Together By Chance 1 Temporada REBOOT escrita por M F Morningstar, Shiryu de dragão


Capítulo 21
Revelações...


Notas iniciais do capítulo

Olá, capítulo novo!

Boa Leitura!!!



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P.O.V Melissa Chieses Santos

Tudo estava muito confuso para mim. Afinal de contas, o que está acontecendo aqui?

— Não posso acreditar no que estou vendo, meu irmão...

— Quer dizer então que Asmodeus mandou você aqui para me matar? Aquele maldito!!! – Diz João ou Sairaorg Gremory, estou sem entender, porque ao mesmo tempo que aquele era meu irmão, também não é, pois está mudado e a voz diferente.

— N-não... Ó grande S-Sairaorg é que... – O monstro gaguejava nervoso.

— Já estou cansado de você, desapareça!!!

Um fogo extremamente poderoso de uma cor azulada consome o corpo de Ipes, o fazendo desaparecer por completo. Olhar aquilo era como assistir ao filme. Parecia surreal. Um tremendo de um filme de fantasia e ação!

— Asmodeus, você vai... – Antes que aquele ser a minha frente, que anteriormente era meu irmão, completasse sua frase, um grito alto e demorado escapa de seus lábios.

Aquele grito ecoava pelos céus, era extremamente elevado e ao mesmo tempo que lembrava um grito de dor, parecia outra coisa. O ser que lembrava do meio irmão, mas ainda assim não era ele, cai no chão de joelhos.

— Eu não posso ficar aqui por muito tempo... Maldito selo! – Mais um grito surge, mais alto que o anterior e mais aterrorizador.

De repente, o grito cessa, ao mesmo tempo que seu corpo caia para o lado, desmaiado. Lentamente a sua aparência voltava ao normal, revelando novamente o que outrora era meu irmão.

