A New Order escrita por TiiaMeddy


Capítulo 24
Enfrentando o Passado




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—Masamune, eu quero uma revanche! Oliver, se transforme em arma!

—Ahaha! Se acalme, Erin.

 

Após o torneio e finalmente entrando em novembro, Erin estava furiosa por perder novamente para Masamune. Foi derrubada pouco depois de finalmente ter a atenção total do Star, LianYu não aguentando lutar sozinha e sendo a última do trio a cair. Masamune, Tamura e Nathan venceram, como era de se esperar, a garota trancada na biblioteca com Akira desde que recebera a permissão especial do Shinigami-sama. Nathan não tinha tanto interesse nessa parte do prêmio por ser da família do diretor, portanto tendo livre acesso desde seu primeiro dia na Shibusen. E Masamune apenas queria enfrentar bons oponentes. Era uma situação semelhante ao caso do time da albina.

Oliver e Erwin riam daquela cena, o ódio de Erin direcionado a eles sendo mais cômico que preocupante, a arma a entregando um pão doce para tentar minimizar seu ódio. Então, uma figura de preto, Crona, passa entre os alunos, uma enorme multidão passando a segui-la quando repara os papéis em suas mãos. Entreolhando-se, o quarteto os acompanha, a pequena artesã conseguindo se enfiar no meio da multidão enquanto Crona era obrigada a usar as asas de sangue negro para não ser afogada por tantas pessoas, fato que Erin não pôde presenciar.

Erwin, Masamune e Oliver já estavam começando a ficar preocupados, a garota poderia ter se machucado (de novo) naquele meio, e o grito dela poucos minutos depois os obrigou a abrir espaço entre eles. A garota estava viva e bem, mas com um sorriso que ia de orelha a orelha, apontando para o próprio nome (e o de Oliver) naquela enorme lista.

Lista de alunos aprovados para a classe EAT.

Enquanto ela saía pulando corredor afora para contar as novidades a Tsuki e avisar a LianYu sobre os resultados, o trio suspira aliviado, sendo a vez de Erwin procurar seu nome, auxiliado pelos outros dois que estavam do lado. Estava um tanto receoso, não foi tão bem na fase um e dependeu de Masamune para voltarem vivos, então com as expectativas no zero não se decepcionaria caso não encontrasse seu nome entre os aprovados. Mas então, Masamune abraça seu irmão mais novo com força, parabenizando-o por ser um EAT e apontando o seu nome entre os demais, ambos retirando-se junto a Oliver para permitir os outros alunos de também descobrirem se estavam na classe combatente.

 

—Precisamos comemorar! – Masamune erguia o punho fechado, mais animado que o irmão. – O papai vai adorar saber a notícia!

—Por favor, não agora... eu... preciso de um tempo pra...

—Ah, sim, claro... desculpe, me empolguei. – O artesão moreno sorri genuinamente. – É que estou tão feliz que meu irmãozinho poderá estudar comigo. Na verdade que os três poderão. Tsuki e Akira já estavam lá, claro, mas eu também esperava por você, Erwin. Esperava poder te ajudar aqui antes de me formar.

—Não vou me livrar de você tão cedo. – Erwin agrada a cabeça do irmão. – Mas por favor me dê um tempo antes de falar pro papai, ok? Preciso ir em um lugar agora, com licença.

—Claro, clar... espera... COMO ASSIM VOCÊ VAI SE LIVRAR DE MIM!? HEY, ERWIN! – E Masamune não tinha mais resposta dele, sobrando para Oliver explica-lo que aquilo era apenas uma brincadeira.


******

 

“Não é ele. Não é ele. Não é ele.”

Hito repetia em sua mente. Perguntava-se até quando conseguiria dar aulas para a garota, aquela profunda cicatriz de seu rosto sendo idêntica à daquele que o deixou tantas outras, tanto internas como externas. Erin era inocente. Ela não foi a responsável por isso. Mas a insanidade instalada em sua alma devido à sua alma evoluída reagia loucamente à simples presença da garota. Em partes se sentia culpado por isso, era uma boa garota, por mais que fosse terrivelmente impulsiva. Mas essa sua cicatriz interna ainda estava bem aberta, ou melhor, foi reaberta com a ingressão dela na Shibusen.

