Eu sempre tive uma péssima mania de obrigar-me a reviver momentos ruins interminavelmente. Por exemplo, lembrava de ficar aquela noite acordado chorando, de varar o dia na cama encarando o teto, cogitando finalizar aquela dor, sair para tomar ar, ver uma família imberbe passeando e chorar de novo porque as memórias já metamorofosearam-se em corvos grasnando ao meu ouvido o fato de eu ser incapaz de inspirar amor, quando Guilherme surgiu.

Sua presença, em geral sufocante, tocou-me com uma leveza extraordinária. Ouvi-lo, saber que ele estava comigo justamente na pior hora, acendeu uma anômala chama de alegria em meu peito.