Sanatório escrita por Chrys Monroe


Capítulo 20
Penúltimo Capítulo - Assombrando


Notas iniciais do capítulo

Olá!

Eu amo um halloween u.u

Boa leitura ♡



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Penúltimo Capítulo - Assombrando.

 

 

 

[...]

 

31 de outubro. 

 

Halloween. 

 

 

O famoso dia das bruxas amanheceu cinzento e mais frio do que de costume. 

Curiosamente, Victória havia dormido muito mal naquela noite. 

Tinha tido ao menos três pesadelos naquela fria madrugada, todos com Isabella. 

Talvez, aquele fosse o presságio de que a jovem estava prestes a viver um verdadeiro inferno. 

— Você também não dormiu bem? - James perguntou esfregando os olhos. 

— É. - A ruiva confirmou se levantando - Hoje é o dia que segundo a vidente, vai acontecer algo muito ruim e...

— Nem completa essa frase, Vic. - A interrompeu - Não vai acontecer nada de ruim contigo, confie em mim. - Garantiu mas Victória não confiava mais nele. 

Não como antes. 

— O que vamos fazer hoje?

— Você não sei, já eu vou para a empresa trabalhar como todos os dias, afinal, a vida não pode parar. Como é halloween, voltarei bem cedo para casa hoje. Aí podemos sei lá, ver um filme, dar uns pegas no sofá. Que tal comprar uma lingerie nova gatinha? 

— Posso ir com você? 

— Pra quê?! - Franziu a testa. 

— É que estou com medo de ficar sozinha nesta casa, James. - Confessou sendo sincera. 

— Está bem. - Concordou sentindo certa pena da mulher. 

[...]

— Chegou o grande dia. - Isabella disse para si, caminhando de um lado para o outro do quarto - Será um dia muito feliz para mim. Já para aqueles dois... - Gargalhou - É a minha vez de assombrar agora. Vamos ver se tendo o troco, vocês aprendem de uma vez por todas. 

[...]

Horas depois...

 

17:30. 

 

— Chegamos... - James disse tirando o casaco.  

— Você viu as fantasias das pessoas na rua? São assustadoras! - Victória comentou sentindo certo arrepio na espinha. 

— O que está acontecendo contigo? Você mudou tanto nos últimos dias, Vic. Nem parece a mulher que eu gostava tanto. Está chorosa, chata, medrosa, sempre pra baixo. 

— É a cigana, James. As ameaças dela não saem da minha cabeça desde aquele dia - Assumiu cobrindo o rosto entre as mãos - Cada palavra. 

— Argh... - James revirou os olhos indo subir as escadas - Já está escurecendo, espero que essa noite contigo passe bem rápido porque pelo jeito, vai ser um saco. 

— Por quê será que sinto que essa noite vai ser muito longa? - A ruiva perguntou-se levando as mãos ao peito. 

[...]

18:00. 

 

Anoiteceu. 

 

No condomínio, havia algumas crianças e adultos, todas fantasiadas de formas assustadoras, como o halloween exigia, a fim de assim como todos os anos, repetir a famosa tradição de gostosuras ou travessuras. 

Porém, uma forte tempestade parecia ter interrompido um dos feriados mais famosos dos Estados Unidos. 

Mas Bella já havia combinado tudo com seus parceiros, amigos e agora, era hora de colocar a tão sonhada vingança em prática. 

Doa a quem doer. 

— Hum... Que banho bom - James murmurou quando de repente, a água ficou fria e com um cheiro estranho - O que é isso? NÃO! - Gritou assustado ao perceber que a água do chuveiro estava vermelha, como se fosse... 

Sangue. 

— James? - Ao ouvir o grito do amado, Victória correu para o quarto, tomando um susto ao vê-lo aparentemente ensanguentado - Céus, o que é isso? Sangue?! - Perguntou tremendo. 

— Eu... Não sei. Céus... - Assustado, James fechou o chuveiro, enquanto Victória foi abrir a torneira da pia. 

— QUÊ ISSO?! - Assustada pela água da torneira também ter saído vermelha, a ruiva a fechou rapidamente - James, de onde esse sangue todo surgiu?  

— Não sei!! - Exclamou colocando um roupão - Mas tem que ter uma explicação lógica, isso não é sangue. É molho de tomate, ketchup! É isso! Alguém está pregando uma peça na gente! Só pode! - Tentou dar risada, mas não conseguiu. 

— James, é sangue! Não está com cheiro de nada disso, sinta! - O avisou. 

— É... Não está mesmo. Vamos, vamos ligar pra segurança do condomínio, isso mesmo. - Ambos caminharam para fora do banheiro, quando de repente, tudo se apagou ao mesmo tempo em que ouviram um forte estrondo de trovão. 