Precisava respirar, pensar demais naquilo lhe fazia um mal imenso, já saindo da Shibusen para retornar à casa que também chamava de sua. No caminho, encontrara um de seus amados alunos, Erwin sorrindo e se oferecendo para acompanha-lo até a casa da família Evans. Assim, Hito descobre sobre a promoção do loiro para a classe EAT, e não apenas a dele, mas a de Erin também. Estava terrivelmente aliviado. Desta forma, sua convivência com ela seria drasticamente reduzida, o que implicaria em menos crises. Bem, isso se ela fosse mesmo a causa. Mas sentiria falta de seus queridos alunos aprovados, por mais que ainda estivessem na mesma escola.

Enquanto cruzavam um corredor com diversas salas de aula, ao passarem em frente a uma das salas de dança usadas para prática de magia, são “acertados” por uma forte luz. Aquilo os cegou por poucos minutos, ouvindo unicamente os pedidos de desculpa da jovem bruxa aprendendo a controlar seus poderes, Hito a respondendo que não precisava se preocupar.

Porém a voz que saia de sua boca não era a sua própria.

Com a visão estabilizada, olhou da jovem bruxa preocupada para suas próprias mãos, encontrando trajes que não eram os seus, fios loiros caindo em sua visão. Virou rapidamente seu rosto, surpreso em ver ele mesmo ao contrário de Erwin, massageando a cabeça devido à dor causada pela claridade extrema. Obviamente, saíra um breve grito assustado de Hito, ou melhor de “Erwin”. De alguma forma, a magia daquela garota os fizera ir para o corpo do outro, o choque de Erwin no corpo de seu professor sendo bastante claro mesmo que ele não tivesse dito uma palavra desde então.

Porém, a garota os havia dito que era apenas temporário, mas como não controlava bem seus poderes, poderiam ficar até uma semana dessa forma. O pânico se instala em Hito, ele agora como Erwin, não tirando os olhos do próprio corpo. Erwin respira fundo, segurando a mão de Hito e seguindo para a saída o mais rápido possível, sem levantar suspeitas. Por sorte, já estavam acostumados a ambos andando juntos, então tudo o que teve que fazer foi desviar das garotas que insistiam em lançar cantadas, vendo Hito em seu corpo claramente desconfortável com aqueles comentários.

Por sorte encontrou seus parceiros no caminho, chamando-os na direção da saída. Os gêmeos, ainda alheios ao que ocorrera, apenas o seguiram, perguntando-se o que fizeram para chamar a atenção de um professor. Consideraria aquilo um teste de confiança para com seus parceiros, pensando no bem de Hito. Seria um desastre se isso viesse a público, o mais novo tentando evitar toda e qualquer atenção desnecessária.

Já tendo saído da área da Shibusen e encontrando um lugar tranquilo, “Hito” respira fundo e os deixa a par da situação, a troca óbvia de personalidade de ambos fazendo-os acreditar nas palavras de quem dizia ser seu parceiro. Precisavam de um lugar para ficar sem chamarem atenção, e praticamente os implorara para passarem uns dias na casa dos irmãos. E antes que Keith pudesse falar qualquer coisa, Kath aceita facilmente, já guiando-os para a enorme casa que chamavam de sua. Por sorte, ela fora bastante compreensiva.

Chegando e já se instalando no enorme quarto de hóspedes da casa dos Hamilton, Erwin deita-se na cama de casal presente no local, passando a mão pelo rosto e subindo aos cabelos negros. Queria passar mais tempo com seu professor, claro, mas isso já beirava o absurdo! E dias!? Não poderia “invadir sua privacidade” dessa forma!

“Ok, se acalme Erwin...” pensou, sua mente a mil no momento. Precisavam ao menos notificar o Shinigami-sama. E também de roupas, mas este último já tinha uma ideia do que poderia fazer. Respirando fundo, deixou seu lado racional agir, virando-se para Hito. Ele já tirava o casaco de Erwin e o deixava em um canto da cama, era muito pesado em comparação com as que frequentemente vestia. Ele parecia surpreso e estranhamente feliz observando os braços do loiro, com um sorriso melancólico. Não querendo estragar o momento, Erwin logo pega seu celular de dentro do casaco encostado na cama, clamando pela ajuda de Masamune e Mason.

Não demorara muito para o casal aparecer na casa dos gêmeos, Erwin e Hito os explicando a situação e pedindo-os para explicarem a seus pais, em especial para Maka. Ambos se entreolham, concordando com o garoto e dizendo-o que repassariam o recado. Maka entenderia, ambos sabem que Hito está em boas mãos. E também, seriam apenas alguns poucos dias, por mais que Keith não esteja tão satisfeito com estes “visitantes” inesperados.

