Tente me esquecer escrita por Dama das Estrelas, Lettyks


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

FALA, PESSOAL! Aqui é a Dama de novo, perguntando se vocês sobreviveram ao capítulo 2 lkkkkkk

Quero agradecer a todos vocês que estão lendo nosso projeto. Saibam que foi uma honra participar desta fic. A Leticia é uma pessoa maravilhosa, cheia de energia e alguém muito bom de se trabalhar. Fizemos esta fanfic com muito carinho e esperamos que estejam gostando da leitura.

Eu vou me despedindo por aqui e vou deixar as notas finais com a Leticia! Um beijão para vocês e até a próxima! ♥



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Sara sabia que não deveria ter feito o que fez mas já era tarde. Por um lado, Gil tinha razão; isso traria um grande problema para ela se aquele cara resolvesse prestar queixa. Sorte que ele estava ali não deixou ela continuar, então após pensar muito resolveu tomar um bom banho, pois o que era pra ser um dia especial estava se tornando um real pesadelo. 

No chuveiro permitiu que suas emoções que até agora estavam bem escondidas saíssem junto com água que caia sob seu corpo. Permitiu até mesmo agradecer Grissom por ter chegado na hora. Só Deus sabe o que ela faria com Basderic. Só de pensar em seu nome lhe dava asco. 

Após o banho relaxante ela seguiu para a cozinha até que ouviu o barulho da secadora, o que a deixou um pouco apreensiva. Isso foi um tanto quanto estranho, pois não se lembrava de ter ligado. Quando abriu o aparelho e visou seu interior, não podia crer no que via: a arma do crime bem ali, na sua casa e completamente limpa.  

Apressada, pegou seu celular e chamou por Nick, a primeira pessoa quem imaginou que podia ajudá-la.  

— Nick!  

— Sara, o que houve? — perguntou receoso ao notar o tom de voz da amiga. 

— Preciso que você venha até minha casa, é urgente. 

— Mas o que aconteceu? 

— Por favor, venha. 

— Tá, já estou chegando.  

Nick deixou a sala aonde estava, mas antes visou Greg, que imediatamente entendeu seu ponto. Pela feição do amigo, imaginou que Sara estava com novos problemas. Ele estava com medo do que poderia ter acontecido e até pensou ser algo com Gil. 

Enquanto isso, atordoada pelos fatos, Sara sentou no sofá tentando parecer o mais calma possível. A cada hora que passava as coisas pareciam piorar; não podia acreditar no que estava acontecendo. 

— Sara?! — A voz de Nick tirou ela dos pensamentos distorcidos. Imediatamente foi abrir a porta para ele. 

Sem nem falar, ela nada abraçou o amigo por impulso. Precisava de algum porto seguro e o texano era seu melhor amigo no momento. 

— O que houve? Você me deixou preocupado. 

— Olhe — apontou para cozinha. 

Nick então foi até onde Sara apontava abriu a lavadora e viu bem ali a faca lavada. Sem fazer muito esforço ele ligou todos os pontos; era a arma do crime.  

— Sara...-  

— Eu cheguei, tomei um banho... quando vim para cozinha eu vi a secadora ligada. Não sei como foi parar aí, armaram para mim Nick. — A voz falhada evidenciava seu nervosismo. Estava a ponto de começar a chorar. 

— Calma. — Ele gesticulou com ambas as mãos. — Quem iria querer fazer isso? ‐ tocou o ombro dela na tentativa de acalma-la.  

— Eu não... sei, eu não sei! — declarou de modo afobado, mas no fundo tinha seus palpites de quem fosse. 

Greg apareceu dizendo que a casa estava segura, que ninguém poderia ter acessado ela até porque o nível de segurança tinha dobrado depois do ocorrido com Sara no deserto. 

— Quem mais tinha senha ou chaves? 

— Vocês, eu e Grissom — respondeu andando de um lado para o outro. — Alguém esteve aqui, provavelmente a mesma pessoa que matou Taylor.  

— Se for verdade vamos achar evidências.  

— Como assim se for verdade? - Ela rebateu já um pouco alterada. 

— Relaxa, Sara, estamos do seu lado. 

— Pois é, só que você tem que nos ajudar. Lembra que somos uma família? Temos que dizer a verdade sempre — Foi a vez de Greg se pronunciar. 

— Do que está falando? 

— Eu achei isso no seu quarto. - Ele entregou um envelope amarelo ao amigo e encarou Sara como se aquilo fosse o veredito para dizer se ela era ou não culpada de algo. 

— O que é isso? - Nick questionou. 

— Fotos.  

Ao bater o olhar naquelas fotos, Nick respirou fundo ao se surpreender com o que estava vendo. Eram reais demais para haver algum tipo de edição. Ele sabia também da situação entre ela e Grissom, mas não disse nada e preferiu se manter assim. Isso não queria dizer que não ficou decepcionado, muito pelo contrário. 

Apenas pediu para que Sara os acompanhasse até o departamento pois tinham que tomar seu depoimento. Se recusasse poderia sofrer alguma coisa no futuro, mas a verdade era que só queria se jogar na cama e torcer para que aquilo tudo fosse um pesadelo.  

