—LIZ! LIZZIE! —Olhei para a direção da voz que me chamava por cima de todo o barulho de vento e chuva que me cercava. De longe, conseguia distinguir os cabelos ruivos de Rose sendo jogados para todos os lados por causa do mau tempo. Aproximei a vassoura da arquibancada com dificuldade e tentei ajeitar os óculos de proteção da melhor forma possível.  

—O que houve? —Falei um pouco alto para que a ruiva pudesse me entender de forma clara.  

—Todos já foram embora, Lizzie. Seu time já está se arrumando pra jantar, falta só você. —Rose mantinha uma mão na vassoura como se tivesse medo que eu apenas a ignoraria e voaria para longe, coisa que talvez eu tenha feito uma ou duas vezes.  

—Está bem, Rosie. Vou pousar.  

—Se você voar pra longe de novo eu vou te derrubar da vassoura que você nem vai perceber o que te atingiu. —A Weasley avisou e eu ri baixo, acenando com a cabeça concordando e perdendo altitude aos poucos. Peguei minha vassoura e caminhei pela grama cheia de lama até o vestiário, e só então eu percebi que estava ensopada da cabeça aos pés.  

—Você parece um pouco obcecada por esse jogo. Não para de treinar um minuto. —Rose reclamava enquanto andávamos para o Salão Principal, já que eu já havia tomado meu banho e me sentia mil vezes mais quente.  

—Não diria obcecada, mas com certeza que eu quero ganhar. —Retruquei e senti que a ruiva me observava atentamente, coisa que ela fazia desde o ano novo quando eu sumi um pouco antes da virada. —Você, um dia, vai perguntar o que você quer? 

—O que? —Rose pareceu um pouco chocada com a minha pergunta repentina.  

—Desde o ano novo você sempre está me encarando como se quisesse saber algo, mas não tem coragem de perguntar.  

—Você responderia? —Apenas dei de ombros e Rose me deu um leve sorriso. —Eu sei que você vai falar quando sentir vontade de fazer isso, então eu só estou esperando pacientemente.  

Naquele momento, eu apenas conseguia olhar pra ruiva e sorrir de volta, me sentindo feliz por tê-la como amiga. A abracei rapidamente e isso a pegou desprevenida, arrancando um riso dela.  

—Olha quem está carinhosa hoje. —Lysander comentou ao presenciar a cena. —Eu quero participar também. —O loiro se aproximou e nos abraçou com força. —Quanto amor distribuído no corredor.  

—Acho que já está bom. —Comentei me desvencilhando deles.  

—Eu vim procurar vocês porque eu tenho algo pra comentar. —Disse o loiro e isso atraiu nossa atenção. Nós seguimos para o canto mais afastado da mesa da Corvinal e nos sentamos, começando a nos servir.  

—O que houve? —Rose indagou, esperando de forma ansiosa o que Lysander queria dizer.  

—Vocês perceberam que tem alguém rondando o Potter? —Lysander apontou com o queixo para a mesa da Sonserina onde Scorpius e Albus jantavam juntos como sempre, porém tinha uma terceira pessoa puxando assunto com eles.  

—Ela não me é estranha. —Comentei tentando me lembrar onde tinha a visto. Enquanto a observava ficando animada ao lado do Potter que eu lembrei de onde tinha a visto. Na escada quando eu e o Potter estávamos conversando. —Ela não faz isso de agora. Esteve sempre por perto, já a vi perto dele antes.  

—Isso não te incomoda? —Rose comentou com uma leve malícia que eu apenas respondi de forma silenciosa arqueando uma das minhas sobrancelhas. —Ok, Ok, então não somos ciumentos por aqui.  

A verdade é que não era a menina da Sonserina que me incomodava, não me sentia atingida de forma alguma por ela, o meu problema diretamente era com o Potter. Meu problema era com a sua mudança de trajetória, sua dificuldade de dizer o que exatamente estava o incomodando desde o Natal. Eu apenas me sentia irritada por ele ser tão covarde por não enfrentar o que quer que estivesse o bloqueando.  