Ao perceber que era novamente meu irmão, corro até ele.

~~~~~*~~~~~

Havíamos colocado João e Mônica deitados em um pano grande no chão, para depois cobri-los com um cobertor evitando que o frio que começava a surgir entrasse em contato completo com a pele. Ficamos sentados perto deles, ao meu lado estava Lysandre e Monique, ambos me amparam nesse momento.

— Okay. O que acabou de acontecer explica muita coisa e cria ainda mais dúvidas. – Cascão afirma.

— Afinal, o que o João é? – Cebola indaga pensativo. – Aquele demônio de ácido conhecia ele, pelo o que deu para entender.

— Não sejam tolos!!! – Grito irritada. – O João é só um garoto comum como todos nós!!!

— Pelo contrário. – Uma voz de repente surge. – Nesse garoto existe algo que o faz ser bastante diferente de todos vocês.

Ao olhar para trás, vejo um homem alto, loiro, com asas angelicais brancas, vestindo uma armadura numa tonalidade de cor bronze, empunhando uma espada branca brilhante. Seus olhos eram azuis como a cor de um céu sem nuvens.

— Ângelo! – Exclama Xaveco feliz em ver o anjo.

Através disso, pude perceber que alguns conheciam aquele ser que havia acabado de surgir, mas como eu, outros não o conheciam e estavam surpresos.

— Não é possível! Falta mais o que para essa noite ficar mais bizarra do que já está? – Ironiza Castiel.

No fim, até eu concordo com a ironia do Castiel. Essa noite está um caos, só falta aparecer um homem elefante sentado em cima de um unicórnio azul.

Mas agora a pergunta que não quer calar...

O que é que está acontecendo aqui?

P.O.V Ângelo Trindade

— Tragam a Mônica até mim. Vou curá-la.

— Mas e o meu irmão? – Pergunta uma garota que eu conhecia pelo nome de Melissa apenas por observar a turma as vezes.

— Tragam apenas ela aqui. – Ordeno ignorando a menina, mesmo que eu tenha a ouvido.

Cebola pega a Mônica no colo a trazendo até mim. Com apenas um sopro, curo as feridas nas pernas da garota. Aquele ácido que outrora machucou gravemente as pernas da Mônica parecia nunca ter a atingido, pois eu havia curado ela completamente. A garota dentucinha que eu conheço desde pequena começa lentamente a abrir seus olhos, acordando daquele sono sem sonhos.

— Você está bem, Mô? – Pergunta Cebola olhando a garota com ternura.

— Estou sim, Cê. Obrigada. – Após o garoto de cabelos espetados a pôr no chão, a mesma olha para o corpo do João, correndo para ele.

— Mônica, se afaste dele! – Digo em um tom autoritário e sério.

— M-mas... por quê? – Pergunta ela parando e me encarando.

— Eu vim aqui para matá-lo.

Todos se espantam e me olham de forma assustada. Não que eu já não esperasse essas expressões.

— Matar o João?! – Ao escutar aquela voz suave toda a minha atenção vai para a dona da voz. A garota era loira, tinha olhos azuis, e eu sabia que o nome dela era Monique, eu não a conhecia, mas ao mesmo tempo..., ela me parecia familiar. – Ele nos salvou daquele demônio e você ainda quer matá-lo?

— É o destino dele. Para que toda a humanidade esteja em segurança, isso é o melhor a se fazer! – Volto minha atenção para o garoto que estava ainda desmaiado. Ergo minha espada e começo a andar em direção a ele, porém, Mônica não se afasta, pelo contrário, fica na frente.

— Já mandei se afastar, Mônica! – Digo sem olhar para ela.

— Não até você me explicar a razão de fazer algo assim. A Monique tem razão, não tem motivo para matar alguém que nos salvou. Além disso, você deve saber mais a fundo tudo o que aconteceu aqui! Pode ir contando agora!!! – Exige uma resposta a garota a minha frente.

Parece que era inútil debater e muito menos conseguiria cumprir meu dever sem a oposição de todos ali presentes. Pois bem, o que me resta é dizer a verdade.

— Certo. Sentem-se todos.

Todos se acomodam e apenas eu permaneço em pé.

— Quem vive nesse garoto não é um ser humano comum, mas sim, um poderoso demônio chamado Sairaorg Gremory.

— Esse foi o nome que aquele Ipes tinha chamado o João! – Se manifesta Cascão.