Greg, sem entender, resolveu apenas sair dali. Aquelas fotos mexeram com ele de certa forma, pois as imagens — ainda que não tenha se forçado a pensar de outra forma — causaram más impressões a ele.  

— Você deveria ter dito a verdade desde o começo. Isso pode prejudicar você ainda mais. - disse Nick enquanto entrava no laboratório com ela. 

— Eu sei, mas não pareceu certo na hora. Se eu soubesse disso antes eu teria dito, você viu como Greg me olhou ao entregar as fotos. 

— Tá. O que você tem que fazer agora é manter a calma e deixar que a gente resolva isso. — A voz serena dele tentou transmitir uma sensação de esperança para ela. — Não é o fim, a gente tá só começando. Então fique calma. 

Ela apenas balançou a cabeça, nesse momento era o que tinha que fazer: confiar nos amigos. Não havia outra escolha. 

Ao notar a “ilustre” visita, Russell, enquanto passava por ali, aproximou-se dos dois peritos. 

— DB.  

— O que está fazendo aqui, Sara? 

— Plantaram provas na casa dela, o pessoal já está analisando - Nick entregou o envelope a ele. 

— E eu não soube disso, porque...? — Franzindo as sobrancelhas ao sentir certo incômodo com a notícia, DB se dirigiu a Nick, que tentou argumentar falando sobre a pressa em resolver o caso. — Você sabe que deveria ter dito a verdade, não é? — Agora ele se dirigia a Sara enquanto via o conteúdo do envelope. 

— É... eu sei. 

Ao final daquela conversa, mandaram-na para casa novamente. Sara estava odiando aquele jogo de pingue-pongue, a ponto de se deixar levar por um gatilho — o menor que fosse — para explodir de vez. Todos os dias pareciam pequenos pesadelos, num ciclo que só terminava ao fechar os olhos para dormir. Nada novo. 

A CSI estava se encaminhando até a saída quando um policial e conhecido dela que estava à sua frente se aproximou ao reconhecê-la. 

— Sara. Ei!  

— Akers. - Ela o cumprimentou com um aceno. 

— Olha só... Você vai ter que vir comigo. 

Franzindo a testa por uns instantes, Sara tentava imaginar o motivo pelo qual recebeu a visita de um oficial. Pela feição coisa boa não podia ser.  

Ela ainda era uma agente da lei. Resistir estava fora de cogitação, ainda mais numa posição desvantajosa como a que se encontrava. Então aceitou ir com o policial, torcendo inocentemente que aquilo acabasse o mais rápido possível. Decidiu não falar com mais ninguém. 

Chegando até a delegacia, cansada de receber não como resposta às suas perguntas sobre o motivo de ser "coagida" a ir junto do policial, Sara logo percebeu o motivo. 

Basderic. 

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Ele chegou às pressas na delegacia. Mal teve tempo de se instalar no quarto de hotel quando recebeu a ligação. Não podia acreditar no que ouviu de Russell. Aquilo era impensável, completamente fora do normal. 

Queria uma explicação. Melhor: queria usar o pouco da influência que ainda tinha para exigir que Sara, dolorosamente sua ex-esposa, deixasse a delegacia naquela hora. 

— Onde ela está?! - Grissom questionou no momento em que se encontrou com o detetive Crawford. Russell veio junto dele, aproveitando para lhe dar uma carona e explicá-lo melhor sobre a história. 

— O que ele está fazendo aqui? - O detetive perguntou diretamente ao supervisor. — Conflito de interesse. Ele nem devia saber dos detalhes do caso. 

— Bem... Tecnicamente ele não é mais o supervisor... Nem o marido dela. — Russell deu de ombros, falando de modo sereno para amenizar a situação. — Grissom está aqui como um consultor. Em teoria... ele pode estar aqui. 

Crawford continuava desconfiado. Desconfiado e temeroso, com medo de que seu caso viesse a ruína caso a presença de um "intruso" como Grissom interferisse nas investigações. Entretanto, conhecia bem as entrelinhas para saber que uma hora ou outra teria de deixar que Grissom pusesse seu olhar sobre o caso. Se acontecesse algo diria que foi coagido. 

Ele gesticulou com a mão a direção da sala na qual Sara foi deixada. Grissom seguiu a indicação e os segundos angustiantes se findaram quando se deparou com ela, já vestida com o vestuário de detenta. Aquilo partiu seu coração em mil pedaços. Era a última pessoa que gostaria de ver assim. 

— Ela foi pega na câmera desta vez. - O detetive disse antes mesmo de Grissom seguir até lá. Mas a impressão que teve foi que ele sequer o ouviu. 

— Deus... 

Aquela cena, para ele, foi inadmissível. Um absurdo o que fizeram com uma das melhores e mais leais peritas que já tiveram. Simplesmente não podia ficar ali parado, vendo Sara, logo ela, usar aquele uniforme separado para pessoas suspeitas, criminosos. Ele veio à Las Vegas justamente para não ver uma cena como aquela; 

— Ei. Espera aí. Não pode falar com ela. - Crawford tocou no ombro de Grissom para impedi-lo de continuar. Ele queria entrar na sala e vê-la. — Mais um pouco e é você vestindo aquela roupa também. 

