Butterfly - a Tale Of Love And Death escrita por Kyra_Spring


Capítulo 4
Capítulo 3: In the Shadows


Notas iniciais do capítulo

N/A: Olá! Esse capítulo recebeu o nome de uma música do The Rasmus. Não é uma songfic, apenas me inspirei para o título. Aqui será contado o primeiro confronto entre Miroku e Butterfly / Kiyone. As coisas mudarão depois desse capítulo, eu garanto... Agora sem mais enrolação, vamos à fic!



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            Parada na sua frente, estava uma moça, não muito alta. Ela trajava uma roupa negra, justa ao corpo, coberta com uma capa longa bordada de vermelho. Os cabelos eram longos, e estavam soltos. Trazia uma espada embainhada, na cintura, com detalhes vermelhos também. E o rosto estava coberto com uma máscara negra com o desenho vermelho de uma borboleta.

-Meu nome é Butterfly – disse ela – Sou o arauto da justiça, e elimino todos os injustos do mundo.

-Arauto da justiça? Você? – e foi então que Miroku riu – Você é uma assassina, isso sim! Você matou a minha Sango! Vai dizer que isso foi justiça agora?

-A morte dela foi necessária – respondeu a outra, vazia de emoções – Mas sei que não vai adiantar explicar isso a você. Não quero feri-lo, então sugiro que não se meta no meu caminho.

-Um pouco tarde demais para isso, não acha? – ele riu, frio, enquanto colocava seu cajado em posição de ataque – Vou fazer você pagar pelo que fez!

-Não entende? Eu estou tentando consertar o mundo! – ela insistiu, enquanto tirava da cintura uma adaga longa e fina – Você parece ser um bom homem, e eu não quero lhe fazer mal, por isso vou pedir mais uma vez: fique longe do meu caminho.

-Não – respondeu ele, os olhos se estreitando – Não agora. Não há justiça no que você faz. Você é uma assassina, e assassinos devem ser punidos.

-Por que torna as coisas tão difíceis? – era a última tentativa dela. Ela não queria feri-lo, sinceramente... Na verdade, através da máscara, podia ver os olhos dele, podia ver o quanto ele sofria. Ele não se importava com os outros assassinatos, só queria se vingar pela moça do clã de exterminadores... era um apaixonado, com certeza. Pelos olhos dele, podia ver que ele ainda a amava muito. Começava a quase sentir pena dele – Qual é o seu nome, monge?

-Meu nome é Miroku – ele já estava cansado daquilo, e só não partia para a luta porque queria que ela fizesse o primeiro movimento – Lembre-se bem dele, porque será o último que irá ouvir em sua vida!

            “Não há argumentos contra esse cara...”, pensou ela, estudando-o de cima a baixo. Ele estava irredutível: não iria embora sem uma luta. Talvez fosse melhor dar logo a ele o que ele queria, e mostrar que aquele era o erro mais estúpido que poderia cometer. De qualquer forma, não o convenceria da justiça das suas ações mesmo...

-Está bem, Miroku-san – mesmo assim, ela respeitava a atitude dele que, apesar de tola e sem fundamento, era bastante corajosa – Se quer resolver dessa forma, será assim que faremos. É uma pena terminar assim, de qualquer forma...

-Tire a máscara – ele disse – Quero ver seu rosto!

            É claro que, em situações normais, em que ela estava absolutamente certa da vitória, ela tiraria. Aliás, esse era o seu procedimento normal, em todas as vezes. Mas por que não era esse o caso? Ela hesitou: talvez não fosse uma boa idéia mostrar o rosto ao monge...

-Não – ela respondeu por fim – Deixemos de lado as trivialidades. Vejo que você está bem ansioso para se reencontrar com Sango-san, então não percamos tempo com bobagens – ergueu a adaga até a altura do rosto – Vamos lutar!

-Com todo o prazer – os lábios dele se torceram num sorriso.

            Já no instante seguinte, ela deu o primeiro passo, um salto, na direção dele, que se esquivou. Já nos primeiros minutos ficou claro o motivo pelo qual Butterfly nunca havia sido pega: dotada de uma incrível agilidade, era veloz, e sabia se esconder perfeitamente entre as sombras. Estranhamente, ela pouco atacava, e mais se defendia das investidas de Miroku.

-Até quando vai fazer esse joguinho de gato e rato comigo, Butterfly? – ele perguntou em voz alta, ao se ver novamente sozinho – Por que não vem até aqui para lutar sério, hein?

            Era inacreditável. Ele não desistia. Parecia mesmo estar sedento do sangue dela.

            Nesse caso, só havia uma alternativa...

-Você realmente não me deixa escolha – ela saiu das sombras, e parou bem diante dele – Não me leve a mal, eu não tenho motivos nem interesse de feri-lo, mas se quer mesmo que seja assim, tudo bem.

-Não seja cínica, sua desgraçada! – vociferou ele – Até parece que alguém como você desperdiçaria a chance de derramar um pouco mais de sangue, se pudesse...

