Kill Me - Two Shot escrita por CherryPark


Capítulo 2
Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Só isso mesmo, flw



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Faziam-se duas semanas desde o falecimento de sua amada esposa. Sans subiu pelas escadas da casa sentindo-se vazio, assim como estava a casa.

Consegui visualizar a esposa sentada no sofá enquanto conversava com ele e brincava com o Noah.

Soltou um suspiro pesado ao visualizar a cena, sabia que no fundo poderia ser culpa dele, que ele poderia ter ajudado a evitar tudo; mas não o fez. Continuou a fingir que estava tudo bem quando na realidade, estava longe disso.

Entrou pela porta de seu quarto, sentindo se mal. Sentou na cama, sentindo as lágrimas brotarem em suas órbitas.

O quarto ainda carregava consigo o perfume de Frisk, conseguia quase que sentir ela ao seu lado chamando-o para deitar-se com ela, convidando-o para mais uma noite de amor.

— Sans, você tens de parar com isto! – O esqueleto repreendeu-se, colocando uma de suas mãos em seu crânio. – Estás a ficar doentio! Sua amada... morreu... aceite...

Abanou a cabeça negativamente, deitando-se na cama de casal, sentindo suas orbitas fecharem-se lentamente.

...

No dia seguinte, Sans estava na sala sentado na poltrona em que Frisk costumava ficar, junto de seus dois filhos. Julie mexia no celular, jogando conversa fora com uma colega e Noah abraçava um bichinho de pelúcia que havia ganho dos pais em seu ultimo aniversário. Sans estava ficando irritado com as ações da filha, qual não se afetou nem um pouco pelo suicídio recente da mãe.

— Julie, largue esse celular, por favor. – O esqueleto pediu pela milésima vez.

— Daqui a pouco eu guardo pai.

— EU DISSE PARA VOCÊ LARGAR ESSA MERDA AGORA! – Sans acabou soltando um grito, perdendo sua paciência com a garota. Respirou fundo e acalmou-se – Entenda, se eu disser para você guardar, GUARDE na hora.

A menina na hora desligou o aparelho e colocou no bolso do casaco, sentando-se no chão coberto por um tapete grosso. Alinhou seus fios platinados e encarou o retrato que havia em cima de um dos criados-mudos da sala. A foto retratava quando ela era mais nova, uns 12 ou 13 anos. Ela estava parada ao lado de uma cama sorrindo, trajava um vestido vermelho com um desenho do que imagina ser a alma de um monstro. Seu irmão estava sentado na beira da cama com um suéter roxo escrito “Love of Mom and Dad” enquanto uma mão acariciava seus cabelos castanhos.

Ao olhar a mulher que estava sentada na cama, sentiu seu coração bater dolorosamente vendo o rosto frágil que sua mãe possuía. Grandes e profundas olheiras sob os olhos e estava mais magra do que ela recordava ser quando Julie era menor. Mesmo fraca, ela ainda estava sorrindo. Mesmo morrendo, ela ainda continuava sorrindo.

Ao lado da mãe seu pai estava sentado, abraçando-a pelas costas enquanto a outra mão era segurada por Frisk.

— Qual... qual era a doença que a mamãe tinha...? – ela lembrava que na época sua mãe estava muito doente, mas ela tinha melhorado!

— Insuficiência cardíaca. – Sans respondeu a pergunta de Julie.

— Desde quando ela tinha isso?

— Desde antes de você nascer, pelo que o que médico disse. As duas gravidez só a fizeram piorar.

— Então... por que ela decidiu nos ter mesmo sabendo que poderia morrer? – indagou o quase sacrifício da mãe fizera ao nascer.

— Porque antes de cogitar em estar gravida, ela já amava vocês dois. Ela nunca deixaria de tê-los pela doença, mesmo que isso significasse sua morte. – Sans sorriu abobado – Por isso que eu escolhi ela para viver... ao meu lado...

Sans sentiu as lágrimas escorrerem por suas orbitas, e logo dois bracinhos o abraçar gentilmente.

— Não chore papai. – Noah disse o abraçando – Uma vez me disseram que quando alguém que a gente ama muito morre, não podemos ficar chorando, se não ela vai chorar também. Devemos sorrir por elas, para elas serem estrelas brilhantes lá no céu.

Sans sorriu ao escutar o que o pequeno dissera. Pegou-o no colo e afagou seus cabelos – Quem dizes-te isto a ti, meu filho?

— A mamãe. A algumas semanas eu a vi escrevendo em um caderninho e perguntei o que era. Ela me disse que era para eu ser forte e enquanto estivermos sorrindo por aqueles que já se foram, eles brilhariam como brilhantes pedras lá no céu, igual as da cachoeira no subsolo.

Sans sorriu, abraçando ainda mais seu pequeno. Então, sua esposa já planejava isso fazes tempo? Ele não percebeu os sinais?

“Eu só não estou muito boa hoje, apenas um mal estar”

“Eu estou bem”

“Não consigo dormir, querido”

“Eu te amo, não se esqueça”

“Seja forte, querido.”

As frases e desculpas que Frisk dava eram sinais de que ela queria suicidar-se, mas ele, de todos, não percebeu.

— Você viu onde ela guardou o caderno, Noah? – Sans perguntou ao menino.