— Não pode deixá-la assim. Russell. - O ex-supervisor virou-se para ele. 

— Você vai ter que esclarecer algumas coisas também, senhor Grissom. Ou acha que nós também não vimos o senhor por lá? 

— Deus! Do que estão acusando ela? Tem a ver com o Basderic? 

Quando ele começou a aumentar o tom, Russell gesticulou com a mão para que se acalmasse. 

— Como puderam fazer isso com ela? Sara nunca faria algo daquilo. Logo uma das melhores peritas que esse laboratório já teve! 

— Você diz isso como marido dela. Ou melhor, ex-marido - retrucou o detetive, quase jogando na cara a condição anterior de Grissom. Conheceu pouco os dois, mas o suficiente para saber da relação descoberta por causa de um sequestro. A notícia correu o Departamento por um bom tempo. — Está deixando suas emoções tomarem conta de você. 

— Eu digo isto como alguém que chegou aqui muito antes dela e de muitos outros aqui. — Grissom não se conteve e forçou um tom de voz quase agressivo. Podia sentir a veia do rosto se sobressair pelo tanto de raiva que sentia no momento. 

— Ei, ei. Chega disso. — Dando um passo para se colocar entre os dois homens, Russell valeu de sua paciência para amenizar as coisas. —  Chega. Todos nós estamos no mesmo lado: da verdade. 

— Será mesmo? - Grissom lançou um olhar irônico ao detetive, que obviamente não gostou, mas não reagiu desta vez. — Tem algo contra mim ou contra ela para causar isso aqui, detetive? — Ele apontou para si mesmo e esperou ansioso por uma resposta, que não a recebeu. 

— Eu vou colocá-lo na sua conta, Russell. — Vencido pelo cansaço daquela história, o detetive Crawford se virou para o supervisor do turno da noite. 

— Não se preocupe com isso. Tenho certeza que o senhor Grissom veio com a melhor das intenções. 

— Hum. — Visando o ex-supervisor, Crawford fez um gesto para que ele entrasse na sala, finalmente. Era a deixa que Grissom precisava. 

Ao encostar na maçaneta, Grissom tomou um longo suspiro já sabendo que passando daquela porta tudo poderia acontecer. Falar com Sara novamente, ainda mais num momento tão delicado como aquele não seria fácil, mas ele não tinha escolha. 

Encontrou-a de cabeça baixa, em silêncio, como se estivesse lamentando o que o destino lhe reservava. Ela só ergueu o olhar para encarar quem entrara na sala quando ouviu o som da porta sendo aberta. Suas sobrancelhas se arquearam por um momento, mas logo voltaram ao normal. Apesar de se encontrar numa situação delicada, sua postura era daquelas de alguém que tentava segurar as pontas e fingir que estava tudo bem. 

— Gil. — O apelido dele saiu em sua boca contra sua vontade. Ainda era natural demais. 

Meio receoso de início tomou coragem e se aproximou da mesa, sentando-se frente a ela. 

— Eu soube o que aconteceu. — Ele comentou em voz baixa. 

— Veio aqui me criticar? - perguntou sem olhá-lo. 

— Sei que não atacou Basderic. — Grissom assentiu. Obviamente, estava lá junto dela e seria sua principal testemunha caso precisasse. 

— Quem garante que eu não voltei lá e fiz aquilo? — Sara deu de ombros. Sabia que em momento algum poderia dizer estas palavras na frente de um oficial. 

— Porque eu sei que não. 

— Saber e provar são coisas diferentes. Você cansou de ensinar isso. — Ela sorriu de modo sarcástico. 

— Nós vamos provar. 

— Eu não quero que sinta pena de mim. Você nem tem obrigação de ficar aqui. 

Grissom não podia culpá-la por pensar daquela forma.  

— Já tem problemas demais para resolver, pra quê pegar mais um problema? — Sara o questionou sem esperar por uma resposta, como era de costume. 

Grissom fechou os olhos por um instante e uniu as duas mãos. A falta da aliança em sua mão apenas o alertou qual posição ele se encontrava por ali. Não devia seguir muito mais. 

— Você não... merece isto. 

— Não mereço o quê? — Ela o provocou, um tanto irritada com o sentido que aquela declaração poderia levar. 

Não merecia ser acusada de um crime ou de ter que aceitar um divórcio? Foi o que Sara pensou, mas se recusou em falar. 

— Nós... vamos tirar você daqui. 

Antes que ela pudesse dizer alguma coisa, uma breve batida na porta foi ouvida. Russell entrou na sala já dirigindo olhar ao ex-supervisor. Parecia preocupado. 

— Desculpe. O detetive já está no meu cangote reclamando do tempo. Temos de ir. 

Ele encarou Sara, que procurava não retornar o olhar para ele. Chegou a corrigir a postura e mostrar um rosto sério, impassível. Ele não teve o que desejava, afinal. 

