Deixe Os Sonhos Morrerem escrita por Skadi


Capítulo 15
Capítulo XIV




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"Não conseguiu dormir?"

Klaus se virou para a esquerda e viu Aiko do outro lado da varanda. Ela começou a caminhar em direção a ele, seu cabelo preto ainda emaranhado de suor.

Klaus olhou para o manto frágil que ela vestia; mal alcançava o meio de suas coxas, seu peito quase completamente exposto. Ainda assim, era tão fino que Klaus podia ver seus seios e umbigo mesmo no escuro.

"Você não está com frio?" ele perguntou.

Aiko encolheu os ombros. Ela ficou ao lado dele e tirou o cigarro que Klaus estava fumando de seus dedos, levando-o aos lábios.

"Poderia te perguntar o mesmo."

Klaus estava com frio, mas esse era o ponto. O ar estava congelando em seu peito e braços nus, mas era o que ele precisava depois do que tinha sonhado.

"Bem? Por que você está aqui?"

"Pesadelo."

Aiko fez uma careta. "Sobre o papai, querido?"

Klaus assentiu. "Não foi tão ruim."

"Você está aqui congelando sua bunda, mas quer que eu acredite que não foi?" Ela deu outra tragada na fumaça e expirou antes de devolver o cigarro a Klaus. "Eu te conheço muito bem para essa merda, baby."

Klaus revirou os olhos. Ele então olhou por alguns momentos para os contornos dos edifícios: os altos escritórios, as coberturas e vilas, todos espalhados, cada um de seus espaços cortado por faróis amarelos borrados de carros.

"Hanzo está dormindo?"

"Sim." Aiko sorriu. "Nós o cansamos um pouco demais."

Klaus zombou. "Acredite em mim, você cansou nós dois."

"Mmh, mas você parecia gostar."

Quando Klaus se virou para olhar para ela, aquele olhar feroz dela estava de volta em seus olhos. Ele estremeceu e culpou o frio.

"Ele não parecia bem quando cheguei aqui", disse Klaus.

Os olhos de Aiko se estreitaram em fendas, os lábios pressionados em uma linha fina.

"Ele está bem."

"Ele estava mais alto do que uma maldita pipa."

"Como se você estivesse melhor há uma hora."

"Aiko." Klaus suspirou. "Por que Hanzo não sai de casa?"

Ela estalou a língua e, mais uma vez, roubou o cigarro dele. Ela o trouxe aos lábios e inalou profundamente, expirando a fumaça do nariz.

"Han tem um grande coração", disse ela em voz baixa. "Talvez muito grande. Às vezes eu sinto que vai ficar muito grande e vai quebrar suas costelas. Mas lá fora, é assustador. Essa cidade é assustadora e- e cruel." Ela fez uma pausa. "Han tem medo dessas ruas. Porque seu coração é grande demais, enquanto essa cidade de merda não tem coração."

Klaus permaneceu quieto por um tempo, pensando nas palavras de Aiko. Hanzo não parecia alguém com um coração tão grande para Klaus. Ele ouviu histórias sobre ele, sobre como ele poderia ser cruel. A maioria das pessoas nas ruas sussurrava seu nome porque tinham medo de que Hanzo pudesse ouvi-los.

Mas Hanzo também tinha isso - esse olhar às vezes.

Como se ele estivesse sofrendo muito, com muita frequência.

"Sem coração?"

Aiko assentiu. "Yeah."

"Eu sou o Coração da cidade."

Aiko sorriu. Ela olhou para Klaus e colocou o cigarro entre os lábios antes de segurar sua bochecha e passar o polegar na pele.

"Você é." Aiko inclinou a cabeça para o lado. "Assim como eu disse: não tem coração."

Naquela noite, enquanto estava acordado na cama entre Hanzo e Aiko, Klaus pressionou sua orelha contra o peito de Hanzo. Ele fechou os olhos e ouviu com atenção.

Sim. Julgando pelo som de suas batidas, o coração de Hanzo era grande demais para ele.

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Klaus acordou com uma cama vazia. Ele franziu a testa enquanto se sentava ereto e se perguntava onde Laurent poderia estar. De repente, porém, o que aconteceu ontem voltou à mente de Klaus e isso o atingiu com força o suficiente para fazê-lo estremecer.

Ontem foi - intenso. Mas esse não era o problema.

O comportamento de Klaus, as lágrimas - merda. Merda, o jeito que ele agiu era nojento pra caralho. Para seu horror, só agora Klaus percebeu que agiu como qualquer um dos clientes de Laurent. O tratou como uma prostituta.

Klaus se lembrava do quão pequena a voz de Laurent soou quando ele se desculpou, pensando que era sua culpa Klaus ter reagido daquela maneira. Klaus engoliu com o pensamento, seu estômago afundando. Como ele deixou isso acontecer? Klaus sempre se orgulhou de sua capacidade de manter o controle e ainda ontem ele reagiu como uma criança do caralho.

O ouvido de Klaus captou um som estranho então, algo espirrando e ele levantou os olhos do colchão. Seus olhos caíram sobre a porta fechada que levava ao banheiro e ele suspirou. Klaus saiu da cama e foi até o banheiro. Ele bateu na porta e, imediatamente, a voz de Laurent pôde ser ouvida.

"Entre."

Klaus abriu a porta e seus olhos caíram na banheira. Laurent estava lá, joelhos perto de seu peito e o agua alcançando seu pescoço, o número de pétalas que flutuvam na água definitivamente era grande.

"O que você está fazendo?"

Laurent sorriu, suas bochechas rosadas por causa do calor da água.

“Acordei e vi aquelas flores que o Gus deixou no quarto ontem, então pensei em uma maneira divertida de usá-las”, ele respondeu. Laurent mergulhou a mão na água e depois a girou, fazendo as pétalas rosa pálido se moverem na superfície. "Pena que não eram rosas. Você sabe, banhos de rosas são uma coisa."

"Sim." Klaus se ajoelhou no chão e colocou os cotovelos na borda da banheira, olhando para a forma como Laurent brincava com as muitas pétalas na água.

Ele parecia totalmente contente agora. Klaus sabia que Laurent era fácil de agradar, que pequenas coisas e gestos ainda importavam muito para ele.

Como pegar sua mão depois de -

Merda.

Klaus suspirou e alcançou o rosto de Laurent, colocando uma mecha de cabelo ruivo molhado atrás da orelha. Laurent lhe lançou um olhar curioso, mas ele ainda sorria, claramente satisfeito por ter essa atenção gentil sobre ele.

"Sobre ontem," Klaus começou a dizer. "Eu sinto muito. Eu realmente sinto muito."

"Eu não entendo por que você ainda está se desculpando por isso," Laurent respondeu com uma carranca leve. "Você já fez isso profusamente. Nada de ruim aconteceu no final, então."

Klaus queria contar a Laurent que muitas coisas ruins aconteceram, mas ele manteve a boca fechada. Laurent parecia muito satisfeito e alegre para estragar tudo e, de qualquer forma, não parecia que Laurent quisesse falar sobre isso. Laurent estava coberto no cheiro de sabonete líquido e lírios e, verdade seja dita, era a última coisa que ele precisava agora, ele não tinha certeza se conseguiria lidar com isso.

Laurent sorriu e se vira completamente para poder olhar melhor para Klaus. Ele apoiou o queixo nos joelhos dobrados antes de agarrar a mão direita de Klaus. Laurent realmente se agarrou aos dedos, envolvendo-os com a mão e puxando levemente.

"Eu estava pensando", disse Laurent. "Estou realmente entediado."

Klaus arqueou uma sobrancelha. "Desculpe se sou chato."

"Você deveria me levar para jantar. Em algum lugar chique."

Klaus piscou e sabia que deveria parecer totalmente confuso.

"Desculpe?"

"Escute," Laurent lamentou e agarrou os dedos de Klaus com um pouco mais de força. "Estou tão entediado, querido. Estou preso nesta casa há meses. Meses."

"Sim, sem brincadeira," Klaus zombou. "Achei que tivéssemos concordado que eu estou tentando mantê-lo seguro nos negócios."

"Sim mas-"

"Não é seguro lá fora. Especialmente não agora."

Laurent fez beicinho com isso e Klaus já sentiu sua determinação desmoronar lamentavelmente.

"Mas você me tirou uma vez. Quando conhecemos aquela mulher."

Ah sim. Meredith.

Merda, fazia muito tempo desde que Klaus a viu pela última vez. Foi naquele jantar que ele trouxe Laurent junto e, assim como Klaus pensava, a mulher havia cortado as relações de uma vez, não procurando mais por ele nem exigindo mais jantares. Parece que Laurent realmente deixou um impacto nela, Klaus tinha que admitir que estava meio agradecido.

“Eu poderia trazê-lo lá porque eu sou o dono daquele restaurante e do distrito,” Klaus explicou então. "Mas você eu odeio a comida e o lugar."

Laurent mordeu o lábio inferior e se endireitou um pouco, fixando em Klaus um olhar cheio de intenção. Ele então acariciou levemente o antebraço de Klaus com seu dedo indicador, inclinando sua cabeça um pouco para o lado.

"Nós realmente não podemos?"

Klaus sorriu apesar da forma como o toque de Laurent deixou um rastro de calor em sua pele.

"Você está seriamente tentando me seduzir para levá-lo para sair?"

"Está funcionando?"

"Eu diria que você já trabalhou sua magia há muito tempo, Laurie."

Os lábios de Laurent se curvam em um sorriso com isso, satisfeito e presunçoso. "É um sim?"

"Não."

"Oh vamos lá."

"Eu não vou sair com você, me desculpe."

"E aquele outro lugar?" Laurent perguntou, ainda acariciando provocativamente o braço de Klaus. "Aquele naquele distrito neutro? Eu gostava de lá."

Oh.

Klaus pensou sobre isso por alguns segundos. "Isso dificilmente é um lugar chique."

"Mas a comida era boa. E! Você disse que era seguro lá." Laurent se inclinou para frente. Apenas um pouco, mas o suficiente para Klaus estar consciente disso. "Então?"

A questão é que Klaus sabia o quão difícil tinha sido para Laurent sentar e se deixar ser trancado nesta casa. Inferno, Klaus teria perdido a cabeça há muito tempo, e Laurent não estava sendo nada além de paciente. Ele tem sido bom e permitiu que Klaus o mantivesse seguro, mas, é claro, Laurent tinha muita paciência consigo mesmo antes de desistir.

Klaus suspirou.

"Vou pensar sobre isso, hein?"

Laurent não pareceu feliz com essa resposta.

"Ouça." Klaus se inclinou para frente também, mais perto do rosto de Laurent. "Se estou tão inseguro é porque realmente não é seguro lá fora."

"Morar nessa cidade nunca foi seguro, no entanto", murmurou Laurent.

"As coisas mudaram. Mesmo aquele distrito não é tão seguro como antes, e tenho a sensação de que os distritos mais neutros são iguais." Klaus fez uma pausa. "Vou encontrar um lugar decente, ok? Se você realmente quiser sair daqui por um tempo, posso ver se consigo arranjar algo em algum lugar seguro."

Isso pareceu pacificar Laurent, que deu um pequeno sorriso para Klaus e Klaus manteve um suspiro de alívio para si mesmo.

"Estou agindo como uma criança mimada?" Laurent perguntou. "Fazendo birras aqui e ali."

"Você é mimado, o que há de novo?"

Laurent deu de ombros. Eles ficaram quietos por alguns momentos antes que o olhar de Laurent caísse no pescoço de Klaus e ficasse lá, observando as marcas que ele deixava sempre que se alimentava. Sem palavras, Klaus expôs mais o pescoço e Laurent se inclinou para frente, levantando-se um pouco segurando na borda da banheira antes de enterrar o rosto na junção do ombro de Klaus. Ele suspirou e depois relaxou visivelmente, seu corpo relaxando sob a água. Laurent esfregou o nariz e os lábios ali, fazendo os lábios de Klaus se curvarem em um sorriso que ele esperava que Laurent não percebesse.

"Sinto muito", disse Laurent. "Estou com um humor estranho hoje."

"Está bem." Klaus achava que era culpa dele se Laurent estava se comportando dessa maneira.

Não que ele se importe, não era isso.

Laurent realmente pedia tão pouco que Klaus daria muito mais se pudesse.

É só que - Deus, a culpa era dele, ele sabia disso. Era como se Laurent estivesse procurando uma garantia de que Klaus não tinha medo de tocá-lo e isso era injusto.