—Jane é o nome dela, se você estiver se perguntando. —Lysander comentou, tentando não se mostrar interessado sobre como eu reagiria. —E eu diria que eles estão se dando muito bem ultimamente.  

—Isso tem cara de não ser problema meu. —Respondi um pouco irritada por saber que os dois, apesar das boas intenções, estavam esperando qualquer reação minha quando o assunto era o Potter.  

—Estamos ansiosos para o seu jogo amanhã, Lizzie. —Rose comentou tentando desviar o assunto e tentando acalmar meu temperamento.  

—Sim! Vamos ser as vozes mais altas na plateia! —Lysander sorriu pra mim, e me deu um leve empurrão com o ombro pra ver se eu me animava. —Quero dizer, eu vou ser, acho que a Rose vai estar dividida.  

—Eu? Torcer pra Sonserina?! —Rose se ajeitou no banco para mostrar como estava indignada. —Minha torcida é unicamente pra Corvinal.  

(...) 

Como no dia anterior, o tempo estava chuvoso, parecendo que estava refletindo o meu mau humor. Eu me vesti, tomei café da manhã, cheguei ao vestiário e coloquei meu uniforme tudo sem, de fato, perceber. Eu estava apenas concentrada em vencer aquela partida para servir como meu tapa na cara do Potter.  

—Seu humor parece um pouco ranzinza hoje. —Olhei para o lado ao ouvir a voz quando eu estava saindo do vestiário, e lá se encontrava James Potter encostado casualmente na parede.  

—Você sabe que não é mais aluno, né? —O respondi apoiando a vassoura no chão. —Às vezes fico preocupada que você esqueça isso.  

—É um jogo importante, Lizzie, é por isso que eu estou aqui. Viemos ver o Albus, ou melhor, meu pai e minha mãe vieram. —James sorriu pra mim de forma que eu achava que ele pensava que fosse galanteador.  

—Então fique atento para quando eu pegar o pomo de ouro. —O respondi colocando os óculos no rosto e andando para o campo.  

Os times já estavam preparados e o apito foi soado. A Corvinal era conhecida por ter um time com ótimos atacantes, porém ano após ano seguimos pecando na escolha do Apanhador, até que o capitão, que mora próximo da minha casa, me viu voando e me pediu pra substituir o antigo apanhador.  

—Vai Lizzie! —Mesmo com o vento estando forte eu conseguia distinguir a voz de Rose e Lysander, e isso me fez rir por dentro.  

—Parece que a sua namorada não está torcendo por você. —Comentei quando passei próximo do Malfoy e o mesmo me olhou com cara feia.  

—Eu prefiro nem te responder. —O loiro retrucou, irritado, e seguiu atrás da goles.  

Eu resolvi, que agora que o jogo havia de fato começado, que eu deveria começar a procurar pelo pomo de ouro. A chuva atrapalhava a visualização da pequena bolinha dourada, fazendo com que eu apenas ficasse rodando um pouco mais baixo que o resto dos jogadores. E foi então que eu vi, pela visão periférica, um risco dourado a esquerda passando na frente e eu imediatamente avancei atrás do pomo.  

O pomo de ouro seguia a toda velocidade, tentando desviar pelas arquibancadas, mas eu seguia atrás o mais próximo possível que eu conseguia tentando desviar dos obstáculos que surgiam no meio do caminho. E foi então que o pomo desviou pra baixo para evitar o Potter e fazer com que quase a gente de chocasse, me obrigando a subir um pouco a vassoura e obrigando a ele a tentar segurar a velocidade antes que batesse contra a arquibancada.  

Nossos olhos se encontraram rapidamente antes que os dois desviassem para baixo tentando pegar o pomo que agora fazia questão de mudar a trajetória para cima e se colocando no meio da partida enquanto a Corvinal estava com posse da goles. E foi nesse momento, enquanto os batedores dos dois times focalizaram nos apanhadores, os balaços foram jogados diretamente entre nós.  

O primeiro balanço atingiu o Potter no peito fazendo com que ele perdesse a trajetória pelo pomo, e ele precisasse parar pra recuperar o ar. O segundo balaço me atingiu na lateral do corpo me derrubando da vassoura, e o que apenas me impediu de cair foi que eu mantive uma das mãos na vassoura. Eu olhei para o meu time e um dos batedores ficou próximo para evitar que algum outro balaço viesse na minha direção, o que aconteceu, porém foi desviado, mas gerou um custo no ombro.  

