Forever Unchanging escrita por Kamui Nishimura


Capítulo 8
Eight - Índigo


Notas iniciais do capítulo

Oie!
Este é um capítulo de lembranças dessa vez, espero que gostem! ♥

Boa leitura!



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Despertou, sentindo as mãos macias em seu rosto.

Sorriu, ao ver os grandes olhos castanhos esverdeados bem próximos aos seus, sentindo um beijo em sua testa.

— Bom dia Kou! – ouviu seu nome entre o riso ainda infantil, e sentou-se rapidamente na cama, abraçando o garoto, de aparência frágil, como uma boneca de porcelana, de pele pálida, e olhos opacos e de longos cabelos escuros.

Índigo, era um dócil garoto de dezesseis anos, embora sua aparência fosse de alguém menor, por conta de sua saúde frágil. Teimoso, sempre escapava do próprio quarto, para fazer companhia ao mais velho, do qual admirava desde o primeiro minuto em que o viu.

— Índigo, o que estás fazendo aqui? Deveria estar em teu quarto. – disse Kouyou, com um leve sorriso no rosto, mas num tom um tanto preocupado.

— Sinto-me bem hoje! – respondeu, se afastando do rapaz, sorrindo. - Podemos passear lá fora, não?

— Não sei... Estás mesmo bem? Não quero que faças muito esforço. – disse brincando com as mechas do cabelo do mais novo.

— Não preocupe-se Kou, estou sentindo-me bem nesta manhã! E meu pai não está na mansão, não haverão reclamações!

— Não deveria apoiar tuas ideias loucas, mas já que estás disposto, e já estás fora da sua cama. – Kouyou levantou-se rapidamente, e virou-se de costas, para carregar o garoto de forma confortável.

Índigo não pensou duas vezes, subiu nas costas do mais alto, e abraçou seus ombros para manter o equilíbrio.

Costumavam escapar durante as madrugadas, quando todos da mansão jaziam dormindo, observavam as estrelas e quase sempre o amanhecer, depois retornavam silenciosos antes que fossem pegos pelo pai do mais novo.

Ambos saíram rapidamente do quarto, passando sem muito alarde, pelos empregados que limpavam o local.

Kouyou desceu a escadaria rapidamente, fazendo o garoto rir ate quase perder o folego.

Antes de abrir a porta principal, Kouyou parou por alguns instantes.

— Índigo... Estás bem? – questionou preocupado, com o mais novo tossindo repetidamente.

— Es-est-estou... – respondeu entre as tosses.

— Índigo, teu pai me castigaria se soubesse que estou lhe levando para fora da mansão...

— Não posso permanecer preso á uma cama por medos do meu pai... Não irei morrer por tomar um pouco de sol. Assim como não piorei por sair escondido á noite... Estou com você, és meu guardião, não é?

— Tudo bem, farei tua vontade. – abriu a porta, deixando  a luz solar os alcançar.

 Kouyou saiu apressado, seguindo para o jardim mais afastado, as flores tomavam grande parte do terreno, indicando o inicio da primavera.

Seguiram por mais alguns metros, logo encontrando um local mais calmo, onde poderiam sentar-se para observar as flores, e animais silvestres que vinham do bosque próximo.

O mais alto ajudou Índigo a sentar-se sobre a relva, e sentou-se ao seu lado.

— É tão belo aqui fora durante o dia... Queria vir mais vezes... – disse em tom baixo, voltando a tossir.

— Se prometer-me que ficarás bem, lhe trarei outras vezes durante o dia, e não precisaremos vir durante a madrugada . – avisou, segurando a mão tremula do mais novo.

— Prometo. – sussurrou, com um leve sorriso nos lábios arroxeados.

Kouyou o observou por alguns segundos. O garoto estava realmente bem menos pálido do que estava há alguns dias, estava com as bochechas levemente coradas, os olhos um pouco mais brilhantes, até o corpo franzino parecia sustentar-se sem esforço.

Talvez ele realmente  precisasse somente de mais ar puro, do que passar os dias deitado, preso no quarto.

Ficaram em silencio, por um longo período, ouvindo o cantar dos pássaros, e o farfalhar das folhas das arvores ao redor, sentindo a leve brisa em seus rostos, e o perfume floral que a mesma trazia consigo.

Kouyou não poderia ter escolhido abrigo melhor do que na família mais abastada da cidadela, onde poderia viver, sem esconder sua real identidade, já que todos da família (o jovem Índigo, e seu pai) sabiam o que ele era, e ainda poderia aproveitar de uma agradável companhia humana.

E a companhia pura e dócil de Índigo.

Mesmo que de certa forma, manter-se daquela forma o fazia enfraquecer, estar ali em meio a humanos de bom coração lhe deixava bem consigo mesmo.