Quando Laurent envolveu seus braços ao redor dos ombros de Klaus e pressionou seu nariz e boca um pouco mais forte em sua pele, Klaus deixou sua mão alcançar o quadril de Laurent, mergulhando na água. Laurent estava quente, macio e ruborizado sob seu toque, principalmente por causa da temperatura do banho e Klaus estava gostando disso. Ele apertou o quadril de Laurent levemente antes de mover sua mão atrás das costas de Laurent, acariciando até o meio de seus ombros.

Laurent continuou o que estava fazendo, seus lábios agora roçando logo abaixo da mandíbula de Klaus.

"Você deveria me tocar mais", murmurou Laurent.

Klaus há muito tempo aprendeu a reconhecer súplicas ocultas nas demandas de Laurent, então ele moveu sua mão entre as pernas do homem. Laurent ofegou suavemente ao sentir os dedos de Klaus envolvendo seu comprimento, acariciando-o lentamente e com uma leve pressão.

Ele gemeu no pescoço de Klaus e separa mais suas pernas, a água espirrando perigosamente alto contra a borda da banheira. Klaus respirou profundamente, sentindo o cheiro de Laurent. Era diferente do normal, observou Klaus, reconfortante e agradável.

Klaus envolveu seu punho ao redor do membro endurecido de Laurent um pouco mais apertado e ele sentiu a respiração de Laurent engatando.

"Bom?"

"Bom," Laurent respondeu densamente. "Mais."

Mas Klaus manteve isso lento. Ele manteve o punho mais solto do que o que Laurent estava acostumado e permitiu apenas golpes longos, sua mão fechando em torno da ponta no movimento ascendente para sentir como Laurent estremecia com a ação, sua respiração ficando mais pesada contra o pescoço de Klaus.

Klaus ouviu Laurent choramingando, então ele virou a cabeça para olhar para ele. Metade do rosto de Laurent estava pressionado contra a curva de seu pescoço e seus olhos estavam fechados, sobrancelhas franzidas levemente, gemidos suaves e silenciosos escapavam de seus lábios entreabertos.

Ele é lindo assim, Klaus pensou. Inferno, ele era sempre bonito, sempre muito bonito, bonito o suficiente para fazê-lo desmoronar tão facilmente, mas assim - tão relaxado e perdido em seu próprio prazer, seu e de ninguém mais, rosto e pescoço corados - assim Laurent parecia tão lindo que isso fez o peito de Klaus apertar.

Laurent engasgou, os olhos se abrindo por um segundo enquanto seu corpo se debatia na banheira, a água espirrando ruidosamente.

Ah,assim..." Laurent gemeu. "E-eu gosto, continue fazendo isso."

Klaus continuou, mas sua mente estava em outro lugar.

Ele observou as feições de Laurent mais uma vez, como se só agora o visse, ouvindo os sons silenciosos e ofegantes que ele estava fazendo, sentindo o calor do corpo de Laurent e pensando que queria contar a Laurent sobre seu amor.

Sobre tudo isso.

De como tudo começou e por quê. De como foi estupidamente fácil se apaixonar por ele e de como era difícil amá-lo de verdade. Ele queria contar a Laurent sobre a maré, sobre como era assustador ser varrido e que, apesar de tudo, Klaus ainda abriria a boca embaixo d'água e respiraria fundo para se afogar na sensação.

"Perto," Laurent choramingou e empurra seus quadris para cima. "Chérrie, estou perto-"

Ele queria contar tudo a Laurent.

Mas mais do que isso, Klaus queria o amor de Laurent também. E era um desejo cru, pesando em seu peito e ansiando por mais, por algo que Laurent não poderia dar a ele.

Klaus desejava tanto ser amado de volta que doía, uma dor aguda em seu peito.

Os olhos de Laurent se abriram e seu olhar encontrou o de Klaus que, sem perceber, estava encarando o rosto de Laurent quase sem piscar. Laurent não desviou o olhar, mas seus olhos se arregalaram. Um gemido passou por sua garganta. Os braços de Laurent o envolveram com mais força e ele manteve seus olhos em Klaus, olhando para ele muito intensamente, muito calorosamente. Mas Klaus também não conseguia desviar o olhar, não conseguia parar de tocar em Laurent.

A respiração de Laurent estava rápida agora, seu corpo tenso, seus gemidos um pouco mais altos, se contorcendo sob os dedos de Klaus.

A questão é que Klaus ansiava pelo amor de Laurent como um homem faminto porque ele sabia - Deus, ele sabia - que ser amado por Laurent seria semelhante a sentir um raio de sol pousando em sua pele após uma tempestade que se infiltrava pelas nuvens.

Klaus sabia disso.

Laurent respirou fundo, segurando em seus pulmões por alguns segundos e um estremecimento e um longo gemido. Klaus apertou sua mandíbula e continuou tocando-o através dela, saboreando a pontada momentânea do cheiro de Laurent. Ele podia ver que Laurent estava lutando para manter os olhos abertos, mas eles não paravam de se olhar.

Klaus queria muito e, inevitavelmente, seria a morte dele.

Ele afastou a mão quando Laurent finalmente fechou os olhos e começou a se aninhar em seu pescoço novamente, embora muito mais fraco do que antes. Klaus pousou a mão no quadril de Laurent novamente, seu polegar movendo-se em círculos na área macia de pele.

"Estou quase desmaiando nesta banheira", murmurou Laurent.

Klaus bufou, o som rapidamente se transformando em uma risada. Ele sentiu os lábios de Laurent se curvando em um sorriso também.

"Você não vai desmaiar."

"Não sei, todo o sangue que eu tomei definitivamente não está alcançando meu cérebro."

Klaus franziu a testa. "Espere, você está falando sério?"

"Não consigo sentir minhas pernas."

"O que-"

"Meio que vendo manchas pretas em todos os lugares."

"Cristo, saia dessa porra de banheira estúpida." Klaus envolveu seus braços em volta da cintura de Laurent e começou a puxá-lo para fora da água. O outro não estava ajudando muito, mas pelo menos estava tentando evitar que suas pernas cedessem. "Você e seus banhos ferventes de merda."

"Foi mal." Laurent conseguiu se sentar na borda da banheira, seu corpo um pouco mole contra Klaus. "Não é minha culpa."

"Como isso não-"

"Se eu encher a banheira com água muito quente, vai demorar mais para esfriar."

Klaus revirou os olhos enquanto tentava colocar as pernas de Laurent do outro lado da banheira. "Sim, e você também vai demorar menos tempo para desmaiar porra."

"Quer dizer, há também o fato de que eu-."

"Foi você quem me disse para tocar em você!"

"Sim." Laurent suspirou. "Erros foram cometidos aqui."

Somente quando Laurent estava totalmente sentado na borda da banheira e completamente fora da água, Klaus percebeu que talvez a pele de Laurent estivesse vermelha; seu peito e ombros estavam vermelhos e ele parecia que estava a um segundo de desmaiar.

"Você é tão burro," Klaus murmurou.

"Oh, cale-se," Laurent riu. Sua testa ainda estava apoiada no ombro de Klaus. "Você parecia tão preocupado."

"Cale-se."

"Você estava prestes a estourar um pulmão."

"Vou simplesmente jogar sua bunda ingrata de volta na água."

Laurent riu, os olhos piscando rapidamente enquanto ele parecia tentar se concentrar em Klaus. Talvez o calor realmente o tenha afetado, já que parecia muito tonto. Klaus suspirou e pegou uma toalha seca.

Laurent seguiu seus movimentos e então abaixou um pouco a cabeça, o suficiente para Klaus colocar a toalha em cima de sua cabeça para que ele pudesse secar o cabelo. Laurent se espreguiçou levemente quando Klaus começou a esfregar a toalha no cabelo, seu corpo balançando levemente com a pressão dos movimentos de Klaus.

"Você pareceu triste por alguns momentos."

"Sério?"

"Mmh. Quando você estava olhando para mim."

Não é isso, Klaus queria dizer, mas as palavras morreram em sua boca antes mesmo que ele pudesse tentar pronunciá-las.

"Não é sua culpa", disse Klaus. "Você não estava me deixando triste dessa vez."

Não, desta vez ele fez tudo sozinho. Klaus ficou triste ao imaginar como o amor de Laurent seria sentido por uma fração de segundo e ainda assim foi o suficiente para queimar em seu peito.

Ele ainda estava lá, aquele desejo, pesadamente em sua cabeça e corpo, fazendo suas mãos coçarem como se ele pudesse realmente estender a mão e tocar o amor que Laurent poderia lhe dar. Fechar o punho em volta dele e roubar todo aquele calor para mantê-lo para si, porque, no final do dia, Klaus conseguia ser egoísta e ganancioso mesmo quando se tratava disso.

Especialmente quando se tratava disso.

Laurent respirou fundo e pareceu que estava prestes a dizer algo, mas então uma voz veio do andar de baixo.

"Klaus, estou aqui!"

Klaus suspirou pesadamente e deixou cair a toalha para que repousasse nos ombros de Laurent.

"Sim, e você também chegou cedo!" Klaus gritou de volta. Ele mandou um olhar para Laurent. "É o Ryland."

O rosto de Laurent limpou de confusão e ele acenou com a cabeça. "Você deveria ir então. Estou me sentindo melhor agora."

Klaus assentiu. Ele tirou o cabelo úmido de Laurent de sua testa e sorriu. "Não vai desmaiar no meu banheiro, certo?"

"Vou tentar o meu melhor," Laurent respondeu com um sorriso divertido.

Klaus saiu do banheiro e rapidamente atravessou o quarto e saiu no corredor, indo em direção às escadas. Ele encontrou Ryland esperando por ele na parte inferior enquanto descia.

"Por que tão cedo?" Klaus perguntou assim que alcançou o homem.

"Eu sou um homem ocupado", Ryland respondeu.

"Oh, e eu não sou?"

Ryland olhou para ele, os olhos se movendo do rosto de Klaus para seus pés, observando sua aparência. Klaus sabia que sua camiseta estava úmida e, em alguns lugares, completamente encharcada.

"Oh, tenho certeza que você estava." Ryland se virou e foi para a cozinha. "Cheirando a uma maldita floricultura."

Klaus o seguiu. "Ele quase desmaiou na minha banheira."

"Claro que sim."

"A água estava quente demais e tudo mais."

"Eu me pergunto por que todo o sangue dele foi para baixo."

"Te odeio."

"O sentimento é mútuo." Ryland se sentou em um dos banquinhos.

Klaus deu a volta no balcão e pegou uma de suas canecas, sentindo que iria precisar de um café para terminar a conversa.

"Você sabe que não trabalho bem logo após acordar", disse ele enquanto pegava a jarra de café pela metade. O líquido estava obviamente frio, então Klaus ligou a máquina para aquecê-lo.

"Difícil, Klaus." Ryland colocou sobre o balcão a pasta que carregava até agora. "Johnny e eu estaremos ocupados pelo resto da manhã, então isso terá que servir."

Klaus arqueou uma sobrancelha. "Encontro?"

Ryland suspirou. "Oh, sim, procurar frigoríficos onde uma aberração pode ter matado um bando de garotas é o pico do romantismo para mim."

Klaus ouviu um barulho baixo vindo da cafeteira, então ele a desligou e agarrou a jarra, inclinando-a sobre sua caneca para derramar café nela.

"Ainda nada, hein?"

"Não é uma tarefa fácil, provavelmente impossível. Lisbeth também não está indo muito bem."

"Não?"

"Ela estudou os horários dos corredores, verificou se eles estavam onde deveriam estar. Por enquanto, ela não tem nada. Todo mundo parece limpo."

Klaus sentiu um lampejo de irritação se mover em seu sistema, mas ele o ignorou. Ele não podia perder a cabeça agora, nem podia se dar ao luxo de deixar sua raiva acender. Ele precisava se manter focado e, no que dizia respeito a ele, ele não esteve focado em todos esses últimos dias.

"Mas não é por isso que estou aqui." Ryland abriu sua pasta e enfiou a mão dentro. "Como você me disse, eu fiz algumas pesquisas."

Klaus levou a caneca aos lábios, tomando um gole de café, então ele se sentou em um banquinho em frente a Ryland enquanto o homem colocava no balcão uma pasta amarela. Não parecia grossa, mas Klaus ainda podia ver que continha mais papéis do que ele gostaria.

"Em primeiro lugar, não encontrei muito", Ryland disse enquanto abria a pasta. "As famílias italianas parecem como ter seus negócios deles. Eles são discretos quando eles querem ser e eles certamente não parecem interessados em expandir suas ofertas. Pelo menos aqueles que estão envolvidos com armas. Eles contrabandeiam eles para a Itália, não para fora, por causa das leis rígidas sobre o controle de armas no país."

