Todos os Erros escrita por Lizzy Di Angelo


Capítulo 1
Como ser um idiota, por Oliver Wood




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A primeira vez em que Oliver Wood viu Ilíria, ele a viu muito pouco. Tão pouco que só percebeu a presença dela quando tropeçou nela. Em sua defesa, estava distraído sorrindo para Heather, a melhor amiga da garota que o encarava chocada do chão. Estendeu a mão para ajudá-la a levantar, mas a menina preferiu fazer isso sozinha, revirando os olhos ao pensar que talvez ele a derrubasse de novo se continuasse encarando sua amiga daquele jeito. Sorriu ironicamente ao ouvir o pedido de desculpas, que aparentemente não era para si, já que em nenhum momento ele se deu ao trabalho de lhe olhar. Tudo bem, estava acostumada a ser invisível.

Na segunda vez foi forçado a prestar mais atenção, porque precisava falar com ela se quisesse saber sobre suas chances com Heather Smith. A verdade era que até então nem saberia dizer de quem se tratava, seus amigos lhe passaram os detalhes: ela era sonserina, tinha cabelos longos e pretos, olhos escuros e seu sobrenome era Saint-Sallow. Wood sentiu um estalo em sua cabeça, era a garota que jogava como artilheira do time? Durante as partidas um óculos de proteção cobria seu rosto, então nunca se deu ao trabalho de saber como realmente era. Ela jogava bem, seus arremessos eram certeiros e brutais.

Quando finalmente encontrou-na, Ilíria estava sentada perto do Lago Negro, mexia em um baralho ao mesmo tempo em que afundava os pés na grama verde. Wood a observou de longe por alguns segundos, querendo se certificar de que ela era a garota certa, mas não conseguiu deixar de olhar quando as cartas foram parar na grama e ela pegou sua varinha, sacudindo ela a própria volta e fazendo flores e flores nascerem, uma após a outra. Não conhecia nenhuma além das rosas, não era exatamente um grande conhecedor de plantas, nem mesmo quando o assunto era herbologia. Assistiu o jeito como ela tocava devagar nas pétalas, quase como se tivesse medo de machucar a flor, e embora achasse isso estranhamente doce, não fora isso que o levara até ali.

—Saint-Sallow. —cumprimentou tentando soar simpático, as mãos enfiadas nos bolsos de sua calça, a garota o encarava curiosa, se virara para ele no exato momento em que a sombra de Wood cobriu suas plantas.

 —Wood. —devolveu tranquila, puxou sua bolsa para perto e guardou o livro apoiado em seu colo, seguido de sua varinha, e só quando pegou o baralho que ele percebeu que a camisa que ela vestia era do Puddlemere United, o mesmo time de quadribol para quem torcia.

—Bela camisa. —comentou com um gesto de queixo, a menina apenas assentiu em agradecimento, então arqueou uma sobrancelha como se dissesse “e o que você quer?”. A verdade era que já tinha seu palpite, Oliver Wood queria o mesmo que todos que falavam com ela pareciam querer: Heather. Poderia ter revirado os olhos, a primeira vez que ele falara com ela havia sido a menos de uma semana, quando a derrubou no chão e ainda assim não percebeu sua existência, que tipo de alma caridosa ele vinha pensando que ela era? —Eu queria saber se... —hesitou por um segundo, sequer a conhecia. —Se tenho chance com sua amiga.

—Não pode nem fingir que acredita que eu tenho mais do que uma amiga? —Ilíria tinha mais do que uma amiga, mas por algum motivo as pessoas pareciam acreditar que sua vida estava eternamente vinculada a de Heather, talvez até achassem que ela deixava de existir se a outra não estivesse por perto. O choque do garoto era nítido, e embora estivesse curiosa para saber quanto tempo ele levaria para conseguir elaborar uma resposta, estava com pressa, então continuou: —Mas para sua sorte, Oliver Wood, eu tenho treinado leitura de cartas.

Nem olhou para baixo enquanto embaralhava as cartas com as pontas dos dedos, só agora ele notara que as cartas tinham desenhos e na verdade se tratava de um baralho cigano. Os olhos escuros ainda estavam presos em seu rosto quando ela puxou uma das cartas, não sabia como ela vira qual era uma vez que assim que pegou a levantou para que ele pudesse ver, eram flores como as que ela fizera nascer a sua volta. Não fazia a menor ideia do que aquilo significava.

—O buquê. —explicou simples, então apoiou uma mão no chão e se impulsionou para cima, com a mochila e tudo. —Ela significa que eu não sou a sua consultora de relacionamentos.

Isso sim era uma conversa surpreendente, ela parecia pegar Wood desprevenido com um golpe após o outro, mas este último fora realmente inesperado. Diferente do que poderiam achar, Oliver não era um idiota, sabia que poderia ir até lá a troco de nada, a menina poderia lhe dizer que Heather não tinha o menor interesse nele ou nem lhe dizer nada, e não se importara de arriscar aquela chance, mas sinceramente não esperava ser respondido por um olhar irritado e uma língua mordaz. Foi por impulso que segurou o braço dela quando começou a caminhar, pretendendo o deixar sozinho ali.

—Me desculpe. —falou mesmo que não soubesse por que exatamente estava fazendo isso. Quer dizer, estava se desculpando porque ela estava irritada, mas não entendia bem qual era sua ligação com a raiva dela. Sua mão ainda estava no pulso dela quando ela olhou-o.

—Qual é o meu primeiro nome? —a pergunta era simples, mas ele não tinha uma resposta, acabara de descobrir que ela era Saint-Sallow que jogava contra ele desde o segundo ano, não saberia dizer qual era seu primeiro nome mesmo que sua vida dependesse disso. Sua expressão deveria tê-lo entregado, porque ela continuou: —Você deve ser muito estúpido se achou que poderia vir até aqui esperando por alguma ajuda, ou o que quer que você queira, sem saber nem mesmo o meu nome.

E então ela puxou o próprio braço com tanta força que os dedos dele escaparam de seu pulso, caminhou para longe, deixando um Oliver chocado e determinado a descobrir seu nome.


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