— Está bem. 

Levantando-se da cadeira com certa lentidão, aproveitou para observá-la, mesmo que de modo tímido. Foi um meio de matar a saudade de vê-la novamente. Nunca em sua vida desejou que as coisas caminhassem àquele ponto. Mas agora já era tarde demais para consertar. 

Com um olhar quase suplicante ele a encarou uma última vez antes de desviar sua atenção dela e sair da sala. Teve tempo, ainda de se encontrar com Greg, que não parecia nada contente com o que trazia nas mãos. Acenando breve e discretamente par ao ex-supervisor, o perito entrou na sala e fechou a porta. 

Ao se virar para ver quem entrou na sala, o semblante de Sara mudou de repente. Viu nele uma fagulha de esperança. Quem sabe pudesse ter algum apoio ou coisa do tipo. 

— Greg. — Sara falou num tom de voz alto. — Você sabe que não fui eu. Eu nem toquei nele, isso tudo é uma armação. — Ela chegou a se levantar da cadeira. 

Ela realmente quis receber algumas palavras de esperança, mesmo que fossem poucas ou apenas um "tudo bem". Porém tudo que recebeu dele foi um olhar sério enquanto deixava o tablet sobre a mesa em sua direção. Clicou num vídeo, um registro da câmera de segurança. 

Quem estava na filmagem eram ela mesma e Basderic no estacionamento. As lembranças voltaram num passe de mágica. O momento registrado foi justamente aquele em que ela empurra Basderic, que cai no chão logo em seguida. 

— Por que você foi lá? - Ele a questionou de modo súbito, quase indignado. — Russell fala pra você ir pra casa e você vai lá? 

— Olha só eu estraguei tudo, tá? - Sara replicou considerando sua própria culpa. As imagens diziam tudo, ela encostou-se a ele, sim e de modo agressivo até. Para um júri cativado pelas feridas à mostra de Basderic, aquelas imagens poderiam ser suficientes. 

Não muito tempo depois, Grissom apareceu na filmagem indo em direção aos dois. Parte da cena não é vista apenas alguns segundos depois, quando o ex-supervisor aparece puxando-a para trás. 

— Viu só? Grissom esteve lá também! — Ela apontou a mão direita para a tela. — Ele pode confirmar a minha história! Ele me afastou dele e logo depois nós fomos embora. 

— Eu sei. Mas nós precisamos de mais que isso ou um possível júri ou o juiz podem não achar o suficiente para te livrar. 

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Grissom se pôs à frente da investigação ao lado de Russell. Não sairia daquelas dependências para nada a não ser que tivesse a ver com o caso do qual Sara estava envolvida. Era uma corrida contra o tempo, e o tempo não estava favorável a ela, tampouco a eles. 

Reunidos na sala a pedido de Russell, os peritos responsáveis pelo caso e Grissom levantaram tudo o que haviam encontrado até agora e o que chegaram a descobrir a partir das evidências. De modo superficial as evidências apontavam que Sara era a culpada, mas o caso ainda não havia sido encerrado. 
 
— Uma desavença antiga e um colar relacionado a um caso passado de Sara a fez acreditar que Basderic a incriminou. Conhecido o perfil característico dele, e provando que esta é uma verdade, ele está disposto a ir até o final. 

 Dizer aquilo cortou o coração de Grissom, mas não era momento para fazer lamentações. Conhecido por ser um defensor ferrenho das provas em vez de suposições, o ex-supervisor estava agindo além da razão. Crawford estava certo, afinal. Tomado pela raiva, tristeza e confusão, já não conseguia esconder seus sentimentos daquele caso. Não era o nome de qualquer pessoa que estava em jogo, era o de sua esposa. Ex-esposa, claro, mas ainda a pessoa por quem nutria sentimentos dos quais não sentia por mais ninguém. 

 — Não há nada que prove o envolvimento de Sara na agressão ao Basderic. Já deveriam ter soltado ela! — Nick comentou, tendo o apoio silencioso de Grissom. 

 — A questão mais grave é que não provamos ainda a sua inocência com o caso Winard — respondeu o ex-supervisor. 

 — As evidências estão apontando para ela! — Ele aumentou o tom de voz, não como uma acusação, mas como um desabafo de um homem frustrado que "permitiu" que a amiga ficasse naquela situação. — Aonde nós erramos? 

 Uma mensagem direcionada ao celular de Russell fez com que as atenções da sala fossem direcionadas a ele. 

 — Boas notícias - disse o atual supervisor, carregando um sorriso austero. — Ao menos por agora. Basderic retirou as acusações contra Sara, então ela será liberada. 

 Alguns suspiros de alívio contornaram o clima tenso na sala. Grissom foi um dos que permaneceu em silêncio. Para ele, a soltura de Sara era o mínimo a ser feito para reparar os danos causados a ela. Ainda se sentia impotente de não ter conseguido agir com rapidez para impedir uma injustiça como aquela. Sim. Ele nunca duvidou da inocência da mulher que sempre amou. 