-Não, “alguém como eu” não gosta de violência – retrucou ela – Pretendo ser rápida e limpa, de forma que você não sinta nada. É uma pena que você não entenda a minha missão, e que prefira que as coisas terminem assim. Neste caso, acho justo que você veja meu rosto, antes de acabar.

            Ela tirou a máscara. Assim que viu o rosto dela, Miroku sentiu-se subitamente sem ar. Ela tinha um corpo bem torneado, mas não esperava que o rosto fosse tão delicado e tão gentil... E ela tinha um olhar triste, estranho, como se realmente odiasse aquilo que estava fazendo...

-Agora vamos acabar com isso de uma vez – ela nunca precisou lançar mão da espada que trazia presa à cintura. A adaga sempre fora o bastante, e era um método bem mais limpo e rápido de matar. Mas aquele era um caso diferente. Recolocou a máscara, puxou a espada da bainha e colocou-a em posição de ataque – Peço, mais uma vez, que me perdoe. Isso não é pessoal.

-Cale-se – retrucou ele, ríspido, preparando também o cajado. Ela veio preparada, isso era verdade, mas ele sentia que não precisaria lançar mão do buraco do vento.

            E então, a luta recomeçou, dessa vez mais selvagem do que antes. Ela atacava o tempo todo, com uma velocidade que surpreendeu Miroku, e ele se defendia como podia, sem encontrar uma única brecha para contra-atacar. A capacidade dela de prever seus movimentos era incrível... E ela atacava, e ele defendia, e ela se recuperava e atacava novamente, e ele se esquivava, e...

            Por fim, ela acertou.

            Miroku não conseguiu impedir o grito de dor que saiu depois que a espada penetrou em seu ombro, atravessando-o e saindo pelas costas. E ela foi tão rápida... logo no instante seguinte, puxou-a e atingiu também a perna dele, jogando-o no chão. Não era um corte profundo, mas impedia-o de se levantar.

            Ela se ajoelhou no chão novamente, e tirou a máscara. Era engraçado... sempre que matava alguém, havia medo, raiva no olhar. Mas os olhos daquele monge jovem e bonito não tinham isso; pelo contrário, pareciam resignados e tranqüilos. Ela não queria tê-lo machucado tanto: achava que, pelo menos, deveria fazê-lo sentir o mínimo de dor possível. Ele merecia aquele último ato de piedade.

            E ele, ali, no chão, vendo o rosto dela tão claramente, teve a certeza simples da morte iminente. Sentia-se decepcionado consigo mesmo, é claro, mas por alguma razão não conseguia lamentar o fato de não ter concretizado sua vingança. E ela não mentia ao dizer que não queria fazer aquilo com ele, dava para ver nos olhos dela.

-Você é bonita, sabia? – ele disse, rouco, abrindo um meio-sorriso triste – Muito bonita...

-Vou levar a sua dor embora, agora – disse ela, puxando a adaga – Será bem rápido, e você não sentirá nada. Eu prometo.

-Espere... será que posso fazer uma pergunta, antes? – ele perdia muito sangue pelos ferimentos, e a consciência começava a oscilar. Ela concordou, com um aceno de cabeça – O que Sango fez para que você a matasse?

            Ela o analisou. O que deveria dizer? Deveria não dizer nada, deixá-lo morrer com aquela dúvida? Deveria mentir? Deveria dizer a verdade? Ela pensou um pouco, e por fim, respondeu:

-Ela não fez nada. Na verdade, Sango-san morreu inocente – não era mentira, afinal de contas. A moça mesmo não tinha feito nada – Mas certos crimes não podiam ficar sem punição, e a morte dela serviu para isso. Sua garota devia ser mesmo fantástica, para fazer com que você viesse atrás de mim.

            Ele suspirou. Então, ela era inocente. Pelo menos isso. Olhou para o céu. O dia amanhecia. Ele a encarou, com um olhar triste mas decidido, e disse, com a voz fraca:

-Acabe com isso de uma vez.

            Ele a viu erguer a adaga, e fechou os olhos, preparando-se. Se aquilo levasse a dor dele embora, tudo bem. Era o que queria. E, logo, ouviu o ruído do metal cortando o ar e penetrando na carne...

            Mas algo o intrigou. Ele não deveria sentir alguma coisa?

            Abriu os olhos, e viu, chocado, uma flecha atravessando o ombro dela. A dor era evidente, estava estampada em seu rosto, mas ela nem sequer gemeu. Em vez disso, sussurrou ao seu ouvido:

-Vamos nos ver de novo, Miroku-san – e colocou a máscara e sumiu entre as árvores.

            A cabeça de Miroku doía e girava. Ele se sentia tão fraco... tão fraco... e tudo ia escurecendo e clareando e saindo de foco e voltando... e a última coisa que viu foi uma garota de blusa branca e saia verde com um arco-e-flecha ao lado de um rapaz de cabelos prateados e vestes vermelhas correndo na sua direção. E, então, tudo ficou escuro de uma vez.


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