—Jake, você está bem? —Gritei, observando que o garoto apoiava o ombro com a outra mão.  

—Estou! Tente voltar pra vassoura, o Potter está procurando o pomo de novo. —Eu concordei com a cabeça e segurei a vassoura com a outra mão, e icei meu corpo de volta para me sentar na vassoura. —Cuidado! —Jake se jogou na frente mais uma vez, e apesar de ter conseguido desviar o balaço eu sabia que ele não aguentaria continuar no jogo.  

E eu a vi de novo. Dourada, brilhando como se estivesse zombando de mim e eu imediatamente coloquei a vassoura na sua direção e disparei atrás do pomo de ouro, sentindo que o Potter me acompanhava de perto. Nós seguíamos, passando por baixo das arquibancadas, de vez em quando trocando um encontrão para o outro se desestabilizasse. Eu poderia empurrar o Potter de novo e de novo, até que ele se distraísse o suficiente para que desse mais tempo pra Corvinal ou eu poderia tentar pegar o pomo agora. Eu deveria fazer uma escolha rápida. 
       A bolinha chegou mais próximo possível do chão, e no momento em que a trajetória seria trocada pra cima, ela virou pra esquerda. E foi nesse momento, no momento em que ela após virar à esquerda e ameaçar a mudar a trajetória pra cima que eu tomei a decisão e a peguei, no exato momento que a mão do Potter se encontrou com a minha e a envolveu, exatamente porque eu havia sido um segundo mais rápida que ele.  

—E a Corvinal pega o pomo de ouro! Mas é a Sonserina quem leva o jogo! Mas que final inesperado! —gritou o narrador. — A Sonserina ganha de 170 a 160.  

A torcida da Sonserina urrava pela arquibancada, mas nem isso eu estava processando. Eu apenas observava o Potter e sentia sua mão quente envolvendo a minha, seus olhos azuis me encarando como se quisesse dizer algo, mas não conseguia. Eu puxei a mão, soltando da dele segurando o pomo com delicadeza enquanto perdia altitude aos poucos para me encontrar com o meu time.  

Rose me encontrou logo após eu sair do banheiro e me deu um abraço apertado.  

—Você foi incrível, Lizzie! —A ruiva me abraçava de novo. —Naquele momento, eu achei que você fosse cair da vassoura. Fiquei tão nervosa, mas ainda bem que te defenderam e você pode subir de novo. Mas você finalizou o jogo rápido, poderia ter esperado apenas um pouco seu time marcar só mais dois. Mas mesmo assim foi incrível.  

—Deixa ela respirar, Rose. —Lysander reclamando afastando a ruiva de mim, antes de ele mesmo me abraçar. —Mas você foi realmente incrível. Pegou o pomo de ouro um segundo antes do Potter. Por um momento eu não sabia quem tinha pego.  

—Eu realmente poderia ter segurado um pouco mais, mas eu estava com pressa de finalizar o jogo. —Comentei enquanto andávamos de volta pro castelo. —Jake tinha se machucado quando foi me defender às pressas.  

Seguimos na direção do Salão Principal para podermos jantar, e apesar da mesa da Sonserina estar bem barulhenta, a mesa da Corvinal não estava silenciosa, na verdade, quando eu cheguei, meus colegas de casa se levantaram e começaram a me parabenizar, apertando minha mão e afagando meus cabelos.  

Rose e Lysander me acompanharam durante todo o jantar, mas de alguma forma eu me sentia sendo observada, não por aqueles que estavam na mesma mesa que eu, mas numa mesa distante. Mas toda vez que eu olhava para a mesa da Sonserina, não havia olhos me focalizando.  

Ao final do jantar, Rose e Lysander seguiram para a comemoração da Sonserina apesar de terem pedido para que eu fosse, e eu ter negado alegando que eu estava cansada demais para isso. No lugar de ir pra festa, eu apenas fui pra direção do pátio e fiquei observando a chuva caindo sentindo a adrenalina da partida e das conversas sumindo.  