 — Eu vou vê-la. — Russell falou enquanto encarava Grissom. — Deve estar precisando de um apoio. 

 Grissom não se manifestou, fingindo se posicionar de modo imparcial, mas no fundo corroía-se de preocupação. Queria ir junto dele, encontrar-se com Sara, abraçá-la e dizer que tudo ficaria bem, mas a ideia era impensável. Tudo o que lhe restava era alcançar uma resolução àquele caso. Saber que aquele homem não continuou com a queixa tinha de ter um motivo. Nada era por acaso. 

 — Temos de voltar às evidências. Essa história não acabou. Sara ainda corre o risco de ser acusada pela morte do Winard. 

 — Talvez a gente não esteja procurando direito - comentou Finlay. — Temos tudo em nossas mãos, mas talvez... Não estejamos olhando para as evidências por outro viés. 

 — Analisem e reanalisem tudo que for preciso - disse Grissom, com o tom sério que usava antes de se retirar do CSI. — Esse caso tem que ser prioridade, não por minha causa, mas porque ela é amiga de vocês. 

 Não havia motivos para discordarem dele, pelo contrário. Uma sensação de alívio por ter Grissom por ali fez com que os mais antigos reencontrassem o norte mais uma vez. Estavam tão pilhados pelos últimos fatos que não estavam conseguindo pensar direito. 

 Eles se separaram, alguns formaram duplas e outros foram seguiram por si só. O tempo estava correndo e, com ele, a chance de Sara conseguir sua liberdade. 
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Num trabalho que levou horas, os resultados foram chegando. Nick, que voltara ao hotel para investigar a fechadura eletrônica junto de Grissom, descobriu que a os dados corrompidos no tempo em que o crime foi ocorrido. Os resultados que Hodges trouxeram sobre a análise do remédio para dormir que Sara tomavam, mostraram que a dosagem estava além do que foi prescrito. Morgan descobrira que as tampas de ralo do hotel e da casa de Sara foram trocados, enquanto Greg, após observar com extrema atenção os vídeos da câmera de vigilância, notou que Basderic estava presente no hotel no dia do crime. Tudo se encaminhava para uma legítima armação. Sara estava sendo acusada de um crime que não cometeu e se não fosse pelo rigor em analisar as evidências, ela enfrentaria sérios problemas. 

 — Armaram para ela - disse Grissom quando se encontrou com Russell em sua sala. Apenas os dois estavam por lá. — Temos o suficiente para inocentá-las das acusações, porém... 

 — Provar que foi o Basderic. Este é o nosso desafio da vez. - Russell o completou. Estava sentado em sua cadeira, um pouco impaciente além do normal. — A "sorte" está a favor dele. Não podemos "tocá-lo". 

 — Não acredito em sorte, senhor Russell. Basderic quer algo com Sara e por isto planejou toda a execução de seus planos. Ele deixou aquele colar de propósito para que ela o visse e consequentemente, viesse a pressioná-lo. Ele trouxe a situação a seu favor para que se tornasse a vítima em vez de eventual suspeito. 

 — Então o... Senhor quer dizer que a não acusação de Sara por parte do Basderic foi proposital. 

 — Em algum momento sua equipe iria descobrir que não houve evidências de agressão e Basderic sabia disso. Ele quis chamar atenção apenas para tornar Sara uma pessoa passível a cometer crimes. 

 — Vou chamar os outros. - O supervisor se apoiou na mesa para se levantar. — Precisamos de mais cabeças para pensar. O caso é grave. 

 Grissom não concordou e tampouco discordou. Manteve-se em silêncio sabendo de sua posição. Não passava de um consultor com certo tipo de moral por entre aquele Laboratório e sabia que não tinha mais tanto peso com suas palavras. 

Dentro de quinze minutos os CSI estavam de volta à sala de layout. O clima era tenso, talvez mais do que antes. O sangue fervendo, a ansiedade e apreensão sabendo que era nítido o fato de que armaram para Sara e o principal suspeito era um homem cercado ódio por ela. 

 — Não tem como provar que foi ele! Podemos dissecar aquele hotel de cabeça pra baixo e não temos nada! — Nick era o mais alterado do grupo. Chegava a culpar a si mesmo por cogitar que Sara pudesse ter alguma coisa a ver com a história. 

 — Acalme-se, Nick. Não vamos conseguir fazer nada desse jeito. - Grissom direcionou a palavra a ele. Estava tão pilhado quanto ele, talvez pior. 

 As palavras de Grissom, ainda que não tivessem surtido total efeito, acalmaram um pouco o CSI, ao menos por enquanto. 

 — Se não pensarem em alguma coisa, infelizmente a CSI Sidle pode acabar sendo presa de alguma forma. — Falou o detetive ao dar de ombros como alguém que quisesse ajudar, mas que se encontrava de mãos atadas. 

 — Mas como? As evidências mostram que não foi ela, Crawford! - Nick aumentou o tom novamente. 

 — O caso pode ir à júri popular e não acho que depois de a promotoria expor as acusações àquelas pessoas vão relevar para o lado dela. 

