Where Are You Now? escrita por JP


Capítulo 3
Capítulo 3: WHERE I KISS YOU


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi!!

Lamento pela demora hehhe. Espero que o capítulo de hoje compense :D



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PDV Jade

Jurei a mim mesmo que não iria mais pisar na classe daquele professor-careca-doidão. E mais uma vez estou eu aqui quebrando uma promessa…

Isso porque, dias antes, acabei ficando empolgada com o monólogo que criei sobre a peça "O Fantasma da Ópera". Por alguma razão, eu estava curiosa para saber qual seria a reação e opinião daqueles bocós metidos a intelectuais, especialmente a do Beck. Aquele garoto me parecia o mais convencido de todos. Seria ótimo que ele visse que eu também tenho bom gosto para teatro.

Enfim, no dia da aula, fui uma das primeiras a chegar na sala. Peguei uma das cadeiras do fundão e fiquei olhando para "o nada". Reparei que as pessoas que vinham chegando para aquela aula já tinham o seu grupo de convívio bem definido. Eles dificilmente iriam sair das suas bolhas sociais para vir falar comigo, muito menos ousariam se sentar perto de mim. 

Oh, não espera um pouco… Posso estar equivocada!

Nesse exato momento, uma garota loira estava vindo em minha direção. Esboçou um sorriso tímido enquanto abria a boca para falar comigo:

— Ah… Oi.

— Oi. - falei seca e sem emoção alguma na voz. Ainda a encarei de um jeito intimidador.

— Essa cadeira está livre? - apontou para uma banca vazia em minha frente. Banca esta que eu usava para descansar os meus pés.

— Está vendo alguém nela? - questionei.

Surpreendentemente consegui ser rude mesmo sem ter a intenção.

— Ah, desculpa… - ela se estremeceu toda de medo.

— Não se desculpe - revirei os olhos, empurrando a cadeira com os meus pés. - Vai, leva.

— Hã… Obrigada? - saiu arrastou a cadeira para junto dos seus outros colegas.

Com essa breve aproximação, cheguei a conclusão de que as pessoas tinham pavor de mim. Qual é? Sou tão assustadora quanto parece? Às vezes, me sentia exausta de ser eu mesma. Nada de tão interessante acontecia na minha vidinha pacata e - por isso - eu adorava observar os outros ao meu redor. Especialmente quando algo de ruim acontecia com elas.

Bom, grande parte da turma se encontrava naquela sala. Restava apenas 10 minutos para a aula começar, mas, até então, nenhum sinal do Skiwotzs ou do tal Beck. Sobrou uma cadeira ao meu lado esquerdo. Quem sabe ele poderia se sentar lá, né?

E por falar no diabo... O exibido acabara de entrar na sala acompanhado da sua namoradinha. Os dois pombinhos vinham conversando sobre algo extremamente sério.

Tentei me esforçar para ouvir/compreender o assunto deles:

— Daí a Trina precisou ser levada às pressas para a emergência. - a morena lhe contou.

— Mas ela está bem?— Beck perguntou, preocupado.

— Não sei dizer com 100% de certeza. Estou indo lá agora para fazer companhia a ela.

Entendo. - disse com uma carinha triste. - Isso quer dizer que o nosso almoço de hoje está cancelado?

Infelizmente, bebê.

— Tudo bem. Vai lá visitar a sua irmã. Nos falamos mais tarde, amor.

— Você é demais, sabia? - ela foi lhe dar um beijo de despedida. Fechei os olhos, me recusando a ver aquela cena nojenta de casal logo pela manhã.

Reabri os olhos justamente no instante em que a sua namoradinha vinha saindo apressada da nossa classe.

O moreno olhou em volta da sala. Talvez estivesse a procura de alguém específico, mas pairou o olhar em mim, surpreso em me ver (quem sabe?). Tentei desviar a atenção, fingir que não estava reparando nele, embora tenha sido tarde demais. Ele veio até mim.