— Há séculos atrás, pouco antes da criação da humanidade, nascido do relacionamento de Lúcifer e Lilith, nasceu um demônio extremamente poderoso, chamado Sairaorg Gremory. Seu poder era incrivelmente grande e se equiparava a servos diretos de Lúcifer. Sairaorg, ao longo de sua vida, foi aumentado cada vez mais seus poderes e se tornando cada vez mais uma ameaça até mesmo aos seus iguais.

— Meu Deus! – Exclama Denise se benzendo.

— Sairaorg era um demônio bastante solitário, entretanto, possuía muitos servos obedientes que morriam a cada dia que se passava. Seu coração era puramente e extremamente maligno.

Faço uma breve pausando olhando a todos presentes. Novamente meus olhos param na garota loira, mas deixo isso de lado, voltando a minha explicação.

— Um dia, ele foi para Terra para fazer suas maldades. Sairaorg matou milhares de pessoas pelo mundo todo, sua diversão era fazer a todos sofrerem. Mesmo em tempos atrás, muitos anjos vinham com a intenção de capturá-lo para o mandar de volta ao Inferno, mas ele sempre saía vitorioso, tanto que foi necessário que o mais poderoso dos arcanjos, Gabriel, descesse do Reino Da Luz para o deter. Gabriel e Sairaorg tinham poderes equivalentes, sendo assim, a luta de ambos ameaçava todo o Sistema Solar a ser erradicado. O arcanjo teve de prender a alma de Sairaorg para que tudo voltasse a normalidade.

— Incrível!!! – Cascão ouve tudo comendo pipoca, mas nem dou bola.

— Ao ter sua alma capturada, vimos que ele havia conseguido sair do inferno com seu próprio poder, então seria inútil bani-lo para lá novamente. O que decidimos, era que em alguma geração, sua alma fosse selada e fundida com algum ser terráqueo que tivesse um coração extremamente puro e que não tivesse capacidade alguma de ser corrompido, pois, se colocássemos ele em qualquer pessoa, ele poderia voltar novamente.

— Então no fim..., o João era esse ser escolhido? – Balanço a cabeça afirmativamente confirmando o que Cebola havia indagado.

— Colocamos sobre ele um selo para que ele não se manifestasse em sua estadia na Terra. Porém, ao manifestar seus poderes em grande escala, somado ao contato com seres de outro mundo, fez com que o selo se enfraquecesse. Por isso, se eu obliterar seu corpo junto com sua alma, Sairaorg deixará de existir.

Todos se encontravam em pleno estado de choque com o que eu acabara de contar, mas não tinha outra opção. Gostaria de poupá-los desta terrível realidade, mas era necessário que eles soubessem.

— Agora, se me permitem...

Me aproximo de João e novamente empunho a espada, mas Mônica volta a ficar na minha frente. Melissa se junta a ela.

— Mônica? O que está fazendo?

— Eu já disse que não vou deixar matá-lo!

— Você não compreende? Se o selo se romper, toda a humanidade pode ser extinta! Ele não é um garoto comum! É uma ameaça em potencial!!!

— Você não disse que dentro dele habita uma alma tão pura que é capaz de remeter toda essa malignidade? Então, qual o motivo de matá-lo? – Rebate ela.

— Ele pode despertar de novo. O selo está enfraquecido!

— Ele só não precisa usar seus poderes novamente, não é? Nesse caso, eu me comprometo a não deixar isso acontecer novamente! – Diz ela, permaneço em silencio. – Eu vou cuidar do João, me deixe essa responsabilidade!

— Me desculpe, Mônica...

Faço uma pequena ventania com minha espada que as fazem voar alguns metros de distância, o suficiente para não se machucarem com a bola de energia que lanço logo em seguida, também pela minha espada, mas...

— Como é?!

A bola de energia se dispersou antes de chegar em seu corpo!

— Um c-campo de força, mas quem...

Olho para trás e vejo aquela menina loira, Monique, com uma luz em seu corpo olhando fixamente ao João. Sua aparência havia mudado. Seus cabelos eram brancos, suas orelhas ficaram pontudas, sua pele ficou ainda mais branca e nela cresceram asas douradas.

Meus olhos se arregalam de espanto ao perceber quem estava a minha frente. Logo lembranças de muito tempo atrás me invadem. Eu me recordo dela..., mas isso não importa agora!

— Você! Sabia que havia algo diferente... Só podia ser uma Andarilha Dos Sonhos.