— Que isso?!

— A luz acabou por causa da chuva, é isso. Só pode ser isso, está tudo bem. - Suspirou tentando se acalmar - Vamos procurar o celular pra pedir ajuda.  

— Está muito escuro, não estou achando o meu. 

— Nem eu. 

[...]

— Achou o celular Vic?

— Não. E você?

— Também não. Vem até mim, eu tô... Perto da janela. 

— Ta... - Apesar de ter tropeçado em algo no meio do caminho, Victória conseguiu encontrar o amante e segurando sua mão - James, esse cheiro do seu corpo... Parece de sangue podre, sei lá. Que nojo!  

— É culpa daquela água esquisita. 

— Sangue! 

— Não era sangue! Para com isso Victória! 

— Para de apertar minha mão com força James, ta me machucando. 

— Desculpe! Vamos ter calma. Deu algum problema na água e por isso, ela ficou vermelha. Quanto a luz, apagou por causa da tempestade. Sejamos racionais, certo? 

— Racionais? Tudo o que vem acontecendo conosco nos últimos tempos, não tem nada de racional. Aquela vidente, o vaso quebrado outro dia, aquele perfume da Isabella pela casa... 

— O que quer dizer com isso? Que o fantasma da Isabella está aqui? ELA ESTÁ MORTA E ENTERRADA, EU RECONHECI O CORPO, VIC. 

— Nós brincamos, James. Brincamos com o sobrenatural ao fingir pra Isabella que o fantasma da mãe dela esteve aqui para busca-la. E se agora o além, a alma da Isabella, estiver sei lá, querendo se vingar de nós? 

— Cala a boca! - James mandou se afastando dela - Não aguento mais ouvir essas asneiras. Vamos procurar uma lanterna, venha. 

— Pra onde? Não estou enxergando nada. - Ele pegou de novo na mão dela. 

— Você foi governanta daqui por anos, onde tem lanterna?

— Na gaveta da cozinha, acho. 

— Então é para lá que nós iremos. 

[...]

— Achamos! Pronto! - O loiro acendeu a lanterna - Agora é só acharmos nossos celulares para pedir ajuda e pronto, já que o interfone não está funcionando sei lá por quê.  

— Vamos ligar do fixo primeiro, é mais fácil. - A ruiva sugeriu. 

— Ótimo. - Ambos foram até a sala

— A linha do telefone está muda. - Victória constatou. 

— Faz sentido, está tendo uma forte tempestade lá fora. Mas tudo bem, vamos procurar nossos celulares. Lá tem internet, podemos enviar um pedido de ajuda a alguém. - Ambos subiram para os quartos, mas tomaram um susto quando finalmente encontraram os celulares. 

— Estão quebrados. - James constatou - E...

— Sujos de sangue. Céus, o que realmente está acontecendo aqui James?  

— Não sei, nem quero saber, mas quero dar o fora daqui agora! - Juntos, o casal saiu correndo do quarto, desceu as escadas e giraram a maçaneta da porta, mas...

— Está trancada. Trancamos a porta quando chegamos?

— Não lembro. 

— Onde deixamos a chave, James?

— Na maçaneta, oras. 

— Então por quê não está aqui?!

— Para de me fazer perguntas, Victória. Está me deixando nervoso! 

— Então você também está acreditando agora, não é?

— No quê? 

— No fantasma da Isabella... 

— Chega, Victoria! - Resmungou sacudindo os braços dela - Para com essa baboseira, fantasmas não existem. Entendeu?! Vê se entende isso de uma vez por todas, inferno!

— James... 

— Que foi?

— Tem algo atrás de você. 

Quando o loiro se virou com a lanterna acesa, teve a maior surpresa de sua vida. 

Uma Isabella totalmente desfigurada e ensanguentada estava parada perto da televisão.  

Ambos então, deram um intenso grito. 

— SOCORRO! 

Com o susto, a lanterna acabou caindo no chão. James se abaixou para pega-la e acendeu-a novamente, mas Isabella já não estava mais ali. 

— Isso não é real, não é real. É, é uma pegadinha só pode. Alguma pegadinha dos nossos amigos. 

— Que amigos, James?! Nem eu, nem você temos amigos. - A ruiva o lembrou - Nunca tivemos. - Começou a chorar desesperada - Será que não entende? O fantasma da Isabella voltou para se vingar de nós. 

— Não, não! Não pode ser!

— Olha pra você, James! Olha para nós! Para ficarmos ricos, passamos dos limites e agora, estamos pagando caro. Você ferrou com a minha vida seu idiota!

De repente, ambos ouviram três passos. 