— Ora, ora. - usou um tom irônico. - Olha quem resolveu aparecer para mais uma aula.

— Só vim porque não tinha nada de relevante para fazer.

— Uhum. - riu de um jeito excêntrico. - Conta outra. Você veio porque curtiu a aula anterior, que eu sei.

Até parece que ele me conhecia. Bufei alto.

— O Sikowitzs pode parecer meio fora de si, mas ele é o melhor professor que tem nessa escola. Digo isso porque ele me fez abrir os olhos para o teatro. - contou todo empolgado.

Naquele dia - assustando a todos - o Sikowitzs adentrou a sala através de uma das janelas da sala. Além de estar descalço, o professor doidão também estava segurando um coco.

— Bom dia turma.

— Bom dia - respondemos todos.

— Vamos lá. Fizeram a atividade que lhes pedi na aula anterior? - perguntou abertamente para a classe. Uns ou outros o responderam. Decidi me manter na minha. - Ok. Quem quer se voluntariar para apresentar o seu monólogo aqui na frente de toda a turma? 

Ergui a minha mão o mais alto que consegui, demonstrando um pouco da minha autoconfiança para aquele monte de paspalho (tendo em vista que NINGUÉM mais quis se voluntariar).

— Hm, uma garota de atitude. - Sikowitzs riu com os olhos. - Gostei de você. Venha, querida. O palco é todo seu.

 

Me direcionei para ocupar o lugar que era do professor. Suspirei fundo e tirei do meu bolso um manuscrito da minha peça favorita.

— O fantasma da Ópera - comecei, olhando diretamente para o Beck. O moreno coçou levemente o queixo, me encarando de volta. - Este é um clássico francês que remete a um triângulo amoroso bastante improvável. Spoiler: o tal do "fantasma" que assombra a Ópera é apaixonado por uma donzela, que, por sua vez, é apaixonada por um carinha da sua infância. A minha visão sobre essa peça é de os 3 personagens principais compartilham de um mesmo amor: a música. Entretanto, o amor do "fantasma" pela donzela se sobressai e o faz sequestrá-la e a obriga a se casar com ele.

— Ah, que nem em "A Bela e a Fera". - disse uma intrometida, interrompendo todo o meu monólogo. O seu comentário inoportuno acabou arrancando risadas da turma.

— É, que seja. - revirei os olhos, trazendo a atenção de volta para mim. Reparei que o Beck foi um dos únicos que continuou vidrado no meu monólogo enquanto os demais achavam a minha falatória chata. - O fato é que o fantasma é a maior vítima de toda essa história. Ele foi rejeitado pelos seus pais e se excluiu da sociedade, além de ter um rosto deformado. Por essa razão ele nunca soube exatamente o que era o amor e quando descobriu de verdade, o deixou partir.

— Ótimo ponto de vista, Jade. - parabenizou Sikowitzs, emocionado. Ficou de pé e me aplaudiu. - Viram só? É disso que estou falando! Sentir a arte e se colocar no lugar dos personagens.

Voltei para a minha banca, fechando a cara para o Beck, que continuava a me encarar. 

— O que foi? - questionei, afinal Sikowitzs havia escolhido outra pessoa para se apresentar na frente da turma. Por que ele continuava a me observar?

— Nada. Só achei interessante a sua colocação.

— Que colocação?! - cruzei os braços, indiferente.

— Há uma nítida explicação para você ter escolhido falar sobre o 'Fantasma da Ópera', é óbvio. Você se identifica como o "fantasma" da história. - riu, apontando características marcantes: - Assim como o personagem, você se considera "excluída" da sociedade...

— Hm, o que mais? - debochei, encarando-o. Queria ver até onde os seus pontos de vista estavam corretos.

— Provavelmente tenha uma péssima relação com os seus pais.

Arregalei os olhos, surpresa. Acertou em cheio.

— E já deve ter se abdicado de uma paixão. Não estou certo?

Nem lhe dei a confirmação que ele tanto queria. Simplesmente recolhi as minhas coisas e me retirei de sala.

