Nosso segredo - FREMIONE escrita por Anna Carolina00


Capítulo 4
Doce




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Harry e Ron brigados. Grifinória acreditando que Harry trapaceou para colocar o nome no Cálice. Harry sendo importunado por dezenas de alunos com um Boton ridículo dizendo “Harry fede” que tenho certeza ter sido ideia do Malfoy… Em poucos dias, tudo virou do avesso completamente! Eu só queria passar meu tempo livre me preocupando com as provas…

Agora que Harry era oficialmente um campeão, para manter ele vivo, precisávamos saber como lidar com pelo menos a primeira prova. Mas qual seria a prova?

—Hermione!

Ron me chamou essa manhã antes de irmos para o Salão Principal. Agora ele e Harry comiam longe na mesa e eu tentava manter contato com os dois, afinal, são meus melhores amigos.

Seu irmão, Carlinhos, mandou uma notícia dando uma informação importantíssima sobre o Torneio, e mesmo que ele não admitisse, queria ajudar Harry.  Ronald Weasley é o amigo fiel que seria capaz de enfrentar qualquer medo em nome de um amigo, é um dos detalhes que me fazem entender porque gosto dele. É um cabeça-dura, mas um cabeça-dura que iria até o fim do mundo por mim e por Harry. Mais de uma vez já fizemos isso um pelo outro… Mas como todo cabeça-dura, são as briguinhas bobas que causam problemas.

Ele inventou toda uma historinha para eu dizer ao Harry que Hagrid queria vê-lo, assim seria Hagrid quem lhe ajudaria. Por que não falar diretamente? Garotos são impossíveis!

 

Graças ao Ron, Harry descobriu sobre a tarefa que envolvia lidar com um Dragão. Fomos para a biblioteca procurar algum feitiço que pudesse ajudar.

Victor Krum também estava lá, rodeado de livros e garotas. O barulho delas estava quase me fazendo desistir do meu lugar preferido em Hogwarts, mas continuamos a procura até voltarmos às aulas.

No final da tarde, Harry me pediu ajuda para aprender um feitiço convocatório para, vejam que genial, convocar sua vassoura e voar rapidamente pelo dragão!! Uma ideia tão boa, gostaria de ter pensado nela antes.  Ficamos até duas da manhã treinando convocação no Salão Comunal.

—Accio, dicionário! - Meu dicionário de runas flutuou rapidamente até suas mãos.

—Harry, sinceramente acho que você pegou o jeito! - respondi empolgada. 

—Desde que funcione amanhã...A Firebolt vai estar muito mais longe do que essas coisas aqui, vai estar no castelo e eu vou estar lá fora nos jardins...

—Você só precisa se concentrar e o feitiço funcionará… Além disso, também precisa dormir. Amanhã tem que estar descansado para prova.

 

 ***

 

O resultado não poderia ser melhor! Harry arrasou com a vassoura para pegar o ovo do dragão! Ron desistiu da ideia boba que Harry poderia ter colocado o nome no cálice de propósito! E o melhor de tudo… A próxima etapa do torneio só acontecerá daqui 3 meses! Isso me dá tempo e saúde mental para voltar a estudar em paz!

Fred e Jorge conseguiram bastante comida na cozinha e fizemos uma pequena comemoração para o Harry. Em algum momento, Lino Jordan pediu para Harry abrir o ovo de dragão e ver a pista, mas o que ouvimos foi um som ensurdecedor que mais parecia o choro de mandrágoras. Logo fechou o ovo.

Em meio a diversão, me aproximei de Fred e perguntei algo que há tempos estava querendo descobrir.

—Como você entra lá? Na cozinha...

— Interessadas em uns lanchinhos a noite, Hermione? Posso te acompanhar para fazermos uma boquinha… - o jeito que ele fala, ainda que não tenha segundas intenções, me deixa com as bochechas coradas.

—Não quero dar mais trabalhos para eles, ok? Só quero conhecer mais elfos… É difícil de acreditar que todo esse tempo no castelo e nunca me ocorreu que haveriam elfos domésticos sendo escravizados aqui.

— E o que vai fazer, começar a distribuir meias por aí? Marcar uma rebelião élfica?

— Você acha que eles participariam? - Por um momento, cheguei a cogitar a ideia, mas obviamente seria uma tolice tentar-  Só me deixe conhecer eles... Já é horrível o suficiente imaginar que não existe nada nas leis mágicas que fale dos maus tratos aos elfos… Se quero fazer algo pelos elfos domésticos, é melhor que saiba do que precisam.

Fred fez cara que de estava roncado de olhos fechados.

—Hã? Já terminou a palestra? Belas palavras, Hermione, só perdem para o silêncio. Vai acabar descobrindo que eles gostam de viver assim... Se me dá licença, preciso ver como estão reagindo meus cremes de canários. Depois que forem dormir, te levo na cozinha, combinado? Também tenho algo para mostrar para você.