Assustados, pararam e se abraçaram. 

A televisão ligou do nada. 

A tela estava branca mas depente, apareceu uma mensagem estranha, como se estivesse sendo teclada aos poucos.  

 

"James e Victoria... Pensaram que iam me queimar viva e eu não iria voltar para me vingar? Quero que sintam a mesma dor que eu senti. Esse sangue que está em você, James, é o meu sangue que foi derramado em vão, graças a sua mais suja ambição. Mas agora vou levar vocês comigo... Para o inferno. Se preparem, estou apenas começando a me divertir com o casal..."

 

— Eu não quero ir para o inferno, não quero! - Victória gritou empurrando James e saindo correndo com a lanterna. 

— Não me deixa aqui sozinho, Vic. Cadê você? - Olhou para os lados - Está tudo tão escuro. - Ouviu mais três passos.   

~*~

— Não aguento mais, não aguento mais... - Victória murmurou dentro de um dos quartos, agachada e escondida ao lado do guarda-roupa, tremendo muito e chorando - A Isabella veio me buscar... Quer me levar com ela, eu não quero morrer... Não quero. 

De repente, a ruiva ouviu um barulho. 

Acendeu a lanterna imediatamente se deparando mais uma vez, com Isabella desfigurada e toda ensanguentada. 

— NÃO! NÃO! NÃO! SOCORRO! SOCORRO! - Mesmo depois que a figura de Isabella já tinha sumido de sua visão, Victoria continuou gritando com os olhos fechados e os ouvidos, cobertos com as mãos. 

~*~

— Victória está gritando tanto... Mas onde será que ela está? - Sozinho no escuro, James caminhou pela sala e depois, subiu as escadas, mas no terceiro degrau, acabou se machucando ao tropeçar na escada... - Ai, minha perna... - Murmurou voltando a subir as escadas. 

Já no corredor, as portas começaram a fechar e abrir sem parar, ao mesmo tempo em que os relâmpagos do lado de fora, clareavam mesmo que por alguns segundos, a visão do loiro pela casa. 

Sem querer, James entrou no quarto de Renée. 

 

— Você está aqui Vic? - Ao constatar que não, James tentou abrir a porta para sair, mas a mesma estava trancada. 

Por um segundo, a luz foi acesa. 

— Ah, que bom... - James estava quase suspirando de alívio, mas para seu terror, Isabella novamente apareceu - NÃO! NÃO!

— Sentiu saudades de mim, querido? - Bastou uma pergunta da morena para James se desconectar totalmente da realidade. 

A luz se apagou novamente.

A chuva se intensificou.  

Os relâmpagos e trovões, ainda mais. 

— VOCÊ NÃO VAI ME PEGAR ISABELLA, ENTENDEU? NÃO VAI! - O loiro então, correu em direção a janela - QUER SABER DE UMA COISA? EU NUNCA AMEI VOCÊ! ARMEI MESMO PRA VOCÊ IR PARAR NAQUELE MANICÔMIO, NÃO ME ARREPENDO. E TAMBÉM NÃO SENTI REMORSO PELO FIM QUE VOCÊ TEVE. Sabe por quê? Porque eu nunca suportei você. 

Com muito esforço, James conseguiu abrir a janela e colocou uma perna para fora. 

— EU VOU FUGIR SUA IDIOTA, EU VOU... - Desatento, James colocou a outra perna, mas para seu azar, acabou escorregando - NÃO!!! 

Foi a última palavra proferida antes do loiro cair da janela do quarto de Renée. 

~*~

— James? Era a voz do James. - Assustada, Victória saiu do transe e abriu a janela. 

Quando finalmente abriu a janela, acendeu a lanterna e a apontou para baixo, tomou o pior susto de sua vida. - JAMES! JAMES! NÃO!!!

No jardim da mansão, jas o corpo de James no chão. 

Todo ensanguentado - desta vez, com sangue de verdade - e os olhos abertos.

Morto.  

— NÃO JAMES, VOCÊ NÃO! NÃO! - De joelhos, Victoria se desesperou ainda mais. 

~*~

— James, James... Não era pra ser assim. - Isabella disse indo para o banheiro tirar sua fantasia e maquiagem feita especialmente para aquela noite - Por que você tinha que pular aquela maldita janela? Por quê? - Seu celular vibrou do bolso - Alô? Como assim você já chamou o manicômio e a polícia, Penélope? 

— Não era o combinado?

— Mas deu tudo errado! James caiu da janela e morreu. Victória está gritando como louca no outro quarto. Não era pra ser assim, não assim. O que devo fazer?

