Unique Love escrita por Gabriel Lucena
Confesso que reencontrar Pietro naquela tarde me deixou um pouco balanças, afinal, querendo ou não, ele e eu temos uma história juntos. Curta, mas temos.
E ainda por cima, ele demonstrou ter me superado, o que era ótimo pois assim poderíamos voltar a ser amigos e ele podia nos ajudar a descobrir a verdade sobre Roger. Por mais quê Artur estivesse convencido de que ele doi sequestrado não por dinheiro, por um lado fazia sentido, mas não estávamos conseguindo desvendar o mistério e eu já estava ficando sem esperanças.
No dia seguinte, os pensamentos que Roger teria sido morto e tido o corpo jogado ao mar me impediram de dormir direito, pois eu fechava os olhos tentando dormir e esse pesadelo vinha. Quando eu acordava, me acalmava e tentava dormir de novo mas o pesadelo continuava vindo. Na terceira vez, eu gritei e acordei chorando.
— O que foi? - perguntou Artur, num sussurro.
— Um pesadelo... Horrível. - Respondi ofegante.
— Foi com o Roger?
— Ele... O corpo dele era encontrado no fundo do mar. Morto, dilacerado...! Eu tô angustiada, vai que isso vira realidade.
— Calma Marina, isso não vai acontecer. Notícia ruim sempre vêm primeiro. - ele disse, deitando ao meu lado.
— Mas a gente não acha nem o corpo. E já faz um mês. - olhei ele com lágrimas nos olhos.
— Mesmo assim, uma hora a gente o acha. É porque isso está mexendo com sua cabeça, é essa angústia que está te dando pesadelos. - ele disse enquanto secava meu rosto.
— Não tem como não ficar angustiada.
— Eu sei, mas vai passar...
Assenti, mesmo que não tivesse tanta certeza disso. Logo ele voltou pra cama dele e eu pedi para dormir lá com ele, pois talvez o conforto dos braços dele ajudassem.
Ele fez uma longa pausa antes de responder:
— Tá bom, pode vir.
E então deitou mais para o lado dando espaço pra mim. Deitei-me ao lado dele e o abracei. Surpreendentemente, ele não recuou, me abraçou de volta.
— Quem é você e o aue fez com o Artur? - brinquei o olhando e ele riu.
— Como assim? - perguntou ele, rindo baixo.
— Faz pouquíssimo tempo que você era um jovem amargurado e arrogante que me evitava por ter sido abandonado por mim, ou melhor, trocado. Como de um dia para o outro você me trata tão bem assim? - perguntei o olhando nos olhos apesar da escuridão.
— Como eu já disse, uma amiga de trabalho, o João e meu pai me ajudaram a entender melhor o que você fez. Eu sei que não tem justificativa, mas eu nunca fui amargurado e rancoroso como eu vinha sendo. E ainda mais agora que você tá passando por um momento difícil desse. Não posso deixar você desamparada só por um ciúme bobo. - confessou ele, me deixando chocada mas ao mesmo tempo, feliz.
— Sério mesmo?
— Sim, é sério.
Sorri largo feito boba ao ouvir ele dizer aquilo, então o abracei novamente e logo adormeci com um sorriso no rosto.
E sem ter pesadelos.
Acordei no dia seguinte ouvindo o celular dele tocar, ele tinha que ir pro trabalho, então suspirei, ele podia ficar mais tempo aqui comigo.
Logo me levantei devagar e ele esticou o braço para desligar o alarme.
— Bom dia. - eu disse, bocejando.
— Bom dia.
— Vou sair para você se arrumar, ok?
— Claro, pode tomar o seu no banheiro do corredor.
Concordei com a cabeça e fui pegar uma roupa qualquer minha. Ele fez o mesmo e eu saí do quarto dele.
— Pelo visto a noite foi boa hein? - ouvi Lucas dizer, me assustando.
— Que susto Lucas. Tá falando do quê? - sussurrei.
— Saiu do quarto do meu irmão com um sorriso no rosto. Não deve ser à toa né? - ele riu.
— Claro que não garoto. - bufei - Só estou feliz por ele estar me ajudando, coisa que parecia impossível dias atrás quando ele voltou só querendo me evitar.
— Sei como é.
— Sabe nada, fica quieto.
E marchei para o banheiro antes que ele falasse algo mais.
Depois de alguns minutos, saí do banheiro vestindo uma blusa de moletom branca com rosa bebê, jeans e coturnos. Ao chegar no quarto de Artur, vi que ele já tinha saído, pois o cheiro do chuveiro tava impregnado no quarto. Por um breve momento, respirei fundo sentindo aquele cheiro gostoso do xampu que ele usava, depois, fechei a porta e fui pra cozinha, onde somente Artur e Lucas estavam.
— Oi, cadê o pessoal? - perguntei.
— Já foram. - disse Lucas, terminando a caneca de Nescau e levantando com a mochila.
— Nós também estamos de saída. - respondeu Artur, fechando a torneira.
— Posso ir para o seu trabalho com você Artur? Quero ver se arrumo um emprego, seu lá.
— Emprego? - ele me olhou surpreso.
— É, quero ter mais liberdade, talvez eu trabalhando consiga ocupar mais a minha mente.
Artur sorriu meio tímido, se aproximando.
— Posso te levar lá sim, não prometo nada mas podemos tentar. - concordou.
— Ótimo.
Logo Lucas se retirou correndo com a mochila para fora de casa, depois, Artur e eu saímos.
***
Até que dormir abraçado com Marina não tinha sido tão ruim como eu pensava, pois eu me senti feliz e até relembrei de anos atrás quando ainda estávamos no ensino médio e às vezes, como quase todo casal de adolescente, dormiamos junto e era tão bom.
Assim que terminei o banho, vesti uma calça de moletom bege, uma camisa de botão preta com botões e tênis branco, depois saí do quarto sem esperar Marina sair, achei que seria melhor chegar na cozinha sozinho.
— Bom dia filho. - disse minha mãe.
— Bom dia. - respondi, me sentando.
— A Marina já levantou?
— Sim, tá se arrumando.
— Eu tenho uma reunião importante hoje, tenho que ir. Manda um beijo pra ela. - disse meu pai, se levantando da mesa.
Depois Júlia saiu da mesa para se arrumar pra escola e depois minha mãe saiu levando a louça. Poucos segundos depois, Marina chegou e disse que queria ajudar pra arrumar emprego, queria distrair a mente. Eu não levei muita fé que era esse o motivo, mas preferi não contrariar e então fomos juntos até meu trabalho.
— Olá Artur, trouxe a namorada pra conhecer seu local de trabalho? - riu meu chefe.
— Não senhor. - ri sem graça - Trouxe ela para conversar com o senhor.
— Ótimo, me acompanhe por favor. E Artur, bom trabalho. Espero que tenha descansado na sua folga.
— Descansei sim senhor, obrigado. - sorri e fui rumo à minha sala.
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