Klaus bateu o polegar contra a alça de sua caneca. "Então você não encontrou nada?"

"Eu não diria nada. Encontrei duas famílias." Ryland pegou o primeiro papel da pequena pilha à sua frente e o entregou para Klaus. "Em primeiro lugar, os Beneviento. Família numerosa, podre de ricos. Eles também trabalharam na Ásia, especialmente no Japão."

Klaus fez uma careta. "Podemos querer manter o Japão fora disso."

"Talvez eles queiram expandir para cá também. Eles são poderosos, Klaus. Eles contrabandeiam armas dos Estados Unidos para o Japão e a Itália, eles operam na Sardenha. Eles têm uma grande rede."

"E o outro?"

"Os Vicardis." Ryland apontou para um ponto do papel que Klaus estava segurando. "Eles são menos poderosos que os Beneviento, menos ricos, menos conhecidos. Mas, eles são velhos. Sua família governa o mercado de armas na Lazio há gerações e eles têm influência sobre um grande número de distritos em Roma e províncias menores. "

Klaus tomou um gole de café enquanto lia as notas curtas que Ryland colocou sob o nome deles. "Diz aqui que eles já trabalharam na Alemanha antes."

Ryland acenou com a cabeça. "Um pequeno caso. O chefe da família, ele trabalhava com pequenas gangues que operavam em diferentes cidades: Munique, Stuttgard, Frankfurt. Basicamente, ele lhes deu armas."

Klaus ergueu os olhos do papel. "Então ele não comprou deles para contrabandear na Itália."

Ryland balançou a cabeça. "Não, ele os vendeu. Pelo que eu sei, ele ainda trabalha com essas gangues de vez em quando. Há rumores de que ele tentou abrir um negócio em Dresden também, mas a cidade é muito grande e as gangues muito poderosas para começar um acordo com um homem que eles não conhecem. Mas, ele tem viajado muito nos últimos anos, ele parece gostar de daqui e de Dusseldorf. "

"O que significa que ele também está interessado em expandir seus negócios especialmente para nós."

Ryland pareceu entender a linha de pensamentos de Klaus com isso. Ele suspirou pesadamente e girou os ombros.

"Os Vicardis não são tão poderosos quanto o Beneviento."

"Mas eles estão mais perto de nós."

"Menos ricos."

"Assim é melhor. Muito dinheiro e poder tornariam mais difícil para nós comprarmos sua lealdade. Uma Família de fama medíocre, entretanto, se tornaria um bom cachorro." Klaus acenou para si mesmo enquanto relia o arquivo que Ryland deu a ele. "Sim, especialmente considerando que ele quer tanto trabalhar aqui Estabelecer acordos menores provavelmente feriu seu ego, se o Coração oferecesse a ele e sua família um bom negócio—"

"Ele provavelmente aceitaria", disse Ryland. Ele encolheu os ombros. "Talvez com um pouco de coerção."

"Sim, claro. Uma mão firme e algum dinheiro fresco sempre funcionam."

"E de qualquer forma-" Ryland apoia os cotovelos no balcão. "Todo este negócio não será um problema se tudo correr bem com o Giovanni."

Klaus cantarola. A reunião com Giovanni Berlusconi era amanhã e Klaus não pôde evitar se sentir inquieto e inseguro. Ele não sabia nada sobre este homem, exceto que ele tinha um temperamento ruim e ainda mais orgulho.

"Se Giovanni decidir trabalhar conosco, não teremos de lidar com esse Vicardi." Klaus deu outra olhada rápida no papel. "Leonardo Vicardi. Ele é casado?"

Ryland acenou com a cabeça. "Sim, mas pelo que pude deduzir, o homem não é realmente o epítome da lealdade quando se trata de seu casamento."

"Não importa," Klaus respondeu. "Ainda é uma vantagem."

Ryland acenou com a cabeça em direção à pasta. "Você ainda deveria ler essas coisas."

"Mmh."

"Trabalhei muito para obter todas essas informações."

"OK."

"Passei uma noite inteira apenas fazendo pesquisas."

"Eu entendi, porra. Vou ler esses arquivos."

"Muito bem." Ryland endireitou os ombros e saiu do banco. "Eu já trouxe o dinheiro, as malas estão no elevador. Johnny estará aqui amanhã de manhã por volta das onze."

Klaus balançou a cabeça e olhou para Ryland enquanto o homem fechava sua pasta e a pegava do balcão.

"Laurent está bem, exceto por desmaiar na banheira?"

Klaus congelou.

Não é que Laurent não estivesse bem, é só que ele o deixou sozinho naquela cama e não segurou sua mão, embora isso seja tudo que Laurent pediu e sempre pedirá.

"Klaus?"

"Ele está bem." Klaus pigarreou. "Ele está lá em cima, se você quiser vê-lo."

"Não, está tudo bem", Ryland respondeu. "Vou comer com ele amanhã, vou trazer um pouco de sangue para ele. Ele gosta disso."

"Sim." Klaus fez uma pausa. "Traga um pouco de vinho também, estamos sem e ele gosta de vinho."

Ryland sorriu, enviando a Klaus um olhar astuto, mas não disse nada. Ele simplesmente começou a se afastar do balcão até parar e se virar novamente.

"Tente não levar um tiro de novo", disse ele.

Klaus arqueou uma sobrancelha. "Oh, você está preocupado?"

"Eu estou," Ryland respondeu sem rodeios. "Johnny estará lá com você, afinal."

Klaus revirou os olhos antes de levar a xícara de café à boca novamente.

"Johnny pode cuidar de si mesmo."

"Ele pode. Você?" Ryland encolheu os ombros. "Nem tanto. E Johnny já tem o suficiente desse complexo de herói, então tente não se meter até o pescoço na merda de novo."

Klaus daria uma merda a Ryland por duvidar tanto dele, mas ele não podia. Era sobre Johnny que eles estavam falando e Klaus sabia, muito bem, que Ryland incendiaria esta cidade até o chão e até o inferno se algo acontecesse com Johnny.

Novamente.

"Não se preocupe", disse Klaus. "Suli vai estar lá também. Nada vai acontecer."

Ryland pareceu aliviado com isso. Ele respirou fundo antes de se virar e seguir para a entrada. Klaus permaneceu sentado em seu banquinho até ouvir as portas do elevador se fechando mais uma vez. Com um suspiro profundo, ele engoliu um pouco mais de café e, em seguida, deu uma olhada nos papéis que estavam bem na sua frente.

Ele poderia fazer uma leitura.

Ou. Ele poderia subir, pegar seus cigarros e fumar um cigarro.

Sim, parecia um plano.

Klaus saiu rapidamente da cozinha e subiu as escadas, massageando seu ombro esquerdo enquanto o fazia. A dor não o deixou e, entorpecido, ele percebeu que nunca iria. Por mais que fosse muito menos nítido do que costumava ser, ainda era um lembrete maçante e doloroso que simplesmente permanecia lá. A cada movimento, a cada respiração longa demais que ele dava, seu ombro latejava entorpecidamente e ele não conseguia evitar e estremecia a cada vez. Ele teria que aprender a realmente ignorar isso, ninguém poderia saber que ele tinha uma fraqueza.

Assim que Klaus abriu a porta de seu quarto, ele congelou e franziu a testa ao ver Laurent agachado na cama de quatro, quase como um predador, olhos afiados focados em Marius. O gato estava olhando de volta, seu corpo tenso e ele sibilou agudamente.

Klaus se inclinou contra o batente da porta e tomou outro gole de seu café.

"Uau, o RPG ficou muito mais estranho do que como eu me lembrava."

"Isso não é engraçado," Laurent sussurrou sem desviar o olhar do gato. "Vamos, Docinho. Solte."

"O que diabos está acontecendo?"

"Ele tem um dos meus malditos origamis em sua estúpida boca felina."

Klaus balançou a cabeça lentamente. "E?"

"E se ele engolir, pode engasgar." Laurent lambeu os lábios. "Docinho, seja um bom gatinho."

Marius sibilou de volta.

"Seu saco de peles maldito ingrato, eu te criei nas minhas costas."

Klaus revirou os olhos e caminhou rapidamente até a cama. Marius parecia muito focado em Laurent para realmente lhe dar atenção, então Klaus colocou a caneca no chão e imediatamente agarrou o focinho do gato. Marius faz um som que Klaus só pôde reconhecer como uma tentativa de rosnar, mas ele o ignorou. Ele aplicou uma pressão suave com os dedos e a boca de Marius se abriu. Klaus pegou o pedaço de papel que pôde ver descansando na língua do gato e o jogou para trás, largando imediatamente o animal.

Marius correu para Laurent então, se escondendo entre as coxas do homem e Laurent gentilmente pegou o gato em seus braços.

"Você é tão brutal!" Laurent exclamou. "Você o assustou!"

“Ele está asso, porque eu roubei seu brinquedo, eu quase não toquei nele”, disse Klaus. "Além disso, agora ele não vai engasgar."

Laurent ainda o encarou por alguns momentos antes de olhar para o gato.

"Ele é tão assustador, não é?"

"Você é ridículo." Klaus se abaixou para pegar sua caneca e se sentou na cama também.

"Um homem tão bruto."

"Eu sou um cavalheiro."

"Você tem tanta sorte que pelo menos um de seus proprietários não se comporta como um homem das cavernas."

"Um de seus donos?"

Laurent ergueu os olhos do gato com a testa franzida. "O que?"

"Eu não sou o dono dele."

"Ah certo."

"Esse é o seu gato, não o meu."

Laurent revirou os olhos. "Claro, o que você disser."

Por que ele tinha que ser tão teimoso?

E o mais importante, por que Klaus tinha que achar sua teimosia tão charmosa?

Deus, isso é loucura.

"Ryland vai vir comer com você amanhã", disse Klaus. "Pedi a ele para trazer algo para você."

Laurent olhou para ele com um sorriso. "Bom!" Ele franziu a testa então. "Por que ele vai vir comer comigo, então?"

"Eu tenho uma reunião amanhã", explicou Klaus. "Então, eu não estarei aqui. Quer dizer, não que eu esteja sempre, mas-"

"Oh." Laurent piscou, seu sorriso desapareceu. "Um encontro?"

Klaus acenou com a cabeça. Laurent prendeu o lábio inferior sob os dentes, mordiscando-o nervosamente por alguns momentos.

"Com quem?"

"Johnny e Suli. Você sabe, parceira de Cassie."

"Eu nunca a conheci. Só você e eles?"

"Eu acho."

Laurent engoliu seco. "Onde?"

Ah.

Certo, da última vez Klaus disse a Laurent que ele tinha uma reunião em algum lugar, ele quase morreu.

"Não no Nightshade," Klaus respondeu baixinho. "Em nenhum lugar aberto. Em nenhum lugar perigoso."

Era mentira.

Não havia lugar seguro para ele, mas ele sabia que a casa de Giovanni e toda a reunião em si deveriam ser pacíficas.

Laurent suspirou com isso, em alívio.

"Ok", ele respirou. Ele olhou para o gato, coçando o queixo do animal e então ele estava sorrindo mais uma vez, largo e brilhante. "Então! Você deveria comer para que você possa tomar seus remédios."

Klaus assentiu com um sorriso fraco que ele não podia realmente tentar manter longe. "Alguém está de bom humor hoje."

"Eu pareço assim?"

"Você esteve sorrindo o tempo todo e essas merdas."

"Ah. É porque você estava realmente infeliz ontem."

Klaus parou de respirar por momentos que pareceram muito longos até que seus pulmões começaram a queimar. Laurent percebeu isso, é claro que ele percebeu. Portanto, seu sorriso ficou menor e menos brilhante.

"A miséria fica horrível em você", disse Laurent. "Então, estou tentando, sabe, calibrar. Se você está infeliz, eu deveria estar um pouco mais feliz para que o clima não seja tão sombrio."

"Não estou infeliz," Klaus respondeu automaticamente.

O que era mentira, de verdade. Mas o fato é que Klaus nunca teve o prazer de permitir que sua própria miséria e medo tomassem conta. Não quando havia outra pessoa com ele, exceto Lisbeth, talvez. Então ele mentia porque era bom nisso e porque era fácil se defender quando você constrói um muro alto o suficiente para não ver nem o fim.

Mas tudo que Laurent fez nisso foi respirar profundamente e deixar seu próprio sorriso desaparecer um pouco mais.