Detalhe: quando saí, bati expressivamente a porta e fui pisando com firmeza por onde eu passava.

Beck havia tocado em um pouco muito delicado meu. Odiava quando as pessoas tentavam me decifrar através do meu jeito ou dos meus atos. Me sentia indefesa, uma vez que elas haviam descoberto as minhas possíveis fraquezas. Fiz bem em me afastar dele e daquela turma idiota.

Mas, ao que me parecia, esse garoto não ia me deixar em paz nem tão cedo...

Aconteceu novamente naquele mesmo dia. Era o horário do almoço e eu teria uma aula de física logo após essa minha refeição. Havia pego uma mesa - somente para mim - no refeitório da escola. O desgraçado acabou me encontrando no meio de todas aquelas outra pessoas e resolveu vim se sentar de frente para mim.

— Te atrapalho? - lançou um sorrisinho simpático para o meu lado, enquanto repousava a sua bandeja com uma frutinha e um sanduíche.

— Sempre. - resmungei. Nem sequer lhe dei tanta atenção. Mantive uma expressão fechada e focada em catar os vegetais do meu burrito.

— Desculpa o que te falei na aula. Não foi a minha intenção te tirar do sério.

— Você iria me fazer um favor imenso se parasse de falar comigo.

— É o que realmente quer? - me questionou, sério.

Desviei o olhar do meu burrito para agora encará-lo face a face. Demorei para lhe dar a resposta e, por isso, ele se desfez da pergunta.

— Pelo visto não. - disse, convencido de si.

— Sabe, se eu fosse a sua namorada, eu não iria gostar nada que o meu namorado estivesse "de papinho" com outras garotas.

— Sorte a minha que você e eu não namoramos, né? -  ele zombou. - E não te considero "outras garotas", você é tipo... minha amiga.

— Rum, amiga… 

Fiz um sorrisinho bobo, dando uma abocanhada no meu burritos cremoso.

— O quê? - cruzou os braços, insatisfeito. - Ah, vai me dizer que você não acredita em amizade entre homem e mulher.

— Óbvio que não. Homens sempre têm segundas intenções. Na maioria das vezes demonstram algum interesse carnal nas mulheres, a menos que ele seja gay ou ela seja feia.

— Pois você está equivocada. A sua visão é um tanto quanto preconceituosa até. - riu, abaixando os ombros. - Eu, por exemplo, não sou gay… e você não é nada feia.

Fiquei levemente avermelhada. Ele acabou de me elogiar? Poderia considerar isso um flerte?

O moreno continuou me olhando de um jeito tentador, enquanto dava a sua primeiríssima mordida no seu sanduíche.

— Enfim… - rolei os olhos para outro canto daquele refeitório ao ar livre. O rumo da nossa conversa estava se direcionando para um caminho estranho.

Ele abaixou o olhar para o seu sorvete, sentindo-se envergonhado.

— Sério que você me considera como sua amiga? Mal nos conheçemos. - cocei o queixo. Aquilo tudo era novo para mim. "Um amigo?"

— Você não tem muitos amigos, né? - ele riu, como se fosse engraçado.

Sacudi a cabeça, finalmente confirmando a sua tese.

— Por que você está acuada? - ele me questionou.

— Sei lá, você é um dos únicos que não parece ter medo de mim.

— Deveria? - lançou um sorriso sutil.

— Não sei. - levantei uma das sobrancelhas, despertando-lhe a curiosidade. - Você que me diz.

— Ui - ele entrou na minha brincadeira. - Gosto que você tem um ar de mistério.

— É, os meus gostos são bem peculiares. Você não entenderia.

— Então mostre.

Será que ele estava disposto a entrar no meu mundo? Pensei duas vezes antes de lhe fazer um convite:

— Topa ir para um lugar depois da aula? É o meu lugar favorito de toda Los Angeles.

— Será um prazer, madame.

