Forever Unchanging escrita por Kamui Nishimura
Notas iniciais do capítulo
Capitulo novo, em horario diferente por ter postado o de ontem muito tarde, me desculpem mais uma vez
Ah, antes que eu me esqueça, é uma capitulo-memoria
Boa leitura ♥
Observava o lago lamacento em mais um entardecer, e poderia usar o termo ‘entediado’ para a situação.
Não havia nada que o prendesse á aquele mundo realmente. Talvez por ser o mais novo em relação á todos ali, e ser o menos lembrado, o fazia ter vontade de quebrar todas as regras –absurdas, em seu conceito- que lhe eram impostas.
Uma delas era passar alguns dias em território humano, assustando os mesmos.
Isso de certo modo o divertia mais do que deveria. Ver o horror deles estampado nos olhos era algo que o satisfazia quase que plenamente, antes de alimentar-se.
Perdido nas próprias lembranças, avistou ao longe, caído na outra margem uma criatura, aparentemente, de pequeno porte.
E como se sentisse alguém lhe ordenar, levantou-se de onde estava, e correu em direção ao outro, que ao nota-lo, prontamente, ergueu-se, e o encarou com os olhos castanhos claros arregalados. A criatura tinha um pouco mais de um metro, parecia muito frágil e o deixou ‘curioso’.
Acabou rindo da reação do menor. Provavelmente era um recém-criado, e deveria estar confuso, como já haviam lhe dito que ocorria.
— Está aqui há muito tempo? – perguntou, o vendo encolher-se, talvez com medo, uma reação que não esperava de um deles, e sim de humanos, o que lhe aguçou ainda mais sua curiosidade. – Estás com medo? – disse em tom baixo, vendo o ‘filhote’ prontamente assentir, ainda encolhido.
— Não vou te fazer nada... és como eu, não devia temer-me. – disse, abaixando-se para ficar na altura do menor, que voltou a olhá-lo. – Sabes tomar a forma humana?
Sem respondê-lo, o menor transformou-se em sua frente.
O mais velho sorriu. O recém-criado tinha uma boa aparência humana, e também lhe poupara o trabalho de ter de lhe ensinar a se metamorfar.
— Tens um nome? – tocou os cabelos escuros do menor, que vinham até as maçãs do rosto. E não demorou a notar a grande cicatriz próxima á orelha. Esperou a resposta do menor, que somente negou com a cabeça. - Então fora largado aqui pelo criador, sem nome e sem direção? – resmungou, pegando o menor pela mão e o levando para longe do lago.
O guiou até o pequeno casebre que utilizava próximo ali.
Assim que entraram, o colocou sentado em um dos bancos que ali haviam, o observando melhor.
— Sabes se alimentar? – questionou, e o menor demorou um tempo, parecia estar tentando se recordar, logo assentiu brevemente com a cabeça.
— hum... sabe mais alguma coisa? As regras daqui? – questionou, a fim de ouvi-lo, mas o menor apenas negou com a cabeça mais uma vez. – Vou lhe dar um nome... vou pensar em um... Ah sim, não me apresentei... Sou Akira.
O menor sorriu brevemente, parecia ter gostado da ideia de ser nomeado pelo mais velho, e Akira esforçou-se um pouco mais para pensar em um nome para ele.
Permaneceu mais alguns minutos o olhando, tentando recordar-se de algum nome que ouvira enquanto estava no mundo humano. E como se alguém sussurrasse aos seus ouvidos, um nome surgiu em sua mente.
— ah, Kouyou... vou lhe chamar de Kouyou... – disse apontando para o menor, que assentiu, mais uma vez. – Ah, vamos diga algo... parece que estou falando sozinho.
— Obrigado, Akira... – sussurrou, com uma voz infantil tremula.
— Hum... precisas se alimentar? Sabe fazer isto sozinho?
O menor continuou o olhando, mantendo-se em silencio. O que deixou Akira um tanto irritadiço.