—Ei, Al! —Ouvi uma voz um pouco próximo de onde eu estava e cheguei um pouco pra frente, tentando ver quem era. Consegui ver uma menina loira de cabelos curtos usando um suéter da Sonserina, ela estava com o rosto um pouco vermelho como se tivesse corrido até lá, lembrei que era a Jane, a menina que Lysander havia falado no dia anterior. Um pouco mais a frente dela estava o Potter usando um suéter parecido com o dela, o que fez com que eu tivesse que reprimir um pouco a vontade de rir, pois pareciam um casal brega. —Espera, você não vai pra comemoração?  

—Não, quero dizer, sim, eu já vou. —O Potter comentou parecendo um pouco avoado e um pouco com pressa. —Eu só preciso fazer algo.  

—Eu vou com você. —Jane deu um passo pra frente. 

—Não. Não precisa, pode ir indo pro nosso Salão Comunal, eu já vou. —O Potter passou a mão pelos cabelos os bagunçando, sua marca quando estava nervoso com alguma coisa. Jane parecia que ia dizer algo, e isso fez com que o Potter olhasse na direção onde eu estava me obrigando a me esconder, me sentindo pela primeira vez uma intrusa.  

—Então... Eu te espero lá. —A loira comentou um pouco incerta e retornou pelo caminho pelo qual tinha vindo. Enquanto eu esperava que o passo dos dois se afastasse, eu me encostei na pilastra e respirei fundo contando até dez lentamente. Endireitei minha postura e voltei para a posição anterior, para voltar a observar a chuva e lá estava o Potter.  

—Por Merlin, que susto. —Resmunguei levando a mão ao coração, e depois a apoiando na pedra.  

—Sabia que eu tinha te visto, mas foi tão rápido que eu achei que tinha me confundido. —O Potter estava com os cabelos molhados por ter passado pelo pátio invés do corredor, seus óculos apresentavam várias gotinhas e seu suéter estava mais escuro devido à chuva.  

—E você resolveu se molhar por isso? Vamos, passe pra cá. —Comentei, me afastando para que ele pudesse sentar na bancada e passar pra dentro do corredor. —Parece criança. —Resmunguei tirando a capa do uniforme e colocando sob a cabeça dele quando ele se sentou na bancada de pedra com a pernas viradas para o corredor. Tentei secar o máximo que eu pude e enquanto eu fazia isso, o Potter segurou as minhas mãos e me puxou um pouco para perto, me mantendo entre as suas pernas.  

—Eu queria conversar com você. —Parei de secar seus cabelos e aqueles olhos azuis estavam límpidos, idêntico ao mar calmo. Eu afastei as mãos dele e deixei que a capa repousasse em seus ombros.  

—Estou aqui, pode falar.  

—Você estava incrível hoje. Eu vi você treinando todos os dias, mas hoje você foi apenas... Eu não tenho palavras. —Tentei conter um sorriso enquanto o ouvia falar, queria me lembrar que eu estava irritada com ele.  

—Então você tem me stalkeado. —Comentei arqueando a sobrancelha.  

—Stalkeado é uma palavra muito forte. —Ele começou a mexer no cabelo de forma nervosa, tentando procurar as palavras certas. —Observando atentamente é a palavra certa.  

—E você não está bravo que eu peguei o pomo de ouro justo no jogo em que o seu pai veio te ver? —O Potter ajeitou a capa de forma que ficasse confortável sob os ombros, tentando não me encarar.  

—Não diria que ele ficou orgulhoso, mas por um momento eu vi o pomo na minha mão, e quando eu olhei de novo era a sua mão que eu estava segurando. Devo admitir, meu orgulho ficou ferido. —Albus abaixou o rosto tentando expressar que estava triste, e seus óculos escorregaram pra ponta do nariz.  

—Pena que não levei a vitória pra Corvinal. —Comentei puxando um pedaço da capa e passando pelo rosto dele que ainda estava molhado. O Potter me observava com atenção como se esperasse que em qualquer momento eu sumisse. Eu toquei no apoio dos óculos que descansava sob na ponta do nariz dele e o empurrei de volta pro lugar. —Sempre quis fazer isso.  