"Você ainda parece péssimo." Laurent forçou seus lábios a se curvarem para cima novamente. "Você não parou de ficar assim desde ontem."

Klaus ainda não conseguia se livrar desse sentimento e ele duvidava que isso aconteceria em breve.

Ele ainda se sentia como ontem, como um homem que tentou tocar o sol com as mãos nuas. Que pegou muito e não se importou com o peso do que roubou enquanto o segurava.

Klaus sentiu a mão de Laurent em seu pulso. Ele olhou para baixo antes de arrastar seu olhar para o rosto de Laurent.

"Você ainda está com medo?" Laurent perguntou.

E sua mão estava quente ao redor do pulso de Klaus.

"Não," Klaus mentiu. Novamente. "Não, Laurie, estou bem."

Ele se levantou antes que Laurent pudesse dizer mais alguma coisa e gentilmente tirou a mão de Laurent de seu pulso.

"Então, comida."

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Houve apenas um caso em que Klaus realmente pensou que iria morrer.

Ele estava em sua própria casa. August, Lisbeth e Ryland estavam com ele.

August continuou olhando para o chão com os olhos arregalados enquanto suas mãos continuavam tremendo nos quadris. Lisbeth estava olhando para um ponto indefinido da parede. E Ryland-

Ryland estava olhando diretamente para Klaus.

Sempre houve essa coisa sobre o olhar de Ryland: era muito intenso e muito inteligente. Klaus sempre pensou que, quando Ryland olhava para alguém nos olhos, ele estava na verdade olhando além deles e direto em seus cérebros, como se pudesse medir informações e segredos direto da cabeça de alguém.

Klaus estava acostumado com isso.

Ele não estava acostumado a ser realmente olhado por Ryland.

Ryland estava sentado na cadeira oposta à de Klaus no estúdio, apenas a mesa os dividindo, e ele estava apenas olhando para ele. Para seus olhos. Seu olhar não estava tentando tirar nada de Klaus. Essa foi a parte assustadora.

Ryland estava realmente olhando para ele com todo aquele olhar intenso e conhecedor, sem olhar além de Klaus.

"O que você acabou de dizer," Ryland murmurou. "Diga isso de novo."

Klaus se esforçou ao máximo para não se contorcer em sua cadeira. Ele respirou fundo e tentou segurar o olhar de Ryland.

"Johnny deveria se encontrar com uma de nossas toupeiras," Klaus repetiu. "Uma das toupeiras que trabalha para nosso ramo japonês e que está se infiltrando na família Nakamura há um ano. Mas, aparentemente, nossa mula foi encontrada. Ele cantou." Klaus pausou porque isso também era difícil para ele, isso era impossível. "Eles emboscaram Johnny. Eles o pegaram. Eu não sei onde ele está."

"Repita isso."

"Eu não sei onde ele está. Um jato particular partiu ontem na hora que Johnny deveria se encontrar com a toupeira. Ele pode não estar aqui agora." Deus, Klaus não sabia onde Johnny estava. "Ele pode estar em Tóquio da mesma forma que em Kobe, já que é onde vive metade da família Nakamura e dirige seus negócios.”

E Ryland apenas continuou olhando. Ele continuou olhando por mais quarenta segundos antes de falar novamente.

"Você não sabe onde Johnny está."

Klaus acenou com a cabeça.

"Você não sabe se ele está vivo."

Mais uma vez, Klaus acenou com a cabeça.

As feições de Ryland se contorceram por um momento. Aquela beleza dele se foi em um piscar de olhos e Klaus jurou que seu coração parou de bater em seu peito com a visão de puro medo.

Ryland se levantou tão abruptamente que a parte de trás de suas pernas fez a cadeira cair para trás e o homem subiu em cima da mesa, pulando sobre ela antes de agarrar Klaus pelo pescoço. O corpo de Klaus não o ouvia, então ele deixou Ryland puxá-lo para cima e empurrá-lo contra a parede. O vidro estava frio contra a nuca e ombros de Klaus enquanto ele ofegava por ar, a mão de Ryland apertando sua garganta. Então algo mais frio do que a parede pressionou a testa de Klaus e, entorpecido, Klaus percebeu que era uma arma.

Aquele Ryland estava apontando uma arma para ele.

"Vocês!" Ryland gritou. Seu rosto estava vermelho de raiva, olhos selvagens. "Você disse que era seguro!"

"Klaus!" August gritou. "Largue ele!"

"Você disse que seria seguro, caralho! Um bebê poderia fazer isso, foi o que você disse, porra!" A mão de Ryland apertou seu pescoço, a boca de Klaus se abriu enquanto ele tentava respirar sem sucesso. "E agora você tem a maldita coragem de me dizer que não sabe onde ele está?!"

"Eu não posso-posso-respirar -"

"Que você não sabe se Johnny está vivo?!" Ryland pressionou o cano da arma com mais força contra a testa. "Seu maldito - ninguém se move, porra, ou eu juro que vou matá-lo! "

A visão de Klaus estava ficando embaçada, então ele só conseguia se concentrar no rosto quebrado de Ryland, mas ele imaginou que Lisbeth ou August poderiam ter tentado impedi-lo.

"Você poderia ter enviado qualquer outra pessoa, outra porra de pessoa, um cachorro menor, mas você enviou Johnny! E agora você não sabe onde ele está?!" Ryland o puxou para longe do vidro apenas para empurrá-lo contra ele novamente, com força suficiente para fazer os olhos de Klaus lacrimejarem. "Se ele estiver morto, vou matar você! Porra, está me ouvindo, Klaus?! Se Johnny estiver morto, vou matar você, porra!”

Então a mão de Ryland finalmente, finalmente , soltou seu pescoço. Klaus engasgou, seus pulmões se enchendo de ar e queimando horrivelmente em seu peito. Ele caiu no chão, tossindo e respirando com dificuldade. Ele olhou para cima e, além das lágrimas, viu Lisbeth prendendo Ryland na mesa, segurando o braço de Ryland atrás de suas costas em um aperto que deve ter sido doloroso.

"Toque-o de novo e você morre!" Lisbeth rugiu então. "Eu vou colocar uma bala no seu crânio! Você mantenha suas malditas mãos longe dele ou, pela minha vida, eu mesmo vou te enterrar, Ryland!"

Klaus apenas olhou para tudo se desenrolando bem diante de seus olhos, vagamente ciente dos braços de August em volta de sua cintura.

Ryland não estava lutando, apenas respirando com dificuldade, ainda segurando a arma.

"Sinto muito," Klaus resmungou. Sua garganta parecia uma lixa. "Ryland, eu sinto muito."

Então Ryland começou a chorar. A arma escorregou de sua mão, caindo no chão com um estrondo metálico e Lisbeth largou o homem, olhando com os olhos arregalados para o corpo trêmulo de Ryland. Ryland se ajoelhou no chão e, lentamente, começou a engatinhar até Klaus. August o segurou um pouco mais apertado aos movimentos do homem mais velho, mas Klaus não estava mais com medo.

Ryland manteve sua cabeça baixa enquanto alcançava o joelho de Klaus. Sua mão descansou lá e ele apertou com força.

"Klaus," Ryland soluçou. "O-o que eu faço se ele estiver morto?"

Merda.

Merda, foi culpa dele. Foi tudo culpa dele.

Klaus colocou sua própria mão em cima da de Ryland, soltando um soluço alto e áspero do homem.

"Se ele estiver morto," Klaus sibilou. "Vou segurar todo homem que colocar a mão nele e mantê-lo imóvel para que você possa ver seus olhos em seus crânios."

 

Johnny não morreu.

Eles o encontraram em um armazém sujo. Ele parecia ter passado pelo inferno e voltado e não iria parar de tremer mesmo se Ryland continuasse segurando-o e embalando-o em seus braços.

Klaus ainda matou todos os homens que estavam naquele armazém e Lisbeth ainda tirou os olhos deles para enviar uma mensagem aos Nakamuras.

Ainda assim, foi a primeira vez que Klaus pensou que iria morrer: pelas mãos de um amante furioso.

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Klaus olhou para as cinco bolsas de couro pretas à sua frente e manteve um suspiro para si mesmo. Johnny estaria ali em breve e talvez Klaus simplesmente perguntasse a ele por que Ryland não sabia o significado da palavra "restrição".

"Isso é muito dinheiro," Klaus murmurou enquanto endireitava os punhos das mangas de sua jaqueta. "Não precisamos de todo esse dinheiro."

Para comprar alguém como Giovanni, o conteúdo de apenas uma bolsa já era mais do que suficiente. Ele traria dois apenas porque podia, mas ele ainda não tinha ideia de por que Ryland sentiu a necessidade de trazer aquela quantia de dinheiro.

Laurent ainda estava meio adormecido, sentado na cama com as pernas cruzadas e os olhos ainda fechados, coçando distraidamente a nuca.

"Você está falando sozinho?" Laurent murmurou. "Isso é preocupante."

"Estou pensando."

"Isso é ainda mais preocupante."

Klaus o encarou fracamente. "Você mal consegue juntar duas palavras, mas vejo que ainda tem coisas prontas para dizer a qualquer momento."

"É um talento meu", respondeu Laurent antes de levantar os braços e começar a esticar as costas. "Vou ficar quase dois metros abaixo do solo e você ainda vai me ouvir insultando as pessoas."

Klaus riu, balançando a cabeça levemente e se concentrando nas sacolas novamente. No final das contas, esse ainda era seu dinheiro. Ele não gostava de manter essa quantidade de dinheiro em sua cobertura, mas também era muito preguiçoso para fazer qualquer coisa a respeito.

"Do que você estava reclamando, afinal?"

"Não estava reclamando," Klaus respondeu. "E para responder sua pergunta, Ryland está sendo tão exagerado como sempre com tudo que eu peço a ele para fazer."

Laurent abriu os olhos, finalmente, piscando preguiçosamente para Klaus antes de rastejar até o final da cama e olhar para baixo, localizando as sacolas que estava alinhado no chão. Ele pegou um e o trouxe sobre o colchão, olhando-o com curiosidade.

Klaus permitiu que ele se divertisse e foi até o armário. Ele tirou o casaco e o jogou em cima do piano. Verdade seja dita, apesar de ele tentar ao máximo ignorar isso, havia uma sensação desagradável no fundo de seu estômago e ele não conseguia se livrar dela.

Da última vez que Klaus ignorou seu instinto, o dia não terminou exatamente do jeito que ele esperava.

"Oh!" Laurent gritou, parecendo encantado. " Dinheiro!"

Klaus franziu a testa e se virou bem a tempo de ver Laurent levantando a sacola sobre sua cabeça. Ele a virou com um sorriso animado e fechou os olhos quando as notas coloridas começaram a cair da bolsa aberta.

"Você está brincando comigo?" Klaus gemeu.

Laurent, por outro lado, parecia estar experimentando algum tipo de euforia ridícula se seu sorriso fosse alguma indicação. Ele riu ao sentir o dinheiro caindo em seu rosto e nas pernas e então jogou a sacola fora.

"Oh, eu amo isso!" Ele exclamou. Laurent juntou mais dinheiro em seus braços e então jogou na cabeça novamente. "É tão divertido!"

Sempre, pensou Klaus.

Laurent caiu de costas, ainda rindo sozinho enquanto rolava nas notas que caíram por todo o colchão.

"Você é uma criança", disse Klaus. De forma bastante assustadora, sua voz soava terrivelmente afetuosa.

“O dinheiro é adorável,” Laurent suspirou. "E eu sou tão adorável, então esta é uma bela combinação."

"Você faz isso com frequência?" Klaus perguntou enquanto caminhava em direção à cama. "Rolar em dinheiro?"

Laurent assentiu enquanto parava de se mover, deitando-se de costas. "Normalmente, estou nu."

Essa seria uma visão estupidamente bonita, Klaus imaginava.

"Você mencionou ter mais dinheiro do que precisa."

"Tanto dinheiro", disse Laurent. "Meu banco me ama. Sou terrivelmente rico."

Klaus arqueou uma sobrancelha. Ele apoiou um joelho na cama e, com a sensação do colchão afundando, Laurent se apoiou nos cotovelos para olhar para ele.

"Como?" Klaus perguntou.

Laurent sorriu. "Eu disse a você, os homens adoram pagar uma porrada de dinheiro para ter suas fantasias realizadas."

"Você também me disse que é um amante de fantasias."

"Se eu for pago tão bem por eles, então sim." Laurent respirou lentamente. "Homens são fáceis de comprar."

