ego infinito dele. Quando eu te deixo lá estou ciente de que ele vai fazer todas suas vontades para ser o "tio mais legal do universo", não é assim que você chama ele? Seu puxa saco!

— Por isso que eu quero ser o cavaleiro de Leão, não de Áries! Seu chato! — cruzou os braços e virou de costas.

— Mas teu signo é áries, sua mula! Por isso que sou eu que estou te treinando, inferno! — Mu sentiu a presença de pessoas em seu templo — Vai ficar ouvindo a discussão dos outros aí pra fazer fofoca? Entra logo, cacete! O que vocês querem?

Neste momento, os quatro entraram no templo. Até o ruivinho se virou para ver o que estava acontecendo, mesmo com o biquinho irritado.

— Com licença, senhor… desculpe ouvir sua conversa, não queríamos atrapalhar….

— Se não quisesse atrapalhar tinha ficado lá embaixo, né? Desembucha, o que foi? — ele analisou os quatro e antes que Shun prosseguisse, ele interrompeu com um: — Ah não! Caralho Shiryu! Tu de novo aqui pra me ver? Olhando bem, essas armaduras estão um lixo! Nem parece que eu as consertei lá em Jamiel! Tu atrapalhou a porra do meu retiro espiritual e agora já tô até vendo que vou ter que reparar essa merda e a dos seus amiguinhos também!

— Calma, mestre… — Kiki, mesmo acostumado com o temperamento quente de seu tutor, parecia surpreso. Aquilo era demais, mesmo para o arianinho! — Lembre do seu mantra.

— Calma entra, raiva sai — inspirou e respirou — Calma entra, raiva sai — foi assim por dois minutos — Então gente, em que posso ajudá-los? — sorriu gentil.

— Bem… gostaríamos de passar pela casa de Áries, senhor Mu. — Disse meio receoso. Aquele homem oscilava de humor muito rápido.

— Com esse estado de pena que estão as armaduras de vocês? Não resistiriam nem até a Casa de Touro assim. — fez eles perceberem as rachaduras das armaduras — Sorte de vocês que eu tenho pó de estrela aqui, porque para consertar com sangue, vocês não chegariam nem a Casa de Câncer — suspirou fundo pensando no trabalho que teria — Agora tirem essas armaduras e voltem daqui a uma hora.

— Uma hora? Não podemos perder muito tempo ou a Saori… — falava Seiya até ser interrompido pelo ariano.

— Cala a boca! Quer que eu faça um trabalho bom ou um trabalho bunda com essas armaduras de bronze?! — os encarou — Foi o que eu pensei. Agora xispem daqui antes que a minha paciência se esgote e eu não faça mais coisa nenhuma!

Todos deixaram as armaduras montadas na sala e se retiraram. O garotinho ruivo ficou o tempo todo andando de um lado para o outro e xingando coisas como “Mestre Mu não me deixa jogar videogame”, “Ele diz que eu tenho que tomar banho todo dia” e coisas parecidas. Shun tentava argumentar dizendo que ficar sem tomar banho dava doença, mas então precisou aguentar ainda mais xingamentos e reclamações:

— Olha você! Você toma banho todo dia? Por isso que tem essa cara de menina!

Depois de uma hora inteira e um libriano tentando acalmar um virginiano irritado, Mu voltou com as armaduras em ótimo e perfeito estado. Todos se vestiram e agradeceram. 

— Olha só que coisa bonita, coisa formosa, coisa bem feita! Em uma hora dei conta de quatro armaduras! Trabalho eficiente é outra coisa. Ainda prefeririam o trabalho bunda?

— Não senhor! Ficaram ótimas! Estamos muito agradecidos e elas ainda estão brilhando de tão limpas!

— Ótimo! Podem deixar a menina aqui, subir com um peso morto só vai atrapalhar. Agora, andem! O tempo corre, tá vendo? tictac, tictac! — Mu disse apontando para a torre do relógio de fogo, que já havia apagado a primeira chama. — E você Kiki, aprenda comigo.

— Se fosse bom de verdade teria feito em meia hora…

— AH! SEU PIRRALHO INSOLENTE!!!

— Seu mantra, mestre Mu.

— Vai pra porra essa merda de mantra! Vem cá, senta aí que você vai escrever “Meu mestre Mu merece respeito” cento e cinquenta vezes!

— NÃO VOU NÃO!

— Prefere que eu pegue e destrua o teu videogame? — sugeriu. O pequeno logo tratou de pegar o caderninho e a caneta, escrevendo enquanto xingava baixo.

— Não posso nada também, não posso nada, tudo eu!

Enquanto os quatro guerreiros subiam até a Casa de Touro, podiam ouvir o anfitrião do primeiro templo xingar alto e fazendo outras ameaças. Seiya ria enquanto subia.

— Se aquele ariano continuar gritando, capaz da Saori levantar na força do ódio!