— ÍNDIGO! KOUYOU!!! – ouviram a voz irritada do pai do garoto, e sem pensar duas vezes, Kouyou se levantou, pegando em seus braços, indo rapidamente em direção a mansão, onde o nobre homem de idade já mais avançada, que passava as mãos nos cabelos  grisalhos, andava de um lado a outro em frente a porta, demonstrando que estava preocupado com a situação.

Cuidadosamente se aproximaram do homem, e Kouyou curvou-se diante dele, ainda com Índigo em seus braços.

— Nunca mais tire-o do quarto! – bradou autoritário, recebendo como resposta apenas um aceno positivo do rapaz.

— Meu pai, Kouyou não tem culpa, trouxe-me por que insisti. Não quero passar todos os dias preso em um quarto. Estou bem, queria sentir o sol um pouco. – disse no típico tom baixo.

— Índigo, não tens juízo! Estás doente, não pode ficar andando por ai como se isto não lhe prejudicasse! – continuou no tom alto. – Leve-o para dentro Kouyou, imediatamente.

— Sim, milord; - o rapaz fez novamente uma reverencia, e seguiu para dentro da mansão. Mesmo sob os resmungos do garoto.

Seguiu para o andar superior, e o deixou no quarto, o vendo se ajeitar sozinho na cama, e lhe encarar emburrado.

— Perdoe-me, mas seu pai pediu. Tenho que obedecê-lo. E ficamos um bom tempo sob o sol, estás até corado. – apertou o rosto do mais novo, que riu levemente, voltando a tossir em seguida.

Depois de alguns segundos, voltou a olhar para o mais alto.

— Kouyou... queria ser como és... Nunca mais ficaria doente novamente...E ficaríamos juntos para sempre, não é?

— Sim... Queria poder ajudar-lhe a superar esta doença. – Kouyou acariciou o rosto do garoto, que sorriu levemente.

— Promete-me uma coisa? – Índigo segurou as mãos do mais velho. – Se souber como me tornar igual a ti, fará isso mesmo sem a permissão de meu pai?

— Índigo... não... não sei se posso prometer-lhe isto... é algo muito...

— Por favor Kouyou... eu não quero morrer... não quero... Eu tenho medo, não deixe que eu morra assim, sem nem tentar.... – os olhos castanhos esverdeado encheram-se de lagrimas, e o mais velho apenas o abraçou ternamente.

— Vou descobrir um jeito, para que fique curado, Índigo. – beijou seu rosto e continuou abraçado ao mais novo. - Irei procurar respostas... então não me verás por um tempo – disse depois de alguns minutos em silencio.

— Irei esperar-lhe... Vou ficar esperando o tempo que for... – o menor sussurrou, fazendo com que Kouyou se afastasse, e o olhasse por alguns segundos.

— Irei voltar as minhas origens, prometo retornar com a solução. – Kouyou seguiu para fora do quarto, sob o olhar atento do garoto, que voltara a tossir.

Ao sair do local e fechar a porta, acabou encontrando-se com seu anfitrião.

— Ouvi a conversa de vocês... – disse, e Kouyou o olhou ternamente. O homem já havia perdido a esposa e outros dois filhos para a peste que assolou a região, Índigo era tudo o que ele tinha.

— Tenho tua permissão, milord? – fez uma reverencia breve.

— Claro que sim. Quero que meu filho continue vivo... Você e ele são minha única família. – segurou a mão do rapaz. – Mas volte logo, Índigo não aguentara muito tempo. Temo que se encontrar a solução não chegue a tempo para ajuda-lo.

— Farei o possível.  – seguiu pelo corredor, e sem olhar para trás, seguiu seu caminho.

Sua única missão, era salvar Índigo.

[Semanas depois …]

O sol brilhava, anunciando o meio do dia. Seu rosto exibia um belo sorriso. Kouyou nunca sentira-se tão em paz como naquele momento.

Havia descoberto uma forma, de salvar o garoto, Índigo. Embora houvesse descoberto também que não era permitido algo do tipo, piorava com crianças humanas.

— Não creio que tiraste-me de meu descanso, para ajudar-te com um humano. – resmungou o rapaz de rosto semioculto, exibindo apenas os olhos castanhos e parte dos cabelos curtos de mesma cor, que o acompanhava a passos breves.

Kouyou parou diante da mansão, podia sentir uma aura mórbida no local. Olhou para os lados, as flores do jardim estavam murchas, e as portas e janelas da mansão fechadas.

Nada parecia normal ali, mesmo com a doença de seu filho, o velho nobre sempre fez com que os empregados mantivessem aquele local como um paraíso e agora tudo parecia como o mundo do qual Kouyou viera.