— Ah, me responda sim ou não! – disse num tom mais alto.
O menor apenas levantou-se e aproximou dele, encostando os lábios em sua mão.
Akira sentiu como se a energia que adquiria nas ultimas horas se esvaíssem quase que instantaneamente. Seu corpo amoleceu, mas apoiou-se na pilastra de madeira, antes que caísse.
Ainda tonto, voltou o olhar para o menor, que o encarava novamente com os olhos arregalados.
— Como... como pode sugar um de nós? Isso... isso é impossível! – disse impressionado. Nunca vira aquela situação, e nunca lhe fora ensinado que um ‘sugador’ poderia fazer aquilo com outro.
Kouyou o encarou confuso.
— É errado? – sussurrou, vendo Akira tentar se manter atento.
— O criador os fez para nos matar? – sussurrou quase para si mesmo, mas as palavras incomodaram o menor.
O pequeno se encolheu, choroso, como uma criança humana. Akira podia sentir seu medo, idêntico ao medo dos humanos ao verem sua face verdadeira.
— Você é estranho! Vou te levar pros anciões, agora mesmo... – disse.
— Desculpe-me... – sussurrou ainda encolhido.
— Dei-me um bom motivo para que eu não conte á eles o que você faz...
— Eu não faço mais... – disse num tom implorativo. – Estou com medo... Me ajuda?
Akira se recompôs, puxando um banco e sentando-se perto do menor, o analisando dos pés á cabeça.
Se o entregasse aos anciões, perderia a oportunidade de aprender algumas coisas com a nova presença, e também de poder demonstrar que já não precisava mais ser vigiado (e castigado)e claro, ter alguém que acobertasse algumas das suas quebras de regras.
— Não repita mais isso, a não ser que seja extremamente necessário... Será um segredo entre nós, e não fique dizendo que tem medo, isto é coisa de humanos, e claramente não és um deles.
O menor assentiu.
— Já que roubou metade da minha energia, não precisa mais se alimentar. – resmungou. – Terás que ficar escondido aqui, se os anciões o verem, o levarão e eu não poderei mais te ajudar. Permaneça quieto aqui, e tudo vai dar certo. Temos um acordo?
Kouyou assentiu mais uma vez, vendo o outro sorrir levemente.
[alguns dias depois...]
— Seria comum já estar sem energia... – Akira disse ao notar que o menor reabrira os olhos. Achava engraçado o fato de que ele parecesse recuperar alguma energia dormindo, mesmo que um pouco a cada dois dias.
Cada vez mais suas duvidas a cerca da pequena criatura, aumentavam. Mas não iria atrás de respostas com os anciões, por que provavelmente, os mesmos não saberiam o que responder.
O menor continuou quieto, com os braços pequenos em volta do corpo do mais velho, mesmo que o outro sempre dissesse algo rude para afastá-lo, Kouyou permanecia daquela forma, e sentia-se mais protegido assim.
— Vamos aproveitar que tem poucos por aqui... Você sai sob minha capa e eu te levo até a caverna, lá ficas escondido, até que eu volte com sua presa.
— Não posso ir ao mundo dos humanos contigo? – murmurou.
— Não... Algum de nós pode lhe ver no caminho, e já sabe... direto para os anciões. Vamos evitar isso por enquanto.
O menor assentiu, vendo Akira se levantar e colocar a capa pesada sobre os ombros.
— Vamos... vamos logo... – o mais velho fez sinal, e Kouyou levantou-se, indo até ele, e ficando oculto sob a capa.
Caminharam rápido, o menor mal conseguia acompanhar, e logo chegaram á uma caverna.
Akira tirou a capa, e a colocou no menor, o puxando até algumas pedras.
— Você ficará aqui. Não sairá por nada. Não se mova, ou quem passar por aqui irá lhe ver.
O menor assentiu, se encolhendo, e somente ouvindo os passos do outro se afastando.