Suas pernas estavam separadas, talvez quase involuntariamente. Klaus percebeu e não conseguiu evitar olhar para a pele macia à sua frente. Klaus descansou a cabeça no joelho de Laurent, movendo-a lentamente ao longo da parte interna da coxa, sentindo arrepios subirem sobre a pele de Laurent.

"Todo esse dinheiro seu," Klaus suspirou. "O mundo inteiro deve querer tocar em você."

Klaus não podia culpar o mundo por querer tocar em alguém como Laurent. Tocar em algo que se assemelhava a um milagre era demais e, no entanto, os humanos são egoístas por natureza e, desde que possam colocar as mãos em algo bonito, eles o farão, não importa o quão sujos estejam.

Klaus era o principal exemplo disso.

Laurent engoliu, suas pernas se separando mais.

"Eu não preciso do mundo inteiro entre minhas pernas se quero comprar algo bonito para mim, mon coeur," Laurent respirou fundo. "Um homem é o suficiente." Ele fez uma pausa e então sorriu. "Eu quero dizer isso, você tem alguma ideia de quanto uma pessoa está disposta a pagar apenas para que possa provar um vampiro?"

"Não, eu não," Klaus respondeu. Sua mão parou um pouco antes da junção entre o quadril e a perna de Laurent. "Você nunca me pediu para pagar."

Laurent lambeu os lábios e Klaus engoliu em seco, não percebendo que estava se inclinando até que seu peito foi pressionado contra o de Laurent e seus lábios estavam separados apenas por um sopro.

"E ainda assim você está me tocando," murmurou Laurent. Seus olhos se moveram sobre as feições de Klaus por alguns momentos. "Você preferiria que eu pedisse para você pagar?"

"Não," Klaus respondeu imediatamente.

"Porque você não é um cliente," Laurent disse enquanto envolvia seus dedos ao redor do pulso de Klaus. "E eu não sou seu brinquedo."

Klaus permitiu que Laurent movesse sua mão até seu quadril. "Você não é."

"Então você deveria me tocar ainda mais." Laurent se inclinou para frente, os lábios roçando os de Klaus. "Deveria me foder com o seu dinheiro sem me dar um único centavo."

E por mais que Klaus fosse fraco para seus próprios desejos e, principalmente, pela maneira como Laurent tornava tão fácil se apaixonar por ele, ele sabia que Johnny provavelmente estaria aqui em questão de minutos, mas—

Mas então Laurent o estava beijando e as mãos de Klaus estavam se movendo por conta própria sobre a barriga de Laurent, levantando o suéter que o homem estava vestindo e era tão difícil dizer não a uma maré.

Klaus sentiu os joelhos de Laurent apertando seus quadris enquanto ele lambia a boca de Laurent, o calor já se espalhando por seu peito e viajando para baixo. Ele interrompeu o beijo quando Laurent se arqueou na cama e olhou para ele. A respiração dele saia em lufadas de ar rápidas e suaves.

Klaus se perguntou, por um momento, como Laurent ficaria quando estava apaixonado.

Ele se perguntou como Laurent iria olhar para ele se ele estivesse apaixonado.

Laurent descansou suas mãos em cada lado do pescoço de Klaus antes de puxá-lo para outro beijo, cantarolando contra seus lábios e lambendo sua boca com intenção. E Klaus o deixou ficar com isso, deixou Laurent pegar porque, no final do dia, tirar é o que os dois faziam de melhor.

Mas Laurent gemeu contra sua boca, envolvendo seus braços ao redor do pescoço de Klaus e Klaus não conseguia evitar, ele não conseguia evitar.

Me ame, ele pensou enquanto apertava a pele macia do quadril de Laurent, Me ame , Klaus sentiu o arrepio de Laurent quando ele mordeu o lábio inferior do homem mais jovem.

Por favor me ame.

"Espere," Klaus sibila. "Porra, espere."

Laurent piscou para ele e uma carranca de preocupação marcou seus traços. "O quê? O que eu fiz?"

"Você não fez nada, só - porra, me dê um momento."

Laurent deu um aceno fraco e Klaus se afastou dele, sentando-se ereto entre as pernas de Laurent.

Porra, ele não podia fazer isso.

Klaus sempre foi muito fraco para seus próprios desejos, mas desta vez é diferente, desta vez dói.

"Você ainda está com medo?"

Klaus respirou fundo antes de conseguir olhar nos olhos de Laurent.

Desta vez doía porque da última vez que ele tirou de Laurent, ele tirou mais do que deveria e não podia fazer isso de novo. Não com Laurent.

"Estou apavorado", disse Klaus no fim. Ele achava que estava sendo muito honesto ultimamente, mas não conseguia evitar.

Algo triste caiu no olhar de Laurent e Klaus se sentiu ainda pior por ter esse efeito no outro.

"Estou bem", ele mentiu. "Eu realmente estou."

Laurent fez uma careta. "Mentiroso."

"Eu só preciso de um momento, Laurie."

"Eu sei disso," Laurent suspirou. Ele se levantou e se sentou direito também, cruzando as pernas mais uma vez. "Eu não gosto disso, no entanto."

"Tenho certeza que você pode ficar longe de mim um pouco mais."

"Não seja desagradável com isso", retrucou Laurent com um olhar severo. "Eu não gosto que você tenha tanto medo de me tocar. E, em geral, não apenas por sexo. O fato de que você estava com tanto medo ontem e ainda está, eu não gosto disso. Não há nada para ter medo, cherrie. "

É aí que Laurent não poderia estar mais errado.

Haviam muitas coisas sobre ele que deveriam aterrorizar as pessoas e Klaus ficou surpreso que Laurent não soubesse disso. O que surpreendeu Klaus ainda mais, entretanto, é que ele demorou tanto para perceber isso também: que Laurent era muito intenso e precioso para não ser temido.

Deus, como pode alguém não ter medo de tocar em alguém tão precioso como Laurent?

"Vou trabalhar nisso, hein?" Klaus saiu da cama, ignorando o olhar desapontado nos olhos de Laurent. "Eu tenho que ir de qualquer maneira. Johnny estará aqui a qualquer momento e, quer eu goste ou não, eu tenho que comparecer a esta reunião." Klaus apontou para a bagunça na cama. "Divirta-se com o dinheiro, vou fazer meu trabalho."

"Vou fazer origami com esse dinheiro."

"Eu juro, você faz essa merda e eu estou te expulsando desta casa e te fazendo dormir no jardim."

Laurent riu e soou genuíno o suficiente para Klaus perder um pouco da tensão que havia se acumulado em seus ombros. Ele rapidamente encolheu os ombros em seu casaco e então ele pegou duas das bolsas restantes cheias de dinheiro.

"Não deixe Ryland louco", disse Klaus.

"Não estou prometendo nada", respondeu Laurent. Ele deu um sorriso para Klaus então. "Não se mate."

Klaus parou por um momento.

O fato de ele ser tão bom em ler o pavor de Laurent era, de alguma forma, mais problemático do que ele esperava.

"Eu não vou", disse Klaus. "Prometo."

~•~


A cidade estava cinza.

Nenhuma nuvem cheia de neve, nenhuma nuvem cheia de uma tempestade que ainda não caiu. O céu estava simplesmente pintado de cinza muito pálido, mesmo que não houvesse nuvens. Os prédios também tinham as mesmas cores e suas linhas pareciam quase se confundir com os tons do céu.

Estava escuro.

Johnny dirigia silenciosamente, seus dedos batendo ritmicamente no topo do volante. Suli estava sentada no banco de trás com uma perna dobrada sobre a outra, o rabo apoiado no colo e se contorcendo levemente a cada solavanco que as rodas encontravam na estrada. Ela estava olhando pela janela do carro e, por enquanto, parecia relaxada o suficiente.

Klaus sabia que não iria durar muito. Sulli podia ser inteligente e astuta, mas ela também tinha o pior temperamento quando tinha que comparecer a reuniões nas quais não tinha nenhum interesse real. O tédio a tornava uma ameaça.

Talvez seja por isso que ela decidiu trazer Juno e Mal junto.

Os dois Nagas estavam sentados perto um do outro, Mal com o queixo apoiado no ombro de Juno enquanto olhava pela janela, enquanto Juno estava ocupado olhando para seus dedos entrelaçados em seu colo.

Klaus não odiava os dois, mas eles eram perturbadores. criaturas antigas assustavam Klaus ou, pelo menos, o deixavam desconfiado. Além disso, eles eram muito quietos e Klaus não sabia nada sobre eles.

Gabriel? Irritante pra caramba, claro, mas Klaus o conhecia.

Lucille poderia ser um curinga, mas Klaus estava familiarizado com a forma como a mente da ninfa funcionava, então ele não tem tanto medo dela.

Esses dois Nagas, entretanto? Inferno, essas são cobras de verdade, presas venenosas e tudo, Klaus não chegaria perto delas com uma vara de três metros de comprimento.

Klaus manteve um suspiro para si mesmo e olhou para a estrada. Eles já estavam no setor norte, mudando-se de distrito, onde vivia Giovanni Berlusconi. Assim como Klaus lembrou, o Setor Norte era limpo e animado mesmo durante o dia, uma grande diferença do próprio setor de Klaus que ganhava vida principalmente à noite. Mas do jeito que o tempo estava, até mesmo os amarelos e laranjas suaves das casas menores pareciam desbotados, fazendo com que o distrito parecesse mais escuro do que normalmente seria durante um dia ensolarado.

Johnny dirigiu o carro além da fronteira do distrito e imediatamente, Klaus foi oprimido pelo número de lojas sofisticadas que ocupavam cada rua e esquina, restaurantes luxuosos e cafés aconchegantes nos espaços vazios restantes.

"Merda," Klaus murmurou. "Você é tão repulsivamente rica."

Sulli riu de seu assento. "Mmh. Eu governo um setor adorável."

"Não me diga."

"A maior parte do meu dinheiro ainda vem das informações que vendo."

"Sulli não faz os donos das lojas pagarem altos impostos", diz Juno repentinamente. "Eles ficam com a maior parte de sua renda também."

Klaus sorriu com o orgulho óbvio na voz do Naga. Era uma coisa que ele sempre admirou em Sulli: a lealdade pura e sem filtros e o amor que suas bonecas tinham por ela. Alguém poderia pensar que com tantas crianças para cuidar, a maioria delas nem mesmo humanos, haveria tensão ou, pelo menos, alguma discórdia. Em vez disso, todos eles funcionavam perfeitamente juntos, como uma máquina faria.

"Pronto," Sulli disse. "Essa é a casa dele."

Os olhos de Klaus se arregalaram.

Isso não era uma casa, era uma maldita mansão.

Ao estacionar o carro, Johnny soltou um assobio impressionado. "Merda."

"Isso é tão ridiculamente grande," Sulli suspirou. "Eles realmente não sabem o que fazer com seu dinheiro."

Era óbvio que o edifício era novo, devia ter sido construído há poucos meses. As paredes são de um branco imaculado de baixo para cima, e a frente da villa mostrava que deve haver pelo menos três andares. As janelas também eram altas e grandes e cada uma tinha uma varanda de aspecto barroco à sua frente.

Sulli estava certa em uma coisa: o lugar parecia ridículo pra caralho, especialmente porque estava localizado entre duas modestas casas de um andar. A rua inteira tinha paredes amarelas suaves, exceto a villa de Giovanni e estava claro que isso foi feito de propósito, para mostrar a diferença de classe.

Klaus fez uma careta e saiu do carro.

“Falta de classe é sempre terrível,” Sulli disse quando ela ficou ao lado de Klaus também. "Mas quando você junta muito dinheiro, fica terrível."

Klaus assentiu. "Temos que comer dentro dessa bagunça?"

"Temo que sim."

"Quanto você vai apostar que ele só tem móveis em madeira escura?"

Sulli sorriu. "Não há necessidade de apostar quando o resultado é tão óbvio, é chato."

Johnny pegou as coisas de volta do porta-malas e então ele trancou o carro e acenou para Klaus, sinalizando que eles podiam se mover. Eles atravessaram a rua e se dirigiram para a entrada da villa. A porta principal era feita de madeira escura, polida a ponto de Klaus ter certeza de que podia ver seu próprio reflexo se focasse com força.

Sulli é quem apertou o botão da campainha. Imediatamente, um som de toque alto e estridente pôde ser ouvido vindo de dentro da casa. Klaus olhou para trás para encontrar os dois Nagas olhando ao redor com um olhar mal disfarçado de aborrecimento e então a porta se abriu.