— Mestre... Tenho uma sensação ruim com isto. – Kouyou disse, acelerando os passos e indo até a porta, abrindo-a rapidamente.

— Se o humano já estiver morto, já não poderei fazer nada... – sussurrou o outro.

Os empregados, faziam seus serviços, e nem ao menos pararam para receber os visitantes. Sem pensar por muito tempo, arrastou o ‘mestre’, escadaria acima. Abriu a porta do quarto do garoto, vendo o anfitrião sentado ao lado da cama, sendo acompanhado por um dos barbeiros-cirurgião do vilarejo.

— Kouyou!  Kouyou voltaste á tempo! – o velho homem, estava abatido, profundas olheiras, e parecia também doente.

Kouyou ajoelhou-se próximo á homem, sentindo o mesmo segurar seus ombros.

— Índigo... não responde há alguns dias... – sussurrou. – Ainda respira, mas não sei se despertará mais... – o homem começou a chorar, e desesperado, Kouyou voltou o olhar para seu ‘mestre’. Que se aproximou da cama, observando melhor a situação do garoto.

— Trouxeram outro cirurgião? Não confiam em meu diagnóstico? – o homem que apenas observava a movimentação tomou a palavra, mas o recém chegado se aproximou dele, tocando seu rosto, e o fazendo cair instantaneamente.

— Hum... – murmurou.

— Porque fizeste isto? – o nobre levantou-se assustado com a situação. Kouyou não agia daquela forma ‘agressiva’, e se aquele era um semelhante do mais alto, não parecia bem intencionado.

— Milord... não preocupe-se, não matei o seu convidado. – avisou levando as mãos ao rosto, tirando os tecidos que cobriam o rosto, revelando–se um jovem de face dócil, o que não condizia com a atitude. – Ele não precisa ver, nem ao menos saber o que sou. Daqui á algumas horas ele despertará.

Tirou uma adaga da bolsa que carregava, e a passou na própria palma, fazendo um corte, e revelando o sangue de cor azul escuro. Acumulou certa quantidade e com a mão livre apertou o rosto do garoto, o fazendo abrir a boca, e despejando o sangue ali.

Puxou a camisa do garoto, revelando o tórax pálido, e com a adaga, desenhou um símbolo em sua pele.

— O que estás fazendo com meu filho? O está ferindo assim! – o homem tentou impedir o ato, mas Kouyou lhe segurou.

O rapaz virou-se para ambos, com os olhos em tom vinho.

— Se não calar-se, irei fazer o mesmo que fiz com o barbeiro-cirurgião. – avisou, voltando-se para Índigo, e sussurrando palavras desconhecidos para o nobre anfitrião.

— Kouyou... – o homem sussurrou. – Leve-me daqui... Não sinto-me bem vendo esta cena. – pediu, e o rapaz o ajudou a sair do quarto. Seguindo pelo corredor, ainda ouvindo a voz do outro ecoando na língua estranha.

— Estou enfraquecido, não aguentarei mais... – disse o homem, ao alcançarem o quarto. – Cuide do meu filho, como em nosso acordo.

— Podemos fazer o mesmo com o senhor, milord... – insistiu, o levando para dentro do cômodo.

— Não... não acho que seja necessário, vivi o suficiente.  Índigo que não... – o homem respondeu, levando as mãos ao rosto.

— Milord... – insistiu, ajudando o homem a deitar-se na cama, e ajeitar-se de forma confortável.

— Kouyou, o que combinamos?  - questionou, mesmo em tom baixo, soava autoritário.

— Não peça-me para fazer isto... – respondeu.

— Não quebre uma promessa... Nunca quebre uma promessa.... Pediu-me para lhe ensinar a ser humano, lhe expliquei tudo o que sabia, agora é sua vez de retribuir...

— Não tenho coragem para isto, milord...

— Estou lhe pedindo... Índigo entenderá... – segurou as mãos do rapaz. – E prometeste...

O silencio tomou o quarto por longos minutos, e Kouyou evitou olhar nos olhos de seu anfitrião.

— Obrigado por me ensinar a ser um humano... Cresci ouvindo que eram ruins, mas estive enganado todo esse tempo. – Kouyou sorriu de forma terna.  – Cuidarei de Índigo até o fim. É uma promessa...

O homem sorriu, ainda segurando as mãos do rapaz.

— Vamos Kouyou termine com isto.

[...]


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Notas finais do capítulo

E então, agora conhecem o índigo?
Eu amei criar esse personagem, e ele servirá de conexão na história, é o que posso adiantar XD

Obrigada por lerem a fic, nos vemos amanhã ♥



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