—Então deveria fazer mais vezes. —Albus sussurrou. Sua mão direita se aproximou de um cacho e ficou o analisando por uns segundos, segundos estes que pareceram durar bastante. —Eu queria falar com você sobre o final do ano. Sobre como eu não estava no meu normal.  

—Eu te disse, Potter. Está tudo bem. —Comentei com a voz baixa, tentando mantê-la firme e isso pareceu atrair a atenção dele.  

—Não está, você está irritada comigo. —O Potter colocou o cacho atrás da minha orelha e acariciou com as pontas dos dedos o meu pescoço.  

—Estou porque você está usando suéter de casal. —Arranquei um sorriso dele enquanto ele tentava manter a seriedade.  

—Você sabe que é o suéter que usamos nos jogos, idiota.  

—Albus. —O fato de eu chamá-lo pelo nome fez com que sua atenção fosse automaticamente atraída, parecia ligeiramente em choque. —O que aconteceu?  

O Potter colocou as mãos nos meus ombros me empurrando gentilmente para trás para que ele pudesse ficar em pé, me obrigando a levantar um pouco o rosto para que continuasse encarando seus olhos. A expressão do moreno pra mim era bem séria e eu estava começando a ficar em dúvida sobre se eu havia feito a pergunta certa.  

—Achei vocês, caramba é incrível como vocês apenas somem. —Albus fechou os olhos por longos segundos como se estivesse se acalmando ao ouvir a voz de James, e logo em seguida tornou a abri-los e virou o corpo para cumprimentar o irmão que estava acompanhado da caçula.  

—Eu disse pra ele que vocês eventualmente iriam aparecer, mas ele cismou que deveria vir atrás. —Lily reclamou cruzando os braços. Os dois Potters se aproximaram, e algo no olhar de Lily mudou ao nos ver próximos um do outro, o que fez com que descruzasse o braço aos poucos.  

—Eu só estava parabenizando a Dorian pela partida. —Albus comentou se afastando discretamente de mim, se sentindo claramente desconfortável. Eu o encarava com o cenho franzido tentando entender a mudança súbita de comportamento, na verdade, estava começando a refletir se o Potter via um problema em está comigo perto da família.  

—Lizzie, devo dizer que todos os Potters ficaram impressionados que você pegou o pomo antes do Al. —James falava se aproximando de mim e pegou uma das minhas mãos e a apertou como se estivesse me cumprimentando. —Um trabalho de mestre, com certeza. Gina Potter estava a um passo de indicar você para todos os times que ela tem contato.  

—Meus pais iriam a loucura com essa informação. —Ironizei e isso arrancou um riso dos três, na verdade, dos dois, Albus só fingiu rir, estava tenso demais para ter uma reação espontânea. Enquanto James falava alguma coisa e Lílian retrucava eu tentava encontrar os olhos do Potter do meio que claramente estava se esforçando para me ignorar.  

—Então, Liz, você vem com a gente pra festa? —Lílian me perguntou.  

—Não, estou bem. Quero voltar pro meu quarto. —A respondi já começando a me afastar para pegar o caminho pra Torre onde ficava a minha Sala Comunal.  

—Eu te acompanho até lá. —James se ofereceu já fazendo menção de me seguir.  

—Não precisa, sério. Divirtam-se. —Respondi acenando e tentei olhar uma última vez para o Potter que finalmente havia olhado em minha direção. O momento durou meio segundo, mas foi o suficiente para que eu soubesse que a minha irritação havia sido transformada em mágoa.  

Segui o caminho para a Torre me sentindo menor, como se tivesse perdido alguns centímetros e aquilo me pegou de um jeito que eu não sabia que estava dando tanta importância. Ao sentar na minha cama e olhar para a mesa de apoio percebi que estava marcando o livro que estava lendo no momento com a foto que tiramos no nosso primeiro encontro, e então me assustei ao perceber que deixei algumas lágrimas caírem e pela primeira vez desde que começamos a conversar eu admiti para mim mesma que eu, de fato, gostava dele.