Já eram mais de dez da noite quando os cinco guerreiros de bronze estavam reunidos na casa de Escorpião. Além dos cinco, estavam na companhia de Saori, Camus e Marin, que cuidavam do cavaleiro de Pégaso.

O anfitrião decidiu “abandonar” suas visitas, porque nenhum deles estava afim de o ouvir falando sobre assuntos super necessários, como seu golpe mais poderoso ou como ele escolheu o supermercado favorito para comprar mantimentos.

Camus aceitou a “sessão de tortura de ouvidos” e foi cozinhar com o escorpiano, que apesar de ser um irritante era um amigo de longa data. Fizeram uma panela de sopa e serviram para os mais novos comerem. Hyoga fez uma expressão que o mestre logo entendeu que seria uma reclamação e antes mesmo dele abrir a boca, logo foi repreendido.

— Só coma e seja grato, hoje foi um dia cheio e essa foi a refeição mais rápida e nutritiva que conseguimos preparar em pouco tempo.

— Eu nem disse nada. Nossa que estresse.

— Nem precisa. Eu já o conheço há tanto tempo que consigo prever o que iria dizer.

— Tá bom Mestre, tá bom.

Camus franziu o cenho, desgostando das respostas de seu pupilo. Quando Marin já percebia que uma DR. possivelmente começaria, outra pessoa cortou o clima tenso:

— Obrigado pela refeição senhor Camus e senhor Milo. É muita generosidade vocês cozinharem para nós — estava aliviado, porque sopinha não iria causar outro problema, como houve com a buchada de mais cedo — Alguém aceita se juntar comigo para rezar?

— Eu aceito, Shun — Saori se prontificou, sorrindo.

Para a tristeza dos dois virginianos, ninguém mais queria. Primeiro porque Marin estava ajudando Seiya, que havia quebrado o pulso na luta, ou melhor, surra, e os outros… bem, nem adiantou insistir. Logo realizaram a prece silenciosa juntos, antes de prosseguirem com a refeição.

Depois de comerem, Shiryu instruiu Shun a fazer uma “linha de montagem” na louça. Estava com os conselhos de Shura recentes em sua mente, e gostaria de botar em prática.

Conforme o Dragão e Andrômeda limpavam os pratos e os talheres, Milo sorriu ao ver que todos os convidados pareciam mais dispostos e descansados depois do dia corrido. Até mesmo aqueles que estavam em piores condições, vulgo Seiya, parecia mais animado e menos dolorido.

— Atenção, cavaleiros, amazona e minha Deusa — chamou batendo a pontinha de sua agulha escarlate na beirada de uma xícara, que ocasionou em um tilintar alto ecoar pelas salas — Acredito que seja a melhor hora para aquela palestra acontecer. Ainda não desmontei o projetor e creio que não irá demorar mais do que uma hora. Para quê deixar para amanhã, não é mesmo? — deu um breve riso.

— Com todo o respeito, Milo — a Amazona de Águia disse — Não estamos muito bem dispostos para ouvir outra palestra hoje. Todos nós estamos cansados…

— Do que se trata a palestra? É aquela de pimentas?

— Minha Deusa, eu havia dito para a senhorita que a pimenta é uma metáfora. Permita-me explicar melhor…

O grego enfiou a mão no bolso, tirando de lá um controle branco e apontando-o para o projetor. Camus lembrou daquela máquina antiga das vezes que Aiolos apresentava slides ruins com fotos que ninguém queria tirar - apenas Aioria, para inflamar aquele ego gigante ainda mais.

A projeção mostrou uma pimenta contra a parede branca. Nesse instante Seiya queria mais é se levantar e ir embora, porém estava dolorido demais. Marin, percebendo isso, pediu licença e o levou até um dos quartos da casa. Aproveitou também para ficar com ele e se livrar daquela.

— Bem, colegas. Hoje o tio Milo vai dar uma aula sobre educação sexual.

— Aaah não! — um coro se manifestou.

— Devo lembrar aos três rapazes ainda presentes que prometeram estar aqui? E também eu não perguntei se queriam me ouvir, vocês vão. Não é uma escolha.