— Isso mesmo, anjo. – Algo me dizia que as memórias de Andarilha ainda estavam trancadas, pois a mesma não me reconhecia, assim como antes dela se revelar, eu também não a reconheci. – Agora que tudo isso aconteceu, descobri que de alguma forma sou ligada a ele. E acredite... não deixarei você matar inocentes como ele. No final de tudo, você meio que obrigou que meus poderes fossem despertados.

— Essa é nova! Não sabia que Andarilhos protegiam pessoas maléficas. – Digo dando uma risada, mas a garota permanecia séria.

— Eu protejo João desde os sonhos dele, então não vou deixar que o mate aqui e agora. – Fico quieto a ouvindo. – Agora tenho conhecimento do meu propósito. Sempre fui a luz dele em momentos que Sairaorg o perturbava em seus sonhos, o protegi.

— Vocês são seres poderosos e que não aparecem a qualquer momento. A escolha para proteger algum ser é algo raro. E mesmo assim, escolheu alguém maligno.

— Ele não é maligno, mas o demônio ao qual vocês “santinhos” ligaram a ele sim. Você não tem o direito aqui de falar algo, quando traçaram o caminho de alguém puro que não pediu por isso!

— Eu realmente não me importo com o que você diz. Nossas escolhas foram para salvar dezenas. – Logo vejo a atenção da Andarilha se direcionar brevemente para as garotas atrás de mim.

— Mônica. Melissa. Não se preocupem. Vocês não estão sozinhas!

Rapidamente a Andarilha passa por mim, indo em direção ao garoto desmaiado, ficando ao lado das meninas. Sinto sua forte aura, além de sua determinação. Com toda a certeza ela não arredaria dali.

— Eu também irei proteger o João!

Analiso bem a situação. Percebo que se tentasse fazer algo forçado, poderia acabar matando alguém. Desse modo, não vejo que tenho outra escolha.

— Está bem. – Respiro fundo. – Deixarei ele nas mãos de vocês, porém, qualquer sinal de rebeldia ou de fraqueza farei com que o mesmo deixe de existir. E nem mesmo você, Andarilha, poderá me deter!

— Pode ficar tranquilo, anjo metido! – Exclama a loira. – Eu o protegerei com minhas forças.

Viro as costas e, antes de voar, falo:

— Tomem cuidado!

Dou uma última olhada para a Andarilha que outrora conhecia bem. Numa velocidade extrema, parto em direção ao Reino da Luz. Teria de me explicar com os superiores que me mandaram executar a missão, se bem que... acho que eles já sabem de tudo. Só espero que eles me compreendam, o que não é algo muito comum. Contudo, prometo que no fim de tudo, destruirei qualquer possibilidade de Sairaorg retornar!

P.O.V Castiel Salvatore

Eu não acreditava no que estava vendo, a minha garota virou um ser com asas, mas não um ser qualquer, era a mesma do desenho... Ela é a Andarilha Dos Sonhos mais poderosa!

Todos ao meu redor estavam surpresos ainda sobre tudo o que havia acontecido. Aquilo tudo era difícil de digerir. Eu sei que tinha visto vampiros antes, mas isso é maior que um mero vampiro! Tudo o que a Monique desenhou é real...

Observava Monique de longe curando João com sua magia dourada e prateada. É surreal vê-la tão diferente de como conheço. Ela é ainda a minha Monique?

— Pronto. – Diz ela sorrindo mostrando seus dentes brancos, suas presas eram afiadas como a de um vampiro, mas não assustadoras, eram fofas. João logo abre os olhos assustado.

— O que foi que aconteceu? – Pergunta, logo Mônica pula nos braços dele.

— Você está bem! – Diz ela e depois começa a explicar para ele, o que havia acontecido.

— Então é você que me ajudava nos sonhos? – Pergunta João com os olhos brilhando para a minha garota.

Sério??? Se ele continuar babando assim por conta dela eu juro que o espanco! Estou pouco me fodendo se ele é a porra de um demônio!!!

— É. – Diz ela ainda sorrindo.

Por que ela parece tão feliz? E... ela parece que nem lembra mais que eu existo...

— Obrigado. – Diz João sorrindo para ela também.

— Vou deixar-lhes a sós. – Diz ela se virando para mim, porém, seu sorriso não estava mais em seu rosto.

— Monique... – Sussurro, ela começa a andar até mim.

— Não seja tão ciumento. – Diz ela pulando nos meus braços me beijando.

— O quê?! – Exclamo sem entender nada.

Eu não me lembro de ter falado algo... Eu falei?

— Pensamentos. – Ri ela.

Agora eu percebo que ela havia feito de propósito, pois estava lendo meus pensamentos. Danadinha!