— Calma, respira. Foca na minha voz, Bella. Aqueles dois não valiam nada e tiveram o fim que mereceram. Você não pode, nem vai ferrar sua vida outra vez por causa deles. Entendeu? Warrick está aí, vou ligar pra ele e explicar direitinho o que vocês devem fazer. 

— Mas eles já vão chegar? - Perguntou coçando a cabeça. 

— Não, vai demorar ainda. Está uma tempestade danada pela cidade, até chegarem aí você já vai ter resolvido tudo. 

— Como vou ser feliz depois dessa, Penélope? Eu só queria dar o troco, fazer eles pararem no hospício por uns tempos pra sofrerem tudo o que sofri. Não queria que o fim fosse esse. - Perguntou chorando. 

— Bella, me escuta. Não é hora de se lamentar, tenha foco. Apenas siga minhas instruções para apagar os rastros de tudo que aconteceu, que dará tudo certo. 

— Está bem. - A morena concordou desligando para tomar as devidas providências. 

[...]

Sempre de luvas, Bella colocou tudo de volta em seu devido lugar com a ajuda de Warrick, que fora quem a ajudou a arrumar toda aquela farsa para James e Victória. Mesmo sendo atrapalhados pelos gritos da ruiva no quarto, ainda completamente chocada pela morte de James, ambos conseguiram organizar tudo como antes. Guardando objetos bagunçados, jogando fora os celulares e fantasias, conferindo se a água já estava sem cor novamente etc. 

— Agora é hora de você ir, Warrick. - Bella avisou dando um abraço no parceiro - Obrigada por tudo.  

— De nada e já sabe, precisando estarei sempre aqui. - O rapaz avisou piscando para a amiga antes de ir embora. 

[...]

Minutos depois, a tempestade passou e funcionários de outro sanatório conceituado da cidade, apareceram na casa, junto com a polícia.  

— Foi a senhora que nos chamou aqui? - Um dos policiais perguntou à ela. 

— De certa forma, sim. É que minha ex-governanta está tendo um surto psicótico lá no quarto. Por isso pedi a uma amiga para chamar vocês, já que o telefone da casa está sem sinal. Ela está no quarto de hóspedes. - Os funcionários do manicômio então, subiram para o quarto, enquanto o policial continuou tomando o depoimento da jovem. 

[...]

— Quer dizer que a senhora sobreviveu ao incêndio no sanatório dias atrás?  

— Sim. E assim que voltei, retornei a minha casa, o que é esperado, não é mesmo? Coloquei algumas câmeras na casa, para provar que ambos tinham armado para cima de mim e depois, me apresentei à eles. 

Victoria ficou totalmente desequilibrada quando me viu, saiu correndo e se trancou no quarto. Já James, também saiu correndo. Fui atrás para conversar e explicar que estava viva, mas ele disse coisas desconexas, me xingou de tudo quanto é nome. Disse que eu era um fantasma, abriu a janela, acabou se desequilibrando e caiu. Dei uma conferida e o vi sangrando, de olhos abertos. Pelo jeito ele está morto mesmo. Não é?

— Sim. Depois preciso que a senhora me acompanhe até a delegacia, para dar mais detalhes sobre o ocorrido e também, sobre o incêndio no sanatório e... 

De repente, Victoria surgiu descendo as escadas ao lado de dois enfermeiros, completamente transtornada. 

— É ELA! É ELA! O FANTASMA, O FANTASMA DA ISABELLA ESTÁ AQUI! ESTÁ VENDO COMO NÃO ESTOU LOUCA?!

— Victória, sou eu. Isabella. De onde tirou que sou um fantasma? Estou viva. Se bem que sei que era isso que você queria, que eu morresse mas aqui estou, viva e querendo tudo que é meu de volta. 

— MENTIROSA, VOCÊ É UM FANTASMA SIM. UM FANTASMA ASSASSINO! VOCÊ É DO MAL! MATOU O JAMES! EU VOU, EU VOU MATAR VOCÊ SUA MALDITA! VOCÊ TEM QUE VOLTAR PARA O INFERNO DE UMA VEZ POR TODAS, ME DEIXA EM PAZ! - Victoria foi pra cima da morena, mas os enfermeiros a impediram segurando e colocando uma camisa de força na ruiva - ME SOLTA! SOCORRO, SOCORRO! TIRA A MÃO DE MIM! JAMES, ME AJUDA! CADÊ VOCÊ... - E foi assim, entre choros e gritos, que a amante de James foi levada da mansão direto para o hospício, assim como Isabella tinha sido levada algum tempo antes. 

Aparentemente, um novo ciclo estava prestes a se iniciar, tanto na vida de Isabella quanto de Victoria. 


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Notas finais do capítulo

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