| FLASHBACK ON |

Uma ida ao Beco Diagonal nunca pareceu tão assustadora. Draco nem aparentava ser um digno Malfoy, que conseguia encobrir seus sentimentos com indiferença. Ele estava nervoso, e isso era nítido em suas expressões. Tinha acabado de colocar o seu sobretudo para poder se preparar para aparatar, e havia congelado pensando nisso, quando sentiu uma mão quente tocando em sua mão fria.

— Hey.. — falou o homem que segurava a mão de Draco, colocando a outra mão dele no queixo do loiro, para que o mesmo olhasse em seus olhos. — Relaxa. É só uma ida normal ao Beco Diagonal para comprar algumas coisas, até parece que nunca foi lá. - falou o homem rindo baixinho.

— Eu fui lá mil vezes, mas nunca com você! — suspirou Malfoy, e encarando os olhos verdes de seu amado, desabafou — Não te preocupa, Harry? Ser visto ao lado de um ex-comensal da morte?

Potter segurou o pulso de Draco, levantou a manga do sobretudo dele, e distribuiu um monte de beijos em cima da marca negra. Ele sempre fazia isso, todas as vezes que Draco surtava por causa dessa situação. E, todas as vezes, Draco se arrepiava pelos lábios quentes de seu amado em contato com algo que ele considerava tão sujo. Potter não fazia ideia de como aquele pequeno gesto, tinha um valor tão grande para o loiro.

Harry terminou de distribuir os beijos por ali e, então, olhou no fundo dos olhos de Draco, aproximou seu rosto do loiro e falou: — Eu te amo e a única preocupação que eu tenho de aparecer com você em público, é ficarem olhando o quanto você é lindo e quererem te roubar de mim. 

Malfoy puxou o outro para um beijo desesperado, cheio de amor e gratidão. Quando o fôlego faltou para os dois, eles deram as mãos, entrelaçaram os dedos, e aparataram rumo ao Beco Diagonal.

| FLASHBACK OFF |

Draco saiu do transe ao ouvir batidas na porta de seu escritório, na Mansão Malfoy. Ele respirou fundo, e respondeu que podiam entrar. Um dos elfos domésticos colocou a cabeça pela porta, perguntando se o senhor Malfoy iria comer na sala de jantar ou gostaria que levassem a comida até ele. O loiro agradeceu, mas disse que estava sem fome, e qualquer coisa chamaria o elfo. A pequena criatura concordou com a cabeça, e pedindo licença, se retirou fechando a porta.

Sozinho, novamente, o pensamento do sonserino voou em direção a Potter de novo. Tinha quase 1 mês e meio que eles haviam se separado, mas a dor parecia recente. Porém, aquele dia estava sendo demais até para o grande e poderoso Malfoy suportar. Quando Draco reparou, lágrimas já escorriam de seus olhos, chegando em encontro aos seus lábios. E sem perceber o que estava fazendo, ele pegou um pergaminho e uma pena, e começou a escrever com uma letra caprichada.

“Hoje lembrei do teu amor.. Hoje lembrei de coisas que eu nunca esqueci. E como poderia? Se você me marcou pela vida inteira. Hoje lembrei do teu sabor.. Do gosto da tua boca antes de dormir.. Tanto te conhecia e você despertou tudo o que eu sentia.”

Ao terminar de escrever a frase, os olhos do homem foram em direção as palavras “boca” e “dormir”, e logo ele foi arremetido para mais uma lembrança.

| FLASHBACK ON |.

Draco estava deitado na cama de Harry, que agora mais parecia pertencer aos dois, já que o loiro quase não saía mais dali. Encostado na cabeceira, vestia apenas uma cueca box preta, e tinha a sua atenção voltada ao livro de poções que se encontrava em suas mãos. Porém, assim que sentiu o espaço ao seu lado na cama afundar, ele parou a sua leitura, apesar de ainda continuar fitando o livro, fingindo que não havia reparo que um lindo moreno havia se deitado ao seu lado e o olhava.

— Dray.. — sussurrou Potter, chegando perto do namorado e passando os dedos de leve no braço do outro. — Ei, Dray.. - continuava Potter, com a voz manhosa.

— Pois não, Harry? — o loiro tentava manter a voz séria, mas queria rir do tanto que o namorado podia ser manhoso.

— Você, realmente, prefere ficar lendo um livro chato de poções, do que se aconchegar a um lindo moreno, apenas de cueca, que está deitado ao seu lado? - Harry terminou de falar isso, fazendo um grande bico.

Draco não aguentou e gargalhou, ao ver o bico formado nos lábios do outro. Colocou o livro de poções na cabeceira ao lado da cama, onde, também, encontrava-se a sua varinha. Virou um pouco de lado, puxando Harry para que ele se acomoda-se em seu peito. — Por Merlin, Potter, eu sabia que você gostava de estar em evidência na escola, mas não sabia que você era tão carente assim.

— Eu não gostava de estar em evidência na escola! — resmungou Harry, levantando o rosto do peito de Draco, para olhar em seus olhos — Eu não tenho culpa se todo ano eu sofria tentativas de assassinato. - riu o-menino-que-sobreviveu-mais-de-uma-vez, voltando a se aconchegar no peito do seu amado. 

— Vai me dizer também que você não é carente? — desafiou Draco.

— Vou dizer, sim! Pois o senhor, Draco Lucius Malfoy, quando aceitou namorar comigo, deveria ter lido as letras miúdas do contrato, no qual dizia que após quase um dia inteiro longe do seu amado, é obrigatório o encher de carinho e atenção. - falou o moreno, com a voz firme.

O loiro soltou uma gargalhada alta, e entrando na brincadeira, falou: — É, tenho que consultar meus advogados então. - colocou os dedos no queixo do seu amado, e o fez olhar para ele. Merlin, como Draco amava a intensidade daqueles olhos verdes. — Te amo tanto, Harry..

— Eu também te amo muito. - Harry sorriu, encostando seus lábios nos de seu namorado, deixando um selinho demorado e molhado. Depois do beijo, se aconchegou no seu lugar preferido novamente (os braços de Draco) e sussurrou com a voz sonolenta. — Boa noite, amor.

| FLASHBACK OFF |

De volta a realidade do seu escritório, Draco suspirou fundo. Merlin, aquelas lembranças iam acabar com ele. Olhou para o pergaminho em cima da mesa, e voltou a escrever.

“Hoje lembrei do teu calor.. Do nosso banho quente. Coisas que escrevi. Juras e poesia... No espelho embaçado, você fervia. Na parede o suor, no teu corpo o meu. Pelo chão o jantar, que a gente esqueceu. Entre roupas e taças, a nossa loucura”

Enquanto escrevia, memórias voltavam a mente de Draco, e ele foi sentindo seu corpo ficar quente por aquelas lembranças.