— Você agora pode ler o pensamento de todos? – Pergunto, e ela ri mais ainda.

— Não. – Responde simplesmente o que me faz arquear uma sobrancelha confuso.

— Então como pode ler o meu?

— Porque eu me apaixonei por você. Andarilhos quando amam se prendem involuntariamente com seu amado. Ou seja, eu posso ler seus pensamentos quando quero. Além disso, você é protegido magicamente, ou seja, são poucas coisas que podem te machucar. E ainda..., há outras coisinhas, mas eu não vou falar tudo. – Olho para ela surpreso, mas a mesma apenas sorri como se aquilo fosse normal e simples.

— Você é ainda a mesma Monique? – Pergunto receoso.

Ela parecia tão cheia de luz, tão radiante que era estranho vê-la daquele modo. É totalmente diferente do que eu conheço.

— Claro. Só sou mais forte e tenho minhas lembranças de volta, ou quase todas, acho que ainda estão se desbloqueando aos poucos, pois como Andarilha vivi muitos séculos. – Ela chega perto do meio ouvido e sussurra: – Só que agora não preciso mais de fantasias sexuais.

— Safada. – Digo com um sorriso malicioso, e ela me mostra a língua. É! Ela é a mesma Monique.

— Agora eu preciso proteger algum lugar, mas não sei qual. – Diz ela me olhando como se quisesse uma sugestão.

— Proteger como? – Pergunto a fazendo rir.

— Como se fosse uma sala segura, onde nada de ruim pode acontecer. – Explica, e eu concordo com a cabeça.

— Que tal o refeitório? – Sugiro sabendo o quanto ela ama comer.

— Ótima ideia! – Pisca para mim e logo vai até o meio de todos que não paravam de fofocar sobre todo o ocorrido. – Prestem atenção! Por favor.

— Já era feia antes, agora está pior. – Comenta Carmem que é totalmente ignorada pela Mo.

— Eu irei proteger o refeitório para que possamos ter um lugar seguro. Se estiverem com problemas corram até o refeitório e estarão seguros. – Explica ela, porém, todos parecem duvidar da mesma que não se abala.

Monique vai até o refeitório que estava perto de onde todos estávamos e começa a conjurar uma magia que eu não entendia, ela falava numa língua totalmente estranha. Com o tempo o refeitório começou a brilhar em um tom prateado cintilante. Quando ela termina de falar, a construção toda fica com uma espécie de película brilhosa e transparente. Era a sua proteção.

Não havia um que não olhava assustado ou fascinado.

— Isso não adianta nada, temos que sair desse acampamento! – Diz Carmem, de modo que alguns concordavam com ela.

— Claro. Façam o que quiserem. – Diz Monique entrando no refeitório.

Vejo grupos se formando, uns querendo ficar no refeitório, outros querendo ir embora. Eu não estava com nenhuma vontade de ficar prestando a atenção naquelas pessoas, então tratei de ir atrás da Mo.

P.O.V Monique Lockwood

*~~Flashback On~~*

— Meu Lorde. – Digo me ajoelhando e abaixando a cabeça em sinal de respeito.

— Eu já te disse para não fazer isso, LightMare. – Diz meu Lorde me chamando pelo apelido dado pelo mesmo. LightMare foi um apelido carinhoso para significar o oposto de Nightmare.

— Eu sei. – Murmuro me levantando e olhando para baixo.

— Você sabe que pode me olhar nos olhos, LightMare. – Diz calmamente.

— Eu não quero lhe desrespeitar, meu Lorde. – Digo o que o faz rir.

— Você sempre querendo ser tão formal. Não sou seu Lorde e você não me desrespeita em nada. Só quero que seja normal comigo. – Diz pegando no meu rosto o acariciando.

Seus olhos vermelhos intensos me traziam uma calmaria inexplicável. Eu era a única que me sentia à vontade olhando nos seus olhos, todos enlouqueciam ou ficavam com medo, até seus servos não tinham a coragem de lhe encarar. Dizem que quem o encara é como encarar sua maior culpa ou seu maior medo, mas comigo... isso nunca aconteceu.

— Eu sou a única que consigo olhar normalmente para você. – Sussurro. – E por isso, acho que estou te desrespeitando.

— Você sempre com esse pensamento sem sentindo. – Revira os olhos.

Seus cabelos pretos balançam um pouco enquanto ele se afasta de mim indo até o centro de um círculo todo desenhado com símbolos místicos.