Neville foi um dos primeiros a se transformar em um canário. Transformações da mais variadas aconteceram, principalmente entre os primeiranistas.

Depois de bastante bagunça, Harry e Ron foram dormir. Todos foram saindo e vi Fred acenar para Jorge ir na frente, restando nós dois no Salão da Grifinória.

—Então… - Perguntei meio sem jeito. Por um segundo pensei ter notado que ele estava me admirando, mas em seguida limpou a garganta e se endireitou como se nada tivesse acontecido.

— Então… Negócios. - Fred tirou do casaco um pacote com  alcaçuz. - O que você acha de testar a mais nova criação da Gemialisdades Weasley: alcaçuz temperamental! O nome é ridículo, eu sei, estamos trabalhando nisso… Mas a ideia é boa. 

Ele me entregou o pacote e peguei um alcaçuz. Haviam pequenas runas marcadas sobre doce vermelho e se não me engano a tradução era…

—Raiva?

—Sim! Também temos tristeza, alegria, vergonha, nojo, medo… A professora Babbling havia dito que você era a melhor aluna de Runas, então pelo visto nossos símbolos estão bem feitos. - olhei para ele com cara de estar mais confusa ainda - Digamos que a melhor forma de encantar doces sejam com poções, duram mais tempo e o efeito é garantido, mas às vezes alteram o sabor do produto. Feitiços são muito eficientes, não são marcantes e funcionam muito bem a curto prazo… Mas o efeito pode diminuir com o passar do tempo. Jorge concordou comigo que usar Runas era a melhor forma de garantir que funcionaria por tempo indeterminado. Existem túmulos com mais de mil anos cujas as runas continuam amaldiçoando com qualidade!

— É isso que esse doce faz? Amaldiçoa alguém?

— Para uma garota inteligente como você, não está pensando com muita esperteza. Você basicamente… Sente. Cada uma intensifica um desses sentimentos. Pense no feijãozinho de todos os sabores, mas ao invés de sabores, você tem “sensações” diferentes.

—Com nojo, o que eu faria? Perderia a vontade almoçar? - respondi incomodada.

— Talvez vomite, mas nada muito sério.

—Fred! Isso é sério, seus produtos podem causar uma intoxicação alimentar.

—Calma, Granger… O efeito dura alguns segundos, só enquanto o símbolo da runa estiver intacto. Eu sei você não é a pessoa mais divertida do mundo, mas pensei que gostaria de ajudar com a parte das runas. Expressar sentimentos não é tão ruim assim, devia tentar algum dia.

Aquele comentário foi mais pesado que imaginei que seria. Me lembrou coisas francas até demais que Ron costuma falar para mim.

—Ok. Posso ajudar com os testes… E as runas. Mas você também vai experimentar! E só depois que voltarmos da cozinha.

—Combinado. - Ele sorriu daquele jeito que só um Weasley é capaz de sorrir.

 

***

Fred abriu um caminho atrás de um quadro que levava diretamente para um corredor abaixo do Salão Principal. Se algum monitor ou Filch nos encontrasse, teríamos sérios problemas… Mas depois de estudar 3 anos com Harry Potter, acabei me acostumando que ao menos essa regra pode ser quebrada.

Paramos de frente com um quadro com uma taça de frutas e Fred fez cócegas em uma pera. Em seguida, a fruta se transformou em uma maçaneta que dava para a porta da cozinha.

Entramos.

O salão era gigantesco como o Salão Principal. Cheio de panelas, potes com ingredientes, fogões e bancadas, grande o suficiente para abastecer um batalhão inteiro, e era o que de fato fazia. E cheio de Elfos, trabalhando mesmo tarde da noite para fazer pães fresco para o café da manhã.

Quando Fred entrou, um elfo rapidamente lhe cumprimentou.

—Senhor Weasley! Precisa de mais alguma coisa? Os croquetes não estavam do seu agrado?

— Estavam excelentes, Blink. Obrigado.

—Não precisa agradecer, meu senhor, é uma honra poder lhe servir… E a senhorita? Gostaria de comer torta de abóbora? Acabou de sair do forno. Quem sabe algumas uvas passas, geleia ou torradas!

— Não, obrigada pela gentileza. 

O elfo Blink parecia ter se entristecido em não poder me “servir”. Era meio triste para mim ver ele e tantos outros elfos assim… Mesmo vestidos em farrapos, trabalhavam arduamente com panelas maiores que os mesmos. Foi então que notei um elfo vestido com roupas coloridas de um jeito engraçado.

—Dobby?