 A cada minuto que passava a situação parecia ficar pior. 

 — Eu tenho uma sugestão. - Crawford tomou a palavra novamente. — Podemos... Atraí-lo até ela. Fazê-lo confessar que planejou aquilo. 

 Os peritos na sala trocaram olhares entre si. Não eram bons, todavia. A ideia não era segura, mas por outro lado poderia dar certo. 

 Como quem não queria, mas acabou fazendo, Nick visou o ex-supervisor, que no momento se encontrava de cabeça baixa, punhos sobre a mesa. Parecia uma bomba relógio prestes a explodir. De todos, foi o único que não se manifestou de maneira explícita ao ouvir a iminente ideia do detetive. 

 — Vai colocar um homem que está disposto a destrui-la perto dela apenas para conseguir uma confissão? É isso que o senhor quer fazer, detetive? — Grissom o enfrentou, sem ao menos sair do lugar. 

 — Olha só, eu realmente quero ajudar vocês, ajudar a CSI Sidle. Não há provas diretas que o liguem até o crime! Vai sobrar para ela no final! 

 — Vocês já exporão Sara a sofrimento demais. Eu não posso permi–... — Grissom suspirou brevemente. —  Não posso concordar com esta ideia. É insana. 

 Ele não estava lá para impedir Sara quando ela mesma se voluntariou para ser uma isca do estrangulador Strip. Sua exagerada vontade de fazer seu dever quase a colocou em apuros e por isso ele não poderia permitir que algo semelhante ou pior acontecesse. Ainda mais quando o homem suspeito jazia uma raiva direcionada a ela.

Só de pensar naquilo seu sangue fervia de impaciência. Nem que ele próprio fosse a isca, não podia deixar que Sara se arriscasse naquele jogo. O pior de tudo era que, conhecendo-a bem, Grissom tinha certeza que se ela soubesse da ideia, concordaria na hora. 

 — Não é... Política nossa em colocar nossos CSIs num trabalho policial, detetive Crawford. — Russell se posicionou, tentando como sempre equilibrar a situação. — Mesmo que eles estejam envolvidos em casos assim. 

 — Eu sei, mas não tenho outra ideia. Se vocês tiverem, é melhor se apressarem logo. A promotoria quer um caso o quanto antes para apagar qualquer incêndio que a imprensa queria colocar. 

 Alguns repórteres eram como abutres procurando casos polêmicos. Um CSI matar um companheiro amoroso por algum motivo passional seria a carne podre que os alimentaria por tempos. 

 — Estão me chamando na Central. — O detetive olhou para o celular. — Voltarei em breve e torcendo para que tenham pensado em alguma coisa para livrar Sidle. 

 Ao sair, o restante do grupo conversou entre si em duplas, a voz baixa predominava. Ninguém era 100% a favor daquela ideia, mas o tempo corria de modo veloz e suas opções eram mínimas. Voltar e passar um pente fino em todas as evidências coletadas e tentar encontrar novas evidências seria um trabalho longo; levaria horas e não teria certeza se iriam encontrar o que queriam. 

 — Você mesmo disse que... Não podíamos fazer as evidências se encaixarem em nossas teorias. — Greg se dirigiu a Grissom, que o visou com uma feição séria. — Precisamos agir depressa e talvez a alternativa que o detetive nos deu seja a melhor. 

 Grissom teve vontade de retrucar, falar de modo exaltado, até, se o ex-subordinado tivesse coragem de arriscar a vida alguém que amasse. Ele se conteve, mas não o respondeu por fim. Olhou para a baixo como antes, as mãos estavam ao lado do corpo, não mais sobre a mesa. Sentiu que atraiu os olhares dos outros e se tornou o centro da atenção. 

 — Por que estão olhando para mim como se eu fosse o responsável por tomar esta decisão? — Ele sorriu para os outros. Àquela altura todos já sabia que ele e Sara se divorciaram e quaisquer tentativas suas de influenciar numa decisão poderia ser encarado de forma prejudicial a ele e Sara. — Eu dei a minha opinião sobre esta escolha e teria a mesma opinião se fosse a vida de vocês que estivesse em risco. 

 Preocupados, eles encararam o supervisor que tentava manter-se imparcial apesar das circunstâncias. Tentavam se colocar no lugar dele, mas apenas Grissom sabia a dor que estava sentindo. 

 — Fiquem a postos, vocês. — Solicitou Russell, apontando para cada um ali e mudando as atenções. — Senhor Grissom, por favor, venha comigo. Temos de resolver um assunto importante antes de continuarmos por aqui. 

 Franzindo as sobrancelhas por não saber exatamente sobre o que o assunto se tratava Grissom o acompanhou de volta a sala. Teve o desejo de questioná-lo o motivo daquela futura conversa particular, mas não se opôs. Não quis questionar a autoridade do então supervisor porque não queria que fizessem o mesmo a ele se estivesse em seu lugar. 

 — Chamei o senhor aqui porque sei que o assunto é delicado. — Russell fechou a porta de sua sala antes de começar a falar. 