Observo ele tirar sua camisa jogando-a para longe, mostrando seu corpo definido. Sua pele era branca como mármore, em suas costas haviam marcas de cicatrizes, lembranças do passado. Eu poderia facilmente removê-las, mas ele queria que continuassem lá, para poder lembrar do passado, da injustiça que fizeram com ele, das mágoas.

— Está pronta? – Pergunta já começando a fazer o círculo e os desenhos do chão brilharem.

— Você tem certeza que quer me deixar mais forte? – Pergunto ainda sem entender o motivo dele de querer me deixar mais forte.

— Se eu propus isso, é claro que tenho. – Ele ri e logo me estende a mão.

A seguro entrando no círculo. Sentia o poder brotar pelo meu corpo, sentia a magia correr pelo meu sangue. A cada palavra recitada em nome da magia, me sentia mais forte. Meu corpo começou a mudar, ficar mais brilhoso e asas começaram a surgir, asas majestosas e douradas.

Quando a conjuração acabou, o círculo e os desenhos se apagaram mostrando o sucesso da magia.

— Como se sente? – Pergunta já sabendo a resposta.

— Me sinto forte. E... eu tenho asas! – Digo sem acreditar. – Você sabia que ia acontecer isso?

— Como poderia saber? Nunca fiz isso antes. – Me responde sinceramente. Eu realmente era a primeira Andarilha Dos Sonhos em que ele confiou.

— Obrigada. – Digo e quando iria me curvar, ele me puxa para que eu ficasse de pé, mas acabo sendo puxada um pouco mais forte do que o previsto fazendo com que eu fique colada em seu corpo.

— Nada de se curvar. – Diz ele se afastando de mim. Ele parecia tão normal e intocável que acabei ficando constrangida de ter sentido uma vibração quando acabei colada nele. – Vem. Vou lhe ajudar a descobrir todos os seus novos poderes. – Diz abrindo suas asas pretas enormes, eram lindas. Concordo com a cabeça.

Ninguém sabia o que acontecia dentro de sua fortaleza. Ninguém nunca entrava nela sem permissão, pois seria um desrespeito. Entretanto, eu era uma das únicas que tinha livre acesso.

Apenas eu tinha sua confiança.

*~~Flashback Off~~*

— Monique? – Me chama Castiel preocupado. – Você está bem?

— Estou. – Digo, e ele me olha desconfiado.

— Você ficou parada olhando para um ponto fixo por uma hora.

— Eu só acabei lembrando de uma coisa do meu passado. – Digo a ele simplesmente. Castiel mesmo querendo perguntar o que era, resolveu deixar por isso mesmo.

— Você vai ficar assim para sempre agora? – Me pergunta se referindo a minha nova aparência.

— Não. – Rio.

Nem me lembrava que estava em minha forma de origem. Me transformo rapidamente na garota normal de sempre, a “famosa” Monique. Enquanto sou ela, meus poderes estão contidos, não todos, pois alguns simples ainda posso, porém, só tenho acesso a todos quando estou com minha forma de origem.

— Prontinho. – Digo, e ele ri.

— Eu fico pensando... – Começa, e eu vejo que ele está desconfortável. – O que alguém tão poderosa como você... ainda está fazendo com alguém tão normal como eu? – Diz olhando para baixo. Eu sabia o que ele estava sentindo. Ele acha que ele está me prendendo e que ele não é digno para ter a mim.

— Idiota! – Digo o beijando. – Eu te amo e isso nunca vai mudar. Você é tudo para mim. – O abraço, e ele retribui me apertando forte.

— Foi você, sua bruxa! – Grita Carmem entrando pela porta fazendo com que Castiel e eu nos afastássemos um pouco. Atrás dela, havia um grupinho.

— Eu o que? – Pergunto sem entender e logo lembro o motivo dela me culpar. – Ué, não conseguiu sair do acampamento? – Dou um sorriso irônico a deixando furiosa.

— Eu sabia que tinha sido você! – Me acusa, e eu começo a rir por achar engraçada a acusação.

— Querida, estamos presos aqui por outras forças mais poderosas, não por minha culpa. Eu sabia, pois senti a magia por todo lado, não tinha certeza do que era, mas tinha uma ideia. – Explico, porém, como o esperado, ela não acredita em mim.

— Você está mentindo!!! – Grita me fazendo revirar os olhos.

— Ache o que quiser. – Digo virando as costas para ela.

Entro na cozinha e começo a preparar algo para comer. Se é para estarmos presos em um acampamento, nada melhor do que passar esse tempo comendo.