— Senhorita Granger! - Ele abaixou o fogo do que quer que estivesse preparando e veio até mim. - Vejo que está acompanhada do Senhor Weasley. Os cremes ficaram do seu agrado, senhor?

—Estavam excelentes, Dobby, obrigado.

— E Harry Potter? - Perguntou para mim.

— Ele está bem, amanhã vou trazê-lo para lhe fazer uma visita. Tenho certeza que ele ficará feliz em revê-lo.

— Seria uma honra ver Harry Potrer novamente. Dobby sempre será eternamente grato por ter conhecido Harry Potter. - um barulho ressoou da panela de Dobby - Dobby precisa voltar ao trabalho, Senhorita Granger, é sempre bom revê-lo, Senhor Weasley. - e se teleportou para mexer o que parecia ser uma calda de chocolate.

— É melhor sairmos daqui antes que mais um elfo venha nos oferecer quitandas. - Virou-se para Blink que parecia ser uma espécie de recepcionista dessa entrada da cozinha. - Até amanhã, Blink.

— É sempre um prazer, senhor Weasley.

Saímos da cozinha e voltamos rapidamente para o Salão da Grifinória. A mulher gorda estava dormindo e ficou irritada em ser acordada, mas pelo menos não estava cantando.

— Então.. De onde conhecem o Dobby? Ele acabou de começar a trabalhar na cozinha do castelo e até pensei em te apresentar, é o único elfo livre de Hogwarts.

— Nos conhecemos no meu 2º ano. Ele tentou impedir Harry de ir para Hogwarts, Ron pegou o carro do seu pai…

— Lembro disso, Ron nunca mais ficou com a orelha tão vermelha como naquele verão… Bons tempos!  -Rimos um pouco. Nos encaramos por alguns segundos.

—Então…

—Então…

—Alcaçuz, teste.

—Isso, teste. - Peguei um alcaçuz escrito raiva.

De repente, toda a experiência de ver o elfos trabalhando despertou uma súbita raiva e comecei a falar.

—Sabe o que mais me incomoda em tudo aquilo? Elfos trabalhando em farrapos e tudo mais? É que Hogwarts tem muito dinheiro, poderia muito bem pagar eles, pelo menos dar condições mais dignas para se vestir! Sempre admirei Dumbledore, mas como alguém com tanta sabedoria poderia corroborar com a situação de exploração abusiva?! Os elfos estão tão presos nesse mundo de servidão que nem sabem que podem ser o que quiserem! Pensei que mundo mágico seria melhor que o mundo trouxa nesse sentido!

Me calei quando percebi que estava gritando.

—Como se sente?

—Melhor, obrigada...

—Viu, falar sobre os sentimentos também é bom, sabia? Minha vez! - ele pegou um alcaçuz escrito tristeza.

O ruivo ficou em silêncio e sentou no primeiro da escada. Quando falou, sua voz soou melancólica.

—Eu só espero que nosso negócio dê certo... Jorge e eu não somos aventureiros como Carlinhos, nem sobreviveríamos vivendo engravatados como Gui e Percy. Gina é inteligente como os irmãos mais velhos e Ron tem você, né? Ele vai ter alguém para deixar a vida dele nos trilhos… Se uma loja de logros não funciona com a gente, bem, o que restaria além de sermos os gêmeos fracassados? Não sei nem se vamos terminar os estudos em Hogwarts.

Sentei do lado dele e segurei sua mão. Eu sei que a família Weasley tinha seus problemas financeiros, mas não tinha parado para pensar em como os gêmeos se sentem. Gemialidades não é só uma brincadeira.

Fred respirou fundo e falou:

—Pelas barbas de Merlin, é assim que vocês ficam na TPM? Acho que prefiro roubar um ovo de dragão a sentir isso todo mês… Alcaçuz triste está oficialmente cancelada!

—Mas a ideia é boa, talvez um pouco menos de emoções negativas... Como esse!

Peguei uma que acreditava estar escrito felicidade e engoli, achei que poderia melhorar o humor de Fred sendo mais otimista. Em seguida, senti meu rosto quente e minhas pernas bambas.

Fred estava tão perto e parecia mais bonito ainda. Me aproximei até ficar a centímetros de distância e toquei seu rosto delicadamente com a ponta dos dedos até sentir o canto dos seus lábios. Ele me encarava com receio, mas parecia sentir o que mesmo que eu naquele momento.

Nos beijamos. Um beijo lento e silencioso. Seus lábios tinham um gosto adocicado, como um feitiço que me impedia de me afastar. 

Senti a mão dele tocar minha nuca e me arrepiei.

No segundo seguinte, tive um choque de realidade e me afastei. 

Ele não parecia entender o que aconteceu, nem eu.

Eu não disse nada, nem saberia o que dizer, só virei as costas e subi as escadas para o dormitório feminino o mais rápido possível.


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