 — Não me trate como se eu fosse alguém especial neste caso. Vim para cá no intuito de auxilia-los, não para assistir a um show. 

 — Eu sei, eu sei. — O supervisor gesticulou com as duas mãos. — O senhor acha que eu iria querer colocar um dos meus nesta palhaçada? 

 — Sara não é mais minha esposa, mas como posso ficar parado e deixar que vocês permitam isto? Sabendo que vai mandá-la como isca para um sociopata como Basderic? — Grissom argumentou, evidenciando seu verdadeiro estado. Ele não conseguia ficar tranquilo. 

 — Eu sei que é difícil, no meu caso ficaria louco se fosse com Barbara. Mas Sara é uma mulher treinada sabe se cuidar em situações assim. 

 — Vinte e quatro horas, senhor Russell. Dê-me este prazo e eu reviro este caso de ponta cabeça. — Grissom insistiu quase desesperado. 

 O supervisor levou a mão direita à nuca, sentindo-se completamente incapacitado de ajudar Grissom. Ele balançou a cabeça como se não tivesse outra alternativa. 

 — O tempo é curto. Logo vão dar continuidade com as acusações e- 

 — Então me coloque junto. Deixe-me ser a isca, então. - Grissom mal esperou ele acabar de falar. — Céus! Deve ter algum jeito, alternativa. — Ele ergueu os braços. — Não há mais laços entre nós, eu sei. Mas eu não... posso... 

— Nós estamos tentando. Realmente. — Russell lamentou com a voz baixa. 

— Ela... quase morreu afogada e quase morreu de desidratação no deserto, Russell. Tudo isso em poucas horas. — Pela primeira vez a voz de Grissom quase falhou. Falar sobre aquilo era desenterrar as piores horas que encarou em sua vida. 

O supervisor se manteve em silêncio em respeito ao que ele dizia. Não podia falar nada nestas situações, sentindo-se impotente. 

— Eu não... posso permitir que ela arrisque sua vida nessa história. Se algo dá errado, senhor Russell... — Ele cerrou os dois punhos tentando controlar os sentimentos confusos que sentia naquela hora. 

O que vai ser de mim se algo der errado? Pensou Grissom. 

 — O senhor sabe que temos de falar com ela, não é? E se ela aceitar, saiba que nós vamos colocar um batalhão inteiro só para protegê-la. Pode ter a minha palavra. 

 — Eu sei. E é isso que me preocupa.  

Ele conhecia Sara sabia que não seria fácil nem que aceitaria, mas ele não deixaria ser isca sozinha. 

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 Eles então deram início do plano mesmo contra vontade de Grissom. Era a melhor ideia para um tempo tão curto. 

Deixaram que o ex-supervisor acompanhasse a cena o mais próximo possível numa van estacionada estrategicamente à casa. Ficar ali sentado o corroeu por dentro e ele sentia que, se pudesse, a qualquer movimento em falso de Basderic seria capaz de tomar a arma de um dos policias e correr para dentro apenas para proteger Sara. Também seria capaz de disparar caso fosse necessário. 

 Como de se esperar Basderic caiu na armadilha feita pelos CSI's, o que foi um alívio para Grissom. Ainda que ela o “odiasse” por sua decisão no relacionamento, nada mais importava para ele a não ser segurança e o bem-estar de Sara. Foram horas difíceis, quase impossíveis de lidar do modo como ele lidou, mas passaram e era isto que importava. Porém não havia pessoa mais aliviada com o final daquela história que Sara.  

Já no laboratório, Sara agradeceu pelo esforço de cada um por ajudarem a inocentá-la. Receber sua identificação e sua arma de volta era a prova de que as coisas voltariam ao normal, como era antes. Ainda levaria um tempo para se recuperar daquele baque, mas já era um alívio saber que não seria mais tratada como uma suspeita. 

 Ela recusou alguns dias de folga e decidiu continuar trabalhando. Fez isso com a certeza de saber que se permanecesse em casa acabaria mal, pensando em coisas que não devia e se lamentando pelo episódio passado. O melhor para ela era esquecer-se daquele evento com o trabalho preenchendo sua mente. 

 Liberada até o começo de seu turno Sara deixou a sala de Russell, pensando em sair do Laboratório, voltar para casa por algumas horas e arrumar a bagunça que sua casa foi deixada. Se tivesse tempo mudaria algumas coisas de lugar para tentar remover a densa atmosfera que foi deixada com aquele crime. 

 No momento em que passou no saguão, pronta para deixar o local, deparou-se com a única pessoa que não queria ver no momento, mas que no fundo sentia certa falta. 

 Grissom estava esperando por ela. Sentado numa cadeira de espera, Sara não precisou fazer esforço para perceber aquilo. 

 — Gil. — Ela sorriu de lado quando ele se levantou para recebê-la. 

— Ei. Eu... — Grissom apontou para trás com o polegar. 

— Estava me esperando? - sugeriu. 

 — Bem... - Gesticulando com as mãos ele confessou meio envergonhado. — Fico muito feliz que... você foi inocentada das acusações e aquele desgraçado foi preso. 