 

[***]

Após a aula, Beck e eu nos encontramos no pátio principal do colégio. O mesmo ofereceu o seu carro esportivo vermelho para nos levar diretamente ao meu "cantinho favorito de toda L.A."

— Belo carro - elogiei antes mesmo de entrar nele.

— Valeu. Entra aí. - destravou a porta para que eu entrasse. - Não repara na bagunça.

— Ok. - falei. Justamente quando fui me sentar no banco da frente, reparei em uma cueca jogada no assento. Que nojo.

— Ah, desculpa. - Beck riu, jogando para os fundos do carro a sua peça íntima. - Estou de mudança, então as minhas coisas ficam espalhadas pelo carro mesmo.

— Entendi. Ah, vamos logo antes que feche!

Indiquei o caminho para onde Beck iria dirigir. Ele nem ficou tão abismado quando decobriu, nos últimos segundos, que estava entrando em um cemitério.

— Vamos? - destravei o meu cinto de segurança e o convidei a descer do carro comigo.

— Ah... C-claro. - deu de ombros, como se não fosse nada demais, muito embora a sua expressão fosse de curiosidade extrema.

Caminhamos por um percurso que era dedicado somente às lápides dos famosos. 

— Olha, está tendo uma cerimônia ali. - apontei para um amontoado de gente usando preto. Estavam prestes a enterrar um morto. - Vamos lá assistir.

— É sério isso? O seu hobbie é entrar em cemitérios e assistir o sepultamento de pessoas que partiram dessa para melhor?

— Sim, não é interessante para você? - cruzei os braços. - Não era você que queria conhecer os meus gostos? Pois então. Aqui estamos.

Ele ficou em completo silêncio. Foi então quando, involuntariamente, peguei em sua mão e lhe levei para mais perto da cerimônia.

Ao nos aproximarmos, nos deparamos com duas senhorinhas chorosas, abraçadas uma na outra. Parecia ser alguém muito querido para elas.

— Com licença, essa cerimônia é privada apenas para a família - disse um homem robustos para Beck e eu.

— Sabemos. - dei de ombros, enquanto apontava para o Beck. - Ele é o filho de... Hã... Quem é que está sendo enterrado aí mesmo?

— Jade! - Beck me repreendeu, apertando com firmeza a minha mão. Foi então que me dei conta: estávamos de mãos dadas esse tempo todo?

— Robert? - uma das senhoras chorosas virou-se para nós dois, principalmente para o Beck. - Você está dizendo que é o filho do Robert? Como pode?!

— É... - Beck ia abrir a boca para falar algo.

— IMPOSSÍVEL. Não é possível que o MEU marido falecido tenha tido você fora do nosso casamento de 50 anos! - a senhorinha foi perdendo o autocontrole. - Quem é você!? Como soube do falecimento do Robert!? Só veio pela herança, né?!

— Não, não. Acho que houve um mal entendido aqui. - Beck foi dando alguns passos para trás. - Tecnicamente, não sou filho do Robert. Então...

Beck foi me puxando para longe daquela cerimônia em família. Não consegui conter as minhas risadas. Foi engraçado as caras e bocas que ele fez ao se deparar em uma situação constrangedora como essa.

— Você acha graça né? 

— Muita! - gargalhei pra valer.

— Nossa, por sua culpa, quase matamos aquela velhinha. Viu como ela ficou nervosa?

— FOI IMPAGÁVEL. - contei.

— É.

Aos poucos a minha gargalhada foi perdendo a graça e, agora, Beck e eu estávamos cara a cara. Nenhum assunto parecia vim a minha cabeça, tudo o que eu reparava era na sua boca próxima da minha. O seu hálito, a sua respiração... Tudo parecia 10x mais próximo e mais próximo... Até que aconteceu.

Ele me beijou. E de repente, tudo parou. Não consegui distinguir o que era realidade e o que fantasia. Foi tudo muito rápido. O meu primeiro beijo. Me senti mais estranha do que o normal.

 

 


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Notas finais do capítulo

Eitaaaa

O que acharam?



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