~~~~~*~~~~~

— E então? – Pergunta Magali para mim, que estava em minha forma de Andarilha. – Quem fez?

Estava diante da barreira mágica que prendia todos no acampamento e cortava qualquer sinal de comunicação com o exterior.

— Não sei quem fez. Só sei que é alguém com mais poder que eu. – Respondo.

— Talvez tenha sido feita pelo Ipes antes do João matá-lo. – Sugere Carmem, e eu a olho com raiva.

— Eu sou muito mais forte que aquele demônio de ácido! – Digo com raiva.

— Duvido. Quase morreu para ele! – Rebate, e eu reviro os olhos.

— É que eu realmente sabia quem eu era de verdade naquela hora... – Resmungo, mas logo volto a me concentrar na barreira.

— Ele disse que é servo de Asmodeus, vai ver foi ele que fez a barreira. Afinal, todos os demônios são maus mesmo.

— Para a informação de todos, os demônios inferiores vêm para a Terra e fazem o que querem, por conta deles, raramente ordenados por alguém mais forte. Nesse caso o demônio poderia estar seguindo ordens ou blefando. De qualquer modo, não significa que os demônios superiores, ou a maioria deles, são malignos. Querem botar tanta culpa em seres que desconhecem, mas esquecem que os humanos fazem cosias piores sem influência alguma. – Digo olhando para todos que parecem incomodados com meu comentário.

— E como você sabe tanto sobre isso? – Pergunta Mônica me encarando confusa.

— É difícil de não saber. Convivi por décadas. Aprendi várias coisas. Sei de várias coisas! – Respondo sua pergunta. – Todos podem ter esse preconceito por seres que julgam ser completamente maus, mas a verdade é que existe maldade e bondade em todos.

— É que alguns da turma já conhecia o Ângelo, então sabíamos que anjos são bons. – Explica Magali o que me faz dar uma risada.

— Exatamente! Vocês acabaram supondo que aquele anjo da guarda fosse bom por ser um anjo, mas não se pode negar que há maldade nele também, pois se ele fosse tão bom quanto todos acreditam, ele nunca teria tentado matar uma alma pura como a do João. – Rebato fazendo todos ficarem quietos por um tempo.

— Estamos presos com um demônio e uma sei lá o que. Ótimo! – Reclama Carmem, mas eu ignoro seu comentário.