Havia um maldito mordomo na frente deles e Klaus não sabia se queria rir ou chorar.

O homem, uma coisa de aparência senil e frágil, fez uma reverência profunda antes de se afastar para deixá-los entrar. Klaus gentilmente colocou sua mão nas costas de Sulli e a fez entrar primeiro e então ele a seguiu.

"Mestre Giovanni cuidará de você em breve", disse o mordomo. "Se vocês me derem seus casacos, por favor."

Enquanto eles se livravam dos casacos, Klaus olhou ao redor. Era uma tarefa difícil manter o sorriso divertido que ameaçava enrolar seus lábios ao ver a madeira escura por toda parte, tornando o interior da casa sombrio e pretensioso quando combinado com os pesados ​​lustres de cristal que pendiam dos tetos altos.

E esta era apenas a entrada.

"Por favor, sintam-se em casa", disse o velho. "No salão principal, vocês encontrarão que há bebidas para saborear enquanto esperam pelo mestre Giovanni."

O mordomo rapidamente pegou os casacos de todos e, depois de uma última reverência, se afastou.

Sulli suspirou e então pegou o cotovelo de Klaus, arrastando-o consigo enquanto entrava na casa.

"Idiota mimado nos fazendo esperar", disse ela em voz baixa. "Eu o quero morto."

"Não se precipite", Klaus respondeu. "Precisamos dele vivo."

"Quem disse?"

"Todo mundo."

"Todo mundo pode beijar meus pés."

Klaus sentiu a cauda de Sulli se movendo em movimentos bruscos e afiados contra seus quadris. Ela realmente estava nervosa e irritada, mas ela estava escondendo isso bem longe das contrações de suas orelhas e cauda.

O salão era, claro, ainda pior do que Klaus imaginou.

A mobília parecia velha. Velho no sentido de "avô do meu avô era dono disso e, portanto, eu mantenho polido e trato como se fosse meu amante" meio velho. Klaus não tinha dúvidas de que tudo nesta sala era extremamente caro, desde as cômodas até o sofá e poltronas de veludo verde esmeralda, mas o efeito que eles davam era de uma riqueza forçada.

Sulli não pareceu muito incomodada com isso, porém, não quando ela viu a bandeja de álcool ao lado do sofá. Com um suspiro, ela rapidamente soltou o braço de Klaus e se moveu para preparar uma bebida para ela, Juno e Mal a seguindo como sombras.

"Ebano," Johnny murmurou enquanto atingia o chão com o salto do sapato. "Este lugar é tão escuro e cheira a uma casa de campo."

Apesar das grandes janelas, a luz que se filtrava no interior era mínima. Havia cortinas pesadas penduradas na frente das janelas e, devido à luz já pálida, o quarto parecia abarrotado.

Talvez seja isso que Giovanni desejava, no entanto.

"Você não vai beber?" Sulli perguntou quando ela terminava com a garrafa de gim. Ela levantou a taça de Martini e dá um gole. "Eu sinto que você pode precisar."

“Da última vez que me encontrei com o chefe de uma gangue e bebi, acabei pisando em sua garganta”, disse Klaus. "Podemos querer evitar isso."

"Ouvi dizer que foi um espetáculo e tanto."

Klaus se virou ao som de uma nova voz e se deparou com quem só podia ser Giovanni Berlusconi.

Klaus podia rir; o garoto não podia ter mais de 25 anos e era muito alto e magro para o seu próprio bem, uma pele bronzeada que contrastava fortemente com as olheiras. Olhos pequenos que careciam da intensidade do olhar de Santiago Ricci.

"Perdoe-me pelo atraso", disse Giovanni, sorrindo. "Eu tinha um telefonema para cuidar. Espero que você não tenha visto isso como uma falta de respeito, Sr.Burzynski."

Ele tinha uma voz que lembrava Klaus de um rato. Estridente de uma forma peculiar, quase sempre pouco agradável ao ouvido.

"Não há necessidade de se desculpar", disse Klaus. "Somos todos pessoas ocupadas, afinal."

"Estou feliz que você ainda encontrou tempo para vir me ver. Estou honrado, na verdade." Giovanni acena para si mesmo. "Tanto Klaus Burzynski quanto Sulli Kim são meus convidados. Eu conheço homens que matariam para estar em meu lugar."

Ele era bom em puxar saco, Klaus tinha que dar isso a ele, pelo menos.

“É meu dever cuidar dos novos líderes de minhas gangues”, Sulli acrescentou com um sorriso. "Normalmente, porém, eles têm a decência de vir até mim."

Bem, lá vão eles.

Johnny parecia já constipado e Klaus tinha a sensação de que não ia demorar muito para se sentir assim também.

Giovanni, porém, não pareceu se importar. Ele riu e balançou a cabeça timidamente antes de esfregar a nuca.

"Ah, sim. Sim, Senhorita Sulli, eu concordo. Fui muito rude. Mas vou fazer você me perdoar. Contratei um chef incrível e pretendo ser um bom anfitrião."

Sulli sorriu e não disse mais nada. Ela tomou um gole de seu Martini enquanto os dois Nagas ficavam ao lado dela com os lábios quase já curvados para trás.

Isso não ia acabar bem.

"Falando nisso", exclamou Giovanni. "Vamos para a sala para comer?"

 

A comida era boa.

Klaus comeu algum tipo de salmão defumado norueguês e, pelo tempo que levou para limpar o prato, ele não estava tão irritado quanto quando entrou nesta casa.

Johnny tinha ficado quieto principalmente, bebendo seu vinho lentamente e mantendo os olhos em Giovanni. Os Nagas mal tocaram na comida, o mesmo valia para Sulli. Giovanni, por outro lado, parecia e se comportava como uma criança durante toda a refeição.

Ele parecia animado e claramente satisfeito por receber duas das pessoas mais poderosas de cidade. Ele provavelmente estava pensando que isso daria a ele o direito de se gabar, ou que se ele estragá-los o suficiente hoje, Klaus ou Sulli iriam cantar elogios sobre ele para todo mundo ouvir.

Era fofo que ele fosse tão ingênuo, Klaus estava se divertindo.

"Você tem uma casa linda," Johnny disse de repente. Klaus quase engasgou com seu Chardonnay.

"Obrigado", Giovanni sorriu. "No momento em que vi este lugar, tive que comprá-lo."

"Claro."

"Estou muito orgulhoso disso. Os móveis, especialmente."

Oh Deus.

"A maior parte pertencia ao meu bisavô e eu cuido muito de tudo o que ele me deixou."

Juno bufou.

O que levou Klaus a bufar também.

Como resultado, o sorriso satisfeito de Giovanni desapareceu. Mal fez o possível para manter o rosto sério enquanto dava um tapinha nas costas de Juno e Klaus pigarreou.

"Eu engasguei", disse Klaus. Ele via Johnny esfregando suas têmporas. "No vinho."

"Oh." Giovanni acenou com a cabeça. "Você gostaria de um pouco de água?"

"Eu estou bem." Klaus olhou para Juno. "Ele também engasgou."

"Sim," Juno diz rapidamente. "Eu tenho um reflexo de vômito terrível."

Jesus Cristo, o que diabos Sulli tinha ensinado suas bonecas?

Klaus olha para a kitsune, mas a mulher parecia muito satisfeita para realmente se importar.

Johnny, por outro lado, tinha uma expressão de total derrota em seu rosto. Klaus entendeu, realmente, o pobre homem estava tentando ao máximo manter o favor de Giovanni ao seu lado e eles arruinaram tudo porque não conseguiram manter o rosto sério pela vida deles.

"Por favor," Johnny disse de repente. "Conte-me mais sobre a casa."

E Giovanni fez isso. Muito feliz.

Klaus pediu mais salmão defumado.

 

Assim que a comida acabou e não havia mais comida na mesa, foi Sulli quem quebrou o silêncio.

"Eu acredito que precisamos conversar, Giovanni."

O jovem ficou sóbrio imediatamente. Ele endireitou o ombro e acenou com a cabeça antes de se levantar.

"Vamos fazer isso no meu escritório", disse ele. "Nós podemos falar lá."

O escritório de Giovanni ficava no andar de cima, no segundo andar da casa. Klaus não pôde deixar de notar que esta parte da villa era ainda mais escura do que o resto. As cortinas são de um vermelho escuro e grossas, impedindo a entrada de qualquer tipo de luz que possa passar por elas. Os corredores e quartos eram iluminados apenas pelos enormes lustres, uma luz amarela quente que projetava sombras na madeira escura do chão de uma forma que fazia parecer que o espaço ao redor deles era muito mais estreito do que realmente é.

Não podia ser por acaso, Klaus pensou. Tudo neste lugar parecia muito planejado e cuidadosamente projetado.

Giovanni os guiou para o escritório em silêncio, o único ruído que colocava um ritmo em sua caminhada era o que os saltos de Sulli faziam no chão de madeira.

Para a surpresa de Klaus, o escritório de Giovanni era muito menos escuro do que o resto da villa. As paredes eram brancas e no fundo da sala havia uma mesa de escritório simples. As duas poltronas à sua frente eram os únicos objetos na sala com cores mais quentes, um rico couro marrom, mas fora isso, era semelhante ao próprio escritório de Klaus.

"Por favor sentem-se." Giovanni contornou a mesa para se sentar em sua cadeira.

Klaus deixou Sulli sentar primeiro, então ele se acomodou na outra poltrona, afundando um pouco no assento macio. Johnny estava atrás dele e dos Nagas, mais uma vez, ambos ao lado de sua protetora.

"Devemos fazer isso rápido?" Sulli perguntou. Ela estava sorrindo, mas havia um certo tom em seu olhar, algo que pareceu funcionar a julgar pela linha fina dos lábios de Giovanni. "Você sabe por que estou aqui, Giovanni."

"Eu-"

"E se você não sabe, então você deve ser um tolo ou ingênuo. Essas duas coisas não vão te levar muito longe nesta cidade."

Giovanni engoliu visivelmente. "Imagino que você esteja aqui por causa da minha...disputa pelo distrito."

Sulli acenou com a cabeça. "Você tem sido um menino mau, Giovanni."

"Era uma questão de orgulho."

"Aquele homem que você matou era mais velho que você. Mais experiente."

"Eu tive que dar o exemplo."

"Que uma criança como você atiraria em um homem mais velho e mais respeitável na frente de tantas pessoas em um distrito neutro de merda?" Sulli arqueou uma sobrancelha. "Esse é o seu exemplo?"

Giovanni se contorceu em sua cadeira por um momento.

"Sou jovem", disse ele. "E eu acabei de assumir essa gangue depois que um homem que a comandou por anos foi morto. Eu precisava que meus homens confiassem em mim, para ver que não sou apenas uma criança mimada. Que não sou fraco, que sou agora liderando-os por um motivo. "

Uma colher de ouro, Klaus percebeu. Ele cuspiu sobre o quão poderoso era seu bisavô, Klaus imaginou que a única razão pela qual ele era o líder é que sua família puxou alguns cordões. Prometeu dinheiro aos escorpiões e, provavelmente, forneceu-o também.

Sulli bateu os dedos no braço da cadeira, o rabo dobrado sobre o colo. Ela suspirou e alisou as dobras de seu vestido verde antes de se inclinar para frente.

"Você acabou de começar", disse ela. "E eu não sou uma governante impiedosa. Você trabalha para mim, Giovanni, e eu protejo aqueles que trabalham para mim. É também por isso que não houve nenhuma repercussão depois de seu pequeno ato de rebelião."

Surpresa coloriu o rosto de Giovanni e Sulli franziu a testa.

"O que?" Ela perguntou. "Você realmente achou que a gangue do homem que você assassinou simplesmente o deixou porque te respeita? Você? Você não é nada nesta cidade, garoto. A razão pela qual você ainda está respirando nesta sua villa é que eu paguei uma grande soma de dinheiro." Sulli sorriu. "Você sabe, pela perda deles."

"Oh," Giovanni soltou o ar. "Eu não tinha ideia de que-"

"Claro que não, eu fiz para que não fosse espalhada a notícia." Sulli acenou com a mão para ele com desdém. "Eu decido quais informações deixam meu setor, Giovanni."

"Eu-"

"É por isso que estou disposta a fechar os olhos", disse Sulli, interrompendo Giovanni. Ela se recostou na cadeira, parecendo ser dona da maldita poltrona. "Especialmente se você aceitar o pequeno acordo que estamos prestes a lhe oferecer."