Com a saída dos garotos, Erwin sugere para que Hito tomasse um banho para tirar o peso do dia e relaxar, o mais velho estranhando a sugestão dele. Afinal, se tratava de seu corpo. Mas não retrucaria, realmente estava precisando, foi um dia cheio. Enquanto Erwin falava com o Shinigami-sama de uma das janelas, o moreno no corpo do loiro adentra o banheiro do quarto, despindo-se e adentrando o chuveiro, sentindo a água correr por seu corpo, os olhos inteiramente fechados desde o momento em que retirava as peças de roupa. Não por se tratar de Erwin, mas por costume. Naquele segundo, ele havia percebido. Querendo ou não, Erwin veria aquilo quando fosse sua vez. Não, ele não poderia saber...

Saiu rapidamente de lá, secando-se e vestindo a muda de roupas que ele o havia dado, atrapalhando-se pela pressa mas logo já estava do lado de fora, ainda parcialmente molhado. Erwin ainda falava com o Shinigami-sama, portanto Hito conseguiu ouvir o fim da conversa. Conseguiram licença para ficarem em casa até o efeito passar, as aulas de Hito sendo assumidas por Maka. Não havia necessidade de mais pessoas descobrirem este pequeno imprevisto, e felizmente Kid concordava com aquilo. Pouco depois sua conversa se encerrou, o moreno de listras os desejando boa sorte antes da janela voltar a refletir seu exterior.

 

—Saiu rápido... – Erwin foi o primeiro a falar, terminando de enxugar os cabelos ainda molhados do outro.

—Eu geralmente tomo banhos rápidos, espero que não se incomode. – Sorriu, sentindo-o agradar os fios loiros. Para Erwin era estranho fazer carinho nele mesmo, mas quando se tratava de Hito ele não conseguia resistir. Já seguia seu caminho para fazer o mesmo, mas Hito segurou suas roupas. – O que houve? Algo que eu precise saber? Esta machucado? – Ele começa a inspecionar “seu” corpo, resultando em um riso leve do outro.

—Não, nada demais... apenas... por favor, se incomodaria de fazer isso de olhos fechados? Tem coisas que... eu não gostaria que visse. – Hito desvia o rosto, incomodado com as marcas que carregava desde antes do nascimento do garoto. Obviamente, pela forma com que ele falara, Erwin acreditou que se tratava de uma outra coisa.

—Ahn... claro, eu vou tentar...


******

 

Estava sozinho, em uma sala que infelizmente conhecia bem. Cada mesa, prateleira, papéis jogados no chão, marcas de sangue... exatamente como naquele dia. Com exceção de uma das mesas cirúrgicas, esta tão limpa como nunca pensou que havia visto. A mesa onde ela havia partido nas mãos do homem que amava. Seu corpo gela, não conseguia se mover, temendo o pior. Porém, para seu desespero, o pior acontecia. Ou melhor, retornava.

Ouvia passos.

Um par de sombras aparece da única porta daquela sala. Uma repleta de costuras e outra com duas serpentes a circulando, expressões feitas de uma névoa branca e brilhante representando seus olhos e boca, este último em um eterno sorriso. A sombra com costuras aponta para uma das mesas, as correntes penduradas tão frias quanto elas próprias ou os instrumentos. Hito recua um passo, não queria ter de passar por aquele inferno novamente. Nenhuma palavra saía de sua boca, e claramente tentava resistir à ordem das sombras, então...

A sombra com serpentes ri, seus animais se enroscando neles próprios e transportando um Erwin desacordado para próximo dela, os répteis negros enrolados nele e, aparentemente, apertando-o. Uma clássica pressão psicológica de “você ou ele”. Temendo mais pela vida de seu precioso aluno que pela própria, Hito cede.

 

Um alto grito surpreende Erwin, saindo de seu monte de cobertas lhe servindo de cama e indo para Hito, ele apavorado e agarrando com força as cobertas e a ponta do colchão, aparentando ainda sonhar. Erwin faz o possível para acordá-lo, ambos os parceiros do garoto também adentrando o quarto após algumas tentativas frustradas dele. Porém, felizmente, Hito acorda, o rosto molhado de suor e lágrimas, com a mais pura expressão de terror que o trio já havia visto pessoalmente. Vendo Erwin, ou melhor, ele mesmo, Hito dispara em sua direção em um abraço forte, deixando correr mais lágrimas enquanto o garoto o confortava. Com isso, os gêmeos de certo modo sabiam que ele assumiria dali por diante, deixando-os a sós.

 

—Sensei, o que houve? – Erwin ainda tentava acalmá-lo, não o soltando em momento algum.

—Um sonho... eu espero... – Agora mais tranquilo, Hito o solta, mas ainda segurava sua mão. Precisava sentir que ele estava bem. Kath logo retorna, trazendo um pouco de água para seu professor, os deixando logo depois de ouvir um breve agradecimento dele. – Foi culpa minha... tanta coisa aconteceu, eu esqueci de cumprir minha condição... mas ainda bem que não afetou a você, Erwin.

—Isso que acontece com aqueles que possuem a alma dokeshi, sensei? – Hito acena positivamente.

—Varia muito de pessoa para pessoa, mas em geral...

—Entendo. Melhor descansar por agora, está tarde. – Erwin se preparava para voltar ao chão, dando espaço para Hito, mas novamente ele o segura com a mão trêmula.

—N-Não... pode acontecer de novo... fique, por favor, Erwin.

 

Não poderia recusar.

Erwin aninhou-se ao lado de Hito, o coração quase pulando pela boca pelo nervosismo quando o mais velho se encostou nele buscando contato, sentindo que não conseguiria dormir muito esta noite. Porém, felizmente, Hito pegou no sono pouco depois, sendo o suficiente para ele.


******

 

Cinco dias já haviam se passado desde que Erwin e Hito sofreram o pequeno acidente e estavam agora no corpo um do outro, já quase acostumados a isso, embora esperando retornar aos seus. Hito por algum motivo estava bem mais leve, motivo que Erwin ainda desconhecia, mas mesmo que seu professor estivesse no corpo que chamava de seu, ele apenas conseguia ver seu rosto gentil de sempre daquele que ele prometeu proteger.

Atendendo aos pedidos dele, Erwin não olhara parte alguma de seu corpo desde que foram para aquela casa, respeitando ao pedido dele. Porém algo estava estranho na mente dele. Digo, seu tronco e intimidades ele entendia bem, mas nem mesmo braços e pernas? Sabia que Hito era um artesão assim como ele, então já esperava algumas cicatrizes de batalhas passadas, mas sentia que era mais que isso. Sentia que se tratava do real motivo de seus pesadelos, de todo o medo que ele sentia ao lado de Erin.

De um artesão três estrelas estar recebendo cuidados de uma ex-aluna a quase vinte anos.

Mas também não exigiria que ele o contasse tudo. Mesmo se passando tanto tempo, via que as sequelas do que quer que lhe tenha acontecido ainda estavam bastante frescas. E a pressão poderia fazer com que ele já não confiasse mais nele. E isso era impensável. Lutou bastante para se tornar próximo dele desde quando era pequeno, não iria por tudo a perder por conta de uma curiosidade boba. Mas infelizmente o destino tinha outros planos para Erwin.

Já preparando-se para dormir e retirando o suor do dia do corpo, e mesmo com a visão nula, uma quantidade anormal de espuma desce por seu rosto e adentra seus olhos, mesmo com eles fechados¹. O incômodo logo veio, fazendo Erwin abrir os olhos permitindo que a água os lavasse. Logo já estava melhor, mas apenas fisicamente, sentindo sua alma deixar o corpo ao quebrar a promessa de Hito. Eram inúmeras... centenas de cicatrizes cobrindo-o das pernas ao pescoço, a maioria delas aparentando ter sido reaberta inúmeras vezes. Aquilo definitivamente não foi resultado de combates. O choque foi substituído pela raiva. Seja lá quem tiver feito aquilo com ele, certamente Erwin terá sua alma. Mas... como explicaria para Hito o que havia visto...?

Enquanto saía, sua cabeça estava tentando encontrar uma boa resposta para ele e também uma desculpa razoável, mas não conseguia tirar aquilo da cabeça. Voltando ao quarto, Hito via bem pela expressão do garoto o que havia acontecido, os olhos de Erwin claramente implorando por perdão enquanto Hito apertava o tecido das próprias roupas. Erwin nada disse, apenas sentou-se ao seu lado e o puxou para seu ombro, oferecendo apoio. O professor sabia que ele descobriria mais cedo ou mais tarde, só não esperava que fosse tão cedo...

 

—Foi... uma missão em particular, antes da guerra... – Hito tremia um pouco, mas estava firme em contar tudo para ele. Confiava em Erwin. Vendo isso, ele segura as mãos de Hito, puxando-o para se encostarem na cama. Sentia que não acabaria bem, mas ouviria atentamente a cada palavra dita por ele. – Eu e minha parceira temporária, Marie, tínhamos ido em busca de um artesão desaparecido. A Shibusen suspeitava de que ele havia sido sequestrado ou se rendido à insanidade, e precisávamos encontrá-lo para ajudá-lo. Estávamos muito confiantes, em especial Marie, que havia sido designada sua parceira antes de seu desaparecimento e era bastante claro que ela era apaixonada por ele. Mas...

—Não o encontraram, sensei?

—Muito pelo contrário... – Hito continha as lágrimas, de forma inútil. – E-Ele que fez isso comigo. S-Stein foi... um antigo senpai da Shibusen. Me ensinou tanto, mas... – Ele soluçava, abraçando as próprias pernas para esconder o próprio rosto. – Mas ele foi por vontade própria na direção da loucura! Ele e aquela cobra maldita nos trataram como uma pilha de carne, se divertindo com nosso sofrimento, e com aquilo, Marie... minha parceira...

 

Erwin o abraça, um abraço apertado que Hito precisava por muito tempo. Por um tempo, tudo o que ele fez foi deixar suas emoções agirem, pondo para fora todo o sofrimento que ele tem de ocultar de seus alunos. Porém as palavras que vieram a seguir o deixaram em um completo choque.

 

—Marie foi morta por quem ela amava... e eu... absorvi sua alma. – Por um instante, a mão que agradava os cabelos loiros parara, encarando-o descrente. – Com você... apenas mais três pessoas sabem disso. Crona... Soul... e Maka... depois disso, não lembro de mais nada. Maka e Crona dizem que eu as ataquei, mas... parece como se outra pessoa tivesse assumido meu corpo.

—Então você é um...

—Não... Maka pesquisou bastante quando voltamos. Aparentemente é necessário bem mais de uma alma para um humano se corromper. – Hito leva as mãos ao peito, sentindo as próprias ondas de alma. – Isso ocorreu em um momento de fraqueza, não é como se eu quisesse por fim à minha vida me arriscando e virando um ovo de kishin. Marie não iria querer isso. Não a conheci bem, mas sei que ela iria querer que eu vivesse por nós dois.

—E o tal de Stein? A Shibusen o encontrou?

—Ele desapareceu depois daquilo, e nunca mais se teve noticia dele. Ainda está na lista do Shinigami, mas ninguém o encontrou. Desde que Maka e Crona me salvaram, eu vivo cercado pelo medo. De sair de Death City. De eles me encontrarem. De perder mais alguém que amo. Que a insanidade gerada pela minha alma me consuma. Eu só... queria que aquele dia nunca tivesse acontecido. Que eu tivesse continuado no Japão agindo como um simples artesão local da divisão da Ásia Oriental.

 

Ele logo desaba mais uma vez, buscando o conforto nos braços de Erwin e sendo logo correspondido pelo mais novo. Não tinha ideia da dor que ele havia passado em sua vida, mas agora estava um pouco feliz. Agora ele poderia ajudá-lo. Tinha sua confiança, e o ajudaria neste caminho tão doloroso para ele, carregando parte de sua dor se possível. Não sabem quanto tempo permaneceram aninhados um no outro, buscando conforto e segurança naquela cidade que por mais que fosse uma fortaleza protegida pelo próprio Shinigami-sama, já havia sido invadida. Nesse meio tempo, o efeito da magia que os fizera revelar tantos segredos se desfaz, Erwin não percebendo naquele momento de tensão e enxugando as lágrimas de Hito com os dedos, agradando seu rosto pouco depois.

 

—Eu... não posso nem imaginar como foi carregar tudo isso por tanto tempo. E também não quero dizer que isso foi bom para o seu eu atual, mas sensei... não, Hito... quero estar ao seu lado, precisando ou não. Meu maior e único desejo é ser seu porto seguro, e por isso entrei para a Shibusen. Eu não vou permitir que ninguém o machuque, então escute o pedido egoísta deste jovem artesão. – Erwin respira fundo, buscando coragem e tentando ignorar por completo o nervosismo que estava claramente presente em sua alma. Então, solta aquilo de uma vez, encarando fixo os olhos verde-água do dokeshi em sua frente. – Por favor, more comigo!


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Notas finais do capítulo

1- Uma pequena notinha apenas para falar: sim, isso é possível e já me aconteceu. E sim eu sou desastrada pra caralho-



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