 — Você acreditava em mim? - Ela perguntou de cara, como um impulso que sentiu ao estar perto dele. 

 — Eu nunca duvidei. Por isso mesmo vim até aqui. 

 Sorrindo novamente, desta vez sem qualquer tipo de fingimento, Sara assentiu em seguida. 

 — Soube o que ele fez com a sua mãe. Sinto muito. 

 — Desgraçado. — Sara assentiu de novo. Por um minuto desejou que sua arma estivesse carregada quando se encontrou com Basderic. 

 — Ela está bem? — Temendo que Laura fizesse perguntas sobre ele e sobre o casamento, Grissom preferiu não visitá-la no hospital. 

 — Agora está. Obrigada. 

 Os dois trocaram olhares que queriam dizer muita coisa, porém nenhum deles tinha coragem ou forças para continuar. 

 — Você não... Precisava ter feito aquilo. Tentado impedir que o plano acontecesse.  

— Russell contou a você? — perguntou meio envergonhado. 

— Te conheço muito bem para saber que você tentaria de todas as formas. 

Olhando para baixo, carregando um sorriso e uma feição derrotada, Grissom se deu por vencido. Não poderia esconder-se dela. 

— E eu te conheço muito bem para saber que você não iria recusar. Foi exatamente por isso que tentei intervir. 

 Se tivesse poder para impedir aquela cena, todo aquele suspense e preocupação, Grissom o faria na hora. Não teria coragem de arriscar a vida da mulher que ainda amava. Deu graças aos céus quando toda aquela história terminou, mas ainda assim sentiu-se impotente; poderia ter feito mais por ela. Não somente agora como antes. Só de visar aqueles olhos novamente sentia todo seu corpo revirar como se fosse a primeira vez que a encontrou em São Francisco. Poderiam estar divorciados, mas nada conseguia apagar o que ele sentia por Sara. Só não sabia dizer se ela sentia o mesmo. 

— Obrigada por vir aqui. — Ela agradeceu com um semblante sincero. — Eu... Realmente não imaginava que você viria. 

 Grissom estava disposto a ir até o fim do mundo por ela, mas o erro que cometeu ficou evidente nas palavras de Sara. Isto, talvez, não poderia ser reparado e ele sofreria por causa daquilo pelo resto da vida. Tudo que restava para ele, pensava o próprio, era admirar o rosto mais belo do mundo pelo qual nunca perdeu o prazer em fazê-lo. 

 — Você não... Tem que me agradecer. Foram eles que fizeram o trabalho duro. — Ele brincou. 

 — Talvez eu esteja exagerando, mas acho que você foi o único que não duvidou de mim em nenhum instante. 

 Ela sentiria falta dele. Já estava sentindo, na verdade. Nenhuma outra pessoa seria capaz de preencher aquele vazio que Grissom deixou. Talvez o melhor fosse encerrar aquela conversa o quanto antes para ter menos memórias daquele homem e lamentar por pouco tempo. 

 Quieto, Grissom tentou disfarçar sua reação inesperada que o deixou um pouco surpreso. Naturalmente ele partiria para envolvê-la em seus braços e confortá-la da melhor forma possível, mas isto não aconteceu. Não poderia acontecer. Por dentro ele gritava diversos tipos de "desculpe-me" e "eu te amo", mas apenas ele conseguia ouvir. 

 Ela queria receber dele aquele abraço reconfortante quando ficava naqueles dias maus causados pelo trabalho ou pelo estresse. Estar frente a frente com ele era torturante, sentia-se sufocada. 

 O melhor a se fazer era deixar a vida seguir daquele jeito. 

 — Então... Acho que é um tchau. Você deve ter compromissos importantes. 

 Sara não tinha coragem de dizer adeus. Se fosse para alguém falar, não seria ela. Longe de dizer adeus para o homem que ainda amava. Seria rachar de vez seu coração. 

 — S-sim! Sim... Tchau, Sara. - As palavras repentinas de Sara o despertaram. 

 Ninguém tinha coragem de comentar que se veriam no futuro, apesar de ambos carregarem aquela inocente esperança. Desesperadamente imaginando que algo novo pudesse acontecer. 

 Um pequeno, mas singelo aceno foi o que marcou a despedida dos dois. Para Grissom, ficar ali sabendo que não teria coragem de se arriscar apenas seria pior para ambos. Teria que deixar a mulher que amava seguir a sua vida e tentar seguir com a própria vida. Para Sara, restava a ela deixar que ele fosse, imaginando se por um instante, por mais breve que fosse, não estivesse arrependido de ter tomado aquela decisão. Os anos poderiam passar, mas não haveria lugar para outro homem em sua vida que amasse tanto que não fosse ele. 

Os dois seguiram seu caminho. Cada um foi para seu canto, sonhando acordados com um futuro (talvez) improvável. 


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Notas finais do capítulo

Foi um prazer poder fazer essa adaptação de FMN, esse projeto significou muito pra mim e ver ele criando forma foi uma realização, espero que desfrutem e que façam repeteco sempre , um beijo até a próxima



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