"Um acordo", repetiu Giovanni. Sob as luzes frias do estúdio, ele pareceu muito mais pálido do que antes.

"Você tem um cinzeiro que eu possa usar?" Klaus perguntou então. Ele pegou seu maço de cigarros e Giovanni acenou com a cabeça antes de abrir uma das gavetas da escrivaninha. Ele puxou um cinzeiro de cristal e o colocou na mesa bem na frente de Klaus. "Obrigado, garoto."

Giovanni balançou a cabeça lentamente e Klaus acendeu seu cigarro. Ele deu uma longa tragada antes de expirar uma nuvem de fumaça que lentamente subiu, acumulando-se sobre sua cabeça.

"Você vai trabalhar para mim de agora em diante."

Giovanni piscou antes que a confusão aparecesse em suas feições. O homem inclinou rapidamente a cabeça e riu nervosamente, seus olhos indo de Klaus para Sulli.

"Eu não entendo, Sr.Burzynski", disse ele.

“É uma grande honra trabalhar para o Coração da cidade,” Sulli disse. "Você não está feliz, Giovanni?"

"Eu trabalho para o Norte", murmurou Giovanni.

"E você ainda vai fazer isso. Por que eu iria deixar você ir?" Sulli deu de ombros e deu a ele um sorriso brilhante. "Mas você também trabalhará para o Klaus."

"Nada muito louco", acrescentou Klaus. "Dê-me alguns de seus melhores corredores, espalhe minhas drogas em alguns dos clubes aqui no Norte. O de costume. Ah, e sua rede de armas, vou precisar de algum acesso a isso também." Klaus bateu o cigarro no cinzeiro. "Afinal de contas, a única coisa em que vocês, escorpiões, são bons é vender armas baratas por preços ridículos. Posso respeitar isso."

"Trabalhar para nós dois fará maravilhas com suas finanças e, acredite em mim, você precisa do milagre." Sulli pegou uma mecha de cabelo entre os dedos e começou a enrolá-los em movimentos lentos. "Um passarinho meu me disse que após a morte de Santiago seus maiores clientes se retiraram, hein? Mas se você trabalhar para nós dois, terá o dobro do lucro. E posso ver que você aproveita seu dinheiro, Giovanni."

Os olhos de Giovanni estavam arregalados e incrédulos. Ele abriu a boca para dizer algo, mas Klaus sugou uma respiração afiada por entre os dentes cerrados, ativamente calando-o.

"Tenho certeza de que é uma grande surpresa para você, então deixe-me tornar isso mais fácil." Klaus gesticulou para Johnny e o homem rapidamente se moveu para a mesa. Ele jogou a sacola que estava carregando o tempo todo em cima dela e deu um passo para trás. "Abra."

Giovanni encarou a sacola à sua frente por alguns momentos antes de pegar o zíper. Quando ele abriu lentamente, seus olhos ficaram ainda mais arregalados, o que, claro, era uma tarefa que Klaus não achou possível.

"Eu-" Giovanni engoliu em seco. "Isso é muito."

"Tem mais para você se você aceitar. Mais quatro sacolas," Klaus fez uma pausa. "Na verdade, três. Mas posso fazer quatro de novo."

"Então!" Sulli bateu palmas uma vez e Giovanni recuou com o som. "Estamos ansiosos por essa colaboração, Giovanni."

Klaus levou o cigarro aos lábios e inalou a fumaça enquanto apreciava a expressão de total espanto no rosto do jovem.

Isso foi fácil. O fato de ele ser tão jovem certamente os ajudou muito, mas no final do dia, esta era sua cidade. E os homens ali não queriam nada além de dinheiro e para serem comprados. Dava-lhes uma sensação de segurança.

Isso até que as feições de Giovanni ficassem em branco. O homem suspirou e então fechou o zíper da bolsa novamente, empurrando-a levemente de volta para Klaus.

"Não estou trabalhando para ele."

Huh.

Os dedos de Klaus se contraíram por um segundo em torno do cigarro. "Desculpe?"

"Isso tem sido interessante", disse Giovanni. Ele se recostou na cadeira e sorriu. "Mas afinal, eu tinha sido avisado. Eu sabia o quão cheios de si vocês dois são, mas, ainda assim, foi divertido."

Klaus se lembrou daquela sensação desagradável e desconfortável que tomou conta de seu estômago esta manhã e, mais uma vez, ele se lembrou de que realmente deveria ouvir seu maldito instinto.

Sulli ficou muito quieta, sua cauda agora lentamente deslizando de seu colo, orelhas em pé.

"Verdade seja dita, também não trabalho para o Norte", acrescentou Giovanni. "Eu não trabalho para você, Sulli."

Klaus zombou, sorrindo.

"Olha esse pirralho, porra inacreditável." Klaus balançou a cabeça e Giovanni olhou para ele com uma sobrancelha arqueada. "Ele acha que consegue definir as regras, a porra-"

"Como está Laurent?"

Klaus estava vagamente ciente do assobio baixo e ameaçador que veio dos Nagas. Ele estava mais focado em quão alto o som de seu próprio coração ecoava em seus ouvidos.

Houve uma onda perturbadora de raiva que percorreu seu sistema com o sorriso presunçoso de Giovanni. Algo que fez Klaus querer estender a mão, envolver a garganta do garoto com as mãos e apertar até que seus lábios ficassem azuis.

"Honestamente", Giovanni riu. Ele alcançou a gola de sua camisa branca e desabotoou os primeiros dois botões. "Você realmente achou que alguém como eu assumiria essa bagunça de gangue porque eu queria? Porque eu precisaria de um bando de homens das cavernas para ter poder?"

O que diabos estava acontecendo?

Klaus lançou um olhar para Sulli e ele encontrou a mulher tão sem palavras e confusa quanto ele.

"Estou apenas cumprindo ordens." Giovanni revirou os ombros. "Já que o Lange me disse para fazer isso, aqui estou."

Puta que pariu, porra.

"Ele é o único que se aproximou de mim primeiro, na verdade. Não tinha ideia de quem era o bastardo até um mês atrás."

"Onde ele está?" Klaus perguntou.

"A porra do dinheiro que ele me deu, Burzynski", sussurrou Giovanni. "E a porra do dinheiro que ele me prometeu...todo mundo pode ser comprado pelo preço certo e ele tem sido muito generoso. Todo aquele dinheiro só para assumir essa gangue de merda depois que o Santiago estivesse morto."

"Onde ele está?"

"A porra se eu sei." Giovanni encolheu os ombros. "Eu nunca o conheci."

Merda.

Merda.

"Só ouvi sua voz e vi seu dinheiro em minha conta bancária na Suíça e, honestamente, isso é tudo que me preocupa. Somos parceiros de trabalho e seremos contanto que ele me pague."

Como?

Como Lange chegou até ele? Como ele sabia que Ricci iria morrer?

"Não sou o único em quem ele pôs as mãos, Burzynski", continuou Giovanni. "Há tantas gangues que já foram compradas e você nunca vai saber, porra. Algumas das suas já disseram adeus às suas ordens."

Klaus engoliu apesar de sua garganta estar seca. Ele deu outra tragada na fumaça e, de alguma forma, conseguiu impedir que sua mão tremesse.

"Lange está assumindo as gangues e os distritos neutros e não há nada que você ou as outras famílias possam fazer sobre isso. Ele é muito bom em se esconder." Giovanni inspirou. "Ele odeia você, sabe? Não sei por que, não me importo. Mas logo, o Coração vai mudar. Essa cidade pertencerá a outra pessoa."

"Eu deveria matar você agora," Sulli de repente ferveu. "Eu deveria arrancar seu coração do seu peito e jogá-lo na rua."

Giovanni se virou para ela e sorriu.

"Claro, você poderia fazer isso. Não sei o que aconteceria com Cassandra, no entanto."

Juno e Mal se inclinaram para frente, agarrando a borda das poltronas e afundando suas garras no couro, lábios curvados para trás e presas pingando veneno.

Sulli ficou parada com a mandíbula em uma linha dura.

"Mas não será apenas a cidade", continuou Giovanni. Ele olhou para Klaus e seu sorriso se alargou. "Ele vai levar tudo que você possui. E todos."

Deus não.

"Sabe, ele realmente gosta de falar sobre ele." Giovanni lambeu os lábios. "O vampiro."

De repente, Klaus estava muito ciente do peso de sua arma onde estava enfiada em seu cinto.

"O nome dele é Laurent, certo? Ele é tão bom assim como o Lange diz?"

Ele poderia simplesmente estender a mão para trás e atirar em Giovanni bem entre seus olhos. Klaus sempre foi um atirador rápido.

"Lange me contou sobre ele. Ele me disse tudo que há para saber sobre ele. Porra, Burzynski." Giovanni balançou a cabeça, os olhos um pouco selvagens com adrenalina. "Lange disse que ele é um vagabundo faminto. Mas todos são assim, hein? Eles implorariam para ter algo os enchendo."

A mão de Klaus se moveu por conta própria, lentamente. Giovanni não percebeu, ele estava muito ocupado se regozijando.

"Se você soubesse", sussurrou Giovanni. "As coisas que o Lange fez com ele...merda. Estou surpreso que Laurent não tenha se matado ainda. Eu sei que o faria."

Klaus sentiu seus dedos roçando o metal do punho da arma.

Sulli se levantou abruptamente.

Giovanni se virou para ela e, prontamente, seu rosto perdeu a pouca cor que sempre tinha.

Klaus olhou para o kitsune enquanto ela encarava Giovanni com olhos estreitos, suas pupilas encolhidas em fendas. Suas garras também estavam fora e Klaus se perguntou se ela estava mesmo controlando-as, se ela tinha algum controle sobre si mesma.

Ela continuou olhando. Então ela respirou fundo.

"Terminamos aqui."

Ela se virou e saiu da sala em passos largos, seguida pelos Nagas.

Klaus afastou a mão da arma e levou o cigarro aos lábios uma última vez. Ao se levantar, ele o deixou cair no chão de ébano caro e o pisou com o salto do sapato, certificando-se de arrastá-lo sobre a madeira e deixar uma linha negra de cinzas.

Ele acenou para Johnny e se dirigiu para a porta também, o peso de sua arma e a pressão forte dela ainda muito vívidas.

"Burzynski."

Klaus parou de andar.

"Você esqueceu seu dinheiro."

"Fique com o troco."

Johnny agarrou seu braço e então eles estavam fora do escritório.

 Mas, porra, seria fácil virar e atirar naquele garoto.

~•~


 O caminho de volta para o apartamento de Sulli foi silencioso.

O céu escureceu e Klaus imaginava que iria chover ou nevar esta noite. Uma vez que Johnny parou o carro na frente da casa de Sulli, ninguém se moveu por um tempo. Finalmente, a raposa suspirou e se inclinou para perto do assento de Klaus. Ela deu um beijo na bochecha dele e sorriu.

"Não se preocupe, Klaus", disse ela. "A cidade ficará melhor sem os escorpiões."

Klaus se virou para ela. "E quanto a Cassie?"

"Se aquela criança pensa que eu deixaria alguém se aproximar dela, então ele e Lange realmente não têm chance", ela respondeu. "Nós protegemos quem amamos, Klaus. Nós dois o fazemos."

Ele deveria ter atirado em Giovanni.

Johnny dirigiu em silêncio, os olhos na estrada e com a mandíbula rígida.

Klaus estava olhando pela janela do carro, captando as imagens borradas das casas pelas quais eles passavam sem prestar atenção. Era estranho. Agora que a onda inicial de raiva se dissipou, tudo que sobrou para Klaus foi entorpecimento. A dor no ombro, nas palmas das mãos, no peito, tudo parecia entorpecido.

Exceto por seus dedos. Esses estavam coçando.

Deus, ele realmente queria atirar naquele idiota.

"Você precisa se controlar."

Klaus franziu a testa e olhou para Johnny.

"O que?"

As mãos de Johnny apertaram o volante e ele endireitou os ombros.

"Você acha que eu não vi você pegando sua arma?"

Ah.

Sim, bem, nada passava por Johnny, então ele não estava exatamente surpreso. Ele ficaria desapontado, na verdade, se Johnny tivesse perdido isso.

"Eu não atirei nele, não é?"

"Esse não é o problema." Johnny parou o carro em um sinal vermelho e olhou para Klaus. "Você precisa aprender a se controlar. Toda vez que alguém menciona Laurent, você enlouquece e não podemos ter isso. Esqueça Giovanni, ele não é nada, mas e se fosse outra pessoa? Alguém de real importância? A cidade já sabe que você o está protegendo, mas ela não pode saber se você realmente mataria por ele.”