— No fundo do guarda-roupa, papai.

O rapazinho soltou-se do pai, percebendo que ele iria sair. Voltou a abraçar o bichinho enquanto Sans levantava-se e caminhava para seu quarto.

Ao entrar no cômodo, abriu o guarda-roupa e revirou até achar um diário em forma de coração vermelho. Ele era coberto por uma camada de veludo e tinha um cadeado, mas quem disse que isso iria impedi-lo? Com destreza, quebrou o cadeado e começou a folhear algumas das páginas, procurando algo que pudesse dar-lhe uma resposta. Assim, parou no último dia em que ela tenha escrito.

"15 de setembro de 20××

Querido diário

Hoje será o último dia que escreverei em ti, não pelo fato de suas folhas estarem chegando ao fim, mas sim por que minha vida estás esvaindo-se lentamente de meu corpo.

Sinto-me como se minha parte já estivesse feita neste mundo ridiculamente pequeno.

Eu trouxe a felicidade a eles, libertei-os daquele inferno que um dia já puderam chamar de lar. Fiz aquele que mais amo sorrir, dei-lhe uma nova chance de continuar a ser feliz.

Mas nada me agradada, não mais. Eu tentei, realmente tentei.

A minha doença começava a me matar desde antes que a Julie pensasse em nascer, mas ainda queria viver. Viver ao lado dele, para fazê-lo feliz.

Ultimamente não me sinto mais útil. Nunca vejo meus pais, meu marido nunca fica em casa, e quando fica, nunca esta sorrindo. Meus filhos nem sequer se sentem bem com a minha presença.

Então, com a vontade que vinha me dominando aos poucos irei partir. Com a lâmina e uma corda em mãos, darei um fim a isso tudo.

Eu somente espero que, as lembranças que deixarei aos que restaram vivos, sejam as que eu estava sorrindo.

Com amor, Frisk”

Sans sentiu que as lágrimas escorriam em seu rosto. Ele fecho o diário e o jogou longe, gritando.

— A CULPA FOI MINHA! Por... Por que?

...

Um rapaz alto de cabelos chocolate andou pela estradinha de pedra, acompanhado por uma moça de cabelos compridos presos em um coque bagunçado.

Quando chegaram ao seu destino, se abaixaram e colocaram as flores que carregavam em frente as duas pedras qual haviam alojadas no chão.

— No final... Ele veio parar aqui também. – a moça disse.

— É... Mas ele cuidou bem da gente, igual a mamãe fez. – o rapaz respondeu.

— Sabe, Noah... Eu sinto falta da mamãe. Eu não devia ter gritado com ela daquele jeito, eu devia ter sido alguém de orgulho para ela – a garota dos cabelos platinados sentiu seus olhos aguarem – mas... Eu fiz ela se matar!

— Julie! Não foi culpa sua! Não faça igual ao papai! Ele se lamentou até o dia do acidente, mas você não ira fazer isso!

Duas pessoas colocaram as mãos nos ombros dos irmãos, mesmo sabendo que eles não iriam ver ou sentir, ainda os abraçaram.

— Nós amamos vocês, meus queridos. – os dois espíritos disseram.

Pequeno epílogo

Por certos acontecimentos antes de ter caído no Subsolo, já não tinha essa tal desejo de viver, porém, lá conheceu pessoas incríveis. Ajudou eles e os libertou, com sua determinação.

Anos mais tarde, ela constituiu sua própria família, tinha um marido atencioso e dois filhos lindos, mas sabe, as vezes ainda queria morrer.

Um dia, ela acordou vazia, escreveu em seu diário com seu filho mais novo ao seu lado. Deu seu sorriso mais radiante e acariciou os cabelos castanhos do menino.

— Não esqueça de sorrir pelos que já partiram. Eles viram estrelas brilhantes, iluminado seu caminho por onde anda.

O menino guardou bem essas palavras.

Pouco tempo depois, ela fora encontrada morta, pendurada a uma corda. Médicos disseram que havia vários cortes de anos que são resultados de automutilação. Seu marido se culpou; nunca havia percebido o quanto sua esposa sofria.

E mesmo sem ela, seguiu em frente com seus dois filhos, que cresceram e se tornaram pessoas tão boas quanto sua mãe fora um dia. Era a formatura da faculdade da filha mais velha, e ele tinha marcado de ir o mais rápido possível. O mais novo, que estava no 2° ano do ensino médio já estava lá, tinha ido com sua irmã. Porém, o pai deles nunca apareceu. Pensou que ele havia sido preso no trânsito, então não se importou muito. Logo o nome dela foi chamado para dar algumas palavras e pegar o diploma. Enquanto falava, seu telefone tocou. Não saiu da frente do micro fone e atendeu, era seu pai afinal.

— Oi papai! Por que ain... – fora interrompida por uma voz feminina, que dava uma das piores noticias a ela.

As lágrimas rolaram pelo seu rosto, não acreditando no que acabará de ouvir. – Ah... O-obrigado... Logo e-estarei ai para re-resolver... o velório.

Seu pai havia morrido em um grave acidente de carro, reportou a moça. Não acreditava no quanto a vida conseguia ser miserável, tiraria as pessoas mais importantes de sua vida.


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