— É. Estamos presos.

~~~Há muito tempo atrás~~~

Estava andando pelos corredores da fortaleza para chegar até o salão onde meu lorde esperava. Assim que chego em frente aquela porta dupla enorme, respiro profundamente criando coragem para entrar.

Eu confesso que mesmo o conhecendo, sentia um nervosismo. Ele era muito poderoso e irresistível.

— Meu Lorde? – O chamo após entrar pelas portas.

— LightMare. – Ele estava sentado em seu trono. Seu olhar era profundo e sua expressão inexpressível. Confesso que ele ficava realmente sensual sentado naquele lugar. Aquele ar de poder, de “mandão”.

— Por que me chamou? Tem algo de errado? – Pergunto me aproximando dele, deixando meus pensamentos de lado.

— Não se preocupe. Só quero te mostrar um lugar. – Diz ele se levantando do seu trono e descendo as escadas do mesmo. Ele para de frente para mim, mas ainda distante.

— Que lugar? – Pergunto curiosa.

O observo enquanto ele começa a recitar um feitiço, suas mãos brilhavam em um preto sombrio e encantador. Quando ele termina de recitar, um portal se abre. Era como um buraco negro. Não dava de saber o que havia do outro lado.

— Vamos? – Pergunta me estendendo a sua mão como um cavalheiro fazia com sua dama. Ele sempre foi tão formal.

— É claro. – Digo segurando em sua mão, o deixando me guiar para além daquele portal.

Depois de alguns minutos uma luz branca me cega de repente. Lentamente, me acostumando com a claridade, pude observar melhor aquele lugar.

Era uma clareira florida, haviam árvores com flores e árvores frutíferas. A iluminação que chegava era fantástica. Aquilo era tão mágico, mas não havia nenhuma magia, era apenas a natureza sendo bela.

— Que lugar incrível é esse? – Pergunto maravilhada.

— Eu vinha aqui com minha mãe. – Responde o homem de olhos vermelhos melancolicamente.

Ele sentia falta de quando vinha com quem lhe deu a vida. Eu nunca soube o que aconteceu com ela e nem iria perguntar algum dia. Não seria certo o fazer lembrar de coisas dolorosas.

— É lindo. Mas por que me trouxe aqui? – Pergunto ainda sem entender o motivo.

— Por que não a traria? Você é importante para mim. – Diz ele me olhando enquanto acariciava meu queixo com seu polegar.

— Lor... – Antes que eu completasse minha frase, ele me beija.

Aquilo era tão confuso e novo para mim. Ele nunca demonstrou nada, sempre foi tão inalcançável, intocável. Aquele beijo me fez sentir sensações estranhas e sentir os sentimentos dele que antes eram tão impossíveis de se descobrir, de se decifrar. Ele me amava, mas... havia algo de errado nesse sentimento. É como se...

— Eu te amo... – Sussurra me olhando profundamente e tristemente. – E é por esse motivo que eu te trouxe aqui.

— Por que soa tão triste? – Pergunto confusa. Aquilo não parecia apenas uma confissão, tinha algo por trás.

— Eu te trouxe aqui porque é onde eu tenho minhas lembranças mais felizes, e eu quero que uma dessas lembranças seja com você.

— Eu não entendo. – Digo confusa, ele estava falando sobre os sentimentos dele. Coisa que ele nunca falou sobre, nunca nem se quer demonstrou sentir algum sentimento. O homem a minha frente sempre quis parecer inalcançável, alguém sem sentimentos.

— Por eu te amar, eu não posso ficar com você, e nem podemos mais nos ver. – Diz, e eu sinto meu chão desabar.

— Por que? – Pergunto tentando não chorar.

— Eu não posso te pôr em risco. Se você estar comigo, poderá morrer como minha mãe. – Ele diz de um jeito para que eu me acalmasse, mas eu não conseguia. Eu não queria ficar calma!

— Eu não me importo em correr riscos. – Digo desesperada, e ele me dá um sorriso singelo.

— Eu sei. É por isso que eu tomei essa decisão sozinho.

— Você não pode fazer isso. – Digo com ódio e tristeza.

— Eu te amo e sempre amarei! Mas você terá que me esquecer, sei que vai...

— Eu não irei! – Grito, e ele coloca sua mão sobre meu coração.

— Irá. – Ele estava me liberando.

Ele sabia que eu estaria presa com ele para sempre por ser uma Andarilha, pôr o amar...

— Você não pode me deixar. – Minha voz já estava enfraquecida.

— Minha amada. – Sussurra e logo me beija.

O toque dos seus lábios com os meus se vai quando uma brisa bate em mim. Abro meus olhos me vendo sozinha. Ele havia me deixado e o único indício dele ter estado ali foi um portal criado para me fazer sair daquele lugar.

— Lúcifer! – Grito ainda chorando. Eu o queria de volta.

Eu queria que ele não tivesse me deixado..., mas eu sabia que ele não iria voltar atrás. Ninguém sabia da minha relação com ele. Então ninguém me machucaria e era exatamente isso que ele queria...

Ele queria me proteger..., me manter a salvo...

Mesmo que isso custasse a felicidade dele.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?



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