Johnny estava certo.

Claro que ele estava, ele raramente estava errado.

Klaus inspirou. Ele manteve o ar em seus pulmões por longos momentos. O sinal ficou verde e o carro se moveu novamente. Klaus exalou.

"Estou apaixonado por ele."

O silêncio seguiu, mas, estranhamente, não era desconfortável. Klaus decidiu se aquecer nele por um tempo, enquanto durasse, já que ele descobriu anos atrás que havia conforto para encontrar até mesmo no silêncio. Especialmente no silêncio.

"Eu sei," Johnny disse no final. "Todo mundo sabe."

Klaus zombou. "Certo."

"Aqueles que conhecem você podem ver isso. Laurent? Não tenho tanta certeza, eu não o conheço bem o suficiente. Inferno, eu também não o entendo. Mas, ainda assim. Eu sei que você está." Johnny suspirou. "É por isso que estou te dando uma folga."

Klaus assentiu. Eles estavam fora do Setor Norte e estavam parando no Coração. Klaus percebeu a mudança de cores dos prédios imediatamente.

"É intenso", ele murmurou. "Eu não entendo. É um sentimento muito intenso e eu não entendo."

"O que você não entende?" Johnny perguntou. "Por que você está apaixonado?"

"Não, de jeito nenhum eu não entenderia isso." Klaus fez uma pausa. "Ele é fácil de se apaixonar. Mas é difícil de amar. Isso faz sentido?"

"Sim."

"Mas o que eu não entendo é diferente. É-"

Era assustador.

“Eu quero ser amado de volta”, disse Klaus. "E isso me assusta o quanto eu quero."

Johnny não disse nada e esperou Klaus elaborar. Verdade seja dita, encontrar as palavras certas não era fácil.

"É como um desejo." Klaus olhou para suas mãos. "Eu toco nele e acho que quero ser amado de volta. Eu olho para ele, converso com ele, apenas existo perto dele e não consigo parar de pensar nisso. Eu continuo tomando e tirando dele e, para alguns razão, eu ainda quero mais. É assustador pra caralho. E egoísta, não é egoísta querer que algo tão grande quanto o amor seja correspondido como se não fosse nada? Como se fosse fácil amar alguém? Eu não entendo, porra. " Klaus suspirou. "Eu quero tanto ser amado de volta que isso me assusta. Ele. Eu quero que ele me ame de volta."

Ele não se sentia melhor depois de dizer isso em voz alta. Honestamente, ele se sentia pior.

"Limerência."

Klaus franziu a testa.

Johnny olhou para ele antes de voltar a se concentrar na estrada.

"Limerência é um estado de espírito em que a pessoa fica obcecada e tem fantasias de ter seus sentimentos correspondidos. Um psicólogo inventou o termo. Um estado involuntário de adoração e apego a um objeto limerente envolvendo pensamentos, sentimentos e comportamentos intrusivos e obsessivos de euforia ao desespero, contingente à reciprocidade emocional percebida. "

Klaus piscou. "Jesus Cristo, você acabou de citar um livro?"

Johnny pressionou os lábios. "Pode ser."

"Meu Deus."

"De qualquer jeito." Johnny o encarou brevemente. "Limerência é um estado de espírito cognitivo e está fortemente repleto de pensamentos intrusivos, que se relacionam com o que você me descreveu. E com uma sensibilidade particular, bem, a eventos externos que estão relacionados com a pessoa que você ama." Johnny fez uma pausa. "Estar obcecado em ser amado de volta. É interessante que haja um termo para isso."

"Não é isso," Klaus murmurou. "Limerência ou o que seja, não é isso."

"Tem certeza?"

“Não há como dar nomes diferentes para amar e esperar mudá-lo”, disse Klaus. "Eu só quero ele. Eu quero ele."

Johnny suspirou.

"Sim", ele murmurou. "Eu sei."

⸎⸺⸺⸺⳹۩۩⳼⸺⸺⸺⸎


Estava alto.

Muito alto.

 Mais alto que o choro de Lisbeth, mais alto que os pedidos de perdão de August, mais alto que os sussurros de Ryland em seus ouvidos, mais alto que os próprios gritos de Klaus.

Estava alto.

 E continuou funcionando.

A garganta de Klaus estava em carne viva, mas ele gritou mais alto apenas para abafar o som de tique-taque. Mas não funcionou.

O cristal do Rolex de seu pai estava rachado, mas não parava de bater e cada vez que o dial se movia, o som ecoava na cabeça de Klaus muito alto. Era doloroso de ouvir, mas cada tique se gravava em seu cérebro com tanta força que ele continuava gritando.

Mas era alto.

O tique-taque daquele relógio Rolex era alto.

Os mostradores finalmente pararam de se mover, mas o tique-taque não. Klaus ainda podia ouvir em sua cabeça.

Estava tão alto.

Mais alto do que o olhar nos olhos de seu pai que permaneciam imóveis no asfalto molhado.

Mais alto que sua morte.

⸎⸺⸺⸺⳹۩۩⳼⸺⸺⸺⸎

Laurent estava dormindo.

Bem, não dormindo. Na verdade não, pelo menos. Quando ele estava dormindo, a respiração de Laurent ficava muito mais lenta, às vezes tão lenta que parecia perturbadora. Mas agora Laurent estava respirando normalmente, olhos fechados e lábios entreabertos, enrolado em si mesmo no sofá com Marius dobrado contra seu peito.

Ele estava cochilando, talvez. De qualquer forma, ele iria acordar logo com o anoitecer. Klaus estava muito familiarizado com a maneira como Laurent perseguia o sono para não saber que isso não iria durar muito.

Com um suspiro, Klaus se ajoelhou no chão e nivelou seu rosto com o de Laurent.

Me ame.

Klaus viu as pálpebras fechadas de Laurent tremerem, então ele se esticou para enterrar os dedos no cabelo de Laurent.

Se você soubesse as coisas que o Lange fez com ele. Estou surpreso que o garoto não tenha se matado ainda."

Klaus respirou fundo e então pressionou o nariz no cabelo de Laurent. Klaus envolveu um braço ao redor dele, sua mão descansando na nuca de Laurent enquanto ele respirava profundamente. O cheiro fraco alcançou seus pulmões e Laurent se mexeu.

"Se você soubesse."

Ele não precisava saber, porra. Essa era a pior parte, ele não precisava saber. Um olhar para os olhos de Laurent e ele tinha todas as malditas respostas sobre o quanto estava sofrendo.

"Você voltou."

Os olhos de Klaus se fecharam e seu peito se apertou.

"Klaus?" Laurent tentou se levantar, mas Klaus o manteve no chão. "O que-"

"Eu vou matá-lo." Klaus engoliu. "Eu juro, vou matá-lo. E nada vai acontecer com você. E-eu vou encontrá-lo e vou matá-lo e vou manter todos seguros. Todos. Eu vou deixar você está seguro, eu merda - merda, sinto muito. Mas nada vai acontecer com você, não de novo, nunca-nunca de novo, eu- "

Laurent conseguiu escapar das garras de Klaus e empurrou Klaus um pouco para trás, apenas o suficiente para que Laurent olhasse nos olhos dele.

"O que diabos aconteceu?" Ele perguntou. "Você está falando bobagem, o que aconteceu?"

"Nada," Klaus murmurou. "Nada aconteceu."

"Isso é mentira."

"Não importa. Não muda nada."

Ele não queria contar a Laurent.

Se ele pudesse evitar contar a ele, ele o faria.

"Eu vou matá-lo," Klaus repetiu.

Laurent deixou escapar um pequeno suspiro antes de deitar a cabeça na almofada do sofá novamente.

"Você já me disse uma vez", ele sussurrou. "Que você vai matá-lo. Você já jurou isso."

Klaus apoiou o queixo na almofada também, seus olhos fixos nos de Laurent.

"Sinto muito," Klaus disse novamente. "Pelo que ele fez."

"Não faça isso." Laurent fez uma careta.

"Isso não vai acontecer de novo."

Era uma promessa.

Laurent, porém, não pareceu realmente estar ouvindo. Suas feições estavam endurecidas e ele parecia desconfortável.

"Eu estou supondo que esta reunião sua não foi bem."

"Nada mudou."

"Você encontrará uma solução. Você parece ser bom nisso."

"Não desta vez, receio", retrucou Klaus. "O Lange está tentando dominar as gangues."

Os olhos de Laurent se arregalaram. "O quê? Como diabos ele faria isso?"

"Eu não faço ideia."

"Isso é-" Laurent suspirou. "Como ele vai dominar o coração da cidade? Isso é impossível."

Klaus esboçou um pequeno sorriso. Ele se esticou e afastou algumas mechas de cabelo da testa de Laurent.

“O Coração não é uma máquina particularmente forte”, disse Klaus. "Talvez o Coração não se importasse de ser retirado."

O olhar de Laurent suavizou quando Klaus começou a passar os dedos pelo cabelo novamente.

“Não por ele, no entanto,” Klaus acrescentou. "Ele não vai ficar com esta cidade. Vou queimá-la eu mesmo antes que ele possa tocá-la."

Ou você.

Eles ficaram quietos depois disso. Klaus focou seu olhar na forma como seus dedos ficavam entre os cabelos de Laurent e ele se relaxou gradualmente. Assim que seus ombros perderam a tensão que os mantinha apertados, a dor em seu ombro também ficou mais aguda, lembrando-o de que ainda não se livrou disso.

Nesse ínterim, Marius acordou e agora estava apalpando o peito de Laurent com intenção.

Laurent ficou brincado com a mão livre de Klaus por um tempo, dobrando os dedos até que ele pudesse envolver sua própria mão ao redor do punho de Klaus, e puxando-os novamente.

Klaus achou que existissem distrações melhores para Laurent se concentrar do que seus dedos, mas ele não tinha coragem de dizer isso em voz alta.

Por favor, me ame, ele pensou em vez disso.

O que aconteceria se ele realmente dissesse isso agora?

Eram apenas três palavras, não demoraria muito.

O que acontecia quando um homem implorava por amor?

Os olhos de Laurent piscaram para os dele e ele suspirou.

"Lá vai você", disse ele com uma voz cuidadosa. "Triste de novo só de olhar para mim."

"Não é você."

"É. De certa forma, eu sinto que sim."

Me ame.

“Eu quero ele morto também,” Laurent disse então. Sua voz era afiada. "Eu sonho em matá-lo."

Klaus não o culpava. Ainda assim, ele pressionou a ponta do polegar no meio da palma da mão de Laurent e o vampiro suspirou.

"Às vezes sonho com isso. Sobre assassiná-lo. Às vezes sonho fazendo exatamente o que ele fez comigo." Laurent encarou Klaus por um momento. "Eu sonho em arruiná-lo." Uma pausa. "Mas não são pesadelos. Quando acordo e percebo que foi apenas um sonho, fico desapontado."

Klaus piscou e as feições de Laurent se suavizaram novamente.

"Isso me torna uma pessoa má? Quer dizer, sei que não sou nenhum santo e que já matei antes, mas...sinto que este é um nível diferente de bom ou mau, diferente de matar para sobreviver. Sinto que significa que há algo podre em mim."

Klaus zombou. "Podre."

"Afinal, eu matei aquele homem que invadiu minha casa. Porque eu o queria morto."

"Laurent-"

"Nenhuma quantidade de pesadelos apagará o fato de que eu o queria morto."

Klaus sabia que isso não mudaria nada. Que dizer o que ele pensava não iria realmente mudar a ideia que Laurent tinha de si mesmo, mas, ainda assim, as palavras o deixaram antes que ele pudesse tentar impedi-las.

"Você está o mais longe possível de ser algo remotamente podre."

Klaus viu nos olhos de Laurent que ele não estava acreditando nisso.

Não importava.

Talvez, se ele dissesse isso várias vezes, começasse a mudar alguma coisa. Talvez não. Mas ele estava tentando.

Laurent também estava tentando.

Era mais tarde naquela noite, quando Laurent estava acariciando o pescoço de Klaus com pressões suaves de seu nariz e lábios, que Klaus permitiu que seus pensamentos tomassem o melhor dele novamente.

Você poderia me amar.

O fato é que Klaus sempre foi fraco para seus próprios desejos e ainda mais fraco quando ele ansiava por algo.

Por favor, me ame.

Não importa o quanto doesse, Klaus nunca foi capaz de manter seus desejos entorpecidos. Então ele passou os dedos pelo cabelo de Laurent e sorriu.

Me ame.


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