Sua mente ainda estava bem confusa, mas conseguia definir aquela situação como solidão, o mesmo que sentira quando acordara no lago sem se lembrar quem era e como viera ali.
Havia também o medo crescente em seu coração, talvez algum ancião o encontrasse, ou simplesmente Akira tivesse o largado ali.
Não soube precisar quanto tempo permaneceu, em silencio, mas ouviu novamente passos, e logo o chamado do mais velho.
Levantou-se o vendo com uma jovem nos braços.
— Faça logo... ela irá acordar... – avisou o mais velho, colocando a jovem próxima aos pés do menor.
Kouyou abaixou-se tocando o rosto da mulher, Akira pode ver as veias do garotinho saltarem na pele pálida.
E logo ele se afastando com os olhos arregalados cheios de lágrimas, com o rosto em puro terror.
Antes que ele gritasse ou tivesse alguma reação mais exagerada, Akira o agarrou pela cintura e correu de volta ao casebre. Felizmente, sem que ninguém os notasse.
O colocou sobre a cama, e o encarou o ouvindo chorar alto.
Seu primeiro instinto fora tapar a boca dele, para que os outros não o escutassem.
— Pare.. pare com isso, você não é um humano... pare! – insistiu, e vendo que suas palavras não adiantavam, apenas o pegou no colo novamente e o abraçou.
Nesse pouco tempo de convívio, O menor parecia ficar mais confortável quando o abraçava, talvez isto desse certo. Depois de alguns minutos, o menor cessou o choro, e retribuiu o abraço.
— O que foi isto? – Akira questionou. – Choras como um humano...
— Dói... não quero mais isso... dói muito... – sussurrou.
— O que o criador estava na cabeça quando fez você? – disse. - Como se alimentará se faz isto quando toca um humano...Argh...
Akira o colocou no chão novamente, e o encarou. O rosto infantil estava completamente molhado pelas lágrimas, e os lábios estavam trêmulos.
— Faremos assim... Não quero mais que chore, então pegará a energia de mim... me alimento por dois e nós ficaremos bem.
— Mas... disse pra fazer só quando fosse extremamente necessário.... – disse.
— É extremamente necessário... Quase fomos vistos! Não sei por quanto tempo conseguirei te manter em segredo, e hoje quase foi tudo descoberto.
— Desculpe-me... – sussurrou.
— Não precisa desculpar-se... Você também não sabia sobre isto... – passou a mão no rosto do menor, o limpando das lagrimas (ou apenas as espalhando mais)
- Ela estava com medo... e tinha muita dor.... o que fez com ela? – Kouyou questionou depois de algum tempo em silencio.
— Vo... você suga mais que energia... por isso sente dor... – Akira concluiu. – Você tens sentimentos como os humanos por que podes sugar isto deles! Isso... é interessante...
— Não quero ser assim... – disse ainda secando as próprias lágrimas.
— O criador o fez assim... deve ter algo em mente... Mas... por enquanto, faremos do jeito que eu disse... Entendeu?... e se alguém o descobrir, não contará sobre isso, e nem que podes sugar energia de outros de nós
— entendi – o menor assentiu.
— Descanse... eu... eu irei sair, pensar um pouco...
— Não quero ficar sozinho... Akira não me deixe sozinho... por favor! – implorou, fazendo o outro revirar os olhos, e sentar-se ao seu lado.
Kouyou o abraçou, e permaneceu assim até que adormecesse.
— Então temos um sugador sentimental... – Akira pensou alto. – Isso está tornando-se um tanto mais complicado.
[...]
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Tenho que confessar que amei escrever essa lembrança, em explicar melhor como Akira conheceu o Kou e como eles conviviam ♥
Ainda tem mistério sobre o Kouyou não é mesmo? Mais isso logo será revelado, e espero que tenham gostado dessa 'primeira' revelação do passado!
Bom, é isso, então até amanhã, agora no horário correto de att ahduahdaudhaud
beijinhos ♥