Enquanto meus pais estavam no quarto de Artur, vi João e Miriam entrando no hospital quase correndo.

— Marina! - disse Miriam, vindo me abraçar.

— Oi Miriam! - exclamei, a abraçando.

— Como tá o Artur? - perguntou João.

— Já está fora de perigo. - sorri respondendo e eles respiraram aliviados, se abraçando. - Por quê demoraram tanto pra vir para cá?

— Tivemos que fazer o Benjamin adormecer, porque a mãe da Miriam não suporta ser acordada e como ela já estava dormindo, preferimos deixá-lo dormindo. - respondeu João.

— Mas ele tá bem mesmo?

— Está sim, fique de boa.

Assenti e eles cumprimentaram os pais de Artur, logo depois meus pais voltaram.

— Agora eu vou lá. - disse Antônio.

— Eu vou com você pai. - disse Lucas, se levantando.

— Certo, depois é sua mãe e sua irmã.

Lucas concordou e os dois se levantaram indo até o quarto de Artur. Foi quando ouvi meus pais conversando.

— Será que ele vai pensar? - perguntou meu pai.

— Espero que sim... - disse minha mãe.

Curiosa e intrigada, me aproximei:

— Pensar no quê? - perguntei os deixando meio sem graça.

— Bom filha... sobre vocês dois. - minha mãe respondeu, sem jeito - Falamos que agora que ele está bem, seria ótimo se ele voltasse com você, agora não tem mais nada que impeça vocês de voltarem a ficar juntos.

— Na verdade... tem sim. - suspirei, apontando discretamente para a mãe dele.

Bem, não tão discretamente assim.

— O que foi garota? - perguntou Júlia, se levantando.

— Nada. - respondi rápido.

— Estavam falando da minha mãe?

— Não querida, estávamos falando sobre eles dois voltarem a namorar agora que tudo está a favor disso. - disse meu pai.

— Mas não vai mesmo. Depois de tudo que você fez meu irmão sofrer, o quão abalado ele ficou quando soube que você não esperou ele voltar e estava casada com outro. Ele não merece você mais! - esbravejou ela. 

— Olha aqui Júlia, eu não tive a oportunidade de contar isso antes, mas agora eu vou falar! O Artur quem perdeu a oportunidade de voltar comigo quando voltou. Porque na mesma noite, o João fez uma festa de boas vindas pra ele e eu estava disposta naquele momento a terminar com o Roger e voltar com ele, só que ele disse umas coisas tão absurdas pra mim que me fizeram desistir dele. - respondi quase gritando, nervosa, fazendo Júlia baixar a guarda. - Eu posso sim ter errado em não esperar ele voltar, mas que ele também errou comigo ele errou, então não venha me atacar como se eu fosse a vilã da história tá?

Chateada, saí da recepção do hospital e fui pra fora, de braços cruzados, olhando a rua pouco movimentada.

                                             ***

Pouco depois que entraram no quarto, meu pai foi pegar um copo de água para ele enquanto Lucas ficou do meu lado.

— E aí? Ao menos deu para você e Marina se acertarem? - ele perguntou me fazendo bufar.

— Não sei, não a vi desde que acordei. - falei o olhando.

— Então quando ela vier aqui te ver, aproveita e volta com ela. 

— Não sei se devo... os pais dela também falaram isso pra mim, mas não acho uma boa ideia.

— Ué, como assim? Você não a ama? Ela não ama você? - ele me olhou confuso.

— Sim mas... quem garante que se o Roger estivesse vivo ela já não teria voltado com ele, e os dois voltariam a morar juntos? É melhor eu esquecer ela de uma vez. - suspirei.

— E o beijo que vocês deram? - ele me olhou, mais confuso do que já estava.

— Deve ter sido o calor do momento. Ela estava tão frágil, tão preocupada com o sumiço dele.

Ele então suspirou, derrotado.

— Bom, você que sabe. - ele disse.

Depois disso, foi a vez de Júlia e minha mãe, que estavam felizes por eu ter sobrevivido, mas ao contrário de todos, não tocaram no assunto de Marina, o que foi até bom, pois minha cabeça provavelmente explodiria de tanto ouvir esse assunto.

Depois de um tempo, o médico entrou no quarto.

— Bem Artur, sua recuperação ainda não está cem por cento, mas até amanhã de manhã, você irá receber alta. Sua evolução está altíssima! - comemorou o médico enquanto Júlia abraçava nossa mãe.

—Que bom doutor, não aguento mais ficar aqui. - brinquei.

Quando ele se retirou, pediu que as duas fossem juntas, pois ainda tinha uma pessoa para me visitar. Fiquei lá, parado, esperando ser Marina, mas me surpreendi quando Maria Alice apareceu.

—Oi amigo.- ela sorriu.

— Oi, que surpresa hein sumida? - eu ri.

— Você quem ficou sumido por causa da aventura. - riu ela. - Como está se sentindo?

— Bem melhor, se pá vou ter alta amanhã.

— Que bom. Mas como isso tudo foi acontecer? - ela perguntou sentando na poltrona ao lado com a alça da bolsa pendurada no braço.

Contei toda a história pra ela desde a última vez que nos encontramos até o momento em que Pietro atirou em mim e não vi mais nada. Ela escutou tudo atentamente e parecia chocada com a história. Eu posso não ter me apaixonado por ela, mas sem dúvida Maria Alice era uma garota incrível, qualquer homem seria sortudo de tê-la e eu espero que ela encontre alguém por não merecer ficar sozinha.

E isso não é exagero, pois quando acabei de contar tudo, ela tocou meu ombro.

— E por quê você não volta com a Marina? - perguntou.

— Não acho que ela me ame. Será mesmo que se o Roger estivesse vivo ela desistiria dele pra ficar comigo? Não. Voltaria a morar com ele. - respondi, frustrado.

— Engano seu, meu amigo. Ela realmente queria voltar com você. 

— Como sabe?

—Quando cheguei aqui, encontrei-a sozinha na entrada, sentada em uma das cadeiras, então quando perguntei de você, vi que ela estava meio abalada, chateada e perguntei pra ela o motivo. E foi quando ela contou que sua mãe e sua irmã estavam botando pilha para que você não aceitasse voltar com ela, por causa da dor que ela te causou. Só que ela estava disposta a largar o Roger naquela mesma noite, na sua festa de boas-vindas que o João fez pra você, mas seu comportamento rude e grosseiro fez ela mudar de ideia. - ela revelou e eu fiquei chocado. - Mas, essa reaproximação de vocês, desde que o Roger desapareceu, fez ela gostar de você novamente, só você não quer ver, talvez pela dor de tê-la perdido, mas realmente ela te ama.

Chocado, não pude hesitar em perguntar: 

— Ela falou isso agora? - a olhei.

— Sim, enquanto sua mãe e seus amigos vieram te ver, eu estava lá com ela, esse tempo todo. 

Então, realmente o burro da história fui eu. Me deixei levar pela raiva e pelo orgulho e acabei sendo arrogante e grosseiro com ela. Tudo bem que tinha meus motivos óbvios, mas eu errei em tratá-la daquela maneira, totalmente errado. E agora, mais ainda ao achar que ela não estava nem um pouco interessada em mim, não vi que ela gostava de mim. 

Arrependido, levei as mãos aos cabelos, tentando me acalmar.

— Agora você volta com ela? - perguntou Maria Alice